sexta-feira, 31 de julho de 2015

Carta de uma vítima de 27 de novembro de 1935

Carta de uma vítima de 27 de novembro de 1935


“Nada aterroriza mais um comunista do que a Verdade”

Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Carlos I. S. Azambuja

Fui um soldado da minha Pátria. Fui um daqueles que dormiam o sono merecido, após a labuta diária do quartel – talvez em Natal, Recife ou Rio de Janeiro – quando fui surpreendido pela foice da Morte, traiçoeiramente manejada pelos agentes do comunismo e da esquerdização do mundo, por maus brasileiros que haviam sido ideologicamente desviados da estrada reta da honra, do dever e do patriotismo. E, ao cair do meu leito, convertido em um inesperado túmulo, minha mão, avermelhada de sangue que se esvaía dos ferimentos, ficou estampada na parede branca do alojamento, onde procurei derradeiro amparo...

Muita água da história brasileira passou sob a ponte do tempo, de 1935 até hoje. Em meio ao vai-e-vem dos acontecimentos políticos, cabe perguntar: o que foi feito da resistência brasileira à maré montante do esquerdismo, do comunismo e de suas atuais variantes, ao pseudo-socialismo democrático ou ao progressismo católico, aos marxistas de batina que pregam a Teologia da Libertação e o homem-novo?

A interpelação é pertinente e a pergunta tem procedência face à atual situação do Brasil a partir daredemocratização de 1985. Nos idos de 1935, a ameaça esquerdista estava concentrada maciçamente nas organizações ligadas ao Partido Comunista, como a chamada Aliança Nacional Libertadora, instrumentos da União Soviética através da Terceira Internacional. Atualmente, a esquerdização tem placenta em várias matrizes no mundo inteiro. Infelizmente, todavia, isso não é facilmente visível pela maioria de nosso povo.

Não há como negar que os governos implantados pela Revolução de 1964 ofereceram um combate meramentepolicial à subversão, quando o verdadeiro campo de batalha é o cultural, uma vez que o comunismo é uma cultura, conforme já alertado por diversas vezes pelo professor, filósofo e jornalista Olavo de Carvalho em seus artigos. Nada se fez no campo das idéias. Esqueceu-se que a mão que maneja a bomba ou o revólver assassino é comandada por um cérebro intoxicado de idéias distorcidas e falsos valores, implantados por alguém na mente dos quadros terroristas. 

A luminosa lição do poeta e liberal francês Victor Hugo foi deixada de lado: “Enquanto houver patetas que garatujem lérias, há de haver malvados que assassinem; enquanto um homem manejar com a pena as tolices frívolas, estas gerarão tolices atrozes”.

Não existe um sistema de idéias eficaz. A simples e pura negação nada constrói. Foi esse o erro fundamental do anticomunismo. Contra a tese esquerdista, negativa, deve proclamar-se a tese oposta, afirmativa, positiva. A luta deverá obedecer a uma estratégia eficiente contra o esquerdismo, o comunismo e todos os matizes de vermelho. Essa é, no entanto, uma batalha que se situa na órbita da cultura. Nesse campo nada se fez e nada se faz no Brasil, excetuando-se as elogiáveis atividades de uma minoria ativa que não se corrompeu e não se entrega.

Nossos meios de comunicação – imprensa, rádio e TV – que deveriam ser chamados de meios de desinformação, apesar de serem propriedade de empresas burguesas e capitalistas, atraídas pelo suicídio e pela autodestruição, mantiveram-se todos esses anos, e até hoje, altamente permeáveis e penetrados pela subversão das idéias e pela desinformação.

O editorial ou o artigo assinado poderão não trazer a chancela marxista, mas esta se manifesta logo ali, ao lado, no noticiário, nas reportagens, nos comentários, nos títulos, nas palavras e expressões utilizadas, nas manchetes, moldando pela manipulação ideológica subliminar a estrutura mental do homem das ruas. São vozes da desinformação planejada, manobrando o inconsciente coletivo das multidões.

Em suma, cada órgão da imprensa falada e escrita no Brasil de hoje é um híbrido monstruoso: cabeça burguesa e capitalista que não consegue – ou não deseja – controlar um corpo redatorial marxista, além da reiterada reincidência na prática desonesta da desinformação que se transformou em regra geral. Exemplo disso são os atuais editores do jornal O Globo, que cinicamente escreveram que o apoio do jornal à Revolução de 1964 foi “um erro editorial”. Ora, o apoio à Revolução foi descrito em um editorial assinado por  Roberto Marinho, dono do jornal!

