A VISITA DA PRESIDENTE
Editado por Silmara Schupel.
Profa. Guilhermina Coimbra
Os efeitos da visita da Presidente do Brasil à Washington, D.C., repercutirão sobre a população brasileira.
Repetir que a Presidente havia cancelado visita anterior porque havia sido “espionada” deve ser ausência de saber por falta de informação. Isto porque, tudo o que pretensamente havia sido espionado – sempre foi segredo de Polichinelo. Não é segredo que o Brasil dos brasileiros não pode parar de desenvolver-se de modo a não concorrer com os desenvolvidos.
Os quase duzentos milhões de residentes no Brasil exigem que o país continue crescendo e logicamente não se conformam com a paralisação do Brasil como concorrente comercial de sócios diversificados.
Economias e finanças fora do Brasil já deveriam ter entendido e respeitado.
O Direito da Concorrência é direito respeitado no mundo inteiro e o seu desrespeito é passível de ser levado e punido pela Organização Mundial de Comércio/OMC-WTO.
A Presidente do Brasil não tem ausência de saber por falta de informação. A Presidente preside o Brasil que se basta em todas as áreas da economia e é o maior país da América do Sul, um Continente que, também, se basta.
A Presidente tem, por dever de ofício, que defender os interesses do país que Governa – desagrade a quem desagradar. Estado não tem amigos, Estado tem interesses.
São muitos os que pregam a livre concorrência, mas se apavoram com o Brasil concorrente; pregam os direitos humanos desde que os humanos sejam os amigos- capachos que se deixam pisar em troca de migalhas de poder; batalham pelo meio-ambiente limpo desde que eles possam continuar sujando-o de acordo com as respectivas necessidades de desenvolvimento; defendem a propaganda enganosa desde que, enganosamente, consigam atender os próprios interesses; defendem o livre comércio, desde que o comércio seja exclusivamente com eles; e mais uma infinidade de etcs.
Vai daí que a Presidente do Brasil desagradou bastante. Vejamos em síntese alguns desagrados da Presidente.
A Presidente do Brasil é uma das cinco cabeças que assinaram a formação do Banco de Desenvolvimento dos BRICS.
O capital inicial autorizado do referido Banco é de 100 bilhões de dólares e um fundo de reserva de outros 100 bilhões de dólares. O BRICS apóia também, uma nova Moeda de Reserva Internacional para complementar e eventualmente substituir o dólar.
Mas, não foi apenas a aliança da Presidente do Brasil com os países dos BRICS que fez dela um alvo principal da habitual política de desestabilização com o país ora visitado.
Sob o mandato da atual Presidente, o Brasil está agindo com rapidez para frustrar a vulnerabilidade brasileira à espionagem eletrônica de fora do Brasil.
Dias após a reeleição da Presidente, a companhia estatal TELEBRÁS anunciou planos para a construção de um cabo submarino de telecomunicações por fibra ótica com Portugal através do Atlântico.
O planejado cabo da TELEBRÁS se estenderá por 5.600 quilômetros, da cidade brasileira de Fortaleza até Portugal, representando uma ruptura maior no âmbito das comunicações transatlânticas, até então, sob domínio da tecnologia norte-americana.
O projeto do cabo será desenvolvido e construído exclusivamente pelos técnicos brasileiros.
O Brasil reagiu aos vazamentos de informações – entendidas espionagem industrial, comercial – praticada por inconformados com o desenvolvimento do Brasil, periciando todos os equipamentos de fabricação estrangeira em seu uso, a fim de obstar vulnerabilidades de segurança e acelerar a evolução do país rumo à auto-suficiência tecnológica da TELEBRÁS.
Até agora, virtualmente todo tráfego transatlântico de Tecnologia da Informação era encaminhado via costa leste dos Estados Unidos para a Europa e a África e isto representou uma vantagem importante para espionagem dos interessados.
Se verdadeiro ou ainda incerto, o fato é que sob a Presidência da atual Presidente, o Brasil está trabalhando para fazer o que os brasileiros entendem ser o melhor em termos de interesse nacional do Brasil.
A Presidente também contrariou em não brecar a intenção do Brasil de se livrar do domínio anglo-americano sobre sua exploração de petróleo e de gás.
