Em discurso durante seminário sobre cooperação do Brasil com a África, que marcou o início da comemoração dos 60 anos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez uma dura crítica aos países ricos pelo comportamento diante da crise internacional. 'Punem as vítimas da crise e distribuem prêmios para os responsáveis por ela. Há algo muito errado nesse caminho', afirmou Lula para uma plateia de empresários e autoridades.
O ex-presidente protestou contra medidas de austeridade dos países europeus que tiram direitos dos trabalhadores. 'Ao sistema financeiro, todo apoio. E aos trabalhadores e aposentados, nenhum socorro', afirmou o presidente, em discurso de cerca de 20 minutos.
Antes de começar a discursar, Lula lembrou: 'Faz sete meses que não falo. Espero que não tenha desaprendido a falar'. Curado de um câncer na garganta, contra o qual fez tratamento nos últimos meses, o presidente entrou no palco do BNDES com o auxílio de uma bengala. Embora tenha tido uma dificuldade inicial no discurso, prosseguiu bem até o fim.
Lula exaltou as relações de cooperação entre o Brasil e o continente Africano, que ganharam grande impulso em seu governo. 'Em lugar de ficarmos paralisados com a crise internacional, que não foi criada nem por brasileiros nem por africanos, precisamos estreitar relações. O Atlântico não mais nos separa, nos une nas mesmas fronteiras, nos banhamos nas mesmas águas', afirmou.
Lula chegou à mesa principal do seminário acompanhado do governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), desgastado pela divulgação de uma série de fotos e vídeos de viagens ao exterior em companhia do empresário Fernando Cavendish, dono da Construtora Delta. Cabral agradeceu em seu discurso as parcerias com desenvolvidas durante o governo Lula entre a União e o Estado do Rio. Lula devolveu: 'Tudo o que foi feito no Rio era obrigação do governo federal, de recuperar o que os outros tinham destruído'.
O ex-presidente passará esta quinta-feira no Rio, e na sexta-feira receberá o título de doutor honoris causa de um grupo de universidades do Estado, em solenidade que terá a presença da presidente Dilma Rousseff.