As jaulas de Trump e uma civilização que desmorona
Até para quem está acostumado a lidar com situações macabras e desumanas, chama a atenção as crianças enjauladas, filhas de imigrantes nos Estados Unidos. Um país que já foi o defensor dos direitos humanos não faz mais questão alguma de manter as aparências e dispensar um trato digno de humanidade a crianças ainda em situação de colo.+
Não há como salvar uma burguesia internacional num mundo caótico. Mais cedo ou mais tarde as fronteiras cairão. A tendência é que a humanidade mergulhe cada vez mais na instabilidade, nos fluxos migratórios, na construção de muros, nas guerras, na eliminação de milhões de pessoas, até reencontrar um equilíbrio mínimo em nova etapa sobre a Terra.
A poda dos direitos, a relativização até da democracia burguesa, a indiferença com os descartados da Terra, fará com os corações endureçam, as políticas de autopreservação se estabeleçam. Porém, nada garante que os bem estabelecidos estarão seguros das hordas humanas que circularão pela face da Terra.
Sempre haverá nas periferias da humanidade aqueles que solidarizam com os descartados, sempre haverá rebeliões justas e com causa. É inútil pensar em ilhas de segurança num mundo instável. Por isso, também sempre haverá mentes e corações propondo um mundo mais inclusivo, com lugar para todos, verdadeiro caminho da paz.
A história dirá.
OBS: os militares brasileiros estão criando grupos de soldados para combater núcleos de instabilidade interna numa projeção de 50 anos. Estão cientes que o Brasil dos descartados também reagirá. Portanto, a estratégia dos militares - e da burguesia nacional - é combater os descartados, não propor um país mais inclusivo para todos os brasileiros.
Roberto Malvezzi (Gogó) é bacharel em Filosofia, Teologia e Estudos Sociais. É assessor de Movimentos e Pastorais Sociais
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