segunda-feira, 10 de novembro de 2014

OS RISCOS DA OPÇÃO DE SER O "GRANDE MUDOO"



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OS RISCOS DA OPÇÃO DE SER O "GRANDE MUDOO"
Por Gen Bda Luiz Eduardo da Rocha Paiva (pub.Gen,Paulo Chagas) Ed.08 de novembro 2014 - reed,por Roberto Mezian 08-11-2014
Com a redemocratização, consolidada em 1985, o Exército adotou a postura de "O Grande Mudo", na esperança de contribuir para o fortalecimento das instituições e, assim, do regime democrático no Brasil. Porém, não era esse o propósito dos inimigos da democracia, que hoje estão no poder, querem aprisioná-lo para sempre, são revanchistas e buscam desgastar as Forças Armadas, pois alijá-las do processo político (não me refiro à política partidária e sim à política nacional) é necessário para o êxito de sua estratégia gramcista de dominação.
O Exército desconsiderou os ensinamentos de Confúcio sobre o "caminho do meio", o do equilíbrio. Afastar-se das questões políticas não deveria ser interpretado como ausentar-se totalmente delas, uma vez que muitas estão relacionadas à defesa da Pátria e à garantia dos poderes constitucionais (atenção para esse detalhe), da lei e da ordem, missões constitucionais que cabem, principalmente, às Forças Armadas. Portanto, para bem cumpri-las, não há nada mais natural e justo do que serem ouvidas e prestigiadas.
Os Ministros militares, até à criação do Ministério da Defesa, tinham espaço para atuar de maneira proativa no âmbito nacional, evidentemente, sem se envolver em questões político-partidárias, quando as Forças Armadas começaram a sofrer o processo de desgaste pela esquerda, diga-se de passagem, não apenas pela esquerda radical. O contraditório às versões facciosas sobre o combate à luta armada, a defesa da anistia, bem como a da manutenção da soberania na Amazônia, negligenciada por sucessivos governos, eram questões em que as Forças Armadas poderiam ter se envolvido com mais firmeza.
A criação do Ministério da Defesa tornou difícil a participação na política nacional, agora pelos Comandantes de Forças mas, mesmo assim, o silêncio também tem um limite: "O dilema entre lealdade e disciplina é um desafio que se apresenta em situações extremas na carreira dos profissionais das armas, particularmente aos que galgam os mais altos escalões de comando e chefia. Mas esse dilema não tem razão de ser quando silêncio e omissão contribuírem para causar um dano insuportável à nação e à instituição, estas sim, e nesta ordem, credoras de sua lealdade" (trecho de meu artigo "Uma Decisão de Caráter Moral" (www.jornaldapaulista.com.br - acesso em 22-10-2014).
A propósito, transcrevo a seguir trechos de um artigo de Olavo de Carvalho, publicado no Diário do Comércio de 20-09-2010, que consta do livro do mesmo autor "O Mínimo que você precisa saber para não ser um idiota" (Editora Record. Rio de Janeiro, 2013). Após a transcrição, faço uma ligação com o que pretendo concluir.
[Início de Transcrição]
"Maquiadores do Crime
Lenin dizia que, quando você tirou do adversário a vontade de lutar, já venceu a briga. Mas nas modernas condições da "guerra assimétrica", controlar a opinião pública tornou-se mais decisivo do que alcançar vitórias no campo militar. A regra leninista converte-se automaticamente na técnica da "espiral do silêncio" : agora trata-se de extinguir, na alma do inimigo, não só sua disposição guerreira, mas até sua vontade de argumentar em defesa própria ----.
O modo de alcançar esse objetivo é trabalhoso e caro, mas simples em essência: trata-se de atacar a honra do infeliz desde tantos lados, por tantos meios de comunicação diversos e com tamanha variedade de alegações contraditórias, com frequência propositadamente absurdas e farsescas, de tal modo que ele, sentindo a inviabilidade de um debate limpo, acabe preferindo recolher-se ao silêncio.
A única reação eficaz à espiral do silêncio é quebra-la - e não se pode fazer isso sem quebrar, junto com ela, a imagem de respeitabilidade dos que a fabricaram. --- Os que querem manter um "diálogo elevado" com criminosos tornam-se maquiadores do crime. São esses os primeiros que, na impossibilidade de um debate honesto, e temendo cair no pecado do "ataque pessoal", se recolhem ao que imaginam ser um silêncio honrado, entregando o terreno ao inimigo. A técnica da "espiral do silêncio" consiste em fazer precisamente isso"
[Fim de Transcrição].
O artigo tem íntima relação com o que está acontecendo não só com as Forças Armadas, particularmente pelo trabalho da facciosa Comissão da Omissão da Verdade, como também com outras instituições e a sociedade como um todo.
No início da luta armada no anos 1960, as Forças Armadas e os órgãos de segurança pública estavam despreparados para aquele tipo de luta. Então, desenvolveram uma nova doutrina para atuar no novo contexto. Hoje, a luta continua, mas sob uma outra roupagem, muito bem caracterizada no artigo de Olavo de Carvalho. Contra a mentira e a campanha de desgaste dos socialistas, a arma é a resposta imediata e contundente, com uso da palavra ou da escrita convincente e corajosa antes de empregar a força e, se possível, evitando-a.
Como encontrar a forma das Forças Armadas participarem da luta em defesa da liberdade e da democracia - sem ferir a lei, a hierarquia e a disciplina - é o grande desafio das atuais lideranças militares. Omissão diante da ameaça aos nossos valores, história e tradições é inadmissível a qualquer militar, pois seria rasgar o compromisso com a Pátria e o legado de honrados chefes do passado. As Forças Armadas podem contar com a reserva atuando ostensivamente e em primeiro escalão, mas é fundamental encontrarem e ocuparem espaços de efetiva ação, pois se trata da defesa da Pátria e da garantia dos poderes constitucionais, ambas suas missões, estabelecidas na Constituição Federal (art. 142) e hoje sob ameaça.

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