terça-feira, 10 de novembro de 2015

Os Justiçados na Guerrilha do Araguaia

Os Justiçados na Guerrilha do Araguaia


Por Carlos I. S. Azambuja

- Na Guerrilha do Araguaia (1972-1974, foram “justiçados” pelo PC do B, que tem o Ministro da Defesa como seu representante no governo (governo?):
        
Mundico” - ROSALINO CRUZ SOUZA, militante do partido;  OSMAR, PEDRO MINEIRO e JOÃO MATEIRO, moradores da região. Estes, por suposta colaboração com as Forças Armadas. O guerrilheiro “Paulo”, não identificado, dado como desertor em setembro de 1973, teria sido também “justiçado”. Todavia, não existem dados que comprovem ou desmintam essa versão.

Devemos recordar também o justiçamento, na Guerrilha do Araguaia, da Cadela Corôa - citada em uma série de reportagens publicadas pela imprensa em 1996 - também “justiçada”, de acordo com as leis da guerrilha, por ter-se transformado em um perigo em potencial.

A Cadela Coroa era uma espécie de mascote, dado seu apego aos membros do Destacamento A da guerrilha. Em 1972, todavia, ocorreu um fato que iria selar o destino de Coroa: com a chegada dos militares à área, os guerrilheiros tiveram que embrenhar-se na selva, e Coroa, que acabara de dar cria, acompanhou-os. Mas, movida pelo sentimento materno, todos os dias sumia do acampamento e andava diversos quilômetros para amamentar os filhotes que deixara para trás.

A partir dai, os bravos guerrilheiros do Destacamento A passaram a encará-la não como a melhor amiga do homem, mas como uma ameaça, pois, afinal, os militares poderiam segui-la e chegar até eles. Por isso, decidiram “justiça-la”, por ter-se tornado potencialmente perigosa. Por sorteio, a tarefa coube ao guerrilheiro “Zezinho”- MICHEAS GOMES DE ALMEIDA, que a matou a facadas, pois não podia ser a tiros, que chamariam  a atenção dos militares.

Morte semelhante - recorde-se - à do tenente ALBERTO MENDES JUNIOR, morto a coronhadas de fuzil por CARLOS LAMARCA, no Vale da Ribeira, em maio de 1970, também para não despertar a atenção da tropa que o perseguia.

Poderemos imaginar que a história tivesse ocorrido ao contrário. Caso a Cadela Coroa tivesse sido morta, digamos, pela tropa do contra-rebelde. O fato teria, então, sido apontado como mais uma prova de que as Forças Armadas “atuaram como bárbaros”, como disse o Sr JOÃO AMAZONAS em depoimento à Câmara dos Deputados.

Não teriam faltado os protestos de uma ONG qualquer, mantida não se sabe por quem, dedicada à defesa dos direitos das cadelas amigas de guerrilheiros. Seria lançada, possivelmente, outra edição, atualizada, do “Brasil, Nunca Mais”, acrescentando o nome de Coroa. Tudo isso com o indispensável aval do grupo filantrópico, de utilidade pública, “Tortura Nunca Mais”.

Intelectuais de esquerda viriam a público protestar, com crônicas dominicais nas páginas dos principais jornais, entrevistas na TV, poesias e outros meios que dispusessem. Finalmente, surgiria um cineasta, já com um roteiro pronto e os protagonistas escolhidos para contar a história de mais uma vítima do “terrorismo de Estado”. As cenas externas, com clips levados ao ar no horário nobre das televisões, seriam rodadas no Araguaia.

Finalmente, uma Comissão de Cães Desaparecidos seria criada, cujos integrantes também viajariam para o Araguaia, acompanhados por experts estrangeiros, em busca das ossadas de Coroa que, se encontradas, seriam levadas para a Unicamp. Os recursos financeiros para tudo isso não seriam problema. Afinal, não estão aí os corruPTos da Petrobras apontados pela Operação Lava Jato, as Consultorias e as empreiteiras?  


Carlos I. S. Azambuja é Historiador.

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