Hora de exterminar seu Zumbi
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net
Dia dos Mortos? Isto te lembra que o Brasil é um País moribundo, sem projeto nacional? Ou que tem muito político ladrão (perdão pela redundância) agindo como morto-vivo? Ou que a nossa (inexistente) agenda política e econômica nos torna uma pátria de suicidas? Ou que a previsível explosão de radicalismo e violência, na anunciada guerra de todos contra todos, tende a superlotar cemitérios e explodir a demanda dos crematórios? Ou você prefere chorar a quantidade incalculável de vítimas diárias do desgoverno do crime organizado?
Independentemente de qualquer resposta, o que o Brasil menos precisa, neste gravíssimo momento histórico, é daquela velha resignação que ajuda a alimentar a "fracassomania" tupiniquim. Não dá para suportar a passividade emotiva e a inação covarde diante de tantos problemas que exigem soluções inteligentes e racionais, a maioria imediatas. A maioria dos brasileiros continua esperando por um salvador da pátria. É loucura confiar o destino a alguém que dificilmente aparecerá para consertar o caos.
No artigo dominical em O Globo e no Estadão, sempre aproveitando para promover o lançamento de seu livro autobiográfico, o ex-Presidente FHC pregou a "necessidade de um consenso nacional para juntarmos forças ao redor de um caminho mais claro para o futuro". Na teoria, a proposta do Príncipe dos Sociólogos de Bruzundanga é belíssima e correta. Na prática, é uma irrealizável proposta utópica-poética-romântica. Nem consegue ser uma espécie de "iluminismo de classe média" porque o Brasil como Nação é o modelo do paraíso nas trevas da ignorância, do egoísmo e da prepotência de uma oligarquia que merece ser chamada de "zelite".
A crise brasileira é estrutural. Não é conjuntural. É forte a impressão que tem raízes culturais e civilizatórias. Com certeza (relativa) tem... Somos reféns do modelo Capimunista - um Estado centralizador, cartorial, cartelizado, cooptador, corrupto e canalha que estrutura a (des)governança do crime organizado. Psicologicamente, o brasileiro prega que deseja mudar. O problema é que não sabe e nem define como deve acontecer a mudança. Nem para quê precisa ou a deseja. No fundo, impera aquela preguiça da "doença do a manhã": "Deixa a vida me levar que tudo se resolverá, depois".
A vida parece muito boa para alguns - políticos, funcionários públicos do topo e rentistas (aqueles que acreditam ser possível ganhar muito na base da especulação financeira). Para a maioria de mortos-vivos o que importa é a luta diária e imediata pela sobrevivência. Nestes dois extremos, fica inviável esperar que se torne viável qualquer proposta de mudança estrutural. As coisas (não) se resolvem no imediatismo. As soluções parecem distantes, quando não inimagináveis. Uma falsa fé em um futuro incerto, porque não se trabalha o presente com conceitos corretos, é a tônica brasileira?
Não deveria ser... Mas essa é a nossa desgraça. Estamos sempre perdendo o bonde da História. Preferimos adiar a viagem, preferencialmente de graça, sem saber onde, como e por que queremos chegar. Tal mentalidade não se altera - e ainda se torna enraizada - na maioria das pessoas contaminadas pela "visão rentista" baseada na Lei de Gérson ("Gosto de levar vantagem em tudo, certo?"). Talvez seja por isso que o brasileiro tem dificuldade em compreende que precisa estudar muito, para evoluir culturalmente, a fim de conquistar a efetiva melhora de vida.
Não estaria passando da hora de matar aquele zumbi que existe em cada um de nós - ou na maioria dos brasileiros? A resposta, claro, é "SIM". Mas, infelizmente, em vez de cada um assumir sua responsabilidade individual para servir de exemplo para o coletivo, adota-se a postura mais cômoda. As costumeiras opções são lamentáveis. Arranjamos um culpado para tudo. Ou esperamos que alguém nos salve de maneira messiânica. É rara a atitude pró-ativa para a mudança planejada cuidadosamente, após esgotar uma ampla discussão baseada na realidade.
Nosso padrão zumbi viabiliza a manutenção do crime organizado no poder. Se o zumbi não for exterminado, o padrão criminoso sobreviverá. Não será fácil acabar com o zumbi neste ambiente com hegemonia da ignorância e dos conceitos errados que alimentam a violência, o ódio e o ritmo de vale-tudo, impedindo a coesão necessária para que cada um melhore e consiga se juntar aos outros para fazer coisas boas.
Neste feriado de Finados, não adianta bater em cachorro morto (ou que parece morto). É preciso que cada um lembre que a morte existe, mas que a vida deve continuar da melhor (e não da pior) forma.
Releia o artigo de domingo: Quem tem poder para acabar com Lula?
Discurso de ódio
Perigo
Do amigo e irmão Marcelo Mahler, um conselho útil para a petelândia desvairada:
"Não cutuquem a vara com a onça curta".
Mais vivo que nunca
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