quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Edward Snowden diz ajudar o Brasil em investigações em troca de asilo

Edward Snowden diz ajudar o Brasil em investigações em troca de asilo

Carta de Snowden foi entregue à Folha de São Paulo por David Miranda.
Hoje, Snowden vive em Moscou, na Rússia, onde ganhou asilo temporário.

Ari PeixotoRio de Janeiro, RJ
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O delator do esquema de espionagem mundial americano, Edward Snowden, sugeriu ajudar o Brasil em investigações em troca de asilo. A carta foi entregue à Folha de São Paulo por David Miranda, que depois a publicou em uma rede social.
O brasileiro é companheiro do jornalista britânico Glenn Greenwald, responsável pela divulgação das informações de Edward Snowden.
No documento, o ex-consultor da Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos diz que o governo americano está interferindo na capacidade dele de falar sobre o esquema de espionagem revelado há seis meses e que isso vai acabar quando ele conseguir  asilo permanente em algum país.
Hoje, Snowden vive em Moscou, na Rússia, onde ganhou asilo temporário. Em entrevista exclusiva, David afirmou que Snowden gostaria de morar no Brasil, mas que a carta não é um pedido de asilo em troca de informações.  “Ele vê o tratamento que o Glenn tem aqui. Viu como foi a reação da população brasileira, como reagiu a toda essa espionagem que nós fizemos aqui, e ele ficou muito feliz com esses resultado”.
As denúncias de Edward Snowden foram divulgadas em junho deste ano pelo jornalista Glenn Greenwald, à época repórter do jornal britânico The Guardian.
Snowden revelou documentos secretos que mostram a capacidade do governo americano de espionar cidadãos e empresas em vários países.
Na carta, que ganhou destaque na imprensa internacional, Snowden diz que viu com crescente preocupação o monitoramento da NSA sobre populações inteiras e cita exemplos que podem acontecer no Brasil.
Segundo ele, ligações de celular em São Paulo ou em Porto Alegre podem ser rastreadas pela agência, que mantém os registros por cinco anos ou mais. Snowden diz que a NSA rastreia celulares cinco bilhões de vezes por dia, ao redor do mundo.
“Ele quer ajudar a população no mundo a entender esse cenário melhor. Então, hoje ele com a ajuda permanente num país, um país forte que consiga dar proteção a ele, ele vai conseguir participar desse debate”, diz David Miranda, consultor de marketing.
Em reportagens exclusivas, exibidas há três meses, o Fantástico e Greenwald revelaram que a presidente Dilma, seus assessores e a Petrobras também foram espionados pela NSA.
A presidente brasileira exigiu do governo americano um pedido oficial de desculpas, que nunca veio. Por isso, ela cancelou uma visita que faria a Washington.
O Itamaraty disse que não recebeu nenhum pedido de asilo de Edward Snowden.
 Repercussão da espionagem
A carta de Snowden publicada no Brasil ganhou forte repercussão internacional. Nem mesmo a NSA sabe ao certo que segredos Snowden ainda pode revelar. A melhor forma de evitar um estrago seria fechar um acordo com o ex-analista de inteligência.
O governo Obama, oficialmente, mantém a posição de não fazer qualquer concessão. O porta-voz da Casa Branca, Jay Carner, disse hoje que Snowden deveria voltar ao país e enfrentar as acusações contra ele.
A imprensa americana tratou a carta de Snowden como uma tentativa de barganha. Para o New York Times e o Wall Street Journal, o americano ofereceu ajuda ao Brasil em troca do asilo político. O mesmo raciocínio do jornal britânico The Guardian.
Em Washington, o presidente Barack Obama ouviu de executivos de 15 das maiores empresas de tecnologia dos Estados Unidos um pedido de mudanças na forma de atuar da NSA. A Casa Branca disse que vai considerar as recomendações.

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