Pentágono nuclear contra a Rússia
Oh! O Pentágono e seus asseclas europeus piraram completamente e desde então fazem hora extra, trabalhando sem parar.
Primeiro, foi o secretário-geral da OTAN o figurão norueguês Jens Stoltenberg, que condenou a ação como "provocação nuclear [orig. saber rattling, lit. 'agitar os sabres' (NTs)].
Depois, foi o tenente-general Stephen Wilson, comandante do US Global Air Strike Command [Comando norte-americano para ataque aéreo global] - e o responsável pelos mísseis balísticos intercontinentais e bombardeiros nucleares dos EUA - em recente encontro com jornalistas em Londres: "[Eles] anexaram um país, mudaram fronteiras internacionais, escalaram a retórica a um nível que não se ouvia desde os tempos da guerra fria..."
Estava pronto o cenário para a indefectível comparação com os nazistas: "Algumas das ações recentes da Rússia são coisas que não se viam desde os anos 1930s, quando países inteiros eram anexados e fronteiras mudadas por decreto."
Obedecendo à Voz do Dono, a União Europeia já prorrogou as sanções contra a Rússia. E logo em seguida El Supremo do Pentágono Ashton Carter, em Berlim, declarou que a OTAN deve levantar-se contra - e o que poderia ser? - a "agressão russa" e seus "esforços para restabelecer uma esfera de influência como da era soviética".
Está aberta a sessão de apostas sobre o que está por trás desses discursos. Pode ser porque a Rússia atreveu-se a meter aquele país enorme bem ali, tão perto de tantas bases da OTAN. Pode ser por causa de um bando de imbecis que comicham de vontade de iniciar uma guerra em solo europeu, para, afinal, "libertar" todo aquele petróleo, gás, minérios, coitados, que vivem subjugados e oprimidos na Rússia e nos "-stões" da Ásia Central.
Desgraçadamente, é tudo muito, muito grave.
Comprem os bilhetes para o próximo filme 'de OTAN'
Vastas desoladas porções da "Think-tankelândia" norte-americana já admitem afinal que se trata do imperativo excepcionalista de impedir "a ascensão de um hegemon na Eurásia". Ora... Não estão só "parcialmente", mas completamente errados, porque para Rússia - e China - o nome do jogo é integração da Eurásia mediante comércio e trocas.
Assim se despacha para a lata do lixo retórico toda a conversa sobre o pivoteamento "para a Ásia". Para o governo Obama, que se autoapresenta como "Não faça merdacoisa estúpida", e para o Pentágono - o nome do jogo é firmar uma Nova Cortina de Ferro do Báltico ao Mar Negro, e separar a Rússia da Europa.
Assim, não foi surpresa que no início de junho, o Office of Net Assessment [Gabinete de Avaliação da Rede] do Pentágono, ele próprio um think-tank, tenha contratado outro think tank, o Centro para Análise da Política Europeia [orig. the Center for European Policy Analysis (CEPA)], para produzir - e o que seria? - alguns jogos de guerra.
O CEPA é dirigido por A. Wess Mitchell, ex-conselheiro do ex-candidato Republicano à presidência e mestre da sensaboria mental Mitt Romney. Mitchell - que dá a impressão de ter sido reprovado em História na 3ª série - define a Rússia como uma neo-Cartago: "poder sombrio, sinistro, punitivo, decidido a levar adiante uma política externa vingancista, para derrubar o sistema que ele responsabiliza pelo fim da sua antiga grandeza."
A inteligência russa está muito bem informada sobre essas manobras dos EUA. Portanto, não é absolutamente de estranhar que Putin nunca descuide da obsessão da OTAN com construir um sistema de mísseis de defesa na Europa, bem próximo da fronteira oeste da Rússia: "É a OTAN que está vindo na direção de nossas fronteiras. Nós não estamos andando para lado algum."
A OTAN, enquanto isso, apronta-se para sua próxima superprodução: Operação "Trident Juncture 2015", o maior exercício da OTAN desde o final da Guerra Fria, que acontecerá na Itália, Espanha e Portugal, do dia 28 de setembro até 6 de novembro, com unidades especiais de terra, mar e ar de 33 países (28 da OTAN e cinco aliados).
A propaganda da OTAN fala de mostrar "alta visibilidade e credibilidade", teste para sua "Força de Resposta" de 30 mil soldados. E não é só sobre a Rússia, nem só ensaio de preposicionamento de suficiente armamento pesado para 5 mil soldados na Lituânia, Latvia, Estônia, Polônia, Romênia, Bulgária e Hungria.
É também sobre a África, e a simbiose OTAN/AFRICOM (lembram-se da "liberação da Líbia?). O comandante El Supremo da OTAN, general Breed-Raiva, digo, Breed-Amor [Breedhate, sorry, Breedlove], pavoneava-se para jornalistas, que "os membros da OTAN terão grande papel no Norte da África, no Sahel e na África Subsaariana."
Sinta o amor do meu S-500
No que tenha a ver com a Rússia, toda essa histeria pró-guerra é patética.
Fatos: no governo de Putin, a Rússia ativamente reconstruiu sua força estratégica de mísseis nucleares. As estrelas do show são o Topol M - míssil balístico intercontinental que voa a 16 mil milhas/hora - e o sistema S-500 de mísseis de defesa, que voa a 15.400 milhas/hora e efetivamente blinda o espaço aéreo russo.
