Após prisão, conselheiro envolvido em fraude continua no CONASP
14.12.2013
A prisão de Clóvis Nunes, conselheiro do Conselho Nacional de Segurança Pública (CONASP), não foi suficiente para afastá-lo do colegiado. Preso na operação Vulcano, deflagrada pela Polícia Federal, o coordenador da ONG MovPaz no município de Feira de Santana (BA), continua no órgão que é ligado diretamente ao Ministério da Justiça.
A Assessoria de Comunicação da pasta informou que Clóvis Nunes foi indicado como representante da Rede Desarma Brasil e que esta não realizou nenhum pedido de substituição. Afirmou ainda que a existência de investigação sobre fato relacionado a um Conselheiro, sem relação com sua atuação no CONASP, não possui o condão de afastar o representante da instituição.
Para Bene Barbosa, presidente do Movimento Viva Brasil e opositor declarado das políticas de desarmamento, a manutenção de Clóvis simboliza uma incoerência. "Se alguém responde um processo desses jamais poderia adquirir uma arma, mas pode continuar como conselheiro para definir políticas de segurança pública? Não faz o menor sentido", assevera.
Bene afirma ainda que o nível de relacionamento entre Governo e ONGs beira a promiscuidade. "Isso mostra o nível de ingerência que ocorre, onde essas organizações possuem mais poder que o próprio Ministro da Justiça. Que autoridade elas têm para se arvorarem à condição de parceira de tão relevante pasta governamental brasileira?", indaga.
Clóvis Nunes foi preso no último dia 28 de novembro, sob a acusação de, através da ONG MovPaz, chefiar um esquema de fraude na campanha de desarmamento, autorizando o pagamento de indenizações indevidas. O esquema foi descoberto pela Polícia Federal ao apurar que, através da MovPaz, Feira de Santana, município no interior da Bahia com apenas 730 mil habitantes, respondia por mais de 14% de todas as armas recolhidas no país.
Durante as investigações, foi apurado que, na verdade, o recolhimento de armas era fictício. De 8.800 armas pesquisadas, apenas 400 não estavam ligadas à fraude.
O esquema funcionava através da informação de dados falsos sobre recolhimento, pagando-se indenizações por armas que não existiam, e através da fabricação caseira de armas apenas para que fossem entregues em postos de coleta vinculados à MovPaz.
Com o esquema, o prejuízo aos cofres públicos supera a cifra de 1,3 milhões de reais.
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