A investigação para determinar as verdadeiras causas da morte do poeta chileno Pablo Neruda (1904 – 1973) aponta que o médico que havia inoculado veneno é Michel Townley, ex-agente da Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA, por sua sigla em inglês), já processado pelas mortes do general Carlos Prats e do ex-chanceler Orlando Letelier.
Manuel Araya, que foi motorista de Neruda, é denunciante no julgamento e identificou Townley como presunto autor do envenenamento do Prêmio Nobel de Literatura, em 1971.
“O doutor Sergio Drapper acusa Price e pelas características físicas que descreve seria Michael Townley que fez a ação contra Neruda e outros dois mais que já estão idenficados na investigação do juiz Mario Carroza”, disse Araya em entrevista para a agência de notícias italiana Ansa.
Townley, casado com a escritora chilena Mariana Callejas, militava em 1973 no movimento ultranacionalista de direita "Patria y Libertad", opositor ao governo de Salvador Allende (1970-1973) e adepto à ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).
Segundo as investigações, após o golpe militar, Townley passou a formar parte dos serviços de inteligência e em sua casa experimentava gás Sarin e outras substâncias químicas que se aplicaram em opositores da ditadura.
Araya agregou que, nas próximas semanas, serão conhecidos os nomes de outros dois médicos vinculados com a morte do poeta. Também destacou que espera a perícia que está sendo realizada nos Estados Unidos.
Assim mesmo mostrou-se confiante em que “estamos no caminho correto”, pois apareceram “mais coisas estranhas” sobre esse 23 de setembro quando o poeta morreu.
Golpe em Allende
Em 19 setembro de 1973, oito dias depois do golpe de Estado que derrubou o presidente socialista Salvador Allende, Neruda, que tinha câncer de próstata, foi internado com urgência a clínica particular Santa Maria, em Santiago, onde faleceu quatro dias depois.
Nesta mesma clinica morreu em 1982 o ex-presidente chileno Eduardo Frei Montalva (1964-1970), cujo falecimento atribuiu-se a motivos de saúde, até que em 2006 provou-se que ele foi assassinado com gás mostrada e tálio.
Oficialmente, a causa de sua morte foi o câncer, mas há dois anos Araya afirmou que o poeta foi assassinado por uma injeção letal e junto com alguns familiares do escritor, solicitaram uma investigação judicial que está em curso e que levou a exumação do corpo em abril.
Townley é processado pelas mortes do general Carlos Prats e sua esposa em Buenos Aires (1974) e de Letelier, em Washington (1976), assim como pelo atentado em Roma ao ex-vice-presidente Bernardo Leighton.
Desde a década passada vive em liberdade e sob o anonimato que confere uma identidade reservada que outorgou para a justiça estadunidense em troca de sua de sua suposta “colaboração”.
Fonte: Cubadebate
Tradução: Portal do Vermelho
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