Sem "rumo" e sem "prumo"
Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Arthur Jorge Costa Pinto
O Estado encontra-se mergulhado em uma séria crise institucional. Vem sendo sugado por uma “areia movediça” provocada pela emblemática e progressiva corrupção sistêmica jamais vista desde seu Descobrimento, estrategicamente alimentada para atender um ambicioso projeto que envolve um destino cruel para os brasileiros.
A economia enfrenta fortes adversidades que extrapolam o conceito de “ajuste” e penetram nas profundezas de uma recessão, que resultará em graves sintomas na sua extensão. Apesar de certo otimismo de que ela só prevalecerá até meados de 2016, já existem fortes indícios de que o provável cenário poderá não se materializar e há quem já assegure o rebaixamento do Brasil, com a perda do seu Grau de Investimento, trazendo consequências devastadoras.
A degeneração desta crise está sinergicamente ligada ao desdobramento dos atos e da conjuntura política. Os agentes econômicos se mostram cada vez mais enclausurados com relação ao consumo e aos investimentos. Este provável segundo desgoverno continua adormecido no domínio fiscal, em função da degradação nas finanças públicas, ocasionada pelos requintes dos excessos praticados pelos últimos desgovernos da seita petista.
Infelizmente, apreciamos a classe empresarial demitindo em massa. Seus líderes perderam o pudor e o medo de um passado recente em enfrentar as greves e desafiar o presente governo. O que presenciamos é um cenário humilhante e uma determinação incessante em desempregar os reconhecidos “meios de produção”.
A seita petista sempre teve sua base nas centrais sindicais que se encontram enraivecidas com conflitos instalados dentro do próprio governo. Elas podem, inclusive, aumentar as manifestações de rua e comprometer o ajuste fiscal. Como vemos, é impraticável governar dentro deste ambiente.
É admissível que esta recessão não necessitaria ser tão significativa quanto certamente será.
Neste ano, ao invés de um crescimento próximo a zero, a grande expectativa dentre as atuais projeções é de que nos situemos no campo negativo até um pouco acima de 2%, a maior em mais de vinte anos. Para o próximo ano, talvez por piedade aos brasileiros, alguns analistas do mercado financeiro admitem um possível crescimento zerocondicionado aos futuros acontecimentos.
Na atual política monetária, a taxa de juros deverá se posicionar ainda elevada, para inibir a explosiva expansividade da inflação no sistema de preços. Com a ambiciosa redução na meta de inflação para 2017,surge um perverso sintoma, maior aperto monetário provocando o prolongamento da recessão. O grande problema é que a inflação já se encontra, há algum tempo, acima da meta prevista. Seria plausível o Banco Central adotar a “parcimônia” na aplicação dos juros e o governo ser mais austero com os gastos públicos.
Fica afetada a possibilidade da reação do governo, justamente pela inflação alta e pela inconsistência apresentada no Orçamento. Desta forma, as clássicas ferramentas anticíclicas não podem ser utilizadas, em razão de que a mandatária tornou-se refém dela mesmo. A situação é delicada e quem sempre paga a conta é a sociedade que já se encontra enfraquecida.
O crescimento da dívida é aterrorizante e a recessão atuando impiedosamente acaba destruindo expressivos segmentos da nossa economia como o da indústria e o imobiliário, que abriga boa parte do segmento da pequena renda que está associada à baixa escolaridade.
É inadmissível supor que o ajuste fiscal seja a solução para todos os males; embora respeitando algumas medidas que são interessantes, mesmo assim, ainda existem obstáculos. Ele vem sendo realizado dentro das possibilidades existentes.
O superávit previsto para este exercício de 1,2% do PIB foi criado para um cenário otimista fora do nosso contexto econômico. O governo, desde o início, deveria ter adotado uma meta mais acessível que refletisse a realidade da economia para este primeiro ano do segundo mandato de Dilma e deveria planejar metas mais ousadas para os próximos dois anos.
Agora fica difícil ajustá-la para um patamar inferior, talvez implantando bandas de flutuação do superávit primário como fazem outros países, a exemplo dos EUA e Alemanha.
O governo tenta incrementar os investimentos através de um audacioso programa de concessões de infraestrutura, mas tem encontrado imensa dificuldade em concretizá-lo. É bem possível que sejam utilizados esses recursos para vencer as contas de 2015, quando deveriam procurar reduzir as dívidas astronômicas.
No aspecto microeconômico, o panorama parece estar bem mais difícil, uma vez que os setores econômicos não apresentam competitividade externa para exportar, mesmo diante da atual taxa de câmbio. As interferências feitas no primeiro desgoverno da economista Dilma empurram a reestruturação empresarial para a morosidade. Portanto, dificilmente, o PIB (Produto Interno Bruto) responderá rapidamente.
A presidente Dilma hoje é o símbolo legitimo do ódio e da raiva dos seus eleitores, o que fica evidente nos níveis da sua popularidade declinante, que poderá estar menor do que a inflação e tão baixa que seu “criador” poderá contar esse número nos dedos. O que assusta é a sua incompetência para a governabilidade, seja na articulação com o Congresso, ou nos estímulos ao crescimento do emprego e para revitalizar a combalida economia.
Não quero ser terrorista, mas, atualmente, estamos no caminho de uma nova Grécia, com tempos dificílimos na política, que se seguem a tempos de incertezas na economia, os quais deverão crescer com mais inflação, juros mais altos, maior desemprego, mais recessão e maior desequilíbrio social. Infelizmente, retornamos a um ciclo de poucas esperanças, quando já nos encontramos desafiando as turbulências de uma “tempestade perfeita”.
Arthur Jorge Costa Pinto é Administrador, com MBA em Finanças pela UNIFACS (Universidade Salvador).
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