O vice-premiê e chancelera da Síria, Walid al-Mualem, denunciou nesta segunda-feira (30) em Nova York a política de duplo sentido utilizada contra seu país em relação a terrorismo e armas químicas, afirmando que essa política é um obstáculo desde o início para a saída política do conflito vivido pelo país árabe desde o início da hostilidade, em março de 2011.
Ao intervir no debate de alto nível da Assembleia Geral das Nações Unidas, o funcionário sírio advertiu que as potências ocidentais lideradas pelos Estados Unidos e seus satélites na região ignoram os assassinatos e massacres cometidos pelos bandos armados, enquanto acusam Damasco de tais crimes.
A Al-Qaida e outras organizações que combatem o governo sírio cometem carnificinas, desmembram corpos humanos e até comem corações de soldados caídos em combate, cenas mostradas pelas emissoras de televisão, que não chegam a tocar as consciências cegas, afirmou Mualem.
Para o chanceler, esta situação faz com que ele repita a mesma questão que fez no ano passado, no mesmo lugar: "É o consenso internacional no combate ao terrorismo um compromisso sério ou é mera retórica?"
Em relação à questão das armas químicas, ratificou o compromisso mantido pela nação árabe, com a adesão ao instrumento internacional que proíbe o uso dessas substâncias.
Não obstante, alertou que os bandos armados receberam do exterior artefatos químicos, o que determina que ainda existem desafios para serem enfrentados.
Al-Mualem denunciou, além disso, que essas forças, financiadas e armadas pelo Ocidente e seus aliados regionais, já utilizaram armas químicas no conflito sírio, como em Khan Al-Assal, nas imediações de Alepo.
Pedimos uma investigação sobre esses fatos, mas os Estados Unidos, a França e o Reino Unido agiram para limitar as funções da equipe de cientistas da ONU, para que só definissem se foram usadas ou não no nosso solo tais substâncias, disse.
Segundo seu relato, na Síria esperou-se duranta cinco meses pelas pesquisas no terreno, mas "quando chegaram, foram retirados antes da conclusão, porque alguns estados começaram a tocar os tambores da guerra".
Em seu discurso diante da plenária de 193 nações, o vice-premiê e chanceler sírio asseverou que em seu país "não há uma guerra civil, mas sim uma guerra contra um terrorismo que não reconhece valores nem justiça".
O fim de toda a agressão contra meu país é o primeiro passo para resolver a questão, disse.
A intervenção de Mualem acontece menos de 72 horas depois de o Conselho de Segurança aprovar de forma unânime uma resolução para eliminar as armas químicas no país árabe e advertir as partes em conflito de absterem-se de utilizá-las.
O texto mostra também um compromisso com a solução política ao conflito e à realização de uma conferência para alcançá-la, entretanto, deixa aberta a possibilidade de se valer o capítulo 8 da Carta da ONU, em caso de descumprimento do que foi disposto.
Tal disposição da Carta inclui também a opção militar por meio do uso da força, bloqueios e outras operações, o que geraria preocupações entre aqueles que se opõem a uma nova guerra na região.
Em outro trecho de seu discurso, Mualem pediu que se coloque um fim às medidas econômicas unilaterais que foram adotadas contra algumas nações.
Trata-se de ações imorais e contrárias ao direito internacional, pelo que pedimos o fim do bloqueio contra Cuba e o fim das medidas coercitivas impostas à Síria, Venezuela, Belarus, Irã e República Popular Democrática da Coreia.
Fonte: Prensa Latina
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