sexta-feira, 31 de maio de 2013

Cooperação ou entreguismo? A visita do Sr. Joe Biden

Cooperação ou entreguismo? A visita do Sr. Joe Biden

31.05.2013
 
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Em 1947 o presidente Eurico Dutra enviou ao Congresso Nacional o projeto do Estatuto do Petróleo. A proposta presidencial previa a compra de petroleiros e criação de refinarias nacionais.
Wladmir Coelho
A exploração petrolífera, propriamente dita, continuaria liberada às empresas internacionais amparada esta decisão no temor, ou "iminência", de uma guerra entre os Estados Unidos e União Soviética. 
O general Juarez Távora chegou a elaborar uma tese denominada "Segurança Continental". Segundo o general o Brasil deveria garantir o abastecimento de petróleo aos Estados Unidos tendo em vista o papel desta nação na defesa do continente contra os soviéticos.
Deste modo defender a exploração petrolífera nacional através de uma empresa estatal, conforme exigiam amplos setores da sociedade brasileira, seria uma grave ameaça à segurança dos Estados Unidos facilitando, por consequência, a dominação do continente por tropas soviéticas.
Passados 66 anos desde a criação da tese do General Távora encontramos a mesma disposição de nossas autoridades em colaborar com a segurança continental.
A visita do vice-presidente estadunidense, Joe Biden, indica a ressurreição da tese da Guerra Fria. Biden, durante as previas do Partido Democrata, apresentou como principal bandeira de sua candidatura à presidência o tema segurança energética.
Derrotado por Obama nas prévias acabou candidato à vice-presidente. No governo preocupa-se diariamente em garantir os meios necessários para diminuir a dependência petrolífera de seu país do Oriente Médio.
A segurança energética dos Estados Unidos pressupõe o controle de todas as áreas com potencial produtivo incluindo o Ártico e América Latina. No primeiro caso o Sr. Joe Biden - em discurso aos formandos da Guarda Costeira pouco antes de viajar ao Brasil - lembrava do compromisso destes militares na ocupação de áreas anteriormente congeladas afirmando: (...) "Os senhores estão preparados para o futuro do Ártico que inclui operações complicadas que nunca foram exercidas pela Guarda Costeira."
O futuro neste caso significa garantir a segurança e acesso das empresas estadunidenses para a exploração dos recursos minerais incluindo o petróleo. A estratégia para efetivação deste projeto não é novidade. Chegam juntos o canhão e o capital.
No Brasil é retomado o velho discurso da cooperação. Aliás, o tema da visita do vice-presidente dos Estados Unidos é exatamente este. Joe Biden chega ao país para tratar da cooperação energética entre Brasil e EUA.
Podemos entender esta "cooperação" através das palavras do Sr. Paulo Sotero, diretor do Brazil Institute do Wilson Center a respeito dos objetivos da visita do vice-presidente dos EUA: "A cooperação energética é, provavelmente, um fator chave nessa relação tendo em vista que os Estados Unidos buscam superar a dependência do petróleo do Oriente Médio".
Pronto. O Brasil segue fornecedor de matéria prima entregando às empresas de sempre - vide resultado dos leilões - o petróleo necessário a segurança energética dos Estados Unidos.
Os entreguistas vibram: Welcome Mr. Biden!

Maduro: Relação com EUA só mudará quando respeitarem a Venezuela

Maduro: Relação com EUA só mudará quando respeitarem a Venezuela

17.05.2013
 
Maduro: Relação com EUA só mudará quando respeitarem a Venezuela. 18226.jpeg
Em conversa com o jornalista Kennedy Alencar da Rede TV! na madrugada desta segunda-feira (13), o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, falou de sua infância, trajetória política, relação do Brasil e dos EUA com seu país e afirmou estar disposto a dialogar com a oposição que, segundo ele, tem semeado o ódio no país. Na última semana, o presidente visitou o Brasil, a Argentina e o Uruguai para firmar parcerias estratégicas, principalmente nas áreas agrícola, industrial e petrolífera.
Quando questionado sobre qual é sua frase favorita, Maduro mencionou uma que costumava ser dita por Chávez: "temos lutado e nossa luta valeu a pena. Agora temos um mundo por fazer e vale a pena lutar por ele". Acompanhe os principais temas abordados pela entrevista:

Relações com o Brasil
Com o Brasil, temos hoje uma relação política de afeto e relações econômicas de cooperação integral. Nossa balança comercial subiu para US$ 6 bilhões e caminha para US$10 bilhões. Os investimentos do capital brasileiro na Venezuela superam US$ 10 bilhões. Temos com o Brasil um projeto de montar um parque industrial para produzir fertilizantes e alimentos. Esta reunião foi extraordinária em todos os sentidos.

Eleições
Nós triunfamos e foi uma vitória muito importante. O povo venezuelano enfrentou uma guerra, não uma campanha eleitoral. Durante três meses sabotaram nosso sistema elétrico. Fizeram isso e deixaram cidades inteiras sem luz. Além disso, sabotaram o abastecimento de produtos de primeira necessidade. E travaram uma guerra psicológica brutal.
De 100% da informação que os meios privados da Venezuela produziram durante a campanha, 70% eram positivos para Capriles e os 30% que falavam sobre mim, era tudo negativo. Uma guerra que permitiu provar a fibra do povo venezuelano.
Neste sentido, o gesto do Brasil foi fundamental [de ter reconhecido prontamente o resultado das eleições]. O Brasil é um país que respeita o processo democrático e a autodeterminação de todos os povos do mundo. Em nossa região sul-americana, a Unasul [União das Nações Sul-Americanas] se reuniu em 18 de abril. Os presidentes foram todos acompanhar minha juramentação. A Unasul, a Alba [Alternativa Bolivariana para os Povos de Nossa América], Celac [Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos], e até a OEA [Organização dos Estados Americanos] ou seja, todos os organismos internacionais reconheceram como devem reconhecer as eleições no país.

Oposição
Nós acreditávamos que o caráter golpista da direita já havia passado. Que o golpe de 2002 havia sido um acidente histórico. Tanto que Chávez arquivou o processo movido contra os golpistas. Mas não foi assim. Quando Chávez morreu, pensaram que era a chance de tentar um golpe de novo.
Hoje Capriles tenta um golpe e isso é reconhecido por seu pequeno grupo de direita. Ele tem semeado a Venezuela de ódio, de xenofobia. Tem um projeto antibolivariano, antilatino-americano. Eles promovem o ódio contra o povo, contra o pobre, contra os médicos cubanos que têm ajudado a população venezuelana nas zonas mais pobres. Estão desconhecendo a Constituição, as instituições.
Estamos dispostos a conversar até com o diabo pela paz da Venezuela, pela democracia. Eles [a direita] promovem o ódio. Para nós não resta dúvida do caráter fascistóide. É uma direita intolerante que pretende destruir a revolução bolivariana. Fazemos um chamado a todos os movimentos do continente e ao Brasil particularmente. Para que deem atenção, porque é o mesmo grupo que dirigiu o golpe de Estado.
Esta direita, por exemplo, diz que fiz esta visita ao Mercosul [Uruguai, Argentina e Brasil] para comprar, com petróleo, os presidentes desses países. Então é assim que eles reagem.

Auditoria das eleições
O Brasil deve saber que estão fazendo a auditoria. Venezuela é o único país do mundo em que é feita uma auditoria de 54% dos votos ainda no dia das eleições. Os votos da urna física são comparados com o que é emitido pela urna eletrônica. O resultado foi 100% correto. Mas, a oposição pediu a auditagem dos outros 46%. O poder eleitoral começou uma nova auditoria e o que fez a oposição? Retirou-se da auditoria.

Manipulação midiática
Eduardo Galeano disse: o país liderado por Chávez que fez sua Constituição por uma assembleia aprovada pelo povo. Desenvolveu e incorporou milhões de venezuelanos ao processo político. Um líder [Chávez] que democratizou a vida pública venezuelana. Mas ainda assim, recebeu uma campanha internacional inclemente de mentiras.
Na Venezuela temos uma democracia. Basta ir para lá e ver. Em qualquer parte da Venezuela encontrará um povo com pensamento próprio, com liberdade de expressão. Os meios de comunicação, 80% deles estão em mãos de empresas privadas, são ardentes críticos do processo.

Industrialização
O resgate do petróleo é um grande feito de Chávez porque o primeiro passo é recuperar os recursos. Chávez investiu, dos US$ 700 bilhões que entraram, US$ 550 bilhões em educação, saúde, alimentação, cultura. Investiu na vida social de um povo, que passou de 70% de miséria para 20%. Este processo de industrialização está em curso no país.
Há cem anos, a Venezuela sofreu uma amputação de sua cultura produtiva para um modelo rentista petroleiro. Mas uma cultura industrial não se cria da noite para o dia.
O Brasil é um grande parceiro, grande aliado para o desenvolvimento industrial, na produção de alimentos. Temos uma grande extensão de terra para produzir feijão, arroz, soja, girassol, alimentos para a população.

Estados Unidos
O que fazemos é reagir diante do intervencionismo. O que dificulta [nossa relação com os Estados Unidos] é a obsessão eterna deles de interferir nos assuntos internos da Venezuela. No mesmo dia que morreu Chávez tivemos que expulsar dois militares estadunidenses que buscavam militares da Venezuela para aplicar golpes.
Obama tem um sorriso simpático, mas segue fazendo o mesmo que Bush, invadindo, interferindo em assuntos internos. Este conflito só vai terminar quando entenderem que devem ter ações de respeito com nosso país e de igualdade.
Para mim não é importante que me reconheçam [os Estados Unidos ainda não reconheceram sua eleição], mas que a Unasul, o Mercosul, a Celac, a União Africana, os irmãos do mundo tenham me reconhecido. Só a elite dos EUA não nos reconhece.
http://www.patrialatina.com.br/editorias.php?idprog=08bded4b29e13c27e400662136eadbeb&cod=11465

Estranho Amor: Na Síria, Obama e a Al-Qaeda já dormem na mesma cama

Estranho Amor: Na Síria, Obama e a Al-Qaeda já dormem na mesma cama

31.05.2013 | Fonte de informações: 

Pravda.ru

 
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Shamus Cooke, Counterpunch
Para presidente que está executando a "guerra ao terror" de Bush contra a Al-Qaeda e "forças associadas"[1], parece estranho que o presidente Obama tenha escolhido para alvo de 'mudança de regime' o governo secular sírio.