Já ao raiar o milênio, a inteligência russa identificou que os mísseis seriam as armas do futuro; nada de porta-aviões pesadões e frota de superfície que podem ser facilmente esmagados por mísseis top-class (como os novos mísseis SS-NX-26 Yakhont, antinavios, que voa à velocidade de 2,9 Mach).
O Pentágono sabe disso - mas a húbris impõe a conversa de "somos invencíveis". Não, vocês não são invencíveis; submarinos russos silenciosos nas costas dos EUA podem engajar-se em tiro (nuclear) ao peru e derrubar qualquer grande cidade dos EUA em poucos minutos, em total impunidade. Em apenas 15 anos, a Rússia saltou duas gerações à frente dos EUA nos mísseis, e pode estar à beira de capacidade nuclear para primeiro ataque; e os EUA não podem retaliar, porque o Pentágono não tem como passar pelos S-500s.
A opinião pública nos EUA não sabe nada disso. Portanto, ainda resta a encenação de valentia. Como o comandante do Estado-maior das Forças Conjuntas general Martin Dempsey a 'declarar' que os EUA "estão analisando" a ideia de dispor mísseis terra-ar - com ogivas nucleares - que chegariam a cidades russas em toda a Eurásia.
Não presta nem como provocação infantil - e inacreditavelmente temerária. Os tais mísseis seriam inúteis, imprestáveis. Os EIA têm mísseis instalados em submarinos, que tampouco conseguiriam atravessar as defesas russas: os S-500s farão o serviço. Daí que, se Pentágono e OTAN realmente querem guerra, eles que esperem até o ano que vem, ou 2017, o mais tardar - com ou 'The Hillarator' ou Jeb "Não sou Bush" na Casa Branca -, quando a instalação de todo o sistema S-500 estará completada.
Putin sabe extremamente bem o quanto são perigosas essas provocações. Por issoPutin enfatizou que a retirada unilateral dos EUA do Tratado dos Mísseis Antibalísticos (ABM) - que determinava que nem EUA nem URSS tentariam neutralizar a contenção nuclear do outro lado com escudo antimísseis - está empurrando o mundo para uma nova Guerra Fria: "Isso de fato nos empurra para mais um round da corrida armamentista, porque muda o sistema da segurança global."
Washington separou-se unilateralmente do Tratado dos Mísseis Balísticos durante a era Dábliu, do "eixo do mal", em 2002. O pretexto foi que os EUA careciam de "proteção" contra os estados bandidos, naquele momento identificados como Irã e Coreia do Norte. O fato é que isso liberou o Pentágono para construir um sistema global contra mísseis apontado contra - e quem seria? - os únicos países que realmente 'ameaçam' o hegemon: dois países BRICS, Rússia e China.
Ash, o OTAN-Terminator, em ação
Sob o comando do neoconservador Ash Carter - comparado ao qual Donald Rumsfeld é uma Cinderella - o Pentágono tem-se apresentado como o OTAN-Terminator.
As "opções" que estão sendo consideradas contra a Rússia são um escudo de mísseis ofensivos sobre toda a Europa, para derrubar mísseis russos (escudo inútil, contra oTopol M); uma "contraforça" (em Pentagonês), que implica ataques preventivos não nucleares contra sítios militares russos; e "capacidades para compensar ataques" [orig. countervailing strike capabilities], expressão que, em Pentagonês, significa ataques preventivos com mísseis nucleares contra alvos - e cidades - dentro da Rússia.
Aqui, pois, estamos falando do impensável: um ataque nuclear preventivo contra a Rússia. Se isso acontecer, só há um cenário: guerra nuclear total. O simples fato de isso ser considerado uma das "opções sobre a mesa" revela tudo que é preciso saber sobre o que passa por "política externa" no coração da Nação Indispensável.
No Iraque, um ataque preventivo - embora não nuclear - foi "autorizado" por causa de inexistentes armas de destruição em massa. Quer dizer: o planeta sabe que o 'Império do Caos' é capaz de inventar qualquer pretexto. No caso da Rússia, o Pentágono pode até fazer pose de OTAN-Terminator o quanto queira, mas não será como passeio no parque; afinal em menos de dois anos, o espaço aéreo russo estará efetivamente vedado pelos S-500s.
Cuidado com o 'Choque e Pavor' que vocês procuram. De qualquer modo, não há chance de o Pentágono tomar a sério o que Putin diz (Ash Carter, falando aos quatro ventos, é doido por mudança de regime. Recentemente, o presidente russo disse claramente, e não poderia ter sido mais explícito: "Isso não é diálogo. É ultimato. Não falem conosco na língua dos ultimatos."
A Destruição Mútua Garantida [ing. Mutually Assured Destruction, MAD] - já é passado. Manteve uma paz meio incômoda, mas paz, durante as sete décadas de Guerra Fria. A Guerra Fria 2.0 é linha duríssima, puro hardcore. E com todos esses Dr. Fantástico-Breed-Raiva soltos, a loucura nuclear vem aí, cinco segundos antes da meia-noite. *****
Nenhum comentário:
Postar um comentário