domingo, 21 de junho de 2015

Pagamento de viagens, palestras e patrocínio a Instituto deixam Lula vulnerável em investigações da Lava Jato

Pagamento de viagens, palestras e patrocínio a Instituto deixam Lula vulnerável em investigações da Lava Jato


Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net

Como o Instituto Lula vai conseguir custear sua despesa média mensal elevadíssima sem a ajuda dos grandes doadores - agora presos e cada vez mais enrolados nos processos da Lava Jato? Este é maior dilema de Luiz Inácio Lula da Silva e seu gestor Paulo Okamoto - que terá de enfrentar a fúria da "oposição" na CPI da Petrobras. Lula teme, concretamente, os previsíveis dissabores gerados pela prisão da cúpula da Odebrecht. Antes de ser preso, Marcelo Odebrecht teria feito uma ligação e dito:  "É pra resolver essa lambança ou não haverá República na segunda-feira"...

Por enquanto, $talinácio cultiva a mesma crença-tese do amigo Marcelo Odebrecht (derrubada ontem): "Não tem homem com coragem para mandar prendê-lo, porque as consequências políticas serão gravíssimas". No entanto, Lula já até admite que é "o próximo alvo" do juiz Sérgio Moro. Para piorar, ainda reclama da "demora do governo em agir". O que Marcelo Odebrecht teria dito a ele antes de ser preso? Eis o mistério intrigante...

Nos bastidores do poder em Brasília só se faz um comentário altamente preocupante. Na visão dos petistas no Palácio do Planalto, mirando em Lula, a Lava Jato torna ainda mais insustentável o governo Dilma. O temor concreto é que o gelado cárcere em Curitiba quebre a firmeza psicológica, com ares de arrogância, até agora mantida por Marcelo Odebrecht. A previsão é de longa temporada na cadeia, já que ex-presidente da Camargo Corrêa, Dalton Avancini, que assinou delação premiada na Operação Lava-Jato, apresentou provas que ajudam a incriminar executivos da Odrebrecht e da Andrade Gutierrez.

O juiz Sérgio Fernando Moro, da 13a Vara Federal, foi bem claro na justificativa as prisões preventivas: "Pelas provas até o momento colhidas, a Odebrecht pagaria propina de maneira geral de forma mais sofisticada do que as demais empreiteiras, especialmente mediante depósitos em contas secretas no exterior". E Moro foi além: "Não só há prova oral da existência do cartel e da fixação prévia das licitações entre as empreiteiras, com a participação da Odebrecht e da Andrade Gutierrez, mas igualmente prova documental consistente nessas tabelas, regulamentos e mensagens eletrônicas".

O medo maior de Lula é que uma prolongada temporada na cadeia possa levar ao desespero parceiros que sempre cultivaram silêncio sobre tudo, fortalecendo a costumeira tese do "não sabia de nada", que as delações premiadas da Lava Jato enfraquecem a cada dia. Lula se complica, diretamente, por causa das viagens e palestras bancadas pela Odebrecht - inclusive com a presença no jatinho de um dirigente da empreiteira preso na operação "Erga Omnes". Pior que isto para Lula só se algo judicial acontecer, nos próximos 15 dias, com seus companheiros Antônio Palocci e José Dirceu (com quem estaria brigado seriamente).

Lula arranjou ontem um advogado de primeira para defendê-lo previamente. O maçom inglês Michel Temer, vice-Presidente doido para sentar na cadeira da Dilma, ponderou que as prisões da cúpula de empreiteiros não trarão problemas para o ex-Presidente Lula, apesar do lobby explícito que o ilustríssimo palestrante praticou para a Odebrecht em suas viagens ao exterior. Temer foi direto: "Em relação ao Presidente Lula não vejo nada. Nem saberia dizer quais as razões da prisão".

Temer não acha, mas as investigações sobre como a Odebrecht bancava favores ou serviços a Lula podem causar dissabores ao ex-Presidente. Em janeiro de 2013, Lula viajou a um evento da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) sobre o clima, visitou o presidente da República Dominicana e falou no congresso de trabalhadores da indústria nos EUA. Quem bancou o passeio foi a DAG Construtora, da Bahia, que faz subempreitedas para a Odebrecht. Com Lula, viajou o diretor de Relações Internacionais da Odebecht, Alexandrino Alencar, um dos presos ontem pela Lava Jato. Também estavam no jatinho da Líder Táxi Aéreo, que classificou a viagem como “voo completamente sigiloso”, funcionários do Instituto Lula, o biógrafo Fernando Morais e o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques.

