Prisão da cúpula da Odebrecht e Andrade Gutierrez gera expectativa sobre ações contra Lula, Dirceu e Palocci
Será que a história se repetirá para Lula?
"Erga Omnes". No Brasil, conforme mais um nome esquisito de operação da Polícia Federal (a 14a na Lava Jato), começa a parecer que a Lei pode e deve valer para todos. As prisões de Marcelo Odebrecht, presidente do quinto maior grupo privado do País, e de Otávio Azevedo, da não menos poderosíssima Andrade Gutierrez, indicam que "a norma vai ter efeito vinculante". Nos bastidores políticos, já se prevê que Luiz Inácio Lula da Silva, José Dirceu de Oliveira e Silva, Antonio Palocci Filho e outros petistas e peemedebistas de peso terão problemas, em breve, com o juiz Sérgio Moro.
Um dos membros da Força Tarefa da Lava Jato, o procurador Carlos Fernando Lima, foi bem claro sobre a prisão de Odebrecht e Azevedo: "Os presidentes das empresas sabiam de tudo. Apareceram indícios concretos comprovando que eles tiveram contato ou participações diretas em atos que levaram a formação de cartel". A Erga Omnes também prendeu os executivos Márcio Farias e Rogério Araújo, da Odebrecht, e Paulo Dalmaso e Elton Negrão, da Andrade Gutierrez. Literalmente nuna fria, eles esperam não passar uma longa temporada na gelada cadeia da PF em Curitiba.
Na verdade, o clima vai esquentar e se tornar infernal. Segunda-feira que vem, na condição de investigados, a Justiça ouvirá os delatores premiados Paulo Roberto Costa e Alberto Yousseff, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, o lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano, e os ex-deputados João Luiz Argolo Filho (PP) e Pedro Corrêa (PP). Os seis depoimentos, que devem acontecer até 3 de julho, servirão para o inquérito que corre no STF. Muita gente poderosa ficará apavorada. Alguns devem baixar hospital...
Especificamente, eles devem falar sobre o suposto envolvimento de autoridades, com foro privilegiado, nas fraudes com contratos da Petrobras. A investigação mexe com nomes de peso, como o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) o senador Valdir Raupp (PMDB-RO), além dos ex-ministros Mário Negromonte e Edison Lobão, e outros 11 deputados federais. Todos são suspeitos de terem se beneficiado do esquema de fraudes em obras da Petrobras, que desviou dinheiro a três partidos políticos - PT, PMDB e PP.
Ainda estamos longe do tão esperado "juízo final". Mas o Armagedon agora começa a ficar mais bem delineado. A crise política, deflagrada pelas ações judiciais concretas contra a corrupção, está apenas no início... O bicho não só vai pegar como também será pego... O consolo é que o sol começa a nascer quadrado para muita gente que jamais poderia acreditar que, um dia, iria tomar um banho sem chuveiro quente em pleno cárcere do inverno curitibano.
Explicando o inexplicável
Versões oficiais das empreiteiras não batem com a realidade:
“A Construtora Norberto Odebrecht (CNO) confirma a operação da Polícia Federal em seu escritório em São Paulo e no Rio de Janeiro, para o cumprimento de mandados de busca e apreensão. Da mesma forma, alguns mandados de prisão e condução coercitiva foram emitidos. Como é de conhecimento público, a CNO entende que estes mandados são desnecessários, uma vez que a empresa e seus executivos, desde o início da operação Lava Jato, sempre estiveram à disposição das autoridades para colaborar com as investigações. Construtora Norberto Odebrecht”
“A Andrade Gutierrez informa que está acompanhando o andamento da 14ª fase da Operação Lava Jato e prestando todo o apoio necessário aos seus executivos nesse momento. A empresa informa ainda que está colaborando com as investigações no intuito de que todos os assuntos em pauta sejam esclarecidos o mais rapidamente possível. Este tem sido, inclusive, o procedimento da companhia desde o início das investigações, atendendo a convocações da Justiça ou comparecendo voluntariamente para apresentar documentos e prestar esclarecimentos, causando estranheza as prisões. A Andrade Gutierrez reitera, como vem fazendo desde o início das investigações, que não tem ou teve qualquer relação com os fatos investigados pela Operação Lava Jato, e espera poder esclarecer todos os questionamentos da Justiça o quanto antes.”
Sucesso do fracasso
Chavez se multiplicou
Valeu a pena ter passado pelo maior sufoco a missão liderada por Aécio Neves, presidente do PSDB, e integrada pelos senadores Ronaldo Caiado, Aloysio Nunes, Cassio Cunha Lima (PSDB-PB), José Agripino (DEM-RN), Ricardo Ferraço (PMDB-ES), José Medeiros (PPS-MT) e Sérgio Petecão (PSD-AC), na visita à Venezuela para se solidarizar com familiares de presos políticos.
O ponto mais tenso foi quando 50 manifestantos pró-Nicolas Maduro cercaram o ônibus da comitiva, a cerca de 1 Km do aeroporto de Caracas, e baterem na carroceria com o aviso:
"Fora, fora. Chávez não morreu, se multiplicou".
Cunhada
A maior vitória simbólica do protesto não foi o encontro com Lilian Tintori, mulher de Leopoldo López; Mitzy Capriles, casada com Antonio Ledezma; Patricia de Ceballos, esposa de Daniel Ceballos; e pela ex-deputada cassada María Corina Machado.
A grande jogada foi do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que, aqui do Brasil, comandou todo o espetáculo, exigindo uma satisfação do Itamaraty e da Presidência da República contra os atos politicamente arbitrários do governo venezuelano.
A manobra de Cunha deverá forçar a Presidenta Dilma a criar problemas para a Venezuela no Mercosul...
Vitória
Maria Corina classificou de histórica e elogiou a coragem e iniciativa da comissão brasileira:
"Vocês estão presenciando gesto histórico e sem precedente. O Brasil envia mensagem ao mundo inteiro de que a Democracia está conosco. A indiferença do governo brasileiro é cumplicidade".
Mitzy avaliou que a visita dos senadores brasileiros pode acelerar o processo para definir a data das eleições na Venezuela.
Fifagate
Do sempre atento leitor Mário A. Dente, de São Paulo, uma sugestão de gol simples a ser marcado:
"O assunto mais focado na mídia é a FIFA e seus trambiques com "associados políticos" nas copas até 2010. Para os brasileiros, o que interessa é quebrar o sigilo da copa 2014. A mídia deveria investigar e divulgar os trambiques que aposto que houve, dado o histórico do partido do governo".
Sobre o assunto, veja um vídeo da Daniela Schwery no Youtube:
Direito e Justiça em Foco
Domingo, às 22 horas, o editor-chefe deste Alerta Total será o entrevistado do Desembargador Laércio Laurelli no programa Direito e Justiça em Foco.
Adeus em ritmo de Lava Jato
Nenhum comentário:
Postar um comentário