sábado, 1 de agosto de 2015

Paz no asfalto

Paz no asfalto


Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Ernesto Caruso

Os telejornais sobrecarregam as mentes dos espectadores com inúmeras cenas de guerra diuturnamente do amanhecer à virada do dia. Bombardeios e decapitações nas notícias internacionais, assassinatos, assaltos e acidentes de trânsito, com mortes, feridos graves e incapacitação, nas nacionais.

Decorrências assustadoras. Insuficiência de recursos para o atendimento aos pacientes de toda ordem na escala de doenças normais, da asma ao AVC, infarto, quanto mais à avalanche de vítimas de trânsito carreadas aos hospitais. As estatísticas presentes nos números aparecem nas reportagens diretas dos estabelecimentos hospitalares e de pronto socorro.  Enquanto nos países desenvolvidos 8 morrem em cada 100 mil habitantes, no Brasil são 20.

Do Observatório Nacional da Segurança Viária extrai-se que o Brasil gasta, em média, R$ 16,1 bilhões em decorrência de acidentes; R$ 10,7 bilhões, por morte; R$ 5,4 bilhões, em assistência aos feridos. Fontes várias assinalam que cerca de 45 mil pessoas morrem e, mais de 177 mil ficam feridas, por ano. Seis em cada 10 leitos são ocupados por feridos, maioria de motociclistas. O número de indenizações por invalidez permanente chegou a 596.000 em 2014. No bojo o crescimento do número de indenizações devido ao aumento do número de acidentes de motos. Em 10 anos um aumento de 170% na frota desse veículo.

As reportagens periódicas cobram soluções, apresentam especialistas e autoridades governamentais e indubitavelmente todos pregam e repetem a necessidade de conscientização. Parece pouco. O vulto do problema é muito maior face ao número de espectadores-motociclistas que assistem tais programações. Por outro lado, a proposta de conscientizar na voz do especialista soa menor aos ouvidos dos motociclistas do que eles próprios presenciam, veem e sentem, na faina diária dos deslocamentos para escolas, trabalho, residências e principalmente dos que usam o veículo como ferramenta, tipo mototaxistas. Quantos desses já sofreram acidentes?

Algo mais precisa ser feito nas ações de educar e reprimir. Alertar só na reportagem é insuficiente e todos sabem, mas ecoa como importante cobrança de atitudes. Na área educativa, há exemplo interessante do Estado do Mato Grosso do Sul, que de forma repetitiva apresenta um vídeo sobre o comportamento do transeunte Pedro Pedestre. Como ele se desloca pelas calçadas, como atravessa na faixa com a existência de semáforos e, até demonstra por gesto com a mão que deseja passagem livre, onde não há o sinal luminoso. Bastante comum em Brasília.

Conscientizar, educar, reprimir. Educar na família, na escola. Recuperar o que se perdeu, o que não foi feito, em especial o lidar com a motocicleta, que não é um instrumento novo, mas que exige regras disciplinadoras pelo vulto que tomou como importante meio de transporte nas cidades, em particular para as classes de menor poder aquisitivo; consome menos combustível, polui menos, flui e estaciona com mais facilidade.

Motoristas, motociclistas e passantes precisam do José/Maria Motorista e do João Motociclista no processo ensino-aprendizagem como o do Pedro Pedestre.

Muitos dos vídeos dos acidentes envolvendo motociclistas mostram vários desses veículos ao lado de automóveis ocupando as mesmas faixas de rolamento, percorrendo a sinalização que as divide. Está certo isso?

Nas entrevistas, os motoristas põem a culpa nos motociclistas, pois que ultrapassam pela direita; motociclistas acusam os motoristas por tê-los “fechado”. Falta uma clara definição. É isso que precisa fazer parte da “conscientização”: aprender a fazer o que está previsto nas normas, quer seja o motorista, o motociclista, o pedestre. Todos na fita e punir o infrator. Ganham todos.


Ernesto Caruso é Coronel de Artilharia e Estado-maior, reformado.

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