terça-feira, 21 de abril de 2015

CORRUPÇÃO O CRIME SEM FACE


O CRIME SEM FACE

  Corrupção significa adulteração das características de alguma coisa, de algo. É uma demonstração do egoísmo humano e da falta de educação moral da sociedade, pois o corrupto se coloca acima da lei e das pessoas, considerando que seus direitos preponderam sobre o dos demais e que não tem deveres a cumprir tal qual os demais. 

     Câncer social , contagioso e com alto poder de destruição, desde que o mundo é mundo, sempre houve aquele “jeitinho”, ou seja, troca de favores, influência, prestígio e favorecimento próprio.
A tentação de corromper e de aceitar corrupção é algo que está intrínseco em nossa personalidade. Sempre procuramos o caminho mais fácil, a porta larga, e, por conta disso, corrompemos e somos corrompidos.

      Começa cedo, dentro do lar, desde pequenos temos ligação com a corrupção. Faça-me isso que te dou aquilo... Genitores permitem a barganha entre irmãos.  Como pais, muitas vezes, oferecemos prêmios ou facilidades aos nossos filhos, mediante tal ou qual comportamento ou ação que estes realizem.  Com esse tipo de comportamento ensinamos aos filhos a desprezar o dever e observar o  “é dando que se recebe”, premissa básica da corrupção. É uma prática encravada na nossa história e de difícil combate. A falta de ética e integridade moral promove a sua propagação. 

     Lendo e relendo a história do nosso país, encontramos a corrupção em cada capítulo, nos mais diversos setores da política e em todo serviço público em parceria com o privado. Nos últimos tempos, não há um dia sequer que, ao ligarmos a TV ou abrirmos um jornal, não nos  deparemos com uma notícia relacionada à corrupção no Brasil. Culpam-se os políticos e com as razões expostas pelas CPIs... Não dá para ser diferente. Porém, importa lembrarmos que o corrupto nasce no meio do povo que aceita pequenos favores em troca de coisas que julgam inofensivas.  O mais triste é constatarmos que a corrupção tornou-se uma cultura: A chamada “Lei de Gérson”, aquela que diz que “brasileiro deve levar vantagem em tudo”, no governo, em qualquer setor público, se estendendo a qualquer repartição onde o acesso ao dinheiro, ao poder, facilita essa doença. Sim, porque esta se tornou uma doença quase incurável, contagiosa, sem distinção de classe e educação.

      Um só deve ser o caráter do homem, e uma só a sua conduta moral.
Falar isso aqui no Brasil parece utopia, infelizmente, e daremos um exemplo claro disso: Um senhor que trabalhava na faxina, no aeroporto, achou e devolveu uma mala recheada de dólares. Dinheiro que daria para lhe garantir uma boa aposentadoria e qualidade de vida nunca imaginada. Pronto! Virou manchete nos principais jornais e TVs de todo país. Isso caracteriza uma inversão total de valores. Sem demérito ao gesto do referido senhor, pois devolver o que não nos pertence deveria ser visto por todos como uma obrigação, uma regra, e não como fato extraordinário, motivo de louvor.

     É preciso que haja uma mudança na mentalidade do nosso país. É preciso que as pessoas voltem a acreditar nos valores, na honestidade, no dever moral.  A mudança, porém, parece estar ainda muito longe de acontecer. Ensinar esses valores aos jovens vem se tornando cada vez mais difícil, pois exemplos contrários são mostrados a toda hora pelo nosso Congresso Nacional, que espalha o mau exemplo e, pela impunidade, a certeza aterrorizante de que o crime compensa.
 A cada eleição vemos os políticos se digladiarem em verdadeiras batalhas em busca de cargos, vantagens e altos salários no serviço público.  A iniciativa privada que “pagou” a campanha política do candidato cobra, com altos juros, as vantagens prometidas.

       De algum tempo para cá as coisas se degeneraram a tal ponto de que já nem nos assustamos mais, quando são noticiados rombos gigantescos em órgãos públicos. A população já discute hoje qual será o próximo escândalo. Já não nos causa estranheza ver sorrisos hipócritas justificando os prejuízos que afetam a vida de milhares de pessoas que nem sequer têm a noção da gravidade do que acontece. Já não nos assustamos mais com as quantias fabulosas roubadas, ceifando a saúde, a educação, a vida. A corrupção é um verme resistente à moral, aos princípios, à dignidade, à fraternidade, ao respeito e ao amor entre os homens.

     Como pode alguém viver em paz depois que desvia milhões de reais da saúde pública que, agora mesmo, agoniza nos leitos do SUS sem recursos? Da educação que nada tem a oferecer e que conta com o suor de professores abnegados, idealistas, heróis de uma guerra desigual? Da segurança que condena crianças inocentes a morrerem vítimas de bala perdida, resultado da guerra civil instalada em nosso País, onde o tráfico de drogas e o crime organizado vêm vencendo e nos tornando reféns de uma polícia despreparada e sem recursos, que também sucumbe à corrupção e de outro lado o crime organizado, os grandes traficantes, que estão infiltrados nos mais altos escalões do governo, em todos os níveis? Esse é o saldo da corrupção cheia de metástases, espalhando morte aos filhos da pátria sem mãe...

     É um problema sério e de difícil solução, pois as pessoas mais simples não são educadas a verem os políticos como servidores públicos, pagos com seu suado dinheiro, