Eleições na Oclocracia? Perigo à vista!
Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Sérgio Alves de Oliveira
O raciocínio aqui desenvolvido se resume em que na mesma medida com a qual o Regime Militar de 64 a 85 passou a ser considerado por muitos como melhor ou,no mínimo, “menos ruim”, que os governos do PT, iniciados em 2003, e que se mantém até hoje, tudo indica que teremos pela frente um futuro pior ainda, se prosperar qualquer das alternativas em cogitação hoje pelos políticos.
A Presidente Dilma Rousseff vai aos jornais e aos “berros” diz que seu mandato está legitimado pela “democracia”. Mas quem tiver o cuidado de estudar essa “coisa” que ela chama de democracia concluirá que, na verdade, se trata da OCLOCRACIA, conhecida desde o historiador e geógrafo Polibio, na Antiga Grécia, que é a forma degenerada de democracia, praticada por uma população que nunca soube o que é democracia de verdade, pela massa inculta, ingênua, ignara, interesseira, e que se vende por um mísero prato de comida em proveito da patifaria política. Assim a democracia de “Pindorama” só tem forma de democracia, mas dela nenhuma essência, substância, conteúdo.
Se antigamente as tiranias eram implantas pela força das armas e dos exércitos, hoje os métodos sofisticaram. Não se derrama mais sangue. Nem é preciso. Tudo acontece dentro das leis. E se as leis não permitem,”eles” fazem outras que passam a permitir. Até “remendam” a constituição,onde e quando lhes interessa, que já é uma colcha de retalhos para ninguém botar defeito, de tantas “emendas”.
Em certas ocasiões chamam o povo, com o qual jogam livremente, para “decidir” nas urnas. Mas na verdade é só para homologar o que “eles” querem. Bem sabem esses espertos como é fácil dirigir a cabeça do povo. São múltiplas as técnicas. Funcionam como “lavagem cerebral”.
Em vista da insustentabilidade do governo federal instalado em janeiro desse ano, devido à maior corrupção governamental de todos os tempos, praticada mais fortemente nos governos do PT, estabeleceu-se a necessidade de destituição da Presidente da República. A “corporação” política com mandatos no Congresso, bem como seus partidos políticos de sustentação, viu-se num beco sem saída. Os políticos foram forçados a achar uma fórmula qualquer para contornar esse problema, colocando em risco as suas próprias cabeças, caso a opção seja pela permanência da Presidente.
Devem ter colocado na balança a seguinte questão: “ou ela, ou nós todos !!!“. Trata-se, por conseguinte, do desafio de buscarem mecanismos de defesa pela própria sobrevivência política. E a corporação política é mais forte que a pessoa da Presidente Dilma. Deve vencer.
As “costuras” que os políticos provavelmente estão fazendo a esta altura dos acontecimentos, por mais malabarismos que tenham, devem se ater aos limites da Constituição, vigente ou “remendada” através de alguma Emenda Constitucional (PEC) a ser feita “às pressas”, que será, provavelmente, a saída que “eles” terão.
No regime constitucional vigente, no eventual impeachment ou vacância na Presidência da República, deve assumir o “vice”. Novas eleições só iriam ocorrer no caso de impeachment ou vacância conjunta da presidência e vice, se isso acontecesse nos dois primeiros anos de mandato. Nos dois últimos, a eleição deveria ser feita diretamente pelo próprio Congresso Nacional.
Então tudo indica que a Presidente e seu Vice serão levados ao “sacrifício”, forçados por qualquer meio à renúncia dos seus mandatos. Mas a esta altura dos acontecimentos, é mais provável que as “chapas” para a nova disputa já estejam prontas. O “arranjo” já estaria feito na “democracia” interna do meio político. Seria praticada uma eleição aos “atropelos” do curto prazo constitucional
As novas eleições seriam realizadas no prazo de 60 dias. Mas estariam os eleitores brasileiros devidamente preparados a fazer essa nova escolha, às pressas”, pelo melhor?
Não creio, apesar do título eleitoral que eles têm à mão. Essas carteirinhas não registram nada do que tem ou não no interior da cabeça do eleitor. Se em tempos normais essa “democracia” já é um desastre, o que não dizer quando tudo acontece em caráter de urgência? Em 60 dias? É mais provável que com a escolha que for feita, nesse pervertido método, tenhamos que conviver com novo “lixo” político, egresso dessa democracia deturpada.
Parece que seria a vez do “lixo” da oposição de hoje, que certamente seria “reforçada” por grupos que abandonariam o barco do governo, como muitos do PMDB, que na sua história de “migrações” sempre optou por estar ao lado e mamando nas “tetas” dos governos. Qualquer “porcaria” que fosse escolhida pelos políticos dominantes seria transformada em esperança, e logo em seguida em presidente, ”homologado” nas urnas e diplomado pela Justiça Eleitoral.
Dentro do capitalismo, as candidaturas da sua “democracia” são vendidas com as mesmas características que qualquer outro produto do mercado. As esquerdas locais praticam essas técnicas “capitalistas” com inigualável maestria, através dos chamados “marqueteiros”. Que esquerda de “merda” é esta,então? Como acreditar numa “esquerda” que superou a “direita” na capacidade de enganar e roubar? Que desviou dos cofres públicos tantos bilhões que os da direita de ontem devem estar hoje envergonhados e sentindo-se meros punguistas? Batedores de carteira?
O que deve ficar muito claro é que qualquer “saída” que for dada pelo meio político para contornar a grave situação hoje vivida no país, não servirá. Nem importa qual o lado que passaria a comandar o país. Nesse “esgoto” todos os lados são igualmente fétidos e estão igualmente contaminados.
O que fazer, pois?
Restariam duas alternativas. Uma seria o povo tentar afastar toda a classe política na “porrada”. Mas fala-se do verdadeiro povo, e nunca dos impostores que se passam por povo e que só agitam e depredam tudo nas manifestações de rua. Fala-sedo povo que não gosta de violência, nem tem armas. Mas esta saída tem que ser descartada de plano. Parece inviável. Se o povo assim agisse, diretamente através da força que tem, e que se resume nos músculos, pedras e paus, a “Comandante em Chefe das Forças Armadas” certamente mandaria seu exército reagir à bala. O povo desarmado não teria qualquer chance.
A única outra saída, então, fora do meio político, seria a INTERVENÇÃO INSTITUINTE DO POVO, em parceria com as Forças Armadas, que serviriam, nesta ocasião, de mero “instrumento” da SOBERANIA POPULAR, conforme previsão do artigo 142 da Constituição Federal. Essa alternativa também deveria ser estudada a fundo no meio militar, uma vez que a rejeição à ideia lá dentro é forte, talvez provocado pelos “dissabores”, em boa parte injustos, herdados de 64.
Mas essa INTERVENÇÃO INSTITUINTE DO POVO teria que ter como únicos objetivos: (1) fazer uma limpeza geral nos Três Poderes, eliminando-se para sempre da vida política os malfeitores da sociedade que e já são e ainda serão conhecidos e ; (2) preparar o terreno para novas eleições num prazo razoável, porém condicionando a nova capacidade eleitoral de votar a um mínimo de requisitos que não poderiam continuar sendo os atuais, que é o mesmo que nada, mas que têm força suficiente para transformar o ideal da democracia na sua contrária, a oclocracia, que pode provocar efeitos mais danosos à sociedade que qualquer ditadura, tirania ou oligarquia.
Sérgio Alves de Oliveira é Advogado e Sociólogo.
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