Ao falar em burguesia capitalista, tudo parece indicar que a brasileira já aceitou a suposta fatalidade esquerdizante, preparando-se seus integrantes para sobreviver, assim supõem equivocadamente, às custas da capacidade gerencial ou técnica e mesmo do poder econômico. Essa burguesia capitalista parece não conhecer a História! Alimentam um crocodilo na esperança de serem comidos por último! (frase de Winston Churchil).

Há capitalistas que não hesitam em investir nas esquerdas, auxiliando-as em suas empreitadas e fornecendo a corda com a qual serão enforcados. Há jovens burgueses, intelectualóides, que formam aesquerda caviar de Ipanema e alhures, sob os olhos complacentes de seus papais. A História ensina o destino desse tipo de esquerda: a guilhotina francesa de 1789, os fuzilamentos bolchevistas de 1917 ou o “paredón” de Fidel Castro e Che Guevara.

Há que falar também no teatro, no cinema, no romance e nas letras em geral, na música e nas artes plásticas, vezes sem conta transformadas em mensagens subliminares e freqüentemente contando com o apoio e subsídios oficiais do Estado. Esse mesmo Estado que almejam derrubar, ou melhor, “ultrapassar”, como dizem hoje.

As poucas e raras publicações, com minguada tiragem, que têm a coragem moral de opor-se ao caudal das esquerdas, são devoradas pelas dificuldades financeiras e a omissão de qualquer ajuda por aqueles que podem fazê-lo.

A educação nacional está traumatizada pelas sucessivas reformas que se inspiram nas esquerdas. A pedagogia da anarquia, da liberdade sem limites e sem freios para os alunos, de concessões e transigências inumeráveis constituem a atual política imposta por sucessivos ministros. Um exemplo: em agosto de 2005, os jornais noticiaram que o então ministro da Educação, um petista, militante de uma corrente radical, recorreu a Cuba para erradicar o analfabetismo no Piauí!

O resultado é que a autoridade e a hierarquia são coisas do passado na Universidade brasileira; a colegialidade abusiva corrói a instituição universitária como já corroeu a Igreja; o professorado continua a receber formação marxista; permanece o temor em encarar e resolver problemas que são arvorados em bandeiras de agitação; os regimentos acadêmicos são omissos quanto à conduta e disciplina dos alunos.

O ensino da História e das Ciências Sociais são cátedras dominadas pelo marxismo barato e incompetente. Os Diretórios Estudantis e os Centros Acadêmicos foram transformados em células de AGIT-PROP - há muitos anos um feudo de partidos comunistas -, com excelentes verbas nos orçamentos universitários e viagens gratuitas em aviões da Força Aérea Brasileira. A indisciplina discente é generalizada e os poucos professores que não comungam com essa degradação são vítimas da eliminação social e do patrulhamento ideológico.

Se voltarmos as vistas para a Igreja, especialmente o clero e o episcopado ditos católicos, o quadro é demasiadamente claro e evidente para merecer maiores comentários, além da observação de que nenhuma ação eficaz parece ter sido implementada para dar fim a esse quadro.

Com a chamada democratização, em 1985, e depois com a nova Constituição, a chamada “Constituição cidadã”, as porteiras foram abertas ao que há de mais torpe e hoje a demagogia avassala o país. Não sabemos qual o nosso destino, em meio ao mar de lama que inunda o país e já penetra na rampa do Palácio do Planalto.

Do desconforto silente de minha tumba, agradeço as homenagens que meus companheiros nos prestam todos os anos, malgrado a proibição por parte do atual governo e com o silêncio dos atuais comandantes. Prefiro dizer, entretanto, que mais sensibilizaria a todos nós, vítimas de novembro de 1935, a meditação aprofundada e refletida no que acabei de escrever.

Sem isso, sem a reflexão amadurecida do que expus, as homenagens tornam-se vazias e desprovidas de um sentido útil e objetivo, qual seja o da conscientização nacional de todos os brasileiros sobre o grave instante que nosso país atravessa.
Autor: UM SOLDADO DO BRASIL ASSASSINADO EM 1935

Carlos I. S. Azambuja é Historiador.

Nenhum comentário:

Postar um comentário