Igualmente estranho é que o mais forte aliado militar de Obama em solo sírio - a força combatente mais efetiva contra o governo sírio - seja a Frente Jabhat al-Nusra, grupo que já se declarou afiliado da al-Qaeda e que luta para converter a Síria em estado extremista islâmico, sob uma versão fundamentalista da lei da Xaria.
É difícil saber exatamente como al-Nursa recebeu suas armas, mas não é difícil supor, com boas chances de acertar. Por exemplo, o New York Times explicou em detalhe como a CIA está pondo em prática uma massiva operação de tráfico de armas que já canalizou milhares de toneladas de armas da Arábia Saudita e Qatar, para a Síria:
"O papel da CIA na facilitação dos embarques [de armas] deu aos EUA um certo grau de influência sobre o processo [de distribuição das armas] (...) Funcionários norte-americanos confirmaram que altos funcionários da Casa Branca são regularmente informados sobre os embarques [das armas].[2]
Para onde essa massiva operação de tráfico de armas encaminha as armas? Questão importante a investigar é: quais os 'rebeldes' que recebem armas na Síria e quais não recebem? O Guardian noticia: 
"Tema recorrente é a falta de armamento e de outros recursos, no Exército Sírio Livre, comparada à fartura que se vê na [jihadista] Jabhat al-Nusra (...) 'Se você se junta à Frente al-Nusra, sempre há uma arma à sua disposição, mas as brigadas do Exército Sírio Livre não conseguem nem balas para seus combatentes' (...) 3 mil homens do Exército Sírio Livre já se juntaram à Frente al-Nusra nos últimos poucos meses, sobretudo por causa da falta de armas e munição (...). Os combatentes da Frente al-Nusra raramente recuam por falta de munição (...)."[3]
Embora seja difícil saber se as armas traficadas pela CIA vão diretamente ou indiretamente para a Frente al-Nursa, é extremamente provável que as armas estejam sendo entregues diretamente em mãos de primos ideológicos da al-Nursa, porque já se sabe que os 'rebeldes' sírios estão hoje sob completo controle dos extremistas islamistas.
Por exemplo, quando a revista Economist publicou um perfil dos mais importantes grupos que lutam na Síria ["Who's Who in the Syrian Battlefield"/Quem é quem no campo de batalha na Síria[4]], constataram, com lástima, que o único grupo não islamista importante estava nas áreas curdas, que é zona virtualmente autônoma. Quando ao grupo combatente secular apoiado pelos EUA, chamado "Supremo Comando Militar", a revista Economist teve de conceder que "na prática, tem mínimo controle em campo". E não esqueçamos que a Economist trabalha incansavelmente a favor de intervenção militar, por EUA-OTAN, na Síria!
Também o New York Times confirmou que os extremistas controlam completamente todo o campo 'rebelde':
"Em lugar algum, da parte da Síria controlada pelos rebeldes, vê-se qualquer força secular cuja presença se deva registrar."[5]
Assim se vê que essa minoria de combatentes seculares não estão no controle da guerra civil e não chegarão ao poder, caso Assad seja derrubado. Em vez disso, sem Assad, os revolucionários sírios honestos cairão imediatamente vítimas de extremistas, os quais, também imediatamente, tratarão de livrar-se de seus aliados de antes.
Vê-se agora claramente que a política externa de Obama para a Síria está incentivando ativamente o terrorismo. Várias das áreas ainda controladas pelos 'rebeldes' na Síria são hoje paraísos seguros para terroristas, e tem havido centenas de atentados terroristas contra o governo sírio, muitos dos quais contra áreas civis.
Enquanto os EUA fazem chover armas nas áreas controladas por jihadistas, os EUA também fingem não ver as atrocidades cometidas pelos seus 'rebeldes', que são fartamente documentadas em Youtube, documentação que inclui uma multidão de crimes de guerra, degola, execução de grupos de prisioneiros, limpeza étnica[6] e o recente episódio em que um afamado comandante 'rebelde' faz-se filmar quando mutila o cadáver de um soldado sírio e come-lhe o coração.[7]
Ao minimizar a barbárie, o governo Obama afirma e comprova que continuará, posto que os extremistas estão sendo fortalecidos pelo apoio dos norte-americanos e protegidos pela imprensa-empresa nos EUA, contra quaisquer pressões, inclusive políticas, internacionais.
Uma pergunta que a imprensa-empresa norte-americana nem pensa em propor é: De onde vêm esses extremistas islamistas e por que estão na Síria? A oposição sunita dentro da Síria sempre foi, historicamente, moderada. Deve-se concluir que os extremistas não são sírios: são estrangeiros.
A fonte ideológica de todo aquele extremismo são figuras religiosas da Arábia Saudita e aliados, que usam o Islã como ferramenta política para agredir nações "não amigas" da Arábia Saudita e dos EUA. O mais claro exemplo disso, no que tenha a ver com a Síria, foi a Fatwa (uma declaração religiosa oficial, com peso de lei) lançada por 107 doutores islamistas[8] que denunciam o governo sírio e ordenam que os muçulmanos lutem contra ele. É declaração que estimula a jihad, embora a palavra não seja explicitamente citada. A declaração conclui:
"É dever de todos os muçulmanos apoiar os revolucionários na Síria [contra o governo sírio] (...), para que completem com sucesso sua revolução e alcancem seus direitos e sua liberdade."
A hipocrisia dessa declaração é quase patente demais: os muitos sauditas que assinam o documento e clamam por "liberdade" na Síria, não clamam por qualquer liberdade na Arábia Saudita, de longe o país do mundo onde há menos liberdades.
Com a Arábia Saudita e o Qatar a fornecer armas aos 'rebeldes' sírios - com a ajuda da CIA - os religiosos sauditas ligados ao regime saudita dão-lhes apoio religioso/político, ao mesmo tempo em que desencaminham levas e levas de muçulmanos devotos a marchar contra a Síria para atacar um país de muçulmanos. Assim inventam gigantescas divisões sectárias, como já se veem, em todo o mundo islâmico.
A vasta maior parte desses confrontos sectários estão sendo exportados pela Arábia Saudita, que financia escolas islamistas radicais em todo o Oriente Médio, para as quais atraem os miseráveis de todos os países da Região, oferecendo-lhes alguns serviços sociais básicos inexistentes nos países onde implantam suas escolas, porque os respectivos governos não podem - ou não querem - oferecê-los. Há capítulo muito informativo sobre essa dinâmica, no excelente livro de Vijay Prashad, A People's History of the Third World/Uma história do povo do terceiro mundo.
Atualmente, os países liderados por EUA-OTAN discutem se devem ou não armar com armamento sofisticado os 'rebeldes' extremistas que dominam porções do território sírio. O governo Obama está pressionando a União Europeia[9] para que levante o embargo à venda de armas para a Síria, de modo que nova catarata de armas possa desabar sobre o país (aparentemente, as operações da CIA ainda não afogaram completamente a Síria, com suas armas).
Em resposta à questão de "levantar o embargo", Oxfam respondeu com inteligência:
"Enviar armas para a oposição síria não nivelará o teatro de guerra. Em vez disso, criará hordas de extremistas armados até os dentes, cujas vítimas são os civis sírios. Nossa experiência de outras zonas de conflito ensina que essa crise só se aprofundará e se estenderá no tempo, se mais e mais armas chegarem ao país."[10]
Um diplomata da União Europeia retrucou com firmeza, ao ouvir a declaração do governo Obama, de que podia assegurar que as novas armas não cairiam "em mãos erradas" na Síria:
"Seria o primeiro conflito em que alguém diz que estaria criando a paz, fornecendo cada vez mais armas. Se pensam que sabem até onde as armas chegarão, seria a primeira guerra da história em que alguém saberia antecipadamente. Já aconteceu na Bósnia, no Afeganistão e no Iraque. Armas não somem. E elas sempre reaparecem onde haja alguém interessado nelas."[11]
Na Síria, todos os que se interessam por manter o conflito interessam-se por mais armas. Outra vez, em primeiro lugar, os extremistas da Frente al-Nursa, reconhecidos como a força mais efetiva dentre as que combatem contra o governo sírio: as armas irão diretamente, portanto, para eles.
Obama já levou a píncaros da mais completa irracionalidade a ideia segundo a qual "o inimigo do meu inimigo é meu amigo". Ao fazê-lo ajuda a produzir uma nova geração de extremistas islamistas que alimentarão para sempre a "guerra ao terror" inventada pelos EUA. A real intenção da Guerra ao Terror não é conter terroristas, mas destruir os estados-nação que se opõem à política externa dos EUA: Iraque e Líbia - como a Síria - eram países sob governos seculares, quando foram invadidos; o Afeganistão foi invadido, apesar de a vasta maioria dos envolvidos nos ataques de 11/9 serem da Arábia Saudita. Nunca houve problemas de terrorismo no Iraque, antes da invasão norte-americana. Tampouco jamais houvera problemas de terrorismo na Síria, antes de entrarem em cena os 'rebeldes' apoiados pelos EUA.
É absolutamente óbvio para muitos norte-americanos, que Síria e Irã estão no topo da lista-de-matar de Obama: muito acima, como prioridade, que qualquer grupo terrorista. Por isso Obama tolera os terroristas que agem hoje dentro da Síria. Obama os está usando como ferramenta contra os alvos reais: a Síria e, em seguida, o Irã.
O povo sírio tem o direito de decidir, ele mesmo, sobre o próprio futuro. Os EUA são irremediavelmente incapazes de 'ajudar' alguém, usando meios militares. Para prová-lo, aí estão, dolorosamente, o Afeganistão, o Iraque, a Líbia. O movimento global antiguerra tem de exigir: "EUA, fora da Síria!"

