sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Moral e Nação - a miséria do funcionalismo no RS

Moral e Nação - a miséria do funcionalismo no RS


Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Milton Pires

O que vai ser lido a seguir não pretende ser uma defesa dos funcionários públicos do Rio Grande do Sul (RS). Escrevi, há muito tempo, que eu mesmo (como funcionário do Município de Porto Alegre) acreditava na existência de três classes de funcionários públicos brasileiros – a dos corruptos, a dos incompetentes e daqueles que pensam em se aposentar. Uma opinião radical como essa não significa, entretanto, que eu seja um “libertário” ou alguém que acredita na crença de um “estado mínimo” “livre dos funcionários públicos”.

Toda vez que penso em funcionalismo público eu me lembro, em primeiro lugar, da China Imperial e, depois, da Alemanha do século XIX. Ingressar no serviço público na época de Confúcio era garantir status e respeitabilidade. Mais do que isso: era fazer parte da espinha dorsal capaz de construir o código moral de uma Nação. A Alemanha, que até aproximadamente 1871 sequer existia como país, viu no burocrata, no meticuloso e metódico funcionário público da época de Bismarck, alguém capaz de conferir ao país uma personalidade própria.

O que a China Imperial e a Alemanha de Bismarck tem em comum com o Rio Grande de 2015? Nada ! Explico o porquê: Porque o RS foi o Estado do Brasil que conferiu ao PT uma característica única da sua História. Todos sabemos que o PT foi construído a partir do sindicalismo paulista, da Teologia da Libertação e da Universidade, mas no RS ele encontrou uma quarta base – o funcionalismo público.

Temível é, por outro lado, usar disso que escrevi para fazer aquilo que se conhece como “jogar fora a bacia com o bebê dentro”.

Não se fala mais na crise das finanças do RS sem falar no funcionalismo. O Estado tem, segundo dados do seu portal, 149.620 funcionários em atividade e 141.234 aposentados – 48% do total de funcionários estaduais são inativos. Essa proporção coloca, ainda, em discussão também a questão da previdência e, mais recentemente, àquela que se refere às fundações estaduais. Estranho é o pudor do Governo Sartori em apontar o que Tarso Genro fez com a conta única e com os depósitos judiciais quando governava o Estado.

Para todos os que tem a sanha, tem a gana de retirar funcionários indiscriminadamente de fundações envolvidas com serviços públicos, é necessário recordar o que aconteceu em Porto Alegre com a extinção da FUGAST (Fundação Riograndense Universitária de Gastroenterologia) e saída de seus quadros do Hospital Materno Infantil Presidente Vargas – decretou-se a morte de um hospital que já vinha na UTI depois de ter sido transferido da União para o município de Porto Alegre.

A situação das finanças do Estado tem levantado ideias de extinção das fundações. Encontram-se ameaçados o CIT (Centro de Informações Toxicológicas) e o próprio Hemocentro do Rio Grande do Sul – tudo isso com o argumento de que “se gasta de mais” e de que o RS é um “cabide de empregos para funcionários públicos”.

O funcionalismo público gaúcho não é detentor de um código de comportamento moral como era o chinês nem será capaz de nos separar (como país) do resto do Brasil como fez o alemão, mas NEM TODO FUNCIONÁRIO PÚBLICO GAÚCHO é um cargo de confiança petista! Isso precisa ser lembrado e repetido mais do que nunca num momento em que greves e paralisações pipocam por todo RS sempre com gente segurando bandeiras da CUT, do PSOL e de outros fantoches petistas e que é mais doloroso ainda quando lembramos que o Governo Federal é capaz de perdoar dívidas de ditaduras africanas, mas não a do nosso Estado.


Milton Simon Pires é Médico.

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