domingo, 29 de setembro de 2013

Cada 4 segundos ocorre um deslocamento forçado

Cada 4 segundos ocorre um deslocamento forçado

25.09.2013
 
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GENEBRA/SUIÇA - Em 2012, a cada quatro segundos uma pessoa teve que fazer um deslocamento forçado no mundo por questões humanitárias, segundo o Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur), no relatório Tendências Globais 2012. O mundo tem 45,2 milhões de pessoas nessa situação. A população é a maior desde 1993, ano dos conflitos na Bósnia, em Ruanda e no Burundi.
Por ANTONIO CARLOS LACERDA
O grupo de pessoas nessa situação inclui 15,4 milhões de refugiados, 28,8 milhões de pessoas forçadas a se deslocarem dentro de seus próprios países e 937 mil que solicitaram pedido de asilo, além dos apátridas, que nasceram em outro país enquanto a mãe estava refugiada. A apátrida é a "condição de um indivíduo que não é considerado como um nacional por nenhum Estado", explica o Acnur.
De acordo com o Acnur, 48% dos refugiados são mulheres e 46%, menores de 18 anos. Os dados mostram que as famílias são as principais afetadas e estão se deslocando conjuntamente, de acordo com Andrés Ramirez, representante do órgão no Brasil.
No ano de 2012, foram registrados 7,6 milhões de novos deslocamentos forçados, sendo 6,5 milhões internos e 1,1 milhão de refugiados. As principais crises humanitárias que levaram a esse quadro foram as da Síria, República Democrática do Congo, do Mali e do Sudão/Sudão Sul, que seguem sem solução.
Da população total de pessoas deslocadas, 35,8 milhões estão sob responsabilidade do Acnur, e a outra parte, a cargo de demais organismos internacionais.
Segundo o estudo, 55% dos refugiados vêm de cinco países: Afeganistão (2,5 milhões), Somália (1,3 milhão), Iraque (746 mil), Síria (728 mil) e Sudão (569 mil). Entre eles, na Somália, além dos conflitos, o povo ainda enfrenta grave estiagem, segundo Ramirez.
"Na Somália, o conflito e o desrespeito aos direitos humanos se soma a um desastre natural, uma seca muito grande. Vai ser esse o tipo de deslocamento do futuro, e que já está ocorrendo atualmente", disse.
A maior parte dos refugiados migra para países vizinhos, que são subdesenvolvidos em 81% dos casos.
Mais de 50% dos refugiados protegidos pelo Acnur estão em países com PIB (Produto Interno Bruto) per capita menor de US$ 5 mil por ano. Paquistão, Irã, Alemanha, Quênia e Síria são os países que mais recebem refugiados.
De acordo com Ramirez, o Brasil tem uma legislação avançada para tratar da questão dos refugiados, mas recebe poucos por não ser vizinho a nações com grandes conflitos. Segundo o Comitê Nacional para Refugiados, 4,3 mil vivem atualmente no Brasil.
"Não é o desempenho do país que faz com que os refugiados o procurem. A grande maioria dos conflitos do mundo fica longe do Brasil. Mesmo os colombianos, preferem ir para o Equador, porque a fronteira com o Brasil é difícil de atravessar por causa da Amazônia", explicou.

ANTONIO CARLOS LACERDA é Correspondente Internacional do PRAVDA.RU

O nascimento de um novo "bloco do atômico" na Europa oriental

O nascimento de um novo "bloco do atômico" na Europa oriental

28.09.2013
 
O nascimento de um novo
Enquanto a Alemanha segue seu programa para abandonar a energia nuclear, seus vizinhos do Leste iniciam a construção de reatores. Para a Hungria, Polônia, República Tcheca e Eslováquia, trata-se de conquistar independência energética com relação ao gás russo
por Hélène Bienvenu e Sébastien Gobert
Le Monde Diplomatique
"A central nuclear é a melhor coisa que já nos aconteceu." O bigode bem aparado, o olhar fixo, János Hajdú exibe uma satisfação sincera. Acima de sua escrivaninha, o prefeito de Paks pendurou a bandeira oficial da cidade, que mostra o símbolo prateado do átomo. "Paks é uma pequena cidade de 19.500 habitantes, mas os salários são mais elevados do que a média nacional, e nossa infraestrutura é melhor. Pessoas vêm de todo o país para visitar a central. É o nosso orgulho." Nas margens do Danúbio, no centro da Hungria, a energia nuclear não parece gerar debates. Hajdú, um defensor fervoroso do átomo, apresenta como prova disso sua reeleição, em outubro de 2010, para um terceiro mandato consecutivo. "O governo fala atualmente em expandir a central. Nós esperamos isso com impaciência, porque o país vai ganhar em independência energética, e a cidade em dinamismo."
A menos de 5 quilômetros dali, no final de uma pequena estrada ladeada de árvores, os dois blocos de um verde desbotado da MVM Paksi Atomeromu, a central de Paks, abrigam uma atividade transbordante. Com ar jovial, Csaba Dohóczki, gerente de comunicações do complexo, nos garante a máxima segurança do local: "Mais de 2,4 mil pessoas trabalham aqui. Vocês veem, é um verdadeiro formigueiro". Depois de verificações rápidas, ele leva o visitante por meandros do bloco das unidades 1 e 2. Aqui ocorreu um incidente em abril de 2003, classificado como 3 na Escala Internacional de Eventos Nucleares (Ines),1 quando do reabastecimento anual do combustível do reator 2, que ficou fora de serviço por cerca de dezoito meses. "Recebemos o aval das autoridades de segurança húngara e internacionais para reiniciar as operações. No início de 2012, superamos sem dificuldade os stress tests da Comissão Europeia. E, no final do ano, a duração da operação do reator 1 foi prorrogada até 2032. O que equivale a dizer que desfrutamos de um nível muito alto de confiança."
Uma vez no corredor de observação com vista para a enorme sala dos reatores, o tom se torna mais solene: "Entre essas paredes, nossos quatro reatores produzem 43% da eletricidade do país", diz Dohóczki indicando as instalações. "Nós nos colocamos numa transparência máxima porque assegurar o apoio não só dos nossos vizinhos, mas também do público em geral, é de suma importância." Um apoio que o governo húngaro parece considerar como adquirido. Ele está envolvido na construção de dois novos reatores em Paks, com vista a aumentar a participação da energia nuclear para 60% da eletricidade do país até 2025.
Em uma União Europeia cada vez mais reservada sobre os benefícios do átomo após o choque com a catástrofe de Fukushima, no Japão, em março de 2011, a iniciativa pode ser surpreendente. A política de Budapeste se inscreve, no entanto, em uma tendência regional. Hungria, Eslováquia, República Tcheca e Polônia, os quatro países que compõem o Grupo de Visegrád, ou V4 (ver abaixo o box "Uma estrutura de apoio mútuo"), fazem da energia nuclear um componente essencial da sua política energética e uma ferramenta de emancipação diante das importações de petróleo russo.
Essa inclinação remonta à cooperação dos regimes do antigo bloco socialista. Em 1958, a falecida Tchecoslováquia tinha iniciado a construção de seu primeiro reator, de tipo experimental KS150/A-1, em Jaslovské Bohunice.2 Colocados em atividade em sua maior parte nos anos 1980, catorze reatores, todos do tipo VVER com água pressurizada, de inspiração soviética, estão hoje a serviço em cinco centrais: Paks, na Hungria; Jaslovské Bohunice e Mochovce, na Eslováquia (quatro reatores produzindo 54% da eletricidade do país); e Dukovany e Temelín, na República Tcheca (seis reatores e 33% da geração de eletricidade). Tal como para a unidade de Paks, as autoridades pretendem estender por um período significativo a atividade da maioria desses reatores. E projetam instalar ali capacidades adicionais, como os dois VVER-440/V-213 de Mochovce, que deverão ser colocados em operação até o final de 2014. Duas novas unidades também devem ser adicionadas a Temelín, uma a Dukovany, e duas a Jaslovské Bohunice.
A República Popular da Polônia havia demorado a iniciar a construção de uma primeira central em Zarnowiec nas margens do mar Báltico. O impacto da explosão do reator 4 de Chernobyl, em abril de 1986, bem como as mudanças políticas e econômicas no final dos anos 1980 tinham tido efeito no projeto. A construção foi interrompida em dezembro de 1990, e os equipamentos destinados à central foram revendidos. "Foi uma benção inesperada para Paks, que teve condições de adquirir um tanque de reator a preço módico", revela Dohóczki com um sorriso sincero. O executivo polonês, que trabalha há vários anos para diversificar sua produção de energia elétrica, atualmente dependente em 86,5% do carvão, lançou um programa de desenvolvimento de energia nuclear que prevê a construção de duas centrais por volta de 2025.
O Grupo de Visegrád é baseado em um apoio tradicionalmente forte do público. Em março de 2010, o eurobarômetro "Os Europeus e a Segurança Nuclear", constatava que 86% dos entrevistados na República Tcheca, 76% na Eslováquia e na Hungria e 70% na Polônia se pronunciavam a favor de manter ou aumentar a cota de energia nuclear no leque energético. "Nenhum estudo comparativo foi realizado em grande escala desde Fukushima, com medo que se revele uma desaprovação significativa. Mas, quase dois anos depois, descobri que não houve um movimento de oposição forte", admite, não sem amargura, Jakub Patocka, ex-líder do Strana Zelených, o partido verde tcheco.
Nenhum partido verde tem assento nos parlamentos nacionais dos V4, exceto os oito deputados do partido húngaro "Outra Política É Possível" (Lehet Más a Politika, LMP).3 "Essa situação nos coloca em desacordo com nossos vizinhos austríacos, que recusaram por meio de um referendo o uso da energia nuclear desde 1978, e especialmente em relação aos alemães e sua EnergieWende [revolução energética]", constata Patocka. De fato, em junho de 2011, o governo de Angela Merkel anunciou o fechamento imediato de oito dos dezessete reatores alemães, e a eliminação progressiva do uso de energia nuclear até 2022. Essa decisão histórica recoloca em questão, pelo menos num plano retórico, as perspectivas do átomo no seio da União Europeia, e explica, em parte, a rejeição pelos eleitores lituanos e búlgaros de projetos de construção de novas usinas em seus territórios.4
À margem de uma Europa assolada pela dúvida, os V4 formam assim um novo "bloco do átomo", que pretende agora fazer respeitar suas orientações. "A Eslováquia teve de se decidir pelo fechamento de dois de seus reatores em Jaslovské Bohunice, porque essa era uma das condições de sua adesão à UE", lembra Kristián Takác, assessor especial do ministro da economia eslovaca. "Nossos especialistas duvidavam da necessidade do fechamento. E, como resultado da perda desses dois reatores, a Eslováquia tornou-se uma importadora líquida de eletricidade." Como na República Tcheca, os projetos de expansão nuclear eslovacos são motivados por um ganho de independência energética, mas também pela perspectiva de exportar a eletricidade para os países vizinhos. "Sem suas capacidades nucleares, a Alemanha logo experimentará uma necessidade crescente de energia elétrica. Estaremos lá para fornecê-la", prevê Takac, muito reservado em relação à política de Berlim.
Especialmente pelo fato de que a "revolução energética" tem consequências significativas na região. "A rede de distribuição alemã não está adaptada para as fortes flutuações de potência no trânsito entre os grandes parques eólicos do norte do país e os centros industriais do sul.5 Perturbações muito preocupantes, portanto, afetam as redes polonesa e tcheca", critica Václav Bartuska, porta-voz do governo tcheco para a expansão da central de Temelín. Poloneses e tchecos estão tentando instalar transformadores e "divisores de fase" em suas fronteiras com a Alemanha para conter esses fluxos instáveis e prevenir um superaquecimento descontrolado. "Quando se fala de consolidar um mercado europeu da energia, a escolha que os alemães fizeram não poderia ser mais egoísta e sem consulta prévia."
Esse não é o primeiro confronto que a República Tcheca tem com seus vizinhos. A construção de Temelín, no final dos anos 1990, havia despertado fortes protestos alemães e austríacos. Paralelamente às ações de organizações antinucleares, que, em setembro de 2000, por exemplo, haviam bloqueado os 26 pontos de passagem entre a Áustria e a República Tcheca, Andreas Molin, porta-voz do governo austríaco para assuntos nucleares, tinha criticado os critérios de segurança de Temelín e reivindicado o alinhamento deles com os das centrais alemãs, que estariam entre os mais elevados da Europa. "Houve uma grande celeuma em torno das centrais desses 'novos' países", lamenta Pál Vincze, chefe do departamento de engenharia da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) em Viena.6 "Foi muito barulho por nada. De várias maneiras, suas condições de segurança são, aliás, muito mais elaboradas do que as das centrais de outros países europeus."
Porém, certa desconfiança ainda parece subsistir em ambos os lados da fronteira. Nos corredores do Ministério do Meio Ambiente, em Viena, cada porta é carimbada com o slogan "AtomFrei!" ("Sem energia nuclear!"). Em seu escritório, Molin defende sempre a mesma posição com um tom professoral. "Sim, a segurança das usinas que operam logo além das nossas fronteiras nos preocupa. Não, nós não damos instruções aos nossos vizinhos." Ele não esconde, contudo, sua satisfação com a declaração de uma iniciativa recente do governo, que pretende emitir "certificados de origem" para a eletricidade importada na Áustria a fim de garantir que esta não foi gerada por um reator nuclear. Um sistema complexo, denunciado pelos vizinhos como uma nova forma de ingerência de Viena em sua política energética. "Como consumidores, só pedimos uma garantia de qualidade da energia elétrica que compramos", defende-se Molin. "Pretendemos preservar nosso sucesso em matéria de renováveis. E se tal sistema pode incentivar nossos fornecedores a desenvolver energias 'limpas', tanto melhor."
Do outro lado da fronteira, na República Tcheca, os renováveis fazem ranger os dentes (ver abaixo o box "E as energias renováveis?"). "Não somente nossos países não dispõem da usina hidráulica austríaca ou das eólicas alemãs, como também vemos que eles não são autossuficientes", argumenta Iva Kubánová, gerente de qualidade e de segurança das futuras unidades 3 e 4 da central de Temelín no seio das empresas de energia tchecas (Ceske Energeticke Závody, CEZ), a companhia dominante no mercado nacional. "Mesmo os alemães já reabrem as centrais de carvão para compensar a parada de seus reatores! Não vejo nisso um bom exemplo de desenvolvimento 'verde'. Na República Tcheca, a energia nuclear é acessível, confiável e limpa."
Como a Magyar Villamos Muvek Zrt. (MVM) na Hungria e a Slovenské Elektrárne-ENEL na Eslováquia,7 a empresa tcheca confere a si os meios de fazer valer seus argumentos. No vilarejo de Temelin, a menos de 3 quilômetros da central, a cor laranja do logotipo da CEZ está em toda parte, inclusive nas instalações do clube de futebol e do bar-restaurante local. Em 2011, o grupo gastou 432,7 milhões de coroas tchecas (aproximadamente R$ 35 milhões) em programas de patrocínio, especialmente nas regiões onde estão localizadas as centrais. "Queremos ser vistos como bons vizinhos. É normal que possamos contribuir para a vida das comunidades afetadas", diz Kubánová.
"Isso é propaganda", denuncia Jan Haverkamp, responsável por várias campanhas antinucleares para o Greenpeace e alvo do ódio das empresas energéticas locais. "Suas assim chamadas campanhas de informação visam somente a demonstrar por A + B que a energia nuclear é totalmente segura, e que não existe uma alternativa digna de crédito. E, em paralelo, eles compram a opinião pública com generosas doações."
O argumento encontra um eco certeiro ao norte, enquanto o governo polonês e a Polska Grupa Energetyczna (PGE SA, grupo de energia da Polônia), a maior produtora de eletricidade do país, lançaram uma série de consultas sobre a colocação em prática do programa de energia nuclear adotado em janeiro de 2011. De acordo com o primeiro-ministro Donald Tusk, a construção de duas centrais, que produziriam sozinhas 6 mil megawatts (MW) de energia elétrica, exigiria 40 bilhões de zlotys (cerca de R$ 25 bilhões). "Esperamos colocar o primeiro reator em operação em 2023-2024", afirma Hanna Trojanowska, subsecretária de Estado para a Economia e plenipotenciária de Energia Nuclear, ao mesmo tempo que reconhece que, uma vez concluída, a usina produzirá 17% da eletricidade do país.
"A Polônia é o último grande país na Europa a não ter vivido sua 'experiência nuclear'. Não acho que esse projeto atenda a uma necessidade real, mas sim a uma questão de orgulho nacional", assinala Andrzej Rozenek, porta-voz do Ruch Palikota (Movimento de Palikot) na Sejm (Dieta), a câmara baixa do Parlamento. Ainda que a maioria das forças políticas apoie a produção de energia nuclear na Polônia, o átomo parece ser menos consenso ali do que nos V4. O programa só foi apoiado por 52% da população no final de 2012, e enfrenta forte contestação, especialmente na seleção dos locais para a construção das usinas de energia. "Os moradores do vilarejo de Gąski se pronunciaram de forma clara, por referendo, contra a instalação de uma usina no município. Se o governo polonês diz ser democrático, é impossível que ele se sobreponha a isso", defende Beata Maciejewska, cofundadora do think-tank Zielony Instytut (Instituto Verde). Hanna Trojanowska não planeja organizar um referendo nacional, mas garante receber apoio crescente do público polonês à medida que progride a campanha de "informação e educação" que está promovendo. Uma campanha, que seria semelhante, também na Polônia, a um tipo de "propaganda", diz Maciejewska, condenando a "teimosia" do governo como um "absurdo, especialmente em um período de desaceleração econômica".
A Polônia, que garante em 2012-2013 a presidência rotativa do Grupo Visegrád, estabeleceu entre suas prioridades a "promoção da energia nuclear como fonte de energia equivalente [a outras fontes]" e a criação de um grupo de trabalho intergovernamental sobre o tema. Apesar da recente integração dos mercados de eletricidade tcheco, eslovaco e húngaro, a modernização e a melhoria das interconexões regionais, condição para uma verdadeira regionalização da geração nuclear, no entanto, não está na ordem do dia. "Cada um quer a sua central", diz Gérard Cognet, delegado do Comissariado de Energia Atômica (CEA) para a região. "Mas, se todas elas forem construídas, todas juntas não poderão exportar para a Alemanha, lembrando que seu modelo de negócio é baseado na exportação."
Resta saber quem vai construir essas centrais e esses reatores. A França está muito envolvida no desenvolvimento de uma indústria nuclear na Polônia desde um encontro havido entre Tusk e Nicolas Sarkozy, em 5 de novembro de 2009. Nela, a Areva e sua parceira Electricité de France (EDF) propuseram reatores pressurizados europeus (Evolutionary Power Reactor, EPR) e estão entre os favoritos na seleção, que as opõe por hora ao grupo nipo-americano GE Hitachi e à norte-americana Westinghouse (controlada pela japonesa Toshiba). A publicação de uma concorrência está prevista para no máximo 2015. "Essa concorrência é fundamental para a Areva. Esta será sua última chance na região", declara, sorrindo, Haverkamp. Ele se refere à expulsão do grupo francês da competição para a construção das unidades 3 e 4 de Temelín, oficialmente por não atendimento dos requisitos legais do procedimento da concorrência.8 Uma exclusão "lamentável e difícil de compreender" na visão de Kubánová, tanto mais pelo fato de essa concorrência ser considerada uma primeira etapa para os outros projetos de reatores na região, impulsionados em parte pelo consórcio Jadrová Energetická Spoločnosť Slovenska (Jess, empresa de energia nuclear da Eslováquia), da qual são coproprietárias a eslovaca Jadrová a Vyradovacia Spolocnost(Javys, Empresa Nuclear e de Desmantelamento) e a CEZ. Permanecem na disputa a Westinghouse, assim como um consórcio formado pelas empresas russas Atomstroïexport e Gidropress e pela tcheca Skoda JS, por sua vez controlada pela russa Fábricas Unidas de Maquinaria Pesada (Objedinennye Mashinostroitelnye Zavody, ZOM).
"Quando uma empresa é pequena, na sua estratégia de comunicação, espera-se que um dos seus concorrentes se beneficie disso. Foi exatamente o que aconteceu", analisa Konstantin Jacoby, consultor independente de energia com sede em Bratislava. Relembrando, com um toque de cinismo, que decisões geoestratégicas dessa magnitude têm a ver mais com as altas esferas políticas do que com simples regras da concorrência. "Os russos se tornaram essenciais na região", observa. "Eles contam com benefícios substanciais, como o conhecimento da tecnologia em atividade ou redes científicas e políticas formadas na década de 1980. Sua força está também em oferecer um 'pacote de presentes': construção, manutenção, gestão de resíduos etc. Eles até oferecem um financiamento complementar se necessário, como aparentemente é o caso da Hungria." Por trás desse pequeno homem cheio de vontade, um mapa detalha a localização das centrais no antigo espaço soviético, que forma círculos concêntricos a partir do coração industrial da Rússia. "O que é agora chamado de Europa central e oriental constitui o mercado natural da Rússia, organizado para proteger as áreas de produção do antigo império. Moscou não quer perder o controle sobre a rede existente."
A companhia estatal russa Rosatom também está trabalhando para construir uma central no enclave de Kaliningrado, e prevê sua colocação em operação em 2017. De sua parte, a Atomstroïexport se encarrega da construção de uma usina no oeste da Bielorrúsia, em grande parte financiada por fundos russos, cujo funcionamento está previsto para 2018-2019. A produção dessas centrais, destinada em parte à exportação, redefinirá o mapa de energia da região, fazendo da Rússia um fornecedor de eletricidade central.
Em outras capitais, esse ativismo também não passa despercebido. Em Budapeste, o especialista Péter Rohonyi, ex-Greenpeace, se diz certo de que os próximos dois reatores de Paks serão russos: "Nenhum governo húngaro nunca se rebelou contra a dependência energética da Rússia, como os poloneses foram capazes de fazer. Além disso, o urânio usado em Paks também vem quase inteiramente da Rússia". Ele chega mesmo a pensar numa eventual ajuda russa no financiamento das novas unidades de Paks, que aliviariam um Estado húngaro em grande dificuldade orçamentária. "Vemos que a CEZ não é tão forte como eles dizem, e não excluo a possibilidade de que ela saia do consórcio Jess. E, nesse caso, quem assumiria?", indaga, um pouco provocante. Uma pergunta para a qual Jacoby não tem resposta. Mas, para ele, a questão é clara: "Quem quer que ganhe a concorrência da Temelín ganhará o mercado do Leste Europeu".
Agora elevados à categoria de grandes clientes de uma indústria europeia com futuro incerto desde o acidente de Fukushima, os países do Grupo de Visegrád ilustram um paradoxo: considerada na região como uma garantia de independência energética, a revitalização da energia nuclear está, no entanto, intimamente ligada à Rússia. E pode continuar assim pelas próximas décadas.

BOX:
E as energias renováveis?
"O carvão foi a energia do século XIX, a nuclear, a do século XX. Agora, os países mais avançados da Europa mostram que as energias renováveis são as do século XXI. Mas o governo polonês nada faz para se livrar da nossa dependência do carvão e, ainda por cima, quer passar para a energia nuclear? Isso não faz sentido!" Com os olhos arregalados por trás dos grandes óculos verdes, Dariusz Swzed, cofundador do partido polonês Zieloni 2004 (Verde 2004), fica indignado com "a inconsciência ecológica" do governo de Donald Tusk em particular, e dos líderes dos V4 em geral. Estes planejam aumentar a cota das energias renováveis, sejam elas a eólica, a solar ou a de biomassa na geração de energia elétrica até 2020. Mas suas ambições são inferiores aos objetivos da Estratégia Europa 2020, que visa a produzir nessa época 20% da eletricidade da União Europeia a partir de energias renováveis. A Polônia, que tabela pelo mesmo prazo, em uma proporção de 15,48%, tem a meta de 16% até 2030.
"Sem a União Europeia, não haveria desenvolvimento das energias renováveis na região", prossegue Swzed. "A popularidade do átomo é uma manifestação clara da 'corpocracia' em que vivemos. Os grupos industriais do setor não têm interesse na descentralização dos centros de produção." De acordo com um estudo da associação de ONG Coalizão para o Clima (Koalicja Klimatyczna), seria possível produzir pelo menos 19% da eletricidade polonesa a partir de fontes renováveis até 2020, e assegurar em seguida um aumento de 2% ao ano.
Uma estimativa irreal, diz Hanna Trojanowska, subsecretária de Estado para a Economia e plenipotenciária para a energia nuclear: "As energias renováveis são importantes para o nosso futuro. Mas, por causa da sua menor capacidade, elas nunca terão condições de substituir as usinas nucleares". Uma opinião compartilhada por Iva Kubánová, gerente de qualidade e segurança das futuras unidades 3 e 4 da central de Temelín nas Empresas Tchecas de Energia (Ceske Energeticke Závody CEZ), a empresa energética dominante no mercado tcheco: "A CEZ investiu em energias renováveis onde isso é pertinente. Operamos em um dos maiores parques eólicos da Europa, em Fântânele-Cogealac, na Romênia. Mas, em nossos países, o potencial e os meios são muito mais baixos, e é bem maior o custo de funcionamento da energia renovável".
"Na Romênia, a CEZ não tem interesse na energia nuclear, e pode, portanto, investir em energias renováveis", decifra Jan Haverkamp, do Greenpeace. "Mas, na República Tcheca, entre 2009 e 2011, a empresa realizou com o governo um impulso artificial dos painéis solares. Isso resultou em um forte desperdício de subsídios públicos, em um fraco retorno sobre o investimento e em um descrédito quase total da energia solar. É muito revelador: na região, não há nenhuma possibilidade para as energias renováveis." [H. B. e S. G.]
Uma estrutura de apoio mútuo
O Grupo de Visegrád (V4) nasceu em fevereiro de 1991 em uma reunião de cúpula entre Polônia, Hungria e Tchecoslováquia na cidadela medieval de Visegrád, Hungria.
Originalmente concebido como uma estrutura de apoio mútuo para a integração europeia de uma região recém-libertada da tutela soviética, o grupo sobreviveu à adesão dos quatro países à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e à União Europeia, para se transformar em um fórum intergovernamental. Na ausência de instituições permanentes, ele dispõe de uma presidência rotativa anual, assim como do Fundo Internacional Visegrád. Com um orçamento de 7 milhões de euros em 2012, este visa conceder bolsas de estudo assim como subvenções artísticas e culturais.
A cooperação entre os V4 se refere a áreas específicas, como educação ou defesa. Em março de 2013, a criação de uma força militar comum de intervenção com 3 mil homens, que entrará em operação até 2016, foi anunciada. Trata-se de uma iniciativa conjunta com o Triângulo de Weimar, que inclui a França, a Alemanha e a Polônia. Os esforços para criar um espaço de energia regional permanecem, no entanto, quase nulos. [S. G. e H. B.]

Hélène Bienvenu e Sébastien Gobert
Jornalistas
1 A Ines tem oito níveis numerados de 0 a 7.
2 Após um acidente de tipo Ines 4 ocorrido durante a recarga do combustível nuclear, em 1977, esse reator foi desligado. Atualmente, está sendo desmantelado. Dois reatores VVER-440/V-230 foram iniciados em Jaslovské Bohunice em 1978 e 1980. Com seus critérios de segurança sendo julgados inadequados por especialistas internacionais, acabaram sendo desativados em 2006 e 2008.
3 A LMP dispunha de quinze deputados no Parlamento até a cisão do partido em janeiro de 2013. No entanto, os sete deputados dissidentes continuam a reivindicar sua filiação ecológica.
4 Na Lituânia, 64,77% dos eleitores no referendo consultivo de 14 de outubro de 2012 se pronunciaram contra a construção de uma nova central nuclear. Em contraste, os eleitores búlgaros apoiaram, numa porcentagem de 61,49%, um projeto semelhante em 27 de janeiro de 2013. Mas, como a taxa de participação não ultrapassou 20,22% em vez dos 60% exigidos, os resultados da votação foram invalidados.
5 Ler Aurélien Bernier, "L'acheminement de l'électricité verte, alibi de la privatisation" [O fornecimento da eletricidade verde, álibi da privatização], Le Monde Diplomatique, maio 2013.
6 Ler Agnes Sinai, "Un gendarme du nucléaire bien peu indépendant" [Um policial da energia nuclear bem pouco independente], Le Monde Diplomatique, dez. 2012.
7 Magyar Villamos MűvekZrt.: Empresa de Energia Húngara; Slovenské Elektrárne: Eletricidade da Eslováquia. O Enel é um grupo de energia italiano.
8 Segundo a direção da Areva, "a decisão de exclusão foi tomada em violação da lei tcheca e do código dos mercados públicos". Um primeiro recurso foi rejeitado em fevereiro de 2013. O grupo entrou com um segundo recurso, em meados de março.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Caçadores de bons exemplos

Caçadores de bons exemplos

25.09.2013 | Fonte de informações: 

Pravda.ru

 
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É Fantástico! Quem diria? Em meio a tantas futilidades que a "revista semanal" da TV Globo leva ao ar todos os domingos, no programa do dia 15 uma reportagem de Marcelo Canellas fugiu à regra. Com imagens do cinegrafista Lúcio Alves, ele acompanhou a saga do casal Iara e Eduardo Xavier, os "Caçadores de bons exemplos".

Orlando Pontes*
Os dois resolveram abandonar a vida tranquila que levavam na pacata Divinópolis, no interior de Minas Gerais para uma empreitada digna de reconhecimento: encontrar em todo o território nacional pessoas que desenvolvam ações em prol do próximo.
O primeiro passo foi pedir demissão de seus respectivos empregos e vender o único imóvel que possuíam. Com o dinheiro, equiparam um carro e o personalizaram com os dizeres "caçadores de bons exemplos". E puseram o pé na estrada, adotando como regra número um não consultar internet ou qualquer outro tipo de mídia.
Iara e Eduardo simplesmente chegam nas cidades e conversam com populares. Se receberem alguma indicação sobre alguém que faça trabalhos voltados para ajudar o próximo, imediatamente deslocam-se para lá, sem qualquer aviso prévio. O objetivo é verificar o que é feito sem maquiagem.
Até o início deste mês, o casal já havia percorrido 160 mil quilômetros e catalogado - pasmem! - mais de 700 (setecentos) projetos de solidariedade em 18 diferentes estados brasileiros. Tudo é filmado, com a coleta de depoimentos e os dados entram para um arquivo que eles estão produzindo sem ainda saber como o utilizarão no futuro.
Os planos do casal são de continuar com o pé na estrada até o final de 2015. Iara, emocionada com as novas experiências que vive a cada dia, revela que o dinheiro está acabando, mas a determinação de seguir em frente só aumenta. "Vamos a pé, de mochila nas costas", garante. Eduardo concorda.
O que impulsiona a dupla são exemplos como o projeto "Canarinhos da Amazônia", um coral em Roraima que livra crianças da pobreza extrema pela força da música. Ou a iniciativa de uma mulher chamada Maria das Dores, que preside o projeto Anjos de Luz, em Boa Vista. Das Dores tem uma filha com deficiência e decidiu ajudar famílias camponesas a procurar tratamento na capital do estado.
Em Manaus (AM), o casal localizou o Instituto Alguém. A única filha da diretora, Carolina Varella, morreu aos 7 anos de um tipo raro de câncer. A partir daí, passou a lutar para dar condições a famílias pobres a tratar seus filhos em hospitais de referência.
Quem dera a vênus platinada aproveitasse sua condição de líder de audiência para pautar matérias como esta de Marcelo Canellas. Isto sim, seria Fantástico.
*Orlando Pontes é diretor e editor do semanário BSB Capital em Brasilia

Brasil já tem 883 mil pessoas com os seus direitos políticos suspensos

Brasil já tem 883 mil pessoas com os seus direitos políticos suspensos

26.09.2013
 
Brasil já tem 883 mil pessoas com os seus direitos políticos suspensos. 18916.jpeg
BRASILIA/BRASIL - Atualmente, 883.222 brasileiros estão com os direitos políticos suspensos, por força de lei, segundo levantamento feito na base de dados da Justiça Eleitoral. Isso quer dizer que eles não podem votar nem ser votados, e tampouco podem filiar-se a partido político ou exercer cargo público, mesmo que não eletivo. A suspensão dos direitos políticos também impede, por exemplo, que a pessoa exerça cargo em entidade sindical.
Por ANTONIO CARLOS LACERDA
Segundo os dados, a condenação criminal é a maior causa para suspensão dos direitos políticos (657.299), seguida da incapacidade civil absoluta (143.873), instituto jurídico aplicado a pessoas consideradas absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil.
Em terceiro lugar estão os 76.833 brasileiros alistados no serviço militar, seguidos de 3.374 condenações por improbidade administrativa. A pena pela prática de improbidade administrativa é aplicada ao agente público quando se constata que houve enriquecimento ilícito no exercício de mandato, cargo, emprego ou função na administração pública direta, indireta ou nas fundações.
Outra causa de suspensão é de 272 brasileiros que moram em Portugal e optaram por exercer o direito a votar e ser votado naquele país. Firmado entre Brasil e Portugal, o Estatuto da Igualdade (Decreto 3.927/2001) prevê que quem optar por exercer os direitos políticos no Estado de residência terá suspenso o exercício dos mesmos direitos no Estado de nacionalidade.
Quem se recusa a cumprir obrigação a todos imposta, sendo o serviço militar um exemplo, também perde os direitos políticos. Atualmente, há 187 brasileiros nessa situação. Outras 1.384 pessoas também estão com os direitos políticos suspensos, mas foram inseridas num período em que o cadastro não distinguia os motivos.
O maior número de eleitores com os direitos políticos suspensos está no estado de São Paulo, somando 232.905. Em seguida vem Minas Gerais, com 94.017 suspensões, Rio Grande do Sul, com 81.083, Paraná, com 70.317, e Rio de Janeiro, com 57.533.
Os estados com menos eleitores com direitos políticos suspensos são Alagoas (4.051); Amapá (4.051); Tocantins (3.996); Piauí (3.800); e Roraima (1.892).
O artigo 15 da Constituição elenca as hipóteses de perda ou suspensão dos direitos e impede que eles sejam cassados. A rigor, a perda desses direitos ocorre somente no caso de cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado ou perda da nacionalidade brasileira.
A suspensão dos direitos políticos pode ser ocasionada por quatro motivos: incapacidade civil absoluta, condenação criminal transitada em julgado (quando não há mais possibilidade de recorrer da sentença), recusa de cumprir obrigação a todos imposta e a consequente prestação alternativa de serviço e, por fim, condenação por improbidade administrativa.
Existe ainda uma quinta causa: a conscrição, isto é, o alistamento militar. O parágrafo 2º do artigo 14 da Constituição proíbe aqueles que estiverem prestando o serviço militar de votar ou serem votados.
Incapacidade civil
As hipóteses de suspensão de direitos políticos por incapacidade civil absoluta estão relacionadas no Código Civil. Um dos exemplos são as pessoas que, por enfermidade ou deficiência mental, não possuem discernimento para o exercício dos direitos políticos. Também são enquadrados nesse instituto os menores de 16 anos e pessoas que, mesmo por causa transitória, não possam exprimir sua vontade.
A declaração da incapacidade civil deve ser decorrente de uma sentença de interdição transitada em julgado, que deve ser comunicada à Justiça Eleitoral.
Condenação criminal
Para fins de organização do cadastro da Justiça Eleitoral, a suspensão resultante de condenação criminal foi subdividida em três hipóteses. A primeira se trata da condenação criminal por sentença transitada em julgado, enquanto durar a pena arbitrada pelo julgador. Há 447.903 pessoas nessa situação.
A segunda refere-se à condenação criminal pela prática dos crimes previstos no item I da letra 'e' do artigo 1º da Lei das Inelegibilidades (Lei Complementar 64/1990), que inclui 207.119 brasileiros.
O dispositivo torna inelegível pessoas condenadas (decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado) por crimes contra a economia popular, a fé pública, a administração pública e o patrimônio público. A inelegibilidade aplica-se desde a condenação até o transcurso do prazo de oito anos após o cumprimento da pena.
Há ainda as condenações eleitorais também com trânsito em julgado, que somam 2.277. Com informações da Assessoria de Imprensa do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
ANTONIO CARLOS LACERDA é Correspondente Internacional do PRAVDA.RU

terça-feira, 24 de setembro de 2013

O Capítulo McCain-Putin, de ratos e homens

O Capítulo McCain-Putin, de ratos e homens

22.09.2013
O Capítulo McCain-Putin, de ratos e homens. 18898.jpeg
O discurso insolente e arrogante do Senador John McCain na Pravda.Ru em resposta à comunicação equilibrada e medida do Presidente Vladimir Putin para o povo dos Estados Unidos da América foi tão decepcionante como era previsível, sublinhando o perigo por baixo da superfície dos elitistas corporativos que executam as políticas de Washington.

Quando eu li o artigo "Apelo a cautela" do Presidente Vladimir Putin em The New York Times, eu vi um apelo diplomático razoável, educado e diligente de uma figura mundial experiente, com tanto gravitasquando kudos, fazendo uma abordagem para a construção de pontes em um momento delicado na história do mundo, balouçando em um precipício, o fruto da intrusiva política externa de Washington hoje baseada em apoiar terroristas no exterior, procuração para implementar a estratégia hegemónica dos EUA.

Ao John McCain foi dada a oportunidade e o espaço para responder em Pravda.Ru à carta do presidente Putin ao povo dos EUA. Em vez de escrever uma resposta madura, bem pensada e positiva, abordando a questão mais ampla e falando como um Estadista com letra grande no cenário mundial, John McCain providenciou-nos uma vista de aquilo que se encontra por baixo da crosta do Establishment político nos Estados Unidos. Foi-lhe dado a oportunidade de responder como um homem, ele escolheu o ponto de vista  microscópico de um ratinho.

Dada a oportunidade para sublinhar a sua credibilidade como um ex-candidato à liderança do seu Partido (GOP, Republicano) e como um candidato à Presidência do seu país - entre ele e a Casa Branca havia apenas um processo eleitoral - John McCain produziu uma página e um pouco de bílis, ódio, insolência, arrogância e ignorância em quantidades consideráveis​​, transformando o debate em um ataque pessoal contra Presidente Putin empregando uma abordagem vitriólica que, francamente, coloca a sua saúde mental e equilíbrio emocional em questão. Tanto assim, que eu esperei 48 horas para responder, sendo minha reação inicial não desrespeitar alguém que não deve estar bem, mas a pura insolência dos comentários de McCain não só merece, mas exige, uma resposta adequada.

Para começar, Presidente Putin foi eleito presidente de seu país, John McCain não. Em segundo lugar, a taxa de aprovação do presidente Putin entre os povos da Federação Russa paira entre sessenta e oitenta por cento - maior do que qualquer líder ocidental. Em terceiro lugar, se houvesse um amanhã eleição, Vladimir Putin venceria por uma margem enorme. Em quarto lugar, se John McCain favorece o segundo partido mais votado na Rússia, em seguida, ele apoia o Partido Comunista e os nacionalistas e liberais vêm muito depois na lista de partidos políticos mais votados.

Em seguida, se John McCain acha que não há liberdade de expressão na Rússia, então a publicação do seu artigo na Pravda.Ru, atacando o Presidente Putin, do começo ao fim, é prova de que tudo o que ele disse é um puro disparate.

Aqui, vemos nas manchetes dos mídia "corporativos" (MSM - Main-Stream Media) relatórios sobre o debate contendo um erro fundamental, ou seja, repetir constantemente o facto que Senador McCain tinha escolhido "o Pravda errado". Esta mentira, vindo de jornalistas e editores profissionais, é um espelho das mentiras que vendem como verdades e formam a opinião pública.

John McCain sabia muito bem em qual Pravda ele estava escrevendo porque sua equipe pediu, e recebeu, as estatísticas de circulação e todas as informações e documentação necessárias sobre o que é Pravda.Ru. E o que é Pravda.Ru ? Permitam-me citar as palavras do nosso Presidente, Vadim Gorshenin:

"Há dois sucessores do Pravda soviético hoje: Pravda.Ru (online) e Pravda (impressa) do Partido Comunista. Pravda.Ru foi criado por grandes nomes dos jornalistas do Pravda em 1999. Pravda do Partido Comunista foi registrado em 1991 como uma publicação recém-criada. Obviamente, as circulações não podem ser comparadas. Pravda.Ru tem mais de 200 mil visitantes todos os dias. A circulação do Pravda (impressa) do Partido Comunista é como um jornal de fábrica AvtoVAZ nos tempos soviéticos. Pravda.Ru é publicado em três idiomas. Sua versão em inglês vem em segundo lugar na Rússia após Russia Today. A versão em português é o primeiro no ranking da Rússia" .

O direito de Pravda.Ru a usar o nome PRAVDA e , inicialmente, para usar o mesmo logotipo como PRAVDA , foi concedida pelo Tribunal de Arbitragem na Rússia. Portanto, Pravda.Ru é um legítimo sucessor da Pravda soviética e tem toda a documentação a comprová-lo.

De volta ao artigo de John McCain no Pravda.Ru. A conclusão mais preocupante deste capítulo é o fato de que alguém com tão limitado intelecto, tão ignorante do quadro mais amplo, e arrogante na sua abordagem, pode chegar perto da Presidência dos EUA. Para responder a pontos de John McCain:

John McCain tem descaramento em falar sobre corrupção na Rússia, tanto mais porque quem é alguém na política dos EUA tem ligações com as corporações e lobbies que puxam as suas cordas. Quanto às alegações de que o Presidente Putin impera na Rússia para perpetuar seu poder, deixem-me lembrar ao Senador McCain que Presidente Putin, como qualquer outra pessoa na Rússia, está sujeito às normas consagrados na Constituição do país e qualquer perpetuação de seu mandato está sujeita a uma eleição democrática, livre e justa.

Vladimir Putin vence eleições, o Senador McCain perde-as.

Quanto à alegação pueril de que a mídia não é livre , deixem minha própria experiência brilhar como um exemplo: Eu trabalho na Pravda.Ru desde 1999, como correspondente, contribuinte para a versão em inglês e sou diretor da versão em português. Nunca qualquer dos meus artigos foi rejeitado nem recebi quaisquer limitações quanto ao que posso escrever. Além disso, eu coloco meus artigos directamente no jornal, sem qualquer mecanismo de controle ou censura.

Quanto à intolerância à orientação sexual na Rússia, como refere o Senador, se John McCain gosta de ver imagens de homens se beijando nos bancos dos parques ou fêmeas vestidas impropriamente pulando como laretas dentro de um local de culto, é sua prerrogativa e sua preferência. No país dele. A questão na Rússia não é de repressão, é sobre a preservação de valores. Não se trata de promover a homofobia, trata-se de coibir a "homofilia" em público e fechar práticas não- tradicionais para seu devido lugar atrás de portas fechadas, como qualquer mostra de afeição em público, na Rússia. Não estamos a falar do Brasil, nem de Angola, nem de Portugal, nem de Timor Leste, estamos a falar da Rússia e os costumes em prática entre os povos da Federação Russa.

A idade de consentimento na Rússia é de 16 anos de idade, independentemente da sua orientação sexual, transexuais e transgêneros têm permissão para mudar seu sexo legalmente, a homossexualidade não é considerada uma "doença mental" e não é um crime sob a lei russa, pessoas solteiras podem adotar crianças independentemente da sua orientação sexual, enquanto que os homossexuais podem servir nas forças armadas, sem qualquer tipo de restrição. A lei aprovada na DUMA (Parlamento) russa, escrito por russos para russos na Rússia, não para fala-baratos intrusivos do exterior, foi aprovada por 436 votos a favor a zero contra, uma abstenção... e foi uma lei que proíbe a propagação de atividades sexuais não-tradicionais com o intuito de proteger menores de cenas consideradas chocantes ou indecentes.

Finalmente, sobre a posição da Rússia na comunidade internacional, Presidente Putin levou a Rússia a uma posição de responsabilidade no cenário mundial, uma posição que respeita e não despreza a lei internacional como John McCain acusa, é uma posição que não encena eventos de "bandeira-falsa" para justificar guerras ilegais com base em mentiras simplesmente para satisfazer os interesses da elite corporativa em Washington e os seus Estados caniche na OTAN, é uma posição que coloca o Conselho de Segurança das Nações Unidas no centro da tomada de decisões e gestão de crises, e é uma posição que se baseia na política de debate, de diálogo e discussão, os fundamentos da democracia.

É flagrantemente aparente que o senador John McCain não compartilha desses valores e é totalmente ignorante das questões que ele tenta abordar na sua birra infantil na página russa e inglesa da Pravda.Ru. A analogia é a de um menino que teve a oportunidade de fazer um discurso em um palco frente a uma grande audiência e, em vez de dizer algo substantivo, diz infantilidades.

Comparando o Presidente Putin e o Senador McCain, por um lado temos um líder mundial responsável, ciente das questões em jogo, buscando a paz através do diálogo e por outro lado, temos quem parece um imbecil superficial, arrogante e irresponsável, cuja única graça salvadora teria sido "bêbado no comando de um teclado"... mas tenho a certeza que ele quis dizer cada palavra que ele disse.

A conclusão feliz, ao fim, é o fato de que a grande maioria dos comentários americanos sobre o artigo de McCain - mais de 90 por cento - são de cidadãos que estão hoje muito em linha com os corações e mentes da comunidade internacional. Hoje vemos as pessoas dos EUA como os nossos amigos, irmãos e irmãs. Esperei mais de cinquenta anos por este momento e estou muito feliz em abraçá-lo, e eles/elas.

McCain vê suas políticas de intrusão quedando em torno das suas orelhas enquanto sua casa de cartas patética, enfezada e fora do prazo se desmorona, enquanto ele transformou uma oportunidade de dizer algo grandioso numa palhaçada, fazendo um idiota de si mesmo em público, sendo rude, rancoroso, francamente desagradável e mostrando-se manifestamente ignorante. Putin estará cá ainda durante muitos anos. Quanto a McCain, dizem que o consumo de café e fazer palavras cruzadas ajudam muito.

O capítulo de McCain e Putin, de ratos e homens .

Timothy Bancroft - Hinchey
Pravda.Ru

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Já Vimos este filme...

Já Vimos este filme...

17.09.2013 | Fonte de informações: 

Pravda.ru

 
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Terroristas na Síria a utilizarem armas químicas

Já Vimos este filme...

A História repete-se. Os protagonistas são outros, mas as fórmulas são as mesmas de sempre...
Barack Obama apresentou-se aos americanos e ao Mundo com uma auréola de Esperança, em contraposição ao seu antecessor George W. Bush, que arrasou o Iraque, numa guerra cujas razões e objetivos anunciados não passaram de uma falsidade. Foi aberta apenas uma "Caixa de Pandora"... que fez despertar a velha e odiosa rivalidade entre sunitas e xiitas. Quase todas as semanas chegam notícias de violentos atentados bombistas que roubam a vida a dezenas de inocentes, num país cada vez mais destruído, primeiro pelos bombardeamentos norte-americanos, os tais cirúrgicos, e depois, sem um fim à vista, por bombas traiçoeiras e vingativas de grupos extremistas que lutam pelo predomínio da sua tribo e seita, numa guerra intestina que muito bem serve os interesses da Oligarquia Ocidental e em particular a dos USA. Esperava-se pois um Presidente diferente, não apenas na cor e no estilo, mas também na política, nomeadamente na sua componente externa, tanto que até recebeu um voto de confiança quando recebeu "antecipadamente" o Nobel da Paz de 2009, embora dirigisse um país em guerra no Afeganistão. Coisas da "Realpolitik"... Presta-se agora para repetir a dose na Síria, não obstante a oposição de cerca de 60% da opinião pública norte-americana e só contar com o apoio minoritário do Congresso, precisamente dos membros que fazem lóbi pela Industria Belicista acantonada no Pentágono, além de  mais de meio Mundo discordar de uma intervenção militar punitiva no país do ditador Basahr Al-Assad.
Num relatório classificado, divulgado pelo Wikileaks, dirigido, entre outros, à Casa Branca, datado de Dezembro de 2006, o Embaixador William Roebuck, assinala as fragilidades e contradições do regime de Assad e dele próprio, visando o seu derrube. Também recomenda que se aproveite o crescente receio dos sunitas, nomeadamente da Arábia Saudita, face à aproximação do ditador com o governo xiita do Irão. Quer os sauditas, quer os israelitas, não vêem com bons olhos uma aliança entre aqueles dois países. Significa tudo isto que pelo menos o desejo de intervenção na Síria tem quase sete anos de gestação...
Não nos devíamos de admirar com esta disposição indisfarçável dos USA, que é, nada menos nada mais, a repetição do mesmo que derrubou o regime de Saddam Hussein, no Iraque, nem com as contradições de um Poder Político, dito democrático, mas que vive e sobrevive da "generosidade" das Corporações Industriais e Financeiras que compram as Administrações da Casa Branca para que estas lhes façam depois o frete... Nenhum candidato à Presidência dos USA pode prescindir de doações em dinheiro em troca da promessa de "bons negócios". Acontece o mesmo com o Congresso, sendo que aqui os políticos são alimentados por luvas, também generosas, para que defendam os interesses da Oligarquia Financeira e Industrial, muitas vezes ao arrepio do bem geral do povo Norte-americano. Segundo o Robert B. Reich, que serviu várias Governos como Secretário do Trabalho, professor universitário e escritor, no seu livro "After-Shock: A Economia que se segue e o Futuro da América", de leitura obrigatória para quem não quer ficar pela rama dos noticiários, escreve que o gasto com lobistas disparou 1,44 mil milhões de dólares em 1998 para 3,47 mil milhões de dólares em 2009, ou seja, aumentou cerca de 141% !  Coincidentemente, a 2ª Guerra do Golfo e o início da operação no Afeganistão, ocorreram nesse espaço de tempo. Noutro passo, lemos que Durante as eleições de 2008, Wall Street fez chover sobre os candidatos um total de 155 milhões de dólares, sendo que a fatia de leão, 88 milhões de dólares, coube à campanha de Barack Obama. A Indústria Seguradora doou uma quantia equivalente para assegurar a "igualdade de oportunidades" ao nível das benesses da Administração. O Plano de Saúde que Obama conseguiu para os cerca de 50 milhões de pobres foi a moeda de troca desse apoio. Se atendermos aos números do Orçamento Federal atribuídos à Defesa (leia-se: Indústria Belicista.), que o autor não refere, mais de 50% do total que o resto do Mundo gasta, as doações e prebendas desta Corporação devem ultrapassar em muito os valores atrás referidos.
Durante muitos Séculos o fabrico de armas e a produção de munições foi uma atribuição exclusiva dos Reinos. Com o advento da Revolução Industrial e a ascensão da Burguesia, o Capital Privado começou a investir na Indústria Militar, oferecendo aos Governos equipamentos de produção em série de menor custo. Nos USA, o desenvolvimento industrial esteve desde sempre nas mãos de meia dúzia de Magnatas Capitalistas, que cresceram muito à sombra de concessões e licenças de mineração e de ferrovias dadas pelo Estado, e também de adjudicações do Governo para grandes obras e fornecimento de material militar. Há portanto neste país a tradição, muito enraizada, de ser o Capital Privado a investir no fabrico de armas e munições, quer em armamento ligeiro, quer no pesado, e o Governo encomendar-lhe o que precisa.
Pela natureza das coisas, as guerras tornam-se necessárias... Tornam-se, porque são uma oportunidade de negócio para a Corporação da Indústria Militar. Sem guerras não há lucros... Como as empresas estão cotadas em bolsa, significa que os seus acionistas e investidores especulativos, entre os quais existem milhares de pequenos apostadores, muitos são pensionistas, basta a expectativa de uma guerra para ganharem dinheiro... E a paz é logicamente um cenário indesejável... Daí que Wall Street esteja por estes dias a aquecer... Por outro lado, os principais sócios esperam dividendos a cada ano de exercício. Portanto, haja guerras!

Artur Rosa Teixeira
(artur.teixeira1946@gmail.com)
Ponta Delgada, 9 de Setembro de 2013

EUA fecham espaço aéreo para presidente venezuelano em viagem à China

EUA fecham espaço aéreo para presidente venezuelano em viagem à China"Denunciamos isto como mais uma agressão do imperialismo americano", disse o chanceler da Venezuela, Elías Jaua

Publicação: 19/09/2013 20:55 Atualização:

O chanceler da Venezuela, Elías Jaua, anunciou nesta quinta-feira que os Estados Unidos fecharam o espaço aéreo para o avião do presidente Nicolás Maduro durante a viagem que fará neste final de semana à China, decisão que o diplomata chamou de "agressão".

"Recebemos a informação das autoridades americanas de que negaram a passagem pelo espaço aéreo americano no Atlântico" durante a viagem de Maduro à China, disse o chanceler à imprensa, acrescentando que a Venezuela espera que os Estados Unidos "retifiquem" a decisão.

"Denunciamos isto como mais uma agressão do imperialismo americano contra o governo (...) Ninguém pode negar o sobrevoo a um avião que transporta um presidente da República em uma viagem de Estado internacional. Não há argumento válido para evitar este sobrevoo", acrescentou Jaua.

O chanceler, que viajará a Pequim com Maduro, indicou que o governo venezuelano espera "que as autoridades americanas retifiquem o erro que estão cometendo seus subalternos. Ainda achamos que tenha sido um erro de seus subalternos".

Jaua indicou também que o presidente realizará a viajam na data prevista e que o governo busca "outras opções de voo".