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[1] Sobre o discurso de Obama, essa semana, ver 27/5/2013, "Pink Code a Obama (na lata): 'Seus drones aumentam a insegurança nos EUA!'", The Real News Network, trechos do discurso em vídeo e comentários, traduzidos, em http://redecastorphoto.blogspot.com.br/2013/05/pink-code-obama-na-lata-seus-drones_27.html [NTs].
[2] 24/3/2013, em http://www.nytimes.com/2013/03/25/world/middleeast/arms-airlift-to-syrian-rebels-expands-with-cia-aid.html?hp&_r=3&
[3] 8/5/2013, http://www.guardian.co.uk/world/2013/may/08/free-syrian-army-rebels-defect-islamist-group
[4] [4] http://www.economist.com/blogs/graphicdetail/2013/05/daily-chart-12
[5] http://www.nytimes.com/2013/04/28/world/middleeast/islamist-rebels-gains-in-syria-create-dilemma-for-us.html?pagewanted=2&_r=2&hp&
[6] http://www.nytimes.com/2012/08/04/opinion/syrias-crumbling-pluralism.html?_r=5&
[7] http://www.presstv.ir/detail/2013/05/13/303319/syria-rebel-cuts-eats-soldiers-heart/
[8] http://www.islam21c.com/fataawa/2407-fatwa-on-syria-by-107-scholars
[9] http://www.guardian.co.uk/world/2013/may/22/syria-arms-embargo-rebels
[10] http://www.guardian.co.uk/world/2013/may/22/syria-arms-embargo-rebels?guni=Network%20front:network-front%20main-3%20Main%20trailblock:Network%20front%20-%20main%20trailblock:Position5
[11] http://www.independent.co.uk/news/world/europe/divided-europe-imperils-syrian-arms-embargo-8632376.html
http://www.patrialatina.com.br/editorias.php?idprog=fdf2aade29d18910051a6c76ae661860&cod=11585

Brasil: Conselho Federal de Medicina contra vinda de médicos cubanos

Brasil: Conselho Federal de Medicina contra vinda de médicos cubanos

14.05.2013
 
Brasil: Conselho Federal de Medicina contra vinda de médicos cubanos. 18206.jpeg
Elite corporativista teme que mudança do Foco No Atendimento abale o nosso Sistema Mercantil de Saúde
A virulenta reação do Conselho Federal de Medicina contra a vinda de 6 mil médicos cubanos para trabalhar em áreas absolutamente carentes do país é muito mais do que uma atitude corporativista: expõe o pavor que uma certa elite da classe médica tem diante dos êxitos inevitáveis do modelo adotado na ilha,  que prioriza a prevenção e a educação para a saúde, reduzindo não apenas os índices de enfermidades, mas sobretudo a necessidade de atendimento e os custos com a saúde.

Essa não é a primeira investida radical do CFM e da Associação Médica Brasileira contra a prática vitoriosa dos médicos cubanos entre nós. Em 2005, quando o governador  de Tocantins não conseguia médicos para a maioria dos seus pequenos e afastados municípios, recorreu a um convênio com Cuba e viu o quadro de saúde mudar rapidamente com a presença de apenas uma centena de profissionais daquele país.

A reação das entidades médicas de Tocantins, comprometidas com a baixa qualidade da medicina pública que favorece o atendimento privado, foi quase de desespero. Elas só descansaram quando obtiveram uma liminar de um juiz de primeira instância determinando em 2007 a imediata "expulsão" dos médicos cubanos.

No Brasil, o apego às grandes cidades

Dos  371.788 médicos brasileiros, 260.251 estão nas regiões Sul e Sudeste
Neste momento, o governo da presidenta Dilma Rousseff só  está cogitando de trazer os médicos cubanos, responsáveis pelos melhores índices de saúde do Continente, diante da impossibilidade de assegurar a presença de profissionais brasileiros em mais de um milhar de municípios, mesmo com a oferta de vencimentos bem superiores aos pagos nos grandes centros urbanos.

E isso não acontece por acaso. O próprio modelo de formação de profissionais de saúde, com quase 58% de escolas privadas, é voltado para um tipo de atendimento vinculado à indústria de equipamentos de alta tecnologia, aos laboratórios e às vantagens do regime híbrido, em que é possível conciliar plantões de 24 horas no sistema público com seus consultórios e clínicas particulares, alimentados pelos planos de saúde.

Mesmo com consultas e procedimentos pagos segundo a tabela da AMB, o volume de  clientes é programado para que possam atender no mínimo dez por turnos de cinco horas. O sistema é tão direcionado que na maioria das especialidades o segurado pode ter de esperar mais de dois meses por uma consulta.

Além disso, dependendo da especialidade e do caráter de cada médico, é possível auferir faturamentos paralelos em comissões pelo direcionamento dos exames pedidos como rotinas em cada consulta.

Sem compromisso em retribuir os cursos públicos

Há no Brasil uma grande "injustiça orçamentária": a formação de médicos nas faculdades públicas, que custa muito dinheiro a todos os brasileiros, não presume nenhuma retribuição social, pelo menos enquanto  não se aprova o projeto do senador Cristóvam Buarque, que obriga os médicos recém-formados que tiveram seus cursos custeados com recursos públicos a exercerem a profissão, por dois anos, em municípios com menos de 30 mil habitantes ou em comunidades carentes de regiões metropolitanas.

Cruzando informações, podemos chegar a um custo de R$ 792.000,00 reais para o curso de um aluno de faculdades públicas de Medicina, sem incluir a residência. E se considerarmos o perfil de quem consegue passar em vestibulares que chegam a ter 185 candidatos por vaga (UNESP), vamos nos deparar com estudantes de classe média alta, isso onde não há cotas sociais. 

Um levantamento do Ministério da Educação detectou que na medicina os estudantes que vieram de escolas particulares respondem por 88% das matrículas nas universidades bancadas pelo Estado. Na odontologia, eles são 80%.

Em faculdades públicas ou privadas, os quase 13 mil médicos formados anualmente no Brasil não estão nem preparados, nem motivados para atender às populações dos grotões. E não estão por que não se habituaram à rotina da medicina preventiva e não aprenderam como atender sem as parafernálias tecnológicas de que se tornaram dependentes.  

Concentrados no Sudeste, Sul e grandes cidades

Números oficiais do próprio CFM indicam que 70% dos médicos brasileiros concentram-se nas regiões Sudeste e Sul do país. E em geral trabalham nas grandes cidades.  Boa parte da clientela dos hospitais municipais do Rio de Janeiro, por exemplo, é formada por pacientes de municípios do interior.

Segundo pesquisa encomendada pelo Conselho,  se a média nacional é de 1,95 médicos para cada mil habitantes, no Distrito Federal esse número chega a 4,02 médicos por mil habitantes, seguido pelos estados do Rio de Janeiro (3,57), São Paulo (2,58) e Rio Grande do Sul (2,31). No extremo oposto, porém, estados como Amapá, Pará e Maranhão registram menos de um médico para mil habitantes.

A pesquisa "Demografia Médica no Brasil" revela que há uma forte tendência de o médico fixar moradia na cidade onde fez graduação ou residência. As que abrigam escolas médicas também concentram maior número de serviços de saúde, públicos ou privados, o que significa mais oportunidade de trabalho. Isso explica, em parte, a concentração de médicos em capitais com mais faculdades de medicina. A cidade de São Paulo, por exemplo, contava, em 2011, com oito escolas médicas, 876 vagas - uma vaga para cada 12.836 habitantes - e uma taxa de 4,33 médicos por mil habitantes na capital.

Mesmo nas áreas de concentração de profissionais, no setor público, o paciente dispõe de quatro vezes menos médicos que no privado. Segundo dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar, o número de usuários de planos de saúde hoje no Brasil é de 46.634.678 e o de postos de trabalho em estabelecimentos privados e consultórios particulares, 354.536.Já o número de habitantes que dependem exclusivamente do Sistema Único de Saúde (SUS) é de 144.098.016 pessoas, e o de postos ocupados por médicos nos estabelecimentos públicos, 281.481.

A falta de atendimento de saúde nos grotões é uma dos fatores de migração. Muitos camponeses preferem ir morar em condições mais precárias nas cidades, pois sabem que, bem ou mal, poderão recorrer a um atendimento em casos de emergência.

A solução dos médicos cubanos é mais transcendental pelas características do seu atendimento, que mudam o seu foco no sentido de evitar o aparecimento da doença.  Na Venezuela, os Centros de Diagnósticos Integrais espalhados nas periferias e grotões, que contam com 20 mil médicos cubanos, são responsáveis por uma melhoria radical  nos seus índices de saúde.

Cuba é reconhecida por seus êxitos na medicina e na biotecnologia

Em  sua nota ameaçadora, o CFM afirma claramente que confiar populações periféricas aos cuidados de médicos cubanos é submetê-las a profissionais não qualificados. E esbanja hipocrisia na defesa dos direitos daquelas pessoas.

Não é isso que consta dos números da Organização Mundial de Saúde.  Cuba, país submetido a um asfixiante bloqueio econômico, mostra que nesse quesito é um exemplo para o mundo e tem resultados melhores do que os do Brasil.

Graças à sua medicina preventiva, a ilha do Caribe tem a taxa de mortalidade infantil mais baixa da América e do Terceiro Mundo - 4,9 por mil (contra 60 por mil em 1959, quando do triunfo da revolução) - inferior à do Canadá e dos Estados Unidos. Da mesma forma, a expectativa de vida dos cubanos - 78,8 anos (contra 60 anos em 1959) - é comparável a das nações mais desenvolvidas.

