quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Como os islamistas do ISIS/ISIL recebem essas armas norte-americanas?

Como os islamistas do ISIS/ISIL recebem essas armas norte-americanas?

11.11.2014
 
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As forças especiais da Síria distribuem-se ao longo de uma série de colinas aqui bem ao nordeste de Lataquia, uma das linhas de combate mais perigosas do país, sob fogo diário de mísseis de forças rebeldes agora reforçadas pelo apoio do ISIS.
[*] Robert FiskThe Independent
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Os oficiais, que são todos pára-quedistas, falam de novas táticas e armas avançadas usadas contra eles desde que o ISIS tomou a cidade iraquiana de Mosul - e grande parte do tráfego de mensagens que ouvem dos inimigos vem em idiomas checheno ou georgiano.
Relatos de inteligência falam de uma unificação de várias facções rebeldes que se autodenominam "Legião da Costa" [orig. "Legion of the Coast"], claro sinal de que rebeldes inspirados pelo ISIS - incluídos os próprios apoiadores do ISIS - planejam atacar a oeste na direção do Mediterrâneo, cerca de 12km dali.
Pode-se apostar que logo começará uma batalha naquelas montanhas cobertas de pinheiros.
Os próprios soldados falam com conhecimento detalhado sobre os mísseis guiados por detectores de calor que foram disparados contra eles, e concordam que a mistura de grupos islamistas acima e a leste deles estão fazendo ataques calculados para estimar as defesas que terão pela frente.
Região de Latáquia, oeste da Síria
Intrigante, é que suas patrulhas de vigilância voltam ao nascer do dia e reportam o som de aviões durante a noite voando na direção do espaço aéreo sírio, vindos da Turquia e depois para o leste, penetrando fundo na Síria.
A coisa começou há 20 dias. Não sabem se as aeronaves - aviões ou drones - são norte-americanos e não se ouvem tiros, nem de dia nem de noite. Mas os oficiais deles falam das novas armas antiblindados TOW que apareceram em mãos de rebeldes.
Um oficial mostrou-me um vídeo filmado de um website islamista, de rebeldes disparando um foguete orientado por calor no próprio acampamento, pouco ao norte de onde estamos, em Qastel Ma'af. Mas vê-se o míssil explodindo, de fato desintegrado, contra o revestimento de concreto em torno de um tanque.
Mas quando um soldado trouxe um saco cheio de fragmentos de míssil para uma sala nessa fortaleza síria de alto de montanha, viram-se fascinantes provas do que realmente é o armamento dos rebeldes. Muitos mísseis fragmentam-se em milhares de pedaços na detonação, mas há apenas pouco mais de um mês, dia 26/9/2014, um míssil guiado explodiu enterrado fundo na areia; e os fragmentos desse míssil ainda trazem, bem nítido, o nome do fabricante norte-americano de armas, painéis de circuito e o código da arma.
Parte do míssil identifica como fabricante a empresa "Eagle-Piche IND (Indiana) INC.", e diz, em inglês, que a arma é "carregada com hélio", acrescentando - muito irônico - que:
ATENÇÃO - CONTÉM 6400 PSIG He (altamente explosivo). A LEI FEDERAL PROÍBE O TRANSPORTE SE RECARREGADO. MULTA DE ATÉ US$ 25,000 E CINCO ANOS DE PRISÃO (49 USC 1809). (Num fragmento de bomba)
Os sírios não sabem como essa arma - que parece ter sido fabricada em 1989 - viajou, a partir dos EUA, até as mãos de islamistas rebeldes ali, na Síria. Mas os norte-americanos com certeza têm como descobrir. O código completo de computador que ali se lê é o seguinte:
DOT-E7694 NRC6400/11109/M1033 79294 ASSY 39317 MFR 54080.
Um tubo de bateria de outro míssil disparado dia 4/10/2014, mostra uma inscrição gravada no metal:
132964 Battery thermal
MFG DATE 12/90 LOT n. (algarismo ilegível, depois) 912 S/N 005959.
Com esses códigos, os EUA poderão facilmente descobrir o comprador - ou receptador - da arma, se quiserem descobrir alguma coisa.
Como os islamistas receberam essas armas norte-americanas? Compraram, no mercado internacional de armas? Ou receberam dos rebeldes ''moderados'', que ganharam as armas dos norte-americanos e depois revenderam pela melhor oferta.
A prova de o quanto são perigosas essas bases do alto das montanhas - e estão distribuídas pelo interior do país, que parece mais com colinas e vales da Bósnia, do que com a paisagem desértica e rural conhecida do interior da Síria - apareceu quando um general recebeu aviso por rádio de que um suicida-bomba se encaminhava na direção de suas posições.
O general imediatamente ordenou que todos os postos sírios de segurança abrissem fogo contra qualquer suspeito que forçasse a aproximação na direção de suas posições. Teve bons motivos, porque há apenas sete meses, vários de seus companheiros mais próximos foram aniquilados num atentado de rebelde suicida-bomba na "Posição 45", de uma colina próxima, ao norte de Qastal Ma'af.
Por acaso, eu visitara aquela mesma posição há exatamente um ano, e fui apresentado àqueles soldados pelo comandante, general Mohamed Marrouf.

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