SÃO PAULO - Foi em 2011 que o Brasil conseguiu atingir a marca de 1,41% de participação nas exportações mundiais, o seu melhor resultado em 50 anos, mas, desde então, esse índice só tem caído, segundo dados da Organização Mundial do Comércio (OMC). Em 2012, a marca foi para 1,33%, em 2013 para 1,32%, índice igual ao de 2008, em 2014 para 1,22% e em 2015 projeta-se que deve ficar em torno de 1,15%.
Milton Lourenço (*)
A ruinosa administração que tem marcado os últimos governos também se reflete no ranking mundial de importação. E de se destacar que, em 2013, o País ocupava a 21ª colocação, ano em que pela primeira vez o seu índice nas importações mundiais superou o das exportações. O índice de participação do Brasil nas importações mundiais foi de 1,24% em 2010, 1,29% em 2011, 1,26% em 2012, 1,36% em 2013, 1,23% em 2014 e, em 2015, estima-se que fique ao redor de 1,20%.
Embora esteja entre as dez nações que apresentam maior Produto Interno Bruto (PIB), o Brasil alcança apenas a 22ª colocação como país exportador. Entre os 15 maiores exportadores, 14 estão com suas pautas baseadas em produtos manufaturados. O País aparece como fornecedor de matérias-primas ou insumos (soja em grãos, minério de ferro, couro, carne bovina e celulose), o que é uma demonstração clara de que precisa resolver seus problemas estruturais para evitar que seu parque industrial desapareça, o que só será possível com a criação de condições que possibilitem a redução do chamado custo Brasil, que incide diretamente sobre a competitividade dos manufaturados.
Para tanto, o governo, em vez de se preocupar apenas com o ajuste fiscal, precisa estabelecer uma agenda de médio e longo prazo que enfrente os fatores que compõem o custo Brasil. Em primeiro lugar, deveria fixar um programa de obras que reduzissem drasticamente os gargalos logísticos, tarefa inadiável a levar-se em conta que hoje apenas 13% das estradas são pavimentadas e 70% das cargas seguem por rodovia, segundo dados do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).+
Ao mesmo tempo, o governo deveria trabalhar para que o Congresso venha a aprovar as reformas tributária e trabalhista. Também inadiável é o combate à questão da taxa de juros, que alcança níveis escorchantes, ao lado de uma política que estabeleça redução nos custos de energia, que incidem diretamente na produção industrial. Não se pode também esquecer o combate à burocracia, facilitando o trânsito de mercadorias, inclusive com a flexibilização das regras da cabotagem, que incompreensivelmente seguem às do comércio exterior.
Por fim, se quiser dar uma prova de seriedade e de vontade de colocar no País nos eixos, o governo deve começar a cortar os cargos de confiança, hoje em torno de 24 mil, que custam mais de R$ 1,9 bilhão por ano aos cofres públicos. É de se lembrar que o governo dos EUA tem 8 mil cargos de confiança e o da França, 4.800.
__________________________
(*) Milton Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística (ACTC). E-mail:fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br.
Nenhum comentário:
Postar um comentário