Com um médico para cada 148 habitantes (78.622 no total) distribuídos por todos os seus rincões que registram 100% de cobertura, Cuba é, segundo a Organização Mundial de Saúde, a nação melhor dotada do mundo neste setor.

Segundo a New England Journal of Medicine, "o sistema de saúde cubano parece irreal. Há muitos médicos. Todo mundo tem um médico de família. Tudo é gratuito, totalmente gratuito. Apesar do fato de que Cuba dispõe de recursos limitados, seu sistema de saúde resolveu problemas que o nosso [dos EUA] não conseguiu resolver ainda. Cuba dispõe agora do dobro de médicos por habitante do que os EUA".

O Brasil forma 13 mil médicos por ano em  200 faculdades: 116 privadas, 48 federais, 29 estaduais e 7 municipais. De 2000 a 2013, foram criadas 94 escolas médicas: 26 públicas e 68 particulares.

Formando médicos de 69 países

Em 2012, Cuba, com cerca de 13 milhões de habitantes, formou em suas 25 faculdades, inclusive uma voltada para estrangeiros, mais de 11 mil novos médicos: 5.315 cubanos e 5.694 de 69 países da América Latina, África, Ásia e inclusive dos Estados Unidos.

Atualmente, 24 mil estudantes de 116 países da América Latina, África, Ásia, Oceania e Estados Unidos (500 por turma) cursam uma faculdade de medicina gratuita em Cuba.

 Entre a primeira turma de 2005 e 2010, 8.594 jovens doutores saíram da Escola Latino-Americana de Medicina. As formaturas de 2011 e 2012 foram excepcionais com cerca de oito mil graduados. No total, cerca de 15 mil médicos se formaram na Elam em 25 especialidades distintas.

Isso se reflete nos avanços em vários tipos de tratamento, inclusive em altos desafios, como vacinas para câncer do pulmão, hepatite B, cura do mal de Parkinson e da dengue.  Hoje, a indústria biotecnológica cubana tem registradas 1.200 patentes e comercializa produtos farmacêuticos e vacinas em mais de 50 países.

Presença de médicos cubanos no exterior

Desde 1963,  com o envio da primeira missão médica humanitária à Argélia, Cuba trabalha no atendimento de populações pobres no planeta. Nenhuma outra nação do mundo, nem mesmo as mais desenvolvidas, teceu semelhante rede de cooperação humanitária internacional. Desde o seu lançamento, cerca de 132 mil médicos e outros profissionais da saúde trabalharam voluntariamente em 102 países.
No total, os médicos cubanos trataram de 85 milhões de pessoas e salvaram 615 mil vidas. Atualmente, 31 mil colaboradores médicos oferecem seus serviços em 69 nações do Terceiro Mundo.

No âmbito da Alba (Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América), Cuba e Venezuela decidiram lançar em julho de 2004 uma ampla campanha humanitária continental com o nome de Operação Milagre, que consiste em operar gratuitamente latino-americanos pobres, vítimas de cataratas e outras doenças oftalmológicas, que não tenham possibilidade de pagar por uma operação que custa entre cinco e dez mil dólares. Esta missão humanitária se disseminou por outras regiões (África e Ásia). A Operação Milagre dispõe de 49 centros oftalmológicos em 15 países da América Central e do Caribe.Em 2011, mais de dois milhões de pessoas de 35 países recuperaram a plena visão.

Quando se insurge contra a vinda de médicos cubanos, com argumentos pueris, o CFM adota também uma atitude política suspeita: não quer que se desmascare a propaganda contra o  regime de Havana,  segundo a qual o sonho de todo cubano é fugir para o exterior. Os mais de 30 mil médicos espalhados pelo mundo permanecem fiéis aos compromissos sociais de quem teve todo o ensino pago pelo Estado, desde a pré-escola e de que, mais do que enriquecer, cumpre ao médico salvar vidas e prestar serviços humanitários.

In patrialatina.com.br

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Obama: a vitória já lhe escapou, na Síria

