O presidente americano, Barack Obama, afirmou que a
morte de
Osama Bin Laden há um ano foi o dia mais importante de sua presidência, em uma entrevista que será divulgada ainda nesta quarta-feira pelo canal NBC e que foi concedida na sala da Casa Branca onde Obama e outras autoridades acompanharam a operação contra o líder da Al-Qaeda.
Obama, que na terça-feira fez uma
visita surpresa ao Afeganistão, concedeu na semana passada uma entrevista ao canal NBC dedicada ao
ataque que matou o líder da Al-Qaeda no Paquistão, uma missão que sempre foi cercada pelo maior segredo. "Devia ser uma operação muito discreta", afirmou Obama em declarações que devem ser divulgadas na noite desta quarta-feira e que tiveram alguns trechos postados no site do canal.
O presidente enfatizou que "apenas um punhado de membros da equipe da Casa Branca estava a par da missão" e ele só falou a respeito com sua mulher, Michelle, quando a operação terminou.
Obama explicou que tomou a decisão sozinho, depois de consultar os membros mais próximos de sua equipe, principalmente o vice-presidente Joe Biden, a secretária de Estado Hillary Clinton, o secretário de Defesa na ocasião, Robert Gates, e o chefe do Estado-Maior conjunto Michael Mullen.
"Decidi correr o risco. A razão pela qual tomei a decisão de enviar os (comandos da marinha)
Seals para tentar capturar ou matar Bin Laden em vez de outras opções é que tinha total confiança neles", declarou. As autoridades tinham 50% de certeza de que Bin Laden estaria em um
complexo na cidade de Abbottabad, no Paquistão.
Hillary e o chefe da CIA na época, Leon Panetta, inclinaram-se por um ataque de comandos, mas Gates preferia um bombardeio. Após o ataque, e antes de anunciar o êxito da operação aos americanos, Obama telefonou para Michelle, segundo a NBC. "Disse a ela que certamente não jantaria porque tinha duas ou três coisas para fazer naquela noite", contou o presidente.
Em meio a um
ano eleitoral em que tenta a reeleição, Obama tenta capitalizar novamente a seu favor a repercussão positiva que teve junto à opinião pública a notícia da morte do inimigo público número 1 dos Estados Unidos no ano passado.
No
discurso que fez na véspera, durante sua visita surpresa ao Afeganistão, Obama declarou que o objetivo de derrotar a Al-Qaeda e impedir que ela volte está agora ao alcance. Ele também fez um novo apelo aos militantes do grupo islâmico Taleban para que rompam com a rede terrorista, responsável pelos ataques do
11 de Setembro contra os EUA em 2001, e pediu avanços nas negociações de reconciliação.
"Em coordenação com o governo afegão, minha administração manteve negociações diretas com o Taleban", disse Obama em discurso na Base Aérea de Bagram. "Dissemos claramente que eles podem fazer parte do futuro se romperem com a Al-Qaeda e aderirem às leis afegãs. Muitos membros indicaram interesse na reconciliação." "O caminho para a paz está pronto para eles. Aqueles que se recusarem a percorrê-lo enfrentarão as forças de segurança afegãs auxiliadas pelos EUA e por nossos aliados."
Mas, além dos soldados, Obama tentou dirigir-se principalmente a seus compatriotas quase 11 anos depois da invasão pelos EUA do Afeganistão em decorrência do 11 de Setembro e da posterior derrubada do regime taleban, que apoiava a Al-Qaeda e seu líder.
"Reconheço que muitos americanos estão fartos da guerra. Como presidente, nada é mais pungente do que assinar uma carta a uma família (de soldado morto) e olhar nos olhos de uma criança que crescerá sem mãe ou sem pai", disse. "Não deixarei os americanos em perigo nem um dia além do absolutamente necessário para nossa segurança nacional. Mas devemos colocar fim a essa guerra de forma responsável", completou.
Horas depois de sua visita, os militantes do Taleban
atacaram uma residência para estrangeirosem Cabul e deixaram sete mortos. Além disso, anunciaram o início, a partir de quinta-feira, de uma "ofensiva de primavera" no Afeganistão contra as forças da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e todos os aliados que sustentam o governo afegão.
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