No final de 2007, a Petrobras descobriu o que considerou ser uma nova e enorme bacia de petróleo de alta qualidade na plataforma continental no mar territorial brasileiro da Bacia de Santos.
Desde então, a Petrobras perfurou 11 poços de petróleo nessa bacia, todos bem-sucedidos. Somente em Tupi e em Iara, a Petrobras estima que haja entre 8 a 12 bilhões de barris de óleo recuperável, o que pode quase dobrar as reservas brasileiras atuais de petróleo.
No total, a plataforma continental do Brasil pode conter mais de 100 bilhões de barris de petróleo, transformando o país numa potência de petróleo e gás de primeira grandeza, algo que as grandes empresas petrolíferas, as gigantes do petróleo norte-americano, vêm se esforçando para controlar.
Em 2009, segundo cabogramas diplomáticos norte-americanos vazados e publicados pelo Wikileaks, conhecidas foram as tentativas em vão, das gigantes petrolíferas para alterar a lei proposta pelo mentor e predecessor da Presidente na Presidência do Brasil.
Essa lei de 2009 tornava a estatal PETROBRÁS operadora-chefe de todos os blocos no mar territorial descobertos pela empresa brasileira. Descoberta, esta – enfatize-se - realizada pela PETROBRÁS a duras penas e com grandes sacrifícios. Na verdade, faz parte do modus operandi de tais empresas, aguardarem confortavelmente que a PETROBRÁS faça o serviço árduo para depois, se darem bem, sem qualquer sacrifício.
Os interessados na dependência crônica do Brasil e as grandes empresas do petróleo ficaram furiosos ao perderem controles-chave sobre a descoberta da potencialmente maior jazida individual de petróleo em décadas.
Pesquisando, encontramos revelação do Wikileaks mostrando que o então candidato que competia contra a Presidente pela Presidência, prometera confidencialmente às gigantes empresas do petróleo que, se eleito, afastaria a PETROBRÁS do Pré-sal para dar espaço às referidas petroleiras.
Para tornar as coisas piores aos olhos da Capital do país de onde são nacionais as grandes petrolíferas, o Presidente que antecedeu à Presidente, não apenas afastou as duas grandes empresas petrolíferas das quais se trata de suas posições de controle em favor da estatal PETROBRÁS: o Presidente também abriu a exploração do petróleo brasileiro aos chineses.
Em dezembro de 2010, num dos seus últimos atos, o então Presidente supervisionou a assinatura de um acordo entre a companhia energética hispano-brasileira REPSOL e a estatal chinesa SINOPEC.
A SINOPEC formou uma “joint venture”, a REPSOL SINOPEC BRASIL, investindo mais de 7,1 bilhões de dólares na REPSOL BRASIL.
O Presidente anterior, já em 2005, havia aprovado a formação da SINOPEC INTERNATIONAL PETROLEUM SERVICCE OF BRAZIL LTD., como parte de uma nova aliança estratégica entre a China e o Brasil, precursora da atual organização do BRICS.
Em 2012, uma perfuração conjunta, da REPSOL SINOPEC BRAZIL, NORWAY’S STATEOIL e PETROBRÁS, fez uma descoberta de importância maior em Pão de Açúcar, a terceira no bloco BM-C-33, o qual inclui Seat e Gávea, esta última uma das 10 maiores descobertas do mundo em 2011.
Face ao aprofundamento das relações entre o Governo da Presidente e a China, bem como com o Governo da Rússia e com outros parceiros do BRICS - em maio de 2013, o Vice-Presidente dos Estados Unidos, veio ao Brasil com sua agenda focada no desenvolvimento de gás e petróleo: se encontrou com a Presidenta, que havia sucedido ao seu mentor, em 2011, e, também, se encontrou com as principais companhias energéticas no Brasil, inclusive a PETROBRÁS.
Embora, logicamente, pouco tenha sido divulgado, a Presidente se recusou a reverter a lei do petróleo de 2009 de maneira a adequá-la aos interesses de Washington.
Dias após a visita do Vice-Presidente dos Estados Unidos, surgiram as revelações do Wikileaks de Snowden, sobre a NSA, de que os Estados Unidos também estavam espionando a Presidente e os funcionários de alto escalão da PETROBRÁS.