Obama: a vitória já lhe escapou, na Síria

Jeremy Salt*, Al-Ahram Online, Cairo
http://weekly.ahram.org.eg/News/2688/21/The-Syrian-crisis-option.aspx
A realidade – que não aparece nos veículos da imprensa-empresa mundial – é que as forças ‘rebeldes’ estão já em colapso e que o regime de Assad impôs-se contra as gangues armadas por estrangeiros que invadiram a Síria. Assad e seu governo estão vencendo a guerra. Assim sendo, o que fará o ocidente?
Por mais que repita que ‘todas as opções estão sobre a mesa’, Barack Obama já tenta claramente se afastar de qualquer envolvimento mais profundo na Síria, agora que já se vê que só um ataque direto, intervenção com ocupação militar, conseguirá derrubar o governo de Damasco. Só nos últimos meses, as gangues armadas perderam milhares de homens. Embora o conflito ainda se prorrogue por algum tempo, não há dúvida, entre os especialistas, de que o Exército Sírio está já muito próximo de controlar completamente o levante.
Os patrocinadores dessa aventura estão em total confusão. Como, antes, a Coalizão Nacional Síria já implodira, agora também o Conselho Nacional Sírio já implodiu. Muaz Al-Khatib já é voz apenas marginal. Ghassan Hittu é o único ser no planeta a ostentar o título de primeiro-ministro de um comitê. Toda essa gente é causa completamente perdida.
No mundo real, não no mundo dos delírios, há um vídeo de horror em que se vê um comandante ‘rebelde’ que corta o peito e come, ou pelo menos morde, o coração de um soldado morto. Discute-se se seria um pulmão, talvez o fígado. Os jornais parecem inseguros; dão a impressão de que seria importantíssimo identificar com precisão o exato órgão mastigado. Longe de tentar negar a autoria do ato canibalesco, o perpetrador assume e apropria-se dele e vangloria-se de como retalhou, em pedaços, vários cadáveres de shabihas.
O canibalismo parece ser a mais recente inovação, mas a verdade é que não há o que os psicopatas armados das incontáveis gangues não tenham feito dentro da Síria. Ou, talvez, não se devesse chamar de psicopatas homens capazes de fazer o que fizeram? Afinal, quem mais se deixaria arregimentar para guerra tão absolutamente sem sentido, além de psicopatas?
O autodefinido Exército Sírio Livre diz que caçará o homem que arrancou o coração do soldado. Ótimo. Que cace também os ‘rebeldes’ cortadores de gargantas e ‘rebeldes’ degoladores em geral. Que cace os ‘rebeldes’ que assassinaram funcionários públicos, antes de jogar os cadáveres pelas janelas do prédio dos correios em Al-Bab. E aproveite para caçar também seus próprios companheiros de armas que deliberadamente jogam carros-bomba contra civis.
E que não se esqueça de caçar os assassinos do imã e de 50 fiéis que rezavam numa mesquita em Damasco. E, ainda, os estupradores e sequestradores, inclusive os chechenos que sequestraram dois bispos ainda mantido em cativeiro em Aleppo, enquando os líderes cristãos dos governos ocidentais fingem que nada têm a ver com aquilo. Na caçada dos bandidos que macularam a gloriosa reputação do Exército Sírio Livre, aliás, nem é preciso procurar muito longe, porque há inúmeros bandidos bem ali, nas próprias fileiras. Provas não faltam. A imprensa tem vasta coleção de macabros vídeos nos telefones celulares e câmeras de mão, imagens de rostos muito facilmente identificáveis, porque eles se orgulham muito do que fizeram e querem exibir-se para o mundo. Essa é a gente que a Arábia Saudita e o Qatar dedicaram-se a armar pesadamente, e carregaram de dinheiro, para que tomassem a Síria.
Essa é a realidade por trás da narrativa de ficção e mentiras que a empresa-imprensa global distribuiu para o mundo ao longo dos últimos dois anos. Nenhum jornalismo: só a regurgitação de cada mentira, de cada exagero, de cada distorção produzida por ‘ativistas’ e pelo chamado Observatório Sírio de Direitos Humanos, de Londres – segundo o qual o “regime’ sírio estaria sempre a ponto de desabar, várias vezes por dia; e todas as atrocidades eram sempre, sempre, obra dos soldados sírios. Exceto por alguns poucos artigos assinados recentemente por Robert Fisk, praticamente nenhum veículo de nenhum grande grupo da imprensa-empresa comercial no mundo ocidental noticiou eventos e comentou o conflito do ponto de vista do exército e do governo da Síria.
Jornalistas eram conduzidos através da fronteira por grupos ‘rebeldes’ e só faziam repetir o que os tais ‘rebeldes’ (eventualmente, canibais) lhes contavam. É como acreditar em tudo que escreviam os ‘jornalistas’ incorporados às tropas do exército dos EUA, como se o que relataram fosse o que realmente acontecia no Iraque. E, também como no Iraque, repetem agora a mesma propaganda sobre “armas químicas”.
Até que, afinal, a mentira sucumbiu, e a realidade apareceu. Quem está em colapso não é o governo de Assad, mas os ‘rebeldes’. Daqui em diante, só a intervenção militar armada e direta, com coturnos em solo, conseguirá salvar os ‘rebeldes’. Mas, com o governo sírio já contando com sólido apoio dos russos... não será fácil pôr coturnos norte-americanos em solo sírio. Obama continua pressionado para “fazer mais”, mas não dá qualquer sinal de interesse em deixar-se sugar ainda mais para o fundo do pântano criado pelos seus ‘rebeldes’ na Síria. E outros não darão nem meio passo, se os EUA não marcharem à frente. A Alemanha já se declarou contra qualquer envolvimento; a Áustria disse que já está fornecendo armas aos ‘rebeldes’, o que a Grã-Bretanha gostaria de ter feito, e que, antes do fim do embargo na União Europeia, que terminará dia 31 de maio em curso, é violar leis internacionais.
Essa semana, todos os holofotes concentraram-se sobre o primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, e a viagem que fez a Washington para discutir a Síria com Barack Obama. A Turquia teve papel central no desenrolar do conflito sírio. Arábia Saudira, Qatar e Libya forneceram dinheiro e armas, mas foi a Turquia, cujo território ficou aberto para a mobilização de gangues armadas que cruzavam a fronteira para depor o “regime”. Erdogan não se afastou um passo da posição que assumiu contra Bashar Al-Assad há mais de dois anos. O único caso claro de uso de arma química em ataque foi o composto de cloro embalado numa ogiva e disparado contra um posto do Exército Sírio em Khan Al-Assal, que matou vários soldados e civis. Mas Erdogan continua a repetir que foi o Exército Sírio que usou armas químicas e que, ao fazê-lo cruzou a tal “linha vermelha” que Obama inventara. Perguntado, pouco antes de partir para Washington, se apoiaria a implantação de uma zona aérea de exclusão, respondeu: “Desde o início diríamos que sim.”
Semana passada, carros carregados com mais de uma tonelada de C4 e TNT foram explodidos na província de Hatay, na cidade fronteiriça de Reyhanli. Foram mortas, no mínimo, 51 pessoas. A destruição foi massiva. Prédios da administração municipal e dúzias de lojas ficaram soterrados nos escombros. Na sequência, carros com placas sírias foram destruídos e refugiados sírios atacados por grupos da região, enfurecidos. Enquanto destruíam, amaldiçoavam Erdogan. A atrocidade seguiu um padrão já familiar aos sírios: uma primeira explosão e em seguida, quando as pessoas se aproximam para socorrer os feridos da primeira explosão, a segunda bomba, para aumentar o número de vítimas.
Apesar de o governo turco ter declarado que teria sido trabalho de um grupo terrorista que colaboraria com a inteligência (mukhabarat) síria, só as gangues armadas ou um dos governos que as apoia teria algum motivo para cometer tamanha violência. O Exército Sírio está cercando os ‘rebeldes’, o “conselho dos traidores” baseado em Doha já implodiu, e norte-americanos e russos estão sentando para conversar. Aquele ataque foi claramente planejado e executado para atrair a Turquia diretamente para o conflito, através da fronteira.
O ataque contra Reyhanli aconteceu uma semana depois que Israel lançou uma série de ataques selvagens contra a Síria. Não foi simples ataque de um míssil. Dois ataques em três dias, durando cada um várias horas, com bombardeio cerrado em torno de Damasco, sugerem fortemente que o objetivo era provocar resposta dos sírios, o que abriria a porta para guerra generalizada, na qual até o Irã poderia ser atacado. Israel alegou que o alvo seria um carregamento de mísseis destinados ao Hizbullah, mas, embora um centro de pesquisa e uma fábrica militar de produção de alimentos tenham sido atingidos, não se viu nem sinal de que algum míssil tivesse sido destruído. Os ataques revelaram-se fracasso político e estratégico. Imediatamente, na sequência, Putin aplicou “uma carraspana” em Netanyahu e o castigou, ou fornecendo ou ameaçando fornecer à Síria mísseis antiaéreos avançados S300. Só a insuperável arrogância do governo israelense explica que tenha insistido que outros ataques viriam, se necessários, e que destruiriam o governo sírio, caso houvesse retaliação.
Obama está agora sob pressão doméstica para “fazer mais”. Em Washington, os mesmos que clamavam por guerra contra o Iraque clamam pela ampliação do conflito na Síria. O senador Bob Menendez, empenhado apoiador de Israel, como virtualmente todos os congressistas, apresentou projeto de lei que autoriza o governo dos EUA a fornecer armas aos ‘rebeldes’ (como se os EUA já não estivessem fazendo exatamente isso clandestinamente, diretamente ou usando a Arábia Saudita e o Qatar).  O ex-editor do New York Times, Bill Keller, apoiou abertamente a guerra do Iraque e agora quer também que os EUA armem “os rebeldes” e “defendam os civis ameaçados de ser massacrados dentro das próprias casas” na Síria. Não fala, é claro, dos civis massacrados pelas gangues já armadas.
O Washington Post acabou por ter de admitir que o Exército Sírio está em marcha vitoriosa para controlar o conflito, mas nem por isso desiste de tentar mudar o rumo dos acontecimentos. “E se os EUA não intervierem na Síria?” pergunta em editorial, para poder responder-se, o jornal a ele mesmo: a Síria será fraturada, partida em várias áreas sectárias; a Frente Jabhat Al-Nusra assumirá o controle no norte e “remanescentes do regime” ficarão com faixas na parte oeste. A guerra sectária se espalhará e alcançará o Iraque – como se isso já não tivesse acontecido, consequência da invasão norte-americana – e o Líbano. Armas químicas cairão em mãos erradas, “o que provavelmente forçará Israel a intervir, para impedir que cheguem às mãos do Hizbullah ou da Al-Qaeda”. E, se os EUA não intervierem logo, para impedir que tudo isso aconteça, Turquia e Arábia Saudita “poderão concluir que os EUA já não são aliado confiável”.[1]
Há outras respostas muito mais prováveis àquele “o que acontecerá”. O Exército Sírio expulsará do território sírio os “rebeldes” sobreviventes; e Bashar resultará ainda mais popular do que antes, depois de ter enfrentado com sucesso o maior desafio que se impôs ao Estado sírio em toda a sua história. Haverá eleições em 2014. Bashar será eleito presidente com 75% dos votos. Essa, pelo menos, é a previsão da CIA.
Erdogan chegou a Washington também desejando que Obama “faça mais”, mas é mais do que claro que o presidente dos EUA não quer fazer coisa alguma, muito menos, mais. A imprensa-empresa turca noticiou que Obama dissera que Assad “tem de” sair [orig. “must”], mas não foi o que Obama disse. Obama escolheu muito atentamente cada palavra. Na conferência de imprensa ao lado de Erdogan, ele não disse que Assad “tem de” sair; disse que Assad “precisa” [orig. “needs”] ir e “precisa” transferir o poder para um corpo transicional. É diferença absolutamente importante. Pessoalmente, Obama não quer chegar ao fim de seu governo afundado numa guerra impopular, que os EUA não vencerão, guerra que, além do mais, pode muito rapidamente extrapolar o plano regional e converter-se em crise global.
Pesquisa recente do Instituto Pew mostrou que o povo norte-americano já não tolera guerras no Oriente Médio. E a conversa entre Kerry e Lavrov indica que, dessa vez, já deixado para trás o Acordo de Genebra de julho de 2012, os EUA estão seriamente interessados em negociar um fim para a crise na Síria, mesmo que outros não considerem ainda sequer essa possibilidade. Se há alguma ameaça a pesar contra a posição dos EUA, o mais provável é que esteja crescendo entre seus amigos e aliados.

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* Jeremy Salt é professor associado de História e Política do Oriente Médio, na Bilkent University, em Ancara, Turquia.

Forças Armadas do Irã, no auge de seu poder

Forças Armadas do Irã, no auge de seu poder

O subcomandante do Corpo de Guardiães da Revolução Islâmica (IRGC), brigadeiro-general Hossein Salami disse que as Forças Armadas da República Islâmica do Irã estão no auge de seu poder.
Em uma reunião no sábado com as Forças de Resistência Popular do Irã (Basich) em Teerã, Salami afirmou que o Irã conseguiu superar todos os desafios em sua luta contra o imperialismo, e explicou que atualmente o Forças Armadas do Irã são poderosas e que o inimigo está em declínio.
"Atualmente, temos a nossa disposição milhares de mísseis que podem ser lançados a qualquer momento contra os alvos vitais e estratégicos dos inimigos", adverte o militar persa.
O general Salami também enfatizou que o povo persa está se preparando para criar uma grande epopeia política participando massivamente da décima primeira volta das eleições presidenciais marcadas para o dia 14 de junho.
Na terça-feira passada, o Ministério do Interior iraniano anunciou os nomes dos oito candidatos presidenciais aprovado pelo Conselho de Guardiães.
 A nação iraniana vai às urnas em 14 junho de 2013 para eleger seu próximo presidente para um período de quatro anos.

Hispan TV
Tradução redação Irã News.

Pelas costas das “Conversações de Paz” para a Síria, EUA buscam a guerra regional

Pelas costas das “Conversações de Paz” para a Síria, EUA buscam a guerra regional

Bill Van Auken, Strategic Culture
http://www.strategic-culture.org/news/2013/05/24/behind-syria-peace-talks-us-prepares-regional-war.html