Venezuela e Estados Unidos mantêm relações conflituosas desde o governo do presidente falecido Hugo Chávez (1999-2013) e não têm embaixadores nos respectivos países desde 2010.

Kerry: ONU deve estar preparada para agir na Síria na próxima semana

Kerry: ONU deve estar preparada para agir na Síria na próxima semana"O Conselho de Segurança deve se preparar para agir na próxima semana" na Síria, declarou Kerry depois de um discurso inesperado no Departamento de Estado

Publicação: 19/09/2013 17:11 Atualização: 19/09/2013 17:47

Washington - "O secretário de Estado americano, John Kerry, pediu nesta quinta-feira que o Conselho de Segurança da ONU vote "na próxima semana" uma eventual resolução obrigando a Síria a respeitar um plano de desmantelamento de seu arsenal químico.
 Kerry afirmou que um relatório definitivo da ONU provou que o regime sírio estava por trás do ataque químico de 21 de agosto.
 "O Conselho de Segurança deve se preparar para agir na próxima semana" na Síria, declarou Kerry depois de um discurso inesperado no Departamento de Estado. Ele viaja no domingo a Nova York para a Assembleia Geral das Nações Unidas.
 "Eu diria à comunidade das nações que o tempo é curto. Não vamos perder tempo debatendo o que já sabemos", disse. "Em vez disso, temos que reconhecer que o mundo está observando para ver até onde podemos evitar uma ação militar e conseguir por meios pacíficos" destruir o arsenal de armas químicas da Síria, afirmou. "O desmantelamento total das armas químicas da Síria é possível aqui, por meio de meios pacíficos" insistiu Kerry.
A Rússia segue a posição do regime sírio de Bashar al-Assad, de que a rebelião é responsável pelo ataque com gás sarin, no qual Washington indica que cerca de 1.400 pessoas morreram. "Nós realmente não temos tempo hoje para fingir que qualquer um pode ter sua própria interpretação dos fatos, ao abordar a questão das armas químicas na Síria. Esta disputa sobre as armas químicas na Síria não é um jogo," disse Kerry.
Depois de um acordo feito com os russos ao fim de longas negociações em Genebra, na semana passada, o presidente sírio, Bashar al-Assad, deve apresentar uma lista completa de seu arsenal de armas químicas até o final desta semana.
O objetivo é colocar as armas sob controle internacional para que sejam destruídas até meados de 2014.
"Precisamos da ajuda de todos para vermos que o Conselho de Segurança faz jus aos seus valores fundadores e aprova uma resolução vinculante que represente um mecanismo mais forte o possível para atingirmos a meta rapidamente", acrescentou Kerry.

Manifestantes deixam pizzas na portaria do STF em protesto

Manifestantes deixam pizzas na portaria do STF em protestoOs dois se identificaram apenas como Ana e Tarso e se declararam integrantes do Movimento Novo Brasil

Publicação: 19/09/2013 18:16 Atualização:

Os dois manifestantes foram impedidos por seguranças do Supremo de entrar no prédio com as pizzas (José Cruz/ABr)
Os dois manifestantes foram impedidos por seguranças do Supremo de entrar no prédio com as pizzas
Dois manifestantes deixaram nesta quinta-feira (19/9) 37 pizzas na portaria do Supremo Tribunal Federal (STF) para protestar contra a decisão da Corte, que reabriu o julgamento de 12 réus condenados na Ação Penal 470, o processo do mensalão. Os dois se identificaram apenas como Ana e Tarso e se declararam integrantes do Movimento Novo Brasil. Eles disseram que “estão decepcionados com o resultado do julgamento”.

O protesto foi pacífico, sem incidentes. Os dois manifestantes foram impedidos por seguranças do Supremo de entrar no prédio com as pizzas. Assim, identificaram as 37 caixas com os nomes dos réus na ação penal e colocaram no chão. As caixas foram recolhidas pelos seguranças. Os ministros não viram o protesto, pois estavam em sessão de julgamento.
Na rede social Facebook, o movimento se identifica como uma "organização de fins pacíficos, com a finalidade de promover mudanças no país com o engajamento político; e para a prestação de serviços voluntários. Sua atuação gravita em torno da Revolução Educacional".

Por 6 votos a 5, o STF decidiu ontem (18) que 12 réus condenados no processo terão direito à reabertura do julgamento. Eles tiveram pelo menos quatro votos a favor da absolvição na análise de um crime.

Adiamento de Dilma aos EUA traduz sentimento de uma região, diz chanceler

Adiamento de Dilma aos EUA traduz sentimento de uma região, diz chancelerDilma anunciou terça-feira (17/9) que só marcará nova data para a visita de Estado aos EUA, depois que o presidente Barak Obama investigar as denúncias

Publicação: 19/09/2013 19:36 Atualização:

A decisão da presidente 'foi uma das mensagens mais importantes da região para o mundo nos últimos anos', disse nesta quinta-feira (19/9) o chanceler argentino Héctor Timerman (Andres Stapff/ REUTERS)
A decisão da presidente "foi uma das mensagens mais importantes da região para o mundo nos últimos anos", disse nesta quinta-feira (19/9) o chanceler argentino Héctor Timerman
Buenos Aires – A decisão da presidenta Dilma Rousseff de adiar a viagem aos Estados Unidos, programada para outubro, "foi uma das mensagens mais importantes da região para o mundo nos últimos anos", disse nesta quinta-feira (19/9) o chanceler argentino Héctor Timerman, durante encontro com o ministro brasileiro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo Machado.

Dilma anunciou terça-feira (17/9) que só marcará nova data para a visita de Estado aos EUA, depois que o presidente Barak Obama investigar as denúncias de que tanto ela quanto a Petrobras foram alvo de espionagem eletrônica por agências norte-americanas. Em nota oficial, Dilma exigiu do governo americano o compromisso de cessar as atividades de interceptação de correspondência e telefonemas alheios.
Este é o primeiro encontro bilateral de Timerman e Figueiredo, que assumiu o comando da diplomacia brasileira em agosto, no lugar de Antonio Patriota. Segundo Figueiredo, embora a espionagem cibernética não tenha sido o principal tema da conversa, Timerman elogiou muito a postura adotada pelo governo brasileiro, que resume "o sentimento de toda uma região".

Figueiredo e Timerman trataram também da questão das barreiras comerciais e dos avanços na elaboração de uma proposta, antes do final do ano, para um acordo de livre comércio entre o Mercado Comum do Sul (Mercosul) e a Uniao Europeia (UE).

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

O grande momento de Putin no cenário mundial

O grande momento de Putin no cenário mundial

11.09.2013
 
O grande momento de Putin no cenário mundial. 18856.jpeg
Os EUA acabaram gravemente isolados na reunião do G20 em São Petersburgo, no que tenha a ver com a questão síria. O melhor que os norte-americanos conseguiram dizer foi que o grupo dividiu-se ao meio - "cinquenta a cinquenta"[1] -, mas a fria realidade é que só Turquia, Canadá, Arábia Saudita e França aliaram-se à proposta dos EUA de atacar a Síria.