A Presidente chegou a denunciar o fato como violação da lei internacional na Assembléia Geral da ONU, em setembro de 2014, e cancelou uma visita programada a Washington.
Estranhamente, antes da visita do Vice-Presidente dos EUA ao Brasil, em maio de 2013, a Presidente tinha uma taxa de popularidade de 70 por cento.
Estranhamente, antes da visita do Vice-Presidente dos EUA ao Brasil, em maio de 2013, a Presidente tinha uma taxa de popularidade de 70 por cento.
Menos de duas semanas depois da visita, protestos em escala nacional convocados por um grupo bem organizado chamado "Movimento Passe Livre", relativos a um aumento nominal de 10 por cento (incrível, não?) nas passagens de ônibus, levaram o país virtualmente a uma paralisação, com muita violência.
Os “protestos” ostentavam a marca de uma típica “Revolução Colorida”, ou desestabilização via internet. Em semanas, a popularidade da Presidente caiu para 30 por cento.
Em seguida, rumores de que a Presidente, até então jamais ligada à corrupção (tão comum, quando se trata de grandes empresas estrangeiras corruptoras, as quais chegam a se retirar do Brasil, quando verificam que não têm mais chances de corromper) estaria implicada num escândalo envolvendo a gigante estatal do petróleo, a PETROBRÁS.
Em setembro, um ex-diretor da Petrobras alegou que membros do Governo da Presidente (Membro do Conselho de Diretores da PETROBRÁS até 2010) tinham recebido comissões em contratos assinados com a gigante do petróleo, comissões essas que depois teriam sido empregadas para comprar apoio congressional.
E em 2 de novembro de 2014, dias após a vitória arduamente conquistada pela Presidente, a maior firma de auditoria financeira consultoria tributária societária e de negócios Norte-americana, operando no Brasil, se recusou a assinar os demonstrativos financeiros do terceiro trimestre da Petrobras, exigindo investigação mais ampla do escândalo envolvendo a companhia petrolífera dirigida pelo Estado.
A tal firma de auditoria é conhecida como uma das firmas de auditoria, mais eivadas de escândalos nos Estados Unidos. Ela foi implicada em 14 anos de encobrimento de uma fraude no em um grande grupo de seguros, o qual estava no coração da crise financeira Norte-americana de 2008.
E a Câmara dos Lordes britânica criticou a referida firma, por não chamar atenção para os riscos do modelo de negócios adotado por um Banco, causador de um desastre de grandes proporções na crise imobiliária de 2008 na Grã-Bretanha, cliente que teve que ser resgatado pelo governo do Reino Unido. Decodificando, os causadores do grave esfriamento das relações entre a Presidente e o Estado ora anfitrião foram os antecedentes acima.
É de se esperar a intensificação de ataques contra a Presidente – se a Presidente não cumprir o acordado enquanto visitante. Mas, o Brasil- amigo tem a tradição de ter sócios diversificados.
Em consideração aos seus representantes nos quais creditam a boa-intenção, os brasileiros costumam dissimular a percepção das quais são dotados e também, dissimulam desconhecer as suas potencialidades. Mas percebem tudo. Como de boas intenções o Paraíso não está cheio – melhor confiar desconfiando.
Até e porque seria uma insensatez a Presidente se deixar convencer e se comprometer:
-a paralisar o trabalho dos técnicos brasileiros, paralisando o desenvolvimento da tecnologia de ponta brasileira, para não competir com a tecnologia de interlocutores - ignorantes do direito de autonomia do Brasil, assegurado pelas Cartas da ONU e da OEA e ignorantes do dirieot da concorrência, prevista pela OMC/WTO;
-a entregar minérios geradores de energia (hidrocarbonetos/petróleo, gás e nucleares/urânio e outros, compromissando o Brasil a ser cliente fornecedor de matéria-prima geradora de energia in natura, ad eternum;
-a pressionar o Congresso Nacional para acabar com o último e imprescindível monopólio do urânio constitucionalmente assegurado (Urânio é minério de uma só safra, razão pela qual os EUA mantêm depósito em Fort Knox).
População bem informada é a maior defesa de Governante bem intencionado. Informar é mais do que preciso. O Brasil merece respeito.
*Curriculum Lattes
Contato com a Autora: coimbra@ibin.com.br
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