Sutilezas do Mito
Lula é motivo de piada toda hora
Mais importante é o que vai nas entrelinhas da notícia. Vamos primeiro aos fatos; depois, breve análise. Jornais reproduzem o que aventam aliados de Lula - aquilo que "sem querer" eles deixam escapar e os repórteres publicam. E, segundo essas fontes idôneas, não de agora, Lula está irritado com Dilma. No extremo de sua indignação, Lula responsabilizou Dilma Rousseff pela operação de busca e apreensão na empresa LFT Marketing Esportivo (26/10/15), pertencente a "Lulinha". Ele vê duas hipóteses para o episódio: (a) demonstração de desgoverno de Dilma, ou (b) uma prova de que ela orientou o ministro da Justiça José Eduardo Cardozo a unicamente protegê-la, ainda que ele (Lula, seu padrinho político) tenha que pagar um preço. Nos dois casos, entende ele, a responsabilidade é dela.
Lula se diz cada vez mais convencido de que Dilma permite investigações contra ele para se preservar. Na sua lógica de egocêntrico irritado, Dilma destrói seu legado para construir a imagem da presidente que combateu a corrupção. Ele ainda critica o ministro da justiça. E afirma que (ATENÇÃO!), quando quer, o governo trabalha para se defender na Justiça, como no caso das pedaladas fiscais, e que faria o mesmo por ele, se tivesse interesse. Seus "aliados" - com boas relações na imprensa - avaliam que a operação de busca e apreensão nos escritórios de Lulinha representa uma nova tentativa de enfraquecer politicamente o petista e demonstra a falta do pulso firme do Ministério da Justiça no comando da Polícia Federal.
BREVE ANÁLISE
1. Veja-se que, para Lula, a operação de busca e apreensão nas empresas de seu filho é uma prova de que Dilma orientou o ministro da Justiça a unicamente protegê-la, sem que houvesse, da parte dela, preocupação para com ele. Ora, é natural que o ministro da justiça se manifeste POLITICAMENTE em favor da presidente, sobretudo por serem ambos do mesmo partido. Contudo, será que seu papel é precisamente proteger a presidente da República? E, na hipótese de ser, sim, o seu papel, caberia estar Lula disputando esse privilégio com Dilma? Com efeito, o que realmente fica patente é a sua pretensão de o governo impedir que "companheiros" sejam investigados, e inventar investigações para destruir adversários. Lula quer a polícia como ferramenta de perseguição política no país. O livro "Assassinato de Reputações - Um Crime de Estado", de Romeu Tuma Junior, documenta (frise-se, DOCUMENTA) a prática petista de perseguir quem quer que represente um obstáculo para o projeto de poder do partido, algo semelhante ao stalinismo (pior época da União Soviética).
2. Lula ainda faz críticas ao ministro da justiça. E diz que o governo, quando quer, trabalha para se defender na Justiça, como no caso das pedaladas fiscais. E afirma que o governo, se tivesse interesse, faria o mesmo para protegê-lo. Fica, assim, explícita a sua ideia de que, uma vez no governo, tudo é admissível para a manutenção do poder e para favorecer os amigos. É a noção de hegemonia que o PT, catequizado pelo catecismo de Gramsci, pretende consolidar no Brasil.
3. Para ele, Dilma destrói seu legado para forjar uma imagem de presidente que combateu a corrupção. Cabe perguntar: que legado está sendo destruído? As investigações, que absolutamente não tem a assinatura de Dilma, deveriam cessar para preservar a imagem do mito? Ah, então o mito tem segredos cuja revelação pode destruí-lo? Será que Lula percebe o que está sendo dito?
4. Esses "aliados" - que nada mais são do que veículos daquilo que Lula quer que saia nos jornais - dizem que a tal operação de busca e apreensão demonstra, entre outras coisas, a falta do pulso firme do Ministério da Justiça no comando da Polícia Federal. Atenção! É grave!
Quer por falta de capacidade crítica, quer pela presunção de impunidade,
a "fala" petista está afirmando duas coisas vergonhosas: (a) que a Polícia Federal deveria estar a serviço dos interesses partidários, obediente ao "pulso firme" do ministro que, por sua vez, deveria comportar-se (e até o faz mesmo!) como mero militante do PT; e (b) que o governo deveria mover os pauzinhos para preservar os interesses do ex-presidente, inclusive impedindo que seu filho fosse investigado. Em suma, a PF deveria estar a serviço do governo, fazendo vistas grossas à corrupção (que envolve petistas e aliados) e perseguindo adversários da nomenclatura petista.
5. Um traço distintivo da "esquerda confessional" - a parte fanática e agressiva da esquerda - é a confusão entre Estado, governo e partido: não há separação. Assim, para Lula, para o PT e assemelhados, a PF é apenas um braço do governo. ATENÇÃO! ESCLAREÇA-SE AOS MAIS JOVENS E INEXPERIENTES! A POLÍCIA FEDERAL É UM ÓRGÃO DE ESTADO, NÃO UM BRAÇO DO GOVERNO. Vai nisso uma enorme diferença! Reclamar pulso firme do ministro da justiça para controlar a PF é a confissão da truculência.
6. Observa-se, pois, que os governistas, que têm o hábito de dizer - erradamente - que "este governo" promove uma faxina no Brasil, são os mesmos que esperam ações do ministro da justiça no sentido de frear a PF e fazer cessar investigações incômodas para os membros da nomenclatura.
7. Mas havia motivo plausível para que o filho de Lula fosse investigado? Vejamos. O escritório Marcondes & Mautoni é investigado por envolvimento na compra de medidas provisórias (assunto nos jornais diariamente). Pois bem, esse escritório encomendou, pela singela quantia de R$ 2,4 milhões, um trabalho à empresa de Luiz Cláudio, o filho investigado de Lula. É obscuro, para dizer o mínimo, o interesse dos lobistas em Lulinha, alegado marqueteiro dos esportes. E esse é apenas um dos temas que grudam no rapaz. Daí, no curso das investigações da Polícia Federal, a sua empresa foi alvo de busca e apreensão.
CONCLUSÃO
Lula, que jamais (jamais!) soube o que é ter "postura de estadista", reclama tratamento especial para si e para a sua família. Faz lembrar "A Revolução dos Bichos", de Orwell, em que os "revolucionários" (os porcos) estabeleceram este fundamento para a "revolução": "Todos os animais são iguais, só que alguns são mais iguais que outros..."
Renato Sant'Ana, Psicólogo e Bacharel em Direito.
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