Queda no preço do petróleo e os interesses dos Estados Unidos
11.08.2015 00:56
Existe uma vasta literatura revelando as ligações financeiras entre a família real árabe e as empresas petrolíferas estadunidenses. Esta aproximação, segundo estas mesmas fontes, encontram na família Bush o seu principal apoio.
O jornalista Graig Unger em seu livro "As famílias do Petróleo", ilustrando esta amizade entre as duas famílias, revela toda a estrutura montada para proteger osmembros da realeza árabe residentes nos Estados Unidos durante o 11 de setembro.
Wladmir Coelho
A logística de proteção dos nobres árabes compreendeu a abertura do espaço aéreo permitindo a decolagem de um avião levando para a casa príncipes e princesas que sentiam-se ameaçados nos Estados Unidos.
Enquanto isso os outros residentes de origem árabe eram acusados, atacados, presos. Para o capital apenas um detalhe. A proteção dos príncipes da família Saud representava e representa a continuidade do atendimento às necessidades comerciais, políticas e militares dos EUA no Oriente Médio.
A contradição entre o aumento da produção e queda no preço
Os árabes possuem a maior produção de petróleo do mundo investindo parcela considerável destes recursos nos Estados Unidos. Neste país participam, inclusive, do controle da refinaria Motiva Enterprises, a maior dos EUA, cuja principal função é refinar o petróleo de xisto.
Apesar da queda no valor do petróleo, em grande parte decorrente do aumento da produção do óleo de xisto no Canadá e Estados Unidos, a produção petrolífera em junho de 2015 na Arábia Saudita superou os 10 milhões de barris ao dia.
Esta produção foi exportada, em grande parte, para a Ásia e Índia. Observem neste ponto o favorecimento dos príncipes amigos diante das sanções impostas ao Irã e a Rússia grandes fornecedores da região.
A família Saud, como podemos observar, recolhe de seus investimentos e sociedades comerciais com as oligarquias estadunidenses as vantagens decorrentes da queda da produção forçada no Irã e Rússia. Devemos acrescentar que a política externa dos Estados Unidos desorganizou a produção petrolífera de outros grandes exportadores dentre eles Iraque e Líbia.
Somente no caso do Irã, efetivado de forma plena o fim das sanções, tornam-se necessários US$ 200 bilhões para regularizar a produção considerando-se investimentos para a modernização dos equipamentos e perfuração de novos poços.
Príncipes ricos povo pobre
A indústria petrolífera árabe é responsável por 90% das receitas nacionais, todavia os empregos gerados no setor encontram-se destinados à estrangeiros cuja presença calcula-se em 6 milhões.
A população total da Arábia Saudita conta-se em 28,83 milhões e destes dois terços possuem menos de 30 anos de idade. A juventude, faixa entre 16 e 29 anos, representa 29% dos desempregados.
Fica evidente a ausência de uma destinação social aos recursos decorrentes da exploração petrolífera predominando os interesses do lucro ou eficiência produtiva como preferem os chamados "investidores".
Preço do petróleo e geopolítica
O exemplo dos príncipes da família Saud revela o quanto é ilusório a famosa mão invisível. O preço do petróleo resulta dos interesses, consubstanciados, do Estado e oligopólios.
O aumento ou redução da produção encontra-se submetido à política econômica estabelecida em beneficio dos oligopólios apoiados pela estrutura estatal, diplomática e militar, responsável pela aplicação do modelo em seu território ou fora deste.
A estrutura ideológica (monopólio da imprensa, educação, corrupção política...) fica encarregada de legitimar e dogmatizar os interesses do chamado mercado fantasiando de natural as ações dos oligopólios.
Desorganizar a produção revela-se um prejuízo aos detentores dos direitos de exploração em determinado território, mas não significa a ausência de lucro para os oligopólios.
O controle mundial da produção garante, com simples ajustes, a sobrevivência de um modelo. Aos oligopólios importa o controle da política econômica do petróleo envolvendo, neste caso, não apenas as áreas produtivas mas aquelas com potencial.
Esta prática determina o quanto será permitido a um país o controle e acesso aos recursos naturais existentes em seu território. A existência da mínima possibilidade de quebra deste modelo é combatida e destruída existindo na história inúmeros exemplos.
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