Enquanto viajava ostensivamente pelo Oriente Médio, para discutir uma proposta conjunta de Rússia e EUA para conversações de paz entre o governo sírio do presidente Bashar al-Assad e os ‘rebeldes’ apoiados pelo ocidente, o secretário de Estado John Kerry reuniu-se com aliados dos EUA, para preparar a guerra regional.
Primeiro, parou em Omã, onde Kerry reuniu-se com o Sultão reinante, um de uma cadeia de ditadores monárquicos que constitui, com Israel, o pilar de sustentação da influência norte-americana no Oriente Médio. A visita do secretário de Estado coincidiu com a assinatura de um negócio de $2,1 bilhões de dólares entre a monarquia absoluta e a empresa Raytheon Corp. para a venda de sistemas avançados de armas, incluindo unidades Avenger, mísseis Stinger e mísseis avançados de médio alcance ar-ar, parte de um anel de aço que Washington sempre buscou construir em torno do Irã.
Dali, Kerry voou para Amã, Jordânia, para encontro na 4ª-feira com os “Amigos da Síria”, a “coalizão de vontades” liderada pelos EUA que fomenta a guerra para provocar mudança de regime na Síria. É formada de Washington, seus aliados europeus da OTAN, liderada pela Grã Bretanha, Turquia, Egito e vários sultanatos e xeicados do Golfo Persa, incluindo os principais fornecedores de armas para as gangues anti-Assad: Arábia Saudita, Qatar e os Emirados Árabes Unidos.
Enquanto a reunião acontecia na 4ª-feira, o embaixador da Síria na Jordânia organizou uma conferência de imprensa para denunciá-la como “encontro dos inimigos da Síria” (http://inserbia.info/news/2013/05/friends-of-syria-meeting-is-gathering-of-enemies-of-syria-syrian-ambassador/):
“Os que queiram ver o fim da tragédia na Síria devem parar de armar e treinar gangues de terroristas na Síria. A guerra na Síria é algo sem precedentes” – disse o embaixador Bahjat Suleiman.
Representantes da Coalizão Nacional Síria, a frente anti-Assad organizada pelo Departamento de Estado dos EUA, foram convidados no último minuto para aquela reunião. Parece que ainda havia alguma dúvida sobre a possibilidade de chegarem a algum acordo sobre quem os ‘rebeldes’ aceitariam como representante deles.
Os EUA promoveram Ghassan Hitto, empresário que vive há mais de 30 anos no Texas e é ligado à Fraternidade Muçulmana, como ‘premiê’ de um governo de transição. Apareceram notícias cada vez mais insistentes e relatos cada vez mais claros de que havia forte oposição a Hitto, nessa função, pelas milícias sunitas sectárias que lutam em território sírio. Circularam notícias de que o “chefe de fato” da coalizão, representante dos ‘rebeldes’, seria George Sabra, ex-membro do Partido Comunista Sírio Stalinista.
Enquanto o Departamento de Estado diz que o papel de Kerry nessa reunião seria preparar as conversações de paz para a Síria – apelidadas “Conferência de Genebra 2” –, sobre as quais Washington e Moscou concordaram publicamente, é evidente que a agenda real que está mobilizando e ocupando os EUA e seus aliados só diz respeito a encontrarem meios para salvar sua guerra para mudança de regime, depois que o Exército Sírio começou a infligir duras derrotas militares estratégicas às forças apoiadas pelo ocidente.
Foi o que se viu bem claramente em campo, depois de o Exército Sírio ter retomado a cidade de Qusayr, no oeste da Síria, a cerca de dez quilômetros da fronteira libanesa. A cidade, que estivera sob controle das gangues apoiadas pelo ocidente, servia como duto de passagem para armas e milicianos estrangeiros que atravessavam a fronteira do Líbano. O controle ‘rebelde’ naquela região e arredores ameaçava separar a capital Damasco, de Aleppo e do litoral sírio.
Falando em conferência de imprensa em Amã, na abertura da reunião dos “Amigos da Síria”, Kerry alertou que, se o regime de Assad não aceitasse uma solução política negociada, Washington consideraria “aumentar o apoio à oposição, para dar continuidade aos combates pela liberdade de seu país”. Com funcionários do governo dos EUA exigindo a saída de Assad como condição para qualquer acordo, tudo sugere hoje que as “conversações de paz” previstas serão induzidas ao fracasso, e serão usadas como pretexto para escalar a intervenção dos EUA na Síria.
O comentário de Kerry surge exatamente um dia depois de a Comissão de Relações Exteriores do Senado dos EUA ter aprovado, por 15 votos a favor e 3 contra, a proposta de Washington de passar a armar diretamente as milícias ‘rebeldes’. A CIA já está coordenando o fluxo de armas a partir dos estados do Golfo, e sabe-se que já organizou grandes embarques de armas da Europa Oriental, através de três intermediários.
Kerry pôs a culpa pelos reveses impostos pelo Exército Sírio às milícias delegadas de Washington, na batalha por Qusayr, na intromissão de combatentes do Hezbollah, o partido e milícia armada libanesa que sempre se manteve solidário ao governo de Assad; atribuiu a derrota, também, a um suposto apoio que o Irã estaria dando ao regime iraniano.
“Semana passada, é claro, houve intervenção do Hezbollah. Intervenção muito, muito significativa. Há vários milhares de combatentes do Hezbollah em território sírio que contribuem para aumentar a violência, e nós condenamos isso” – disse Kerry.
O Hezbollah não faz segredo de que tem combatentes operando em campo, mas negou que tenham tido papel decisivo nos recentes confrontos; disse que seus combatentes trabalham em operações de treinamento de autoproteção e autodefesa para cidadãos libaneses que vivem em áreas próximas da fronteira síria, para que se possam defender.
A imprensa-empresa ocidental também tem dado grande destaque ao papel do Hezbollah, embora insista em ignorar o fato de que muitos milicianos islamistas sunitas também chegaram à Síria pela fronteira do Líbano, para lutar contra o regime de Assad.
A ameaça de que esse conflito se alastre por toda a região, convertido em guerra regional, cresce dia a dia. Em Tripoli, cidade libanesa ao norte do país, pelo menos 11 pessoas morreram, entre os quais pelo menos dois soldados libaneses, em confrontos entre milícias sunitas e libaneses alawitas que apoiam Assad. Nos confrontos, há trocas de tiros de morteiro e granadas disparadas de foguetes, o que paralisou a vida na área, impedindo o funcionamento normal de escolas, o comércio local e outras atividades.
O Departamento de Estado distribuiu declaração em que denuncia o papel do Hezbollah na Síria, que estaria “exacerbando e inflamando tensões sectárias locais.” Não se viu sinal de denúncia semelhante quando as forças islamistas tomaram Qusayr, decapitando e matando a tiros membros das importantes minorias alawita e cristã na região, e obrigando milhares a abandonar suas casas.
Em movimento que dá boa medida do desespero em que se encontra a oposição na Síria, o presidente “de fato’ da Coalizão Nacional, Sabra, lançou uma declaração, na véspera da conferência de Amã, conclamando os EUA e seus aliados a “abrir um corredor humanitário” até Qusayr. Em outras palavras, pediu ao ocidente que lance intervenção militar direta em solo sírio.
Numa teleconferência na 3ª feira, um alto funcionário do Departamento de Defesa reconheceu: “Uma das coisas sobre as quais falaremos aqui em Amã amanhã é o que mais tem de ser feito a respeito do equilíbrio militar em solo”
(http://www.state.gov/r/pa/prs/ps/2013/05/209765.htm).
Sempre para avançar a própria agenda militarista, Washington ampliou uma campanha de propaganda em que o Irã é repetidamente acusado de responsabilidade nas derrotas impostas às forças anti-Assad na Síria. Alto funcionário do Departamento de Estado disse ao Washington Post que há forças do Irã lutando na Síria, repetindo, como se fosse fato comprovado, o que dizem, sem qualquer prova, as gangues ‘rebeldes’.
O Post encarrega-se de ampliar a propaganda: “A declaração do funcionário norte-americano é reconhecimento tácito de que o conflito sírio, que já dura dois anos, já se converteu em guerra regional e já há confronto ‘por procuração’ em solo entre EUA e Irã” (http://articles.washingtonpost.com/2013-05-21/world/39411426_1_syrian-opposition-u-s-official-two-year-old-syrian-conflict).
David Ignatius, colunista do Post diz que, enquanto muito se fala publicamente de uma conferência de paz em Genebra para o mês que vem, “a batalha em solo já é tão intensa, e o pedido de mais armas [para a oposição] já tão declarado, que alguém mais cético deve começar a perguntar-se se as conversações de Genebra chegarão mesmo a acontecer” (http://articles.washingtonpost.com/2013-05-21/opinions/39412628_1_geneva-idriss-weapons).
O acordo ostensivo de Washington à iniciativa de Moscou sobre conversações de paz é só mais uma tática, para fazer avançar o projeto estratégico dos EUA na região, o mesmo projeto buscado mediante os ataques ao Iraque, Afeganistão, Líbia e, agora, à Síria. Por trás das lágrimas de crocodilo sobre as baixas entre civis, o objetivo dos EUA é sempre o mesmo que se vê subjacente à irrupção do militarismo norte-americano, há 12 anos: afirmar, por meios militares, o controle hegemonista sobre as reservas estratégicas de energia ambicionadas por potências rivais, especialmente Rússia e China.
Como o demonstra a evolução da guerra ‘por procuração’ que os EUA travam na Síria, a sempre mesma intervenção militar predatória dos EUA aponta diretamente para conflagração mais ampla e catastrófica, que ameaça o mundo não só com uma guerra contra o Irã, mas, também, com confrontação com Rússia e China.
Traduzido pelo coletivo de Vila Vudu

Rússia garante ao Brasil transferência total da tecnologia do caça Sukhoi Su-35

Rússia garante ao Brasil transferência total da tecnologia do caça Sukhoi Su-35

Mauro Santayana

A agência RIA Novosti informa, citando declarações de Seguei Ladygin, representante da estatal russa de armamento Rosobonexport, dadas ontem na SITDEF 2013, exposição de armas que está sendo realizada em Lima, no Perú, que a Rússia teria comunicado ao governo federal que estaria disposta a transferir ao Brasil, sem restrições, cem por cento  da tecnologia  de fabricação dos caças Sukhoi SU-35, de quinta geração, e dos sistemas anti-aéreos Pantzir, independente da conclusão da licitação do Programa FX-2, de compra de caças pela aeronáutica.
O Sukhoi Su-35 pertence a uma classe caças de ataque e superioridade aérea pesados, de longo alcance e multi-função. Com autonomia de 3.600 a 4.600 quilômetros (com tanques externos) e velocidade de 2.700 quilômetros por hora, ele pode atingir rapidamente qualquer região do território nacional.
É equipado com uma variedade melhorada de óptica passiva do sistema de radar N035 Irbis, e com  um radar de retaguarda adicional montado no seu aguilhão da cauda encurtada. Conta também com um radar N035 melhorado com pico mais poderoso e melhores características ECM e com um sistema de guerra eletrônica e auto-contramedidas de defesa eletrônica Khibiny L175M. O cockpit conta com duas telas de LCD e compatibilidade com HMD. O software do Su-35BM tem acrescentada compatibilidade com novos sistemas de armas e outros  aviônicos que incluem informações de longo alcance de alvos e datalink com capacidade de resistência à JAM, além de um sistema de reconhecimento eletrônico.