MK Bhadrakumar, Strategic Culture
http://www.strategic-culture.org/news/2013/09/07/putin-finest-hour-on-the-world-stage.html
Como fica, então, o presidente Barack Obama, nos terríveis dias ou semanas à frente?
A conferência de imprensa de Obama no G20, ontem, oferece alguns sinais. Obama falou em tom sombrio, sem as afirmações calorosas, nem o pensamento assertivo que lhe são frequentes como político e intelectual dotado. Basta dizer que Obama continua preso às suas armas, insistindo no caminho já gasto, sobre as questões discutidas. Pareceu, mesmo assim, mais introspectivo, procurando as ideias, como se elas lhe escapassem ao falar.
O tom em relação à Rússia foi notavelmente conciliatório, o que refletiu a aguda consciência de que, na questão da Síria, é Moscou quem está exercendo liderança mais convincente, não Washington... Obama, deve-se supor, já sabia da conferência de imprensa do presidente Vladimir Putin, antes, na tarde da 6ª-feira, na qual o presidente russo disse palavras que não se ouviam na história da diplomacia moderna desde a Revolução Bolchevique, há um século: "segundo várias pesquisas de opinião, a maioria das populações [ocidentais] estão do nosso lado [dos russos] e contra a ampliação de hostilidades."
De fato, Putin deixou bem claro que a Rússia não se deixará ficar à margem, só olhando dolentemente a Síria ser agredida - "A Rússia ajudará a Síria? Sim. Ajudaremos. Já estamos ajudando. Estamos fornecendo armamento e em pleno processo de cooperação econômica. Espero que, no futuro, expandiremos ainda mais a cooperação humanitária, inclusive mais ajuda humanitária e apoio à população civil." Impossível falar mais claramente.
É verdade que não se tratava exclusivamente da Síria. Putin dizia, à plateia mundial, que nos cinco anos ou quase isso desde que declarou, em frase que ganhou fama, que o colapso da União Soviética foi um "desastre geopolítico", a Rússia, sim, ascendeu à posição de grande potência. Sem dúvida, a reunião do G20 em São Petersburgo é evento de importância máxima no funcionamento do sistema mundial. Vinte anos de política mundial estão sendo quebrados, e com essa quebra se esvai o mundo "unipolar", filho do pensamento ocidental triunfalista.
Ora, a conferência de imprensa de Obama mostrou que o presidente parece compreender isso, porque enfatizou que os EUA teriam de agir na Síria, em nome de sua "credibilidade". Obama não explicou por que um ataque militar contra a Síria melhoraria, fosse como fosse, a terrível situação naquele país. Certamente, porque os EUA não têm sequer alguma mínima ideia sobre isso. Só via os EUA, e seu único foco era o risco de o poder norte-americano sobre o mundo ser erodido. Foi posição ditada mais por preocupações sobre a reputação dos EUA e menos por algo que os EUA realmente esperem obter. Obama argumentou grosseiramente, sem qualquer sofisticação, a favor de uma política exterior apoiada no uso de força letal; mais sobre a identidade dos EUA, sua imagem no mundo e em relação a pressões internas ou externas.
O único argumento estimulante que lhe ocorreu foi que a liderança envolve tomar decisões, mesmo quando sejam impopulares. Citou a decisão de Franklin Roosevelt, de participar na II Guerra Mundial, e a de Bill Clinton, no Kosovo. É pensamento controverso.
Nem o Vietnã ou o Afeganistão ou o Iraque eram guerras "impopulares", quando começaram. Claro que guerras sempre mudam muito. Em segundo lugar, a analogia com a II Guerra Mundial ou o Kosovo é descabida, porque o mais desconcertante, hoje, na questão síria é, como disse o respeitado diplomata norte-americano Ryan Crocker (que também foi embaixador na Síria, Líbano, Iraque e Afeganistão), "o nosso [dos EUA] maior problema é a ignorância: somos muito ignorantes sobre a Síria".
Além do mais, acontece também de uma das qualidades da liderança ser a capacidade de dizer "não" a guerras, por mais populares que pareçam ser.
Adiante, excerto de coluna publicada no Washington Post no início da semana, assinada por general do exército aposentado e ex-comandante da Academia Militar dos EUA, Robert H. Scales:
"Nosso mais respeitado presidente soldado, Dwight Eisenhower, teve a gravitas e a coragem de dizer não à guerra oito vezes durante sua presidência. Pôs fim à Guerra da Coreia e recusou-se a ajudar a França na Indochina; disse não aos seus antigos aliados de guerra Grã-Bretanha e França, quando pediram que os EUA participassem da captura do Canal de Suez. E resistiu contra os liberais democratas que queriam ajudar na formação do recém criado Vietnã do Sul. Todos sabemos o que aconteceu, depois que seu sucessor ignorou o conselho de Eisenhower."[2]
O principal problema de Obama é que passou a ser pressionado pela Direita Republicana como presidente "fraco", e sente a necessidade política de demonstrar que não é o caso. Por outro lado, enfrenta a dificuldade de que alguns desses mesmos detratores mudaram de lado e, hoje, se identificam com a opinião popular.
Em resumo, a Síria é problema da política norte-americana doméstica.[3] Obama disse, dentre outras coisas, que "pode haver alguns membros do Congresso que dizem que temos de fazer até mais, ou que já me criticaram antes por não ter atacado [o presidente Bashar] Assad, e que agora estão dizendo que vão votar 'não'. Vocês têm de perguntar a eles exatamente como eles explicam isso."[4]
Seja como for, Obama recusou-se a revelar se dará prosseguimento à operação militar contra a Síria, no caso de resposta negativa do Congresso. Prefere mostrar-se como se estivesse em movimento, às vésperas de receber apoio robusto dos Congressistas e preparando-se para falar em rede nacional de televisão ao país na 3ª-feira.
A grande questão é: e o que vem pela frente? O que acontecerá se vier um Não do Congresso? É onde duas coisas que Obama disse ganham significado. Uma, o modo suave, quase doce, como referiu-se à conversa com Putin: "uma conversa sincera e construtiva"; e o tom amigável que usou ao falar do presidente russo chama a atenção e foi muito evidente.
Obama deixou de lado todas as flagrantes diferenças de posição entre Rússia e EUA sobre a Síria, e disse que "nós dois concordamos que o conflito subjacente pode ser resolvido por uma transição política prevista no processe de Genebra I e Genebra II. Assim sendo, precisamos nos mover juntos... ainda é importante trabalharmos juntos para conseguir que as partes em conflito tentem resolvê-lo."[5]
De certo modo, estava também falando a Putin (tanto quanto ao povo dos EUA) todas as vezes que repetiu suas garantias sobre "ataque limitado, proporcional (...) Nada de Iraque, nada de coturnos em solo; nada de coisa longa, arrastada (...)". Assim também, Obama disse que "meus militares garantiram que podemos agir hoje, amanhã, daqui a um mês..."[6]
É onde Obama ter admitido que ainda mantém a cabeça "aberta" merece atenção cuidadosa. Perguntado diretamente, ao final da conferência de imprensa, se consideraria novas ideias que pudessem "reforçar o sentimento internacional de segurança para a Síria, mas adiassem qualquer ação militar", Obama respondeu o seguinte:
"Estou ouvindo todas as ideias. E algumas delas são construtivas. E estou ouvindo as ideias do Congresso, e estou ouvindo ideias aqui. Mas quero repetir: meu objetivo é manter a norma internacional que baniu armas químicas. Quero que o banimento seja real. Quero que seja sério.
Se houver ferramentas que nós possamos usar para conseguir isso, obviamente minha preferência será, outra vez, agir internacionalmente de modo sério e garantir que o Sr. Assad entenda o recado. Não estou 'babando' por ação militar (...) Tenho a bem merecida reputação de encarar muito a sério, muito sobriamente, a ideia do engajamento militar. Claro que olharemos outras ideias. Até aqui, pelo menos, ainda não vi apresentadas ideias que eu ache que, de modo prático, que fariam o serviço...
Mas quero enfatizar que nós continuaremos as consultas com nossos parceiros internacionais. Estou ouvindo o Congresso... E se houver boas ideias que valham a pena perseguir, estarei aberto a elas."
Verdade é que Putin fez valiosíssima, profunda contribuição para a paz mundial e a segurança internacional, quando, com muita habilidade, fez o barco do G-20 navegar para momento decisivo, atraindo a atenção internacional para a Síria, movimento que, ao que parece, forçou Obama a abrir a cabeça a novas ideias que podem atender às preocupações dos EUA sobre os estoques de armas químicas na Síria, sem que, por isso, soltem lá todos os seus cães de guerra.
Putin revelou que ele e Obama "concordamos sobre alguns cenários possíveis que podem resolver pacificamente essa crise" e os dois ministros de relações exteriores "permanecerão em contato no futuro próximo, para discutir essa questão extremamente sensível."
Claro, não há qualquer garantia de que se possa impedir um ataque militar liderado pelos EUA nos próximos dias ou semanas. De fato, Obama está sob imensas pressões de seus aliados do Golfo Persa e da Turquia. Mas o pêndulo pode ter dado sinais de estar começando a oscilar - o que talvez ainda não esteja muito claro e pode ser movimento ainda invisível a olho nu - na direção do diálogo e das negociações.
Se essa dinâmica incipiente ganhar momentum - e a probabilidade de que aconteça não pode ser descartada - então, sem dúvida, essa virá a ser universalmente reconhecida como a melhor hora de Putin, nessa sua contribuição de estadista no cenário mundial.
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[1] 6/9/2013, Financial Times, em http://www.ft.com/intl/cms/s/0/5ba75aac-1619-11e3-a57d-00144feabdc0.html#axzz2eFFbCfeg [NTs].
[2] 5/7/2013, Washington Post, "Uma guerra que o Pentágono não quer", em
http://goo.gl/kZZqBg
[3] Talvez não seja bem assim. Sobre isso, ver 6/9/2013, Robert Parry, "Obama's Syrian 'Doomsday Machine', Consortium News, em
http://consortiumnews.com/2013/09/06/obamas-syrian-doomsday-machine/: "Ao pôr em marcha um plano provavelmente catastrófico para bombardear a Síria, o presidente Obama criou o que se pode chamar de "uma máquina de apocalipse" que, se não for desarmada por conversações políticas, pode detonar o apocalipse. Obama está apostando que intimidará a oposição saudita e conseguirá neutralizá-la a tempo" (em tradução [NTs]).
           O artigo é interessante. No mínimo, ali se encontram argumentos e raciocínios mais verossímeis que o bobajol da 'credibilidade' e os demais, que se leem nos jornais e ouvem-se dos 'especialistas' tipo Demétrio Magnolli e William Waack (só rindo!), que só fazem copiar o bobajol da futrica 'jornalística' dos jornalões da imprensa-empresa norte-americana
[4] 6/9/2013, Palavras do presidente Obama na conferência de imprensa no G-20, embaixada dos EUA em Moscou, em
http://iipdigital.usembassy.gov/st/english/texttrans/2013/09/20130906282359.html#axzz2eFPwV2tc (ing) [NTs].
[5]http://iipdigital.usembassy.gov/st/english/texttrans/2013/09/20130906282359.html#axzz2eFPwV2tc