Lava Jato prende presidentes da Odebrecht e Andrade Gutierrez
Editado por Silmara Schupel.
Marcelo Odebrecht
Jornal GGN - Em mais uma fase da Operação Lava Jato, a Polícia Federal prendeu o presidente Marcelo Odebrecht e os executivos Márcio Faria, Alexandrino Alencar e Rogério Araújo, da Odebrecht, Otávio Azevedo, presidente da Andrade Gutierrez, e os executivos César Ramos Rocha e Flávio Lúcio Magalhães, também da Andrade Gutierrez. As duas das maiores empresas do país são suspeitas de corrupção e formação de cartel para fraudar licitações de obras na Petrobras, segundo os investigadores.
Batizada da Operação Erga Omnes, a 14ª fase da Lava Jato cumpre 59 mandados judiciais em quatro Estados, com a participação de mais de 200 policiais federais. Os presos serão levados para a Superintendência da Polícia Federal em Curitiba.
Durante coletiva de imprensa na manhã desta sexta-feira (19), a força-tarefa da Lava Jato sustentou que ao menos dois delatores do esquema de corrupção da Petrobras admitiram que receberam recursos da Odebrecht em outros países, sendo um deles o Panamá. O nome do ex-diretor Pedro Barusco foi citado. Ele também é um dos responsáveis por envolver o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, na investigação. A força-tarefa informou que os delatores falaram do recebimento de dinheiro desviado da estatal, e que as autoridades conseguiram localizar a empresa offshore que fez o pagamento.
Segundo o Estadão, o pagamento seria da ordem de US$ 23 milhões, efetuado pela Odebrecht numa conta aberta na Suíça. No final de maio, a empresa disse às autoridades, em nota, que "não participa de esquemas ilícito, menos ainda com a finalidade de pagar vantagens indevidas a servidores públicos ou executivos de empresas estatais”.
Já contra a Andrade Gutierrez existe depoimento do doleiro Alberto Youssef, afirmando que, "além de operar propinas da empreiteira Andrade Gutierrez no esquema de desvios na Petrobrás, também operou 600 milhões de dólares do Caixa 2 da empresa às vésperas de ser pego na operação", reforçou o Estadão.
A força-tarefa da Lava Jato disse que há indícios concretos de que os presidentes das duas empresas tinham conhecimento dos esquemas de corrupção. O grupo, formado pela Polícia Federal e Ministério Público Federal, garante que além das delações premiadas, têm documentos que endossam as suspeitas e justificam as prisões preventivas. A aposta é de que o juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, levante o sigilo das investigações.
“A Andrade Gutierrez reitera, como vem fazendo desde o início das investigações, que não tem ou teve qualquer relação com os fatos investigados pela Operação Lava Jato, e espera poder esclarecer todas os questionamentos da Justiça o quanto antes", disse a empresa, em nota, segundo o Estadão.
Ainda de acordo com a força-tarefa, Youssef é uma das principais figuras que implicam a Odebrecht, e Fernando Baiano, considerado o operador do PMDB no esquema, está ligado à Andrade Gutierrez.
"Quanto [aos crimes de] cartel e fraude em licitações, não temos dúvidas. A questão é quando iremos fornecer as denúncias contra essas e mais 20 empresas, porque é uma denúncia complexa, que envolve muito anos de esquema. Mas não há dúvidas de que a Odebrecht e a Andrade Gutierrez fraudaram licitações. Só é necessário aprofundar os casos de corrupção. As empresas não podem passar agora por inocentes. Tudo indica que elas estavam envolvidas, como um todo, e não sendo usadas por um determinado alguém. A prática de negócio era a cartelização e a fraude em licitações", disse Carlos Fernandes Lima, um dos procuradores da Lava Jato, durante coletiva de imprensa.
Ele disse ainda que para a força-tarefa da Lava Jato, todos, as empresas e dirigentes envolvidos em corrupção, devem ser punidos. Por isso, essa fase da operação foi batizada de "erga omnes" (o que é válido para todos). "Não importa o tamanho da sua empresa, sua capacidade ou poder econômico. Isso jamais vai ser prerrogativa para não ser investigado". "A lei deve valer para todos ou não valer pra ninguém", acrescentou.
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