quarta-feira, 12 de agosto de 2015

O tiro em combate não o tirou de atividade. Ainda é um Guerreiro.

O tiro em combate não o tirou de atividade. Ainda é um Guerreiro.

Sargento da PM, paraplégico há 14 anos após ser baleado em serviço, estreia no Parapan de Toronto, no arremesso de disco.


Leonardo Barros - EXTRA

O destino foi cruel, mas acabou abrindo novas portas para Jonas Licurgo, sargento reformado da Polícia Militar (PM) do Rio. Paraplégico há 14 anos, por conta de um tiro que o atingiu durante uma ocorrência em Madureira, na Zona Norte do Rio, o carioca decidiu investir no esporte. Nesta terça-feira, aos 45 anos, ele faz sua estreia em Jogos Parapan-Americanos, em Toronto, no arremesso de disco, na classe F55, às 16h30m (de Brasília).
— O momento em que recebi a convocação foi inesquecível. Lembrei de tudo por que passei, desde o início no esporte até as dificuldades com treinos e viagens — conta Licurgo.
Jonas Licurgo treina em Sulacap. Foto: Fábio Guimarães / Agência O Globo

A trajetória do sargento no esporte só aconteceu dois anos depois que ele foi baleado, quando resolveu buscar uma atividade para sair mais de casa. Primeiro, Licurgo tentou outras modalidades, como basquete, natação e handebol. Mas foi no atletismo, em 2010, que ele se profissionalizou.

— Quis me dedicar a um esporte individual. No começo, fazia por distração, mas as marcas começaram a melhorar e vi que seria possível levar a sério — lembra.
Embora viva seu melhor momento na carreira de atleta, Licurgo assegura que o caminho continua não sendo fácil. Ele treina todos os dias num projeto no Centro de Educação Física e Desportos da Polícia Militar (CEFD), em Sulacap, em condições longe das ideais para um esportista de alto rendimento.
— Recebo doações de equipamentos, e a PM sempre apoia com as viagens para disputar competições. Também tenho alguns patrocinadores, mas nem sempre consigo seguir toda a preparação de que preciso — reclama.

Em 2014, o atleta chegou a ficar sem técnico. Para não perder o ritmo, continuou treinando. Tinha a companhia da mulher, Marli, e das filhas, Laila e Raiane, que ajudavam em tarefas como buscar o disco arremessado.
— Hoje, participo das competições sempre pensando muito nelas — declara-se ele.

Na quarta-feira, às 18h, Licurgo também disputa o arremesso de dardo — modalidade na qual tem o recorde brasileiro: 29.34m. Já pensando nos Jogos do Rio, em 2016.
— Tem muita coisa para acontecer, mas é o grande sonho de todo atleta — diz ele: — A expectativa é que a Rio-2016 ajude a melhorar nossas condições, porque a visibilidade será muito boa.

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