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Frances Stonor Saunders: Quem pagou a Conta? A CIA na guerra fria da cultura

Frances Stonor Saunders: Quem pagou a Conta? A CIA na guerra fria da cultura

Mal chegou às livrarias, o livro recém-lançado - Quem pagou a conta? A CIA na guerra fria da cultura já se transformou na ‘gazua’ que os adversários dos tucanos e neoliberais de todos os matizes mais desejavam. Em mensagens distribuída, neste domingo, pela internet, já é possível perceber o ambiente de enfrentamento que precede as eleições deste ano.

A obra da pesquisadora inglesa Frances Stonor Saunders (editada no Brasil pela Record, tradução de Vera Ribeiro), ao mesmo tempo em que pergunta, responde: quem "pagava a conta" era a CIA, a mesma fonte que financiou os US$ 145 mil iniciais para a tentativa de dominação cultural e ideológica do Brasil, assim como os milhões de dólares que os procederam, todos entregues pela Fundação Ford a Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente do país no período de 1994 a 2002.

O comentário sobre o livro consta na coluna do jornalista Sebastião Nery, na edição deste sábado do diário carioca Tribuna da Imprensa. "Não dá para resumir em uma coluna de jornal um livro que é um terremoto. São 550 páginas documentadas, minuciosa e magistralmente escritas: "Consistente e fascinante" (The Washington Post). "Um livro que é uma martelada, e que estabelece em definitivo a verdade sobre as atividades da CIA" (Spectator). "Uma história crucial sobre as energias comprometedoras e sobre a manipulação de toda uma era muito recente" (The Times).
Dinheiro da CIA para FHC
"Numa noite de inverno do ano de 1969, nos escritórios da Fundação Ford, no Rio, Fernando Henrique teve uma conversa com Peter Bell, o representante da Fundação Ford no Brasil. Peter Bell se entusiasma e lhe oferece uma ajuda financeira de 145 mil dólares. Nasce o Cebrap". Esta história, assim aparentemente inocente, era a ponta de um iceberg. Está contada na página 154 do livro "Fernando Henrique Cardoso, o Brasil do possível", da jornalista francesa Brigitte Hersant Leoni (Editora Nova Fronteira, Rio, 1997, tradução de Dora Rocha). O "inverno do ano de 1969" era fevereiro de 69.

Fundação Ford
Há menos de 60 dias, em 13 de dezembro, a ditadura havia lançado o AI-5 e jogado o País no máximo do terror do golpe de 64, desde o início financiado, comandado e sustentado pelos Estados Unidos. Centenas de novas cassações e suspensões de direitos políticos estavam sendo assinadas. As prisões, lotadas. Até Juscelino e Lacerda tinham sido presos. E Fernando Henrique recebia da poderosa e notória Fundação Ford uma primeira parcela de 145 mil dólares para fundar o Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento). O total do financiamento nunca foi revelado. Na Universidade de São Paulo, sabia-se e se dizia que o compromisso final dos americanos era de 800 mil a um milhão de dólares.

Agente da CIA
Os americanos não estavam jogando dinheiro pela janela. Fernando Henrique já tinha serviços prestados. Eles sabiam em quem estavam aplicando sua grana. Com o economista chileno Faletto, Fernando Henrique havia acabado de lançar o livro "Dependência e desenvolvimento na América Latina", em que os dois defendiam a tese de que países em desenvolvimento ou mais atrasados poderiam desenvolver-se mantendo-se dependentes de outros países mais ricos. Como os Estados Unidos.

Montado na cobertura e no dinheiro dos gringos, Fernando Henrique logo se tornou uma "personalidade internacional" e passou a dar "aulas" e fazer "conferências" em universidades norte-americanas e européias. Era "um homem da Fundação Ford". E o que era a Fundação Ford? Uma agente da CIA, um dos braços da CIA, o serviço secreto dos EUA.

Milhões de dólares
1 - "A Fundação Farfield era uma fundação da CIA... As fundações autênticas, como a Ford, a Rockfeller, a Carnegie, eram consideradas o tipo melhor e mais plausível de disfarce para os financiamentos... permitiu que a CIA financiasse um leque aparentemente ilimitado de programas secretos de ação que afetavam grupos de jovens, sindicatos de trabalhadores, universidades, editoras e outras instituições privadas" (pág. 153).
2 - "O uso de fundações filantrópicas era a maneira mais conveniente de transferir grandes somas para projetos da CIA, sem alertar para sua origem. Em meados da década de 50, a intromissão no campo das fundações foi maciça..." (pág. 152). "A CIA e a Fundação Ford, entre outras agências, haviam montado e financiado um aparelho de intelectuais escolhidos por sua postura correta na guerra fria" (pág. 443).
3 - "A liberdade cultural não foi barata. A CIA bombeou dezenas de milhões de dólares... Ela funcionava, na verdade, como o ministério da Cultura dos Estados Unidos... com a organização sistemática de uma rede de grupos ou amigos, que trabalhavam de mãos dadas com a CIA, para proporcionar o financiamento de seus programas secretos" (pág. 147).
FHC facinho
4 - "Não conseguíamos gastar tudo. Lembro-me de ter encontrado o tesoureiro. Santo Deus, disse eu, como podemos gastar isso? Não havia limites, ninguém tinha que prestar contas. Era impressionante" (pág. 123).
5 - "Surgiu uma profusão de sucursais, não apenas na Europa (havia escritorios na Alemanha Ocidental, na Grã-Bretanha, na Suécia, na Dinamarca e na Islândia), mas também noutras regiões: no Japão, na Índia, na Argentina, no Chile, na Austrália, no Líbano, no México, no Peru, no Uruguai, na Colômbia, no Paquistão e no Brasil" (pág. 119).
6 - "A ajuda financeira teria de ser complementada por um programa concentrado de guerra cultural, numa das mais ambiciosas operações secretas da guerra fria: conquistar a intelectualidade ocidental para a proposta norte-americana" (pág. 45). Fernando Henrique foi facinho.

Moeda de basbaque

Moeda de basbaque

29.05.2013
 
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O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa, causou alarido na República ao servir-se de uma tribuna acadêmica para cutucar os felídeos politiqueiros e seus "partidos de mentirinha".
HELDER CALDEIRA*
Colarinhos brancos de grande envergadura e baixa estatura ética e moral trataram de vaiar as declarações do paracatuense, espargidas justamente durante o processo de aprovação da MP dos Portos - que recebeu a "(al)Cunha Garotinha" de "MP dos Porcos" - e em meio ao vendaval na base aliada da presidente Dilma Rousseff, neste caso evocada como tirana mandatária do Poder Legislativo.
Sob todos os prismas passíveis de análise política, há um profundo equívoco na extraordinária inconfidência de Joaquim Barbosa. Ao contrário do declarado, nunca antes na história deste país o Congresso Nacional experimentou tamanha fortaleza, ainda que medida em signos sombrios. A robustez é tanta que, mesmo na mais absoluta iniquidade produtiva e recheado de mentes retrógradas e sujidades de amplo currículo criminal, o Poder Legislativo goza de portentosa - e mascarada! - defesa da imprensa e dos formadores de opinião, consagrando-o pilar insofismável de nossa combalida e arremedada democracia tupiniquim.
Não por acaso, a assessoria de comunicação do STF imediatamente tratou de nivelar por baixo e jogar água gelada no óbvio imbróglio provocado pela assertiva de seu destemperado presidente, classificando o beliscão institucional como "mero exercício intelectual feito em meio acadêmico". Na rabeira meteórica, para a opinião publicada, o que deveria ser uma grotesca desqualificação do raciocínio palestrante do chefe da Suprema Corte do Brasil, findou por tornar-se um afetuoso gesto de civilidade em tempos de crise evidente. Um troca-troca de moedas abstratas, mas com fins lucrativos. Medíocre assim.
Esse civilismo tergiverso turva a visão do espectador circense, que não consegue definir, no palco à frente, quem é o leão (ou a leoa), quem é o elefante (ou a elefanta) e quem é o palhaço (ou a palhaça). Enquanto o respeitável público aplaude o que não vê e não compreende, os partidos políticos - que não são "de mentirinha" e especialmente aqueles da base aliada - seguem forçando o Palácio do Planalto ao inglório exercício de agachamento ante os interesses escusos de líderes basbaques.
Insigne financiador de micagens desde o processo de oficiosa redemocratização, o Executivo é refém em larga escala das coligações político-partidárias para a governabilidade e não o contrário, como propôs Joaquim Barbosa. A presidente Dilma Rousseff e sua sofrível equipe de articulação política só conseguiram a aprovação da Medida Provisória, no limite do prazo de vigência, porque as legendas permitiram (ou venderam, já que o custo real disso ninguém jamais saberá!). A estimada modernização dos portos brasileiros - quem diria?! - passa a incorporar o legado de fidelidade do senador alagoano Renan Calheiros que, após o festival de gazetas e solavancos na Câmara, conseguiu trotar o rebanho e garantir a aprovação da "MP dos Porcos" em tempo recorde no Senado Federal.
Como os partidos políticos não são "de mentirinha", reitero, a fatura pelo apoio legislativo fica cada vez mais cara. Em tese, sem o mesmo traquejo mensaleiro de Lula da Silva, a "presidenta" Dilma multiplica os truques de seus antecessores e divide o Poder Executivo como quem divide o pão numa ceia de gatunos esfomeados: são 39 ministérios, centenas de empresas estatais e dezenas de milhares de cargos fartamente comissionados distribuídos entre os "apoiadores" - mui amigos! - de seu (des)governo. O Poder Legislativo está mandando... e mandando muito, como nunca antes, ainda que a opinião publicada de "joaquins" tente colar ideia oposta. A propósito, oposição formal é o que não há no Brasil atual.
Neste momento, a moeda de basbaque é a Petrobras. Outrora grande patrimônio nacional e marca mais valiosa da América Latina, vítima da absurda desqualificação provocada pela mofa institucional capitaneada por PT e PMDB, a petrolífera brasileira viu o valor de sua marca despencar 45%, de US$ 10,5 bilhões em 2012 para US$ 5,7 bilhões em 2013. Além de perder o título latino-americano para duas cervejarias, no ranking das marcas mais valiosas do planeta assumiu trajetória descendente: 61º lugar em 2011, 75º lugar em 2012 e sequer figura na lista das 100 maiores em 2013.
Finalizadas as tratativas para aprovação da MP dos Portos, a tarefa da presidente Dilma Rousseff será conter outra sanha do PMDB, eterno lambiscador do poder central. Como a moeda da vez é a estatal do petróleo, o exercício de agachamento palaciano tentará asfixiar - novamente a qualquer custo - a instalação da CPI da Petrobras na Câmara dos Deputados. As assinaturas no requerimento para abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito têm a tinta de 63% da bancada-bunker peemedebista. E dá-lhe fornicação palaciana para pagar essa fatura e apagar o novo incêndio chantagista.
Diante de tudo isso, será que o ministro Joaquim Barbosa acha mesmo que os partidos políticos são "de mentirinha"? Ou o presidente do STF lançou apenas mais um factoide em tempos de império da boataria? Diz a máxima planaltina que o PMDB não é para amadores. Ouso ir além: o sistema partidário parlamentar brasileiro - e sua vastíssima capilaridade regional - não é para amadores. Só profissionais de colarinho robusto, ainda que de caráter duvidoso, são capazes de suportar a pecha de galinheiro pelintra quando, de fato, são verdadeiras raposas políticas a cuidar do galináceo executivo, espreitando o tilintar das moedas de basbaque. O resto é "mentirinha" midiática.
Escritor, Jornalista Político e Apresentador de TV
*Autor dos livros "ÁGUAS TURVAS" e "A 1ª PRESIDENTA".

