"Não indiquei Cerveró para diretoria da Petrobras", diz Dilma
Presidente se diz "extremamente perplexa" com prisão do senador Delcídio do Amaral e diz não temer delação premiada
BBC |
A presidente Dilma Rousseff negou, nesta segunda-feira (30), ter partido dela a indicação para que Nestor Cerveró ocupasse um cargo de diretoria na Petrobras.
Em depoimento após ser preso, o senador Delcídio do Amaral (PT-MS), que era líder do governo no Senado, disse que o ex-diretor havia sido nomeado para a área internacional da estatal após ser indicado por Dilma, à época ministra de Minas e Energia do governo Luiz Inácio Lula da Silva.
"Eu não indiquei Nestor Cerveró para a diretoria da Petrobras. Acredito que o senador Delcídio se equivoca", afirmou Dilma em coletiva de imprensa durante a Conferência do Clima da ONU, em Paris.
A presidente também negou que tivesse conhecimento de corrupção na compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos – no áudio que o levou à prisão, Delcídio afirma que, segundo Cerveró, Dilma, então à frente do Conselho de Administração da Petrobras, sabia de tudo.
"Ele não é da minha indicação, não é da minha relação, isso é público e notório. Ele não foi antes, durante nem depois da minha relação", disse Dilma.
Segundo ela, Cerveró pode não gostar dela porque, quando ela percebeu que o ex-diretor não havia dado ao conselho todas as informações sobre a compra da refinaria, "insistiu para ele sair".
A presidente também disse que ficou "perplexa, extremamente perplexa" com a prisão de Delcídio – ele é suspeito de obstruir as investigações da Operação Lava Jato e foi flagrado, em uma gravação, negociando um plano de fuga para que Cerveró, diretor da área Internacional da Petrobras entre 2003 e 2008, não fechasse acordo de delação premiada com o Ministério Público.
"Fiquei perplexa, extremamente perplexa. Não esperava que isso acontecesse, ninguém esperava", disse Dilma.
Ela afirmou, porém, que não tem "nenhum temor" sobre a hipótese de Delcídio fazer uma delação premiada.
A presidente disse ainda que conhecia "muito pouco" André Esteves, dono do banco BTG Pactual, também preso sob a acusação de atrapalhar as investigações da Lava Jato. "Eu o conheci muito pouco, não tive relações sistemáticas com ele."
Durante a entrevista, a presidente afirmou ainda acreditar que o Congresso aprovará a nova meta fiscal do governo.
Com a prisão de Delcídio, os parlamentares não votaram a mudança da meta na semana passada. Para não descumprir determinação do Tribunal de Contas da União, o governo bloqueou gastos a partir desta terça. Se a nova meta não for aprovada, há risco de paralisia em partes da administração.
"O governo fará uma avaliação e tomará as medidas necessárias para não comprometer a vida da população brasileira", disse Dilma.
Segundo ela, o Congresso irá aprovar as mudanças porque também seria afetado pelas medidas.
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