Alexandrino Alencar foi um dos principais interlocutores de Lula para viabilizar a construção do estádio Itaquerão. A revelação está no livro de memórias do ex-presidente do Corinthians, o hoje deputado federal Andrés Sanchez, que também foi dirigente da CBF e que teme sofrer rebarbas do escândalo da Fifa, investigado pelo FBI dos EUA. Tocada pela Odebrecht, a obra do estádio do Corinthians corre risco de se transformar em alvo de investigações da Lava Jato.

O mesmo Alexandrino Alencar já havia sido convidado por Lula para acompanhá-lo em comitiva do governo brasileiro à África, em 2011, quando Lula já não era mais presidente. Naquele ano, o pedido causou constrangimento ao Itamaraty, porque o diretor não trabalhava no governo nem tinha relação direta com atividades do ex-presidente. Na África, a Odebrecht tem parcerias em grandes negócios de exploração de diamantes em Angola, além de grandes obras em Moçambique.

Sobre a viagem de janeiro de 2013, a Odebrecht informou ao jornal O Globo, em 12 de abril deste ano, que Alencar teria acompanhado o ex-presidente apenas no trecho que incluiu a República Dominicana e Cuba, onde a empresa construiu o Porto de Mariel. A Odebrecht fez questão de frisar que seu dirigente não teria acompanhado o ex-presidente na viagem ao Estados Unidos, apesar do trecho também ter sido pago pela construtora. A Odebrecht também alegou que usou sua parceira comercial DAG para pagar a viagem “por uma questão de logística”.

Resumindo: Lula nunca esteve tão ferrado quanto agora...

Quanta distinção...

O vice-presidente e bom maçom inglês Michel Temer aproveitou ontem almoço promovido pelo Instituto dos Advogados de São Paulo (Iasp), para defender Lula e as empreiteiras, com uma tese pra lá de temerária:

"Só faço uma ponderação: temos que distinguir muito a figura do empresário e a figura da empresa. A empresa sempre é uma garantidora de empregos. Se pudéssemos fazer isso, seria útil para continuidade das atividades dessas grandes empresas e portanto para manutenção dos empregos".

Temer nem quis entrar no mérito da legitimidade das prisões:

"Não temos comentários a fazer. Apenas surpreendidos com esse fato. Na verdade, é uma questão judicial e será decidida pelo Judiciário. Mas seguramente houve alguma espécie de movimentação para isso".

Sofisticação

Sérgio Moro foi claro na justificativa de prisão dos dirigentes da Odebrecht em seu despacho:

"Pelas provas até o momento colhidas, a Odebrecht pagaria propina de maneira geral de forma mais sofisticada do que as demais empreiteiras, especialmente mediante depósitos em contas secretas no exterior".

As propinas a Paulo Roberto Costa teriam sido pagas por Rogério Araújo, Diretor da Odebrecht, e intermediada por Bernardo Schiller Freiburghaus, dono da Diagonal Investimentos, que exercia papel similar ao do doleiro Alberto Youssef.

Bernardo Schiller Freiburghaus é um ilustre procurado pela Interpol que, se for pego, pode causar o maior estrago da Lava Jato, já que devia lavar grana para muitos outros brasileiros ilustres...

A jogada

Freiburghaus, que era procurador de Paulo Costa, aplicava os valores em fundos de investimentos nos bancos Suíços.

Para não deixar rastro, ele apresentava os valores a Costa e destruía os extratos bancários.

De tempos em tempos, o dono da Diagonal mudava inclusive as contas e os bancos, para apagar vestígios.

Problema ideológico

Na mesma palestra sobre reforma política, promovida pelo Instituto dos Advogados de São Paulo (Iasp), na qual defendeu Lula e as empreiteiras, o vice-Michel Temer criticou as diretrizes ideológicas dos partidos políticos brasileiros.

Pedindo que a sua fala não fosse registrada por jornalistas presentes ao evento, detonou:

"Nós tivemos partidos verdadeiros no país no regime autoritário. Tinha a Arena de um lado que era a favor do status quo e tinha o MDB de outro lado que era contra status quo. Quando foram autorizados os partidos políticos, eles perderam toda e qualquer identidade. Se vocês se derem ao trabalho de examinar os 32 status, vão ver que são todos iguais. Ninguém é contra educação, saúde, segurança, essas coisas mais genéricas. Todos os programas são mais ou menos iguais".

Nossos rentistas têm bom gosto


Imagens de carros apreendidos com bandidos pela Polícia Federal?

Nada disso: apenas uma escolta acompanhada pela Polícia Rodoviária Federal, depois de um evento de carrões de luxo, no mês de maio.

De todo modo, os rentistas, donos dos automóveis, estão de parabéns pelo bom gosto automobilístico.

Nós no Programa


Como dizem os caboclos das quebradas, neste domingo, às 22 horas, "é nóis" com o desembargador Laércio Laurelli, em seu programa Direito e Justiça em Foco, na Rede Gospel.

Tem culpa quem?

Nenhum comentário:

Postar um comentário