A Alemanha de Hitler X Estados Unidos da América

Blog do Lobbo 

Pensamento

Dois países, dois objetivos:

A Alemanha de Hitler queria o extermínio dos judeus e a supremacia sobre o resto do mundo.

Os Estados Unidos da América querem o extermínio do Oriente médio e apropriar-se de suas riquezas.
E com sua prepotência e arrogância já se consideram seres supremos sobre o resto do mundo.

Pergunto, até quando temos de conviver com desumanidade, sem que ninguém faço algo contra? 

Ódio e preconceito: França vive primavera sombria


Ódio e preconceito: França vive primavera sombria

24.04.2013
 
Ódio e preconceito: França vive primavera sombria. 18126.jpeg
O país que desenhou os conceitos de Direitos Humanos e onde as liberdades cívicas são um exemplo universal se meteu no labirinto das fobias: à islamofobia e ao racismo que marcaram a campanha eleitoral para as eleições presidenciais de abril e maio passado se seguiu uma homofobia agressiva que fez várias vítimas.
 
O país que desenhou os conceitos de Direitos Humanos e onde as liberdades cívicas são um exemplo universal se meteu no labirinto das fobias: à islamofobia e ao racismo que marcaram a campanha eleitoral para as eleições presidenciais de abril e maio passado se seguiu uma homofobia agressiva que fez várias vítimas e colocou em primeiro plano pequenos grupos fanáticos que, oriundos de várias correntes da direita, confluíram em uma frente comum de perigosas intenções. O debate sobre o casamento homossexual fez a França voltar à Idade Média. O artigo é de Eduardo Febbro, direto de Paris.
Eduardo Febbro/Carta Maior
Paris - A França vive uma primavera sombria. A extrema direita, os grupos ultra católicos e a oposição conservadora montaram um show de homofobia latente que chegou até as agressões físicas contra os homossexuais e passou o limite da intimidação com uma carta de ameaças cheia de pólvora enviada ao presidente da Assembleia Nacional, Claude Batolomé. A lei sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo deve ser aprovada definitivamente nesta terça-feira na Assembleia Nacional. No entanto, o projeto acendeu um foco de tensão violento, com manifestações massivas a favor e contra o texto, ameaças aos deputados que o defendem, destruição de locais, golpes e insultos aos homossexuais e uma infinidade de episódios de uma vulgaridade de comedia barata.
O país que desenhou os conceitos de Direitos Humanos e onde as liberdades cívicas são um exemplo universal se meteu no labirinto das fobias: à islamofobia e ao racismo que marcaram a campanha eleitoral para as eleições presidenciais de abril e maio passado se seguiu uma homofobia agressiva que fez várias vítimas e colocou em primeiro plano pequenos grupos fanáticos que, oriundos de várias correntes da direita, confluíram em uma frente comum de perigosas intenções.
A chamada lei sobre "o matrimônio para todos" proposta pelo Executivo socialista destampou a existência de uma França iracunda e intolerante até a intimidação física. Há uns dez dias, um jovem casal franco-holandês de homossexuais, Olivier e Wilfred de Bruijn, foi atacado no distrito XIX de Paris por um grupo de cinco jovens, que os agrediu brutalmente. "Olha, são homossexuais", disse um deles e imediatamente começaram a agredi-los. A foto de Wilfred de Brujin com a cara desfigurada pelos golpes deu a volta ao mundo: ele mesmo fez com que ela circulasse na internet.
De Brujin está certo de que a surra que levou é uma consequência da radicalização que a lei provocou: "Desde o verão passado, o clima se tornou odioso para os homossexuais na França. Nos sentimos atacados, ameaçados, insultados. O debate deixou livre uma violência verbal e física que antes parecia contida. A culpa é dos bispos da Igreja católica e de políticos como Jean-François Copé". Este político é hoje o líder do principal partido de oposição, a UMP, que aproveitou o antagonismo que levantou a lei sobre o matrimônio igualitário para atacar o governo e recuperar a credibilidade de um partido que vinha perdendo velocidade. Mas a agressão dos homossexuais parisienses não foi a única: nas localidades de Lille e Bordeaux ocorreram novos ataques contra os homossexuais. A França voltou à Idade Média no que diz respeito a este tema. A tensão é tal que a política reforçou sua presença nos bairros frequentados pelos homossexuais para evitar a repetição das agressões.
No início, apesar das dezenas de milhares de pessoas que os adversários da lei reuniam nas manifestações ninguém captou a importância que essa corrente iria tomar. O movimento contra a lei está composto por um leque de grupos que vão desde os fundamentalistas católicos de Civitas, bispos e padres de corte conservador, deputados ou prefeitos da oposição conservadora, núcleos de neonazistas, membros do grupo terrorista que se opôs à independência da Argélia, a OAS, militantes e quadros do partido de extrema direita Frente Nacional, nostálgicos da monarquia da Ação Francesa, pequenos grupelhos xenófobos das Juventudes Nacionalistas, neonazistas do Bloco Identitário e um monte de famílias que vem a lei como uma ameaça à civilização ocidental.
Toda essa torrente está liderada por uma mulher, Frigide Barjot, uma ex-comediante e cronista mundana que se veste toda de rosa como um incongruente prato de confeitaria. A denominada Frigide teve seu caminho de Damasco em 2004, quando realizou uma peregrinação até a Virgem de Lourdes e se tornou uma fervorosa católica. Frigide Barjot se auto-considera como "a porta voz de Jesus". A líder deste bando intimidador considera que vive sob "uma ditadura" e, dirigindo-se ao presidente socialista François Hollande, disse certa vez: "Hollande quer sangue, e o terá". Como a lei também contempla a possibilidade de que duas pessoas do mesmo sexo possam adotar filhos, seus opositores se apoiam nesse capítulo para negar toda forma de homofobia: "nos preocupa que as crianças sejam educadas por dois pais ou duas mães", disse Frigide.
A carta cheia de pólvora enviada ao presidente da Assembleia Nacional tem o mesmo corte explícito. "Nossos métodos são mais radicais e expeditivos que as manifestações. Vocês quiseram a guerra, pois aí está ela". Mais adiante, o texto diz: "o matrimônio para todos equivale à supressão total do matrimônio. No caso de você ficar omisso diante desse ultimato, sua família política sofrerá fisicamente". O debate ultrapassou em muito o tema de lei e se tornou hoje uma clara mostra de descontentamento político contra François Hollande. No início das manifestações, os cartazes eram contra o texto, mas com o passar das semanas e das marchas cada vez mais massivas - chegando a reunir até 300 mil pessoas - o protesto se focalizou nos socialistas: hoje se veem muitas faixas pintadas que dizem "Hollande demissão". Outra afirma: "Hollande, não queremos tua lei sobre casamento homossexual, queremos trabalho".
Estes meses de debates, insultos, violência, missas ao ar livre e pessoas de joelhos na porta da Assembleia Nacional, frases arrebatadas e excitadas na televisão terminaram por fazer dos homossexuais um demônio perigoso, uma espécie de elemento tóxico da sociedade. A direita conseguiu com eles o mesmo que fez com os estrangeiros: transformá-los em um sinônimo de coisa nociva. O resultado é dramático para os homossexuais e as lésbicas mais jovens, com escassa experiência na discriminação. Agora, têm medo de serem reconhecidos e de serem agredidos por sua sexualidade. Em nome da integridade da família e da educação dos filhos por casais tradicionais, os bispos e padres que movem os fios de ódio por baixo de suas batinas terminaram por transtornar o perfil de um país exemplar. Em vez da concórdia promoveram a intolerância e a divisão. Com isso ressuscitaram e uniram em um mesmo rechaço a todos os ramos dos extremos.
Os protagonistas dessa primavera sombria francesa sonham com uma espécie de maio de 68 ao contrário, ou seja, ao invés de uma revolução libertadora dos costumes, uma revolução conservadora que volte a colocar a mordaça na sociedade.

Tradução: Katarina Peixoto