Caldeirão
Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Paulo Roberto Gotaç
Diante do melancólico quadro de violência que vem-se espalhando por todo o Brasil, com assustador número de homicídios, assaltos frequentes nas cidades, milícias ilegais, cada vez mais frequentes, a controlar o dia a dia dos habitantes, tráfico de drogas, gerador do grande crime, que atinge até locais antes considerados tranquilos, além de minar o que há de melhor na juventude, tudo ao arrepio do poder público encarregado de prover a segurança do cidadão, observa-se que a população perdeu a capacidade de se indignar com tal situação preocupante e está aprendendo a conviver com o descalabro, começando a considerar com naturalidade tais aberrações que deveriam despertar os mais ferozes protestos por parte de um povo mais consciente e conhecedor das obrigações dos seus governantes.
Nada melhor para ilustrar tal sensação do que minha experiência ao visitar há poucos dias um amigo residente em determinado bairro da zona norte do Rio, outrora tranquilo, fora das regiões conflagradas, de maior perigo, mas por elas influenciado - como quase todo ponto da cidade hoje em dia - que já viveu, até um passado relativamente recente, dias de certa agitação, originada principalmente pela disputa de postos de venda de entorpecentes nas imediações.
Perguntei-lhe como estava atualmente o panorama em relação a este aspecto.
Respondeu-me, apesar de reconhecer que o tráfico continua presente, que agora estava tudo em paz, pois uma determinada facção havia tomado o poder nas cercanias, dominado as oponentes e que os tiroteios com a polícia haviam-se reduzido drasticamente, acrescentando que a força oficial comparecia periodicamente na região mais por encenação e se afastava logo após ter, aparentemente, "acertado" com os grupos agora donos do território.
Narrou tudo isso com tranquilidade, sem ironia, acreditando que realmente estavam ele e seus vizinhos desfrutando de um período de boa trégua, graças ao acerto com os bandidos. Sociedade em decomposição? Políticos de todos os níveis sem o menor espírito público, focados exclusivamente nos seus interesses? Corrupção nos mais altos níveis, gerando maus exemplos?
Talvez tudo isso, agitado num tenebroso caldeirão que um dia deve detonar, se nada for feito.
Romero-Romário
A CPI do Futebol acaba de ser instalada no Senado Federal e se destina a apurar presumíveis irregularidades no Futebol, incluindo as obras da Copa do Mundo de 2014.
Terá como presidente o Senador Romário (PSB-RJ) e como relator o Senador Romero Jucá (PMDB-RR).
O primeiro, notável pelo seu passado como craque de futebol, campeão do mundo em 1994, exibe, no entanto, em seu currículo, demonstrações de comportamento pouco recomendáveis para a presidência de CPI tão importante, como aquela na qual recrutou um grupo de truculentos capangas com o propósito de executar agressão, da qual também participou, a torcedores que, durante treino no estádio do Fluminense F. C, criticaram-no verbalmente, talvez até com certo exagero, é verdade, em atitude típica de aficionados em relação a figuras públicas.
O segundo, político de quilômetros de estrada, mimético, ligado a vários grupos que estão no poder há décadas, foi citado recentemente pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa, em depoimento ao juiz Federal Sergio Moro, como envolvido em pagamento de propinas para o seu partido.
Será que o nosso futebol entrará nos trilhos através da ação da dupla Romero-Romário?
Paulo Roberto Gotaç é Capitão de Mar e Guerra, reformado.
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