terça-feira, 18 de agosto de 2015

As Falhas de Joaquim Levy

As Falhas de Joaquim Levy


Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Nivaldo Cordeiro

O ministro Joaquim Levy está longe de ter posto em prática as medidas recomendadas pelo chamado “Consenso de Washington”, que poderiam liberalizar a economia brasileira e trazer de volta a prosperidade perdida. Mas ele fez ainda pior, ao abandonar o tripé de sustentação da saúde econômica do Estado, que bem ou mal foi seguido pela gestão do ex-presidente Lula. O desenvolvimentismo de Dilma Rousseff fez renascer a prática da irresponsabilidade fiscal com toda força, que trouxe o Brasil para a grave crise em que se encontra mergulhado. Assassinou o Plano Real.

O tripé é composto pelo superávit primário, suficiente para impedir o crescimento da dívida pública, o câmbio flutuante e o regime de metas de inflação, que baliza a política monetária. O que estamos vendo? A busca de superávit primário simplesmente foi abandonada em face da queda verificada na arrecadação tributária e da impossibilidade, ideológica assim como política, de a presidente Dilma Rousseff fazer qualquer corte nas despesas correntes. Como a arrecadação continuará a cair nos próximos meses, até onde a vista alcança, é possível dizer que Joaquim Levy assiste, de braços cruzados, à criação de um déficit gigantesco nas contas do governo.

O regime de câmbio flutuante também foi abandonado, com o Banco Central tentando controlar a aceleração da desvalorização cambial. Esta é agora impossível de ser controlada porque a expectativas pioraram muito e o fluxo de capitais para o Brasil minguou. A perda do grau de investimento, que pode ocorrer a qualquer momento, irá piorar a questão cambial em muito. Mesmo que o governo continue a fazer o câmbio “sujo”, vendendo dólares, não conseguirá deter a depreciação do câmbio. Ademais, essa tentativa retarda o alcance da taxa cambial “verdadeira”, que retrate o momento que a economia está vivendo e possibilite ter grandes superávits na balança comercial, necessários para a administração da economia brasileira.

As metas inflacionárias foram esquecidas, mesmo abandonadas. A inflação disparou em face do desarranjo das contas do Estado e do tarifaço atabalhoado que foi realizado nos final do ano passado. Podíamos aqui arremedar a presidente Dilma Rousseff: ela vai esperar ter o número da inflação e, aí então, dobrar a meta. A inflação está sem administração alguma. Já alcançou a fatídica taxa dos dois dígitos. A taxa de juros está sendo elevada unicamente para impedir que os detentores da dívida pública tenham remuneração positiva, acima da inflação. Do contrário, teríamos fuga de capitais e incapacidade do governo de gerenciar a dívida pública.

O Brasil está no pior dos mundos e o pior mesmo é que o governo está inerme. É claro que o ministro Joaquim Levy sabe qual é o caminho das pedras, mas está impedido de trilha-lo. Não tem apoio da presidente da República e não tem qualquer força política. Está como boi de presépio, enfeitando a Esplanada dos ministérios. Deixou de ser o garantidor da boa política econômica. Rendeu-se ao status quo petista.

A propósito, a única coisa que o ministro Levy tem feito é negativa, que é a reiterada proclamação que fez e continua fazendo de tentar elevar impostos. Isso não pode acontecer e penso que o Congresso Nacional não endossaria iniciativas para novos tributos e elevação dos antigos. O ministro Levy assim endossou a proposta política do PT, que é elevar a tributação onde for possível e deixar os gastos correntes galoparem, numa suposta política anticíclica.

O que esse ministro está fazendo lá? Meramente esquentando a cadeira e comendo os pratos feitos na Casa Civil e no Ministério do Planejamento. Assina os decretos que nunca redigiu e endossa proposituras legislativas que são a própria negação de sua boa formação de economistas. Se eu pudesse diria para o Levy o que Roberto Jefferson disse para o José Dirceu, em outra situação, mas muito apropriado: “Sai já daí, Levy.”

Nivaldo Cordeiro é Jornalista. Originalmente publicado no site do autor em 17 de agosto de 2015.

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