De volta ao ninho
Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Clovis Purper Bandeira
Condenado à prisão no processo do mensalão, o ex-guerreiro do povo brasileiro, como cantavam os petistas ensandecidos, querendo inocentá-lo contra todas as evidências e provas apresentadas durante o processo, havia sido beneficiado pela progressão da pena, ganhando o direito de cumprir em casa o restante da mesma, com seus movimentos monitorados por uma tornozeleira eletrônica.
No entanto, o braço longo da lei foi buscá-lo mais uma vez, e agora não conta mais com os benefícios reservados aos réus primários, pois não é mais nem réu, é um criminoso condenado. Assim, ao ser recolhido ao xadrez da Polícia Federal, em Curitiba, está de volta ao ninho apropriado a criminosos.
Ao recomendar sua prisão, o Procurador da República disse no início desta semana: José Dirceu "repetiu o esquema do mensalão" na Petrobrás e foi beneficiário mesmo durante e após o julgamento, continuando a receber suas cotas do dinheiro roubado da petroleira pelo esquema por ele concebido, apesar de estar preso.
Acrescentou ainda: "a responsabilidade de José Dirceu é evidente aqui, como beneficiário, de maneira pessoal, não mais de maneira partidária, enriquecendo pessoalmente". E prosseguiu: "temos claro que José Dirceu era aquele que tinha como responsabilidade definir os cargos na administração Lula".
Assim, a organização criminosa que concebeu e executou o mensalão, comprando apoio político com recursos públicos desviados de empresas aparelhadas pelo PT e aliados, tornou-se, ao fincar suas garras na rica Petrobrás, financiadora de projetos de eternização no poder e de enriquecimento pessoal via roubo puro e simples.
Não se trata de um trabalho de amadores, mas de engenharia complexa só descoberta pela experiência e competência dos procuradores do Ministério Público e pela coragem e denodo do Juiz Sérgio Moro, digno seguidor do exemplo de Joaquim Barbosa no julgamento do mensalão. Segundo o Juiz Moro, Dirceu exibiu “profissionalismo na prática do crime”.
Tirando proveito da delação premiada, que seduziu os envolvidos ao verem a sentença de mais de quarenta anos de prisão para o operador mensaleiro Marcos Valério, os executivos, empreiteiros e doleiros descobertos com a mão na bolsa da maior empresa brasileira começaram a revelar o espantoso esquema montado e operado para sangrá-la.
Entregaram, inclusive, os nomes dos políticos envolvidos nos crimes, os quais começam a ser identificados e denunciados ao STF. Fala-se no envolvimento de vinte por cento do Congresso, o que terá resultados imprevisíveis no panorama de nosso Legislativo. E ainda faltam a Eletrobrás, o BNDES, os Transportes, a Saúde etc.
Ao contrário do que insinuam as vestais do Planalto, acenando com a ingovernabilidade como consequência da Operação Lava Jato, a operação é uma medida saneadora, que permitirá a limpeza de toda a sujeira acumulada em nossa estrutura governamental, e que vem comprovando o que dizia o Ministro Joaquim Barbosa no STF, a respeito da extensão e profundidade da ladroagem. A Operação Lava Jato é a consequência, não é a causa do descalabro que enfrentamos.
Ao citarmos a mais alta corte do Judiciário, lembremos que a Nação exige punição exemplar para todos os envolvidos, inclusive os que estão acima de Dirceu na pirâmide do poder brasiliense.
Quanto a José Dirceu, está de volta ao lugar que lhe pertence. Que lá permaneça por longo tempo, pelo que já foi descoberto e pelo que virá a caminho, neste longo processo de purificação de nosso mundo empresarial e político.
Clovis Purper Bandeira, General, é Editor de Opinião do Clube Militar.
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