segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Caixa 2 para Lula foi definido em reunião com Queiroz Galvão, Camargo Corrêa, IESA e UTC

Caixa 2 para Lula foi definido em reunião com Queiroz Galvão, Camargo Corrêa, IESA e UTC, diz empreiteiro delator

© Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula Ricardo Pessoa apontou quais empresas participaram e como teria sido operacionalizado o repasse de R$ 2,4 milhões em dinheiro vivo para a campanha presidencial do petista em 2006.

Em sua delação premiada, o empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC Engenharia, afirmou que as empreiteiras Queiroz Galvão, IESA e Camargo Corrêa tomaram conhecimento e aceitaram pagar, junto com a sua empresa, R$ 2,4 milhões de caixa 2 para a campanha à reeleição do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006.
Segundo o empreiteiro, o pedido de doação “não oficial” partiu do então tesoureiro da campanha petista José de Filippi Junior, ex-secretário de Saúde do município de São Paulo para a empreiteira Queiroz Galvão, então líder do consórcio QUIP, responsável pela construção da plataforma P53 da Petrobrás junto com a Camargo Corrêa, IESA e UTC.
A solicitação, então, foi discutida em uma reunião com representantes das quatro empresas, incluindo Pessoa representando a UTC. “O atendimento da solicitação (de dinheiro vivo para a campanha de Lula) foi aprovado pelo conselho da QUIP, em uma reunião entre o declarante (UTC), Ildefonso Colares (então presidente da Queiroz Galvão), Valdir Carreiro (executivo da Iesa) e Camerato (executivo da Camargo Corrêa)”, relatou o dono da UTC aos investigadores.
No encontro teria ficado definido que Pessoa seria o responsável por operacionalizar os repasses em espécia “em razão de sua proximidade com Filippi e da facilidade logística pelo fato de ambos estarem em São Paulo”. Ainda de acordo com o delator, os recursos do caixa 2 vieram do dinheiro recebido pelo consórcio pelas obras da P53 “mediante a utilização da empresa Quadrix, no exterior”.
O dinheiro foi entregue a Pessoa por um representante do consórcio QUIP na UTC e, a partir daí, teriam sido feitas três entregas diretamente a Filippi no comitê de campanha de Lula na Av. Indianópolis, na capital paulista, totalizando os R$ 2,4 milhões. Pessoa disse que fez duas entregas pessoais e Filippi e que seu funcionário Walmir Pinheiro fez a terceira.
Na prestação de contas apresentada à Justiça Eleitoral, constam quatro doações oficiais da UTC para o comitê da campanha presidencial petista totalizando R$ 1,2 milhão, valor que o próprio Pessoa admitiu em sua delação ter repassado oficialmente para a campanha petista sem relação com o caixa 2 envolvendo o esquema de corrupção na Petrobrás.
O PT e a assessoria do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não quiseram comentar o caso. A Camargo Corrêa e a UTC não responderam aos contatos da reportagem. A reportagem não localizou representantes da Iesa para comentar o caso.
COM A PALAVRA, A QUEIROZ GALVÃO:
“Queiroz Galvão esclarece que as atividades da companhia são pautadas pelo respeito aos padrões internacionais de ética corporativa.”
COM A PALAVRA, JOSÉ DE FILIPPI JÚNIOR:
“Em relação às informações prestadas pelo sr. Ricardo Pessoa, cabe esclarecer novamente que:
Não solicitei a qualquer pessoa que pedisse ou retirasse qualquer quantia em dinheiro em meu nome;
Todas as contribuições de campanha política que solicitei ao senhor Ricardo Pessoa foram recebidas formalmente via Transferência Eletrônica Direta (TED) e devidamente registradas e aprovadas pela Justiça Eleitoral;
3. Refuto veementemente todas as acusações que o Sr. Ricardo Pessoa dirige a mim;
Ao longo de mais de 20 anos, ocupei cinco mandatos populares, tosos eles conquistados sobretudo pela confiança que a população de Diadema me conferiu. Jamais solicitei ou recebi vantagens indevidas nos cargos que exerci. Este é meu maior patrimônio e que ninguém irá me tirar;
Continuo à disposição das autoridades competentes para prestar os devidos esclarecimentos.
Atenciosamente,
José de Filippi Jr.
Ex-prefeito de Diadema por três mandatos e ex-deputado estadual e federal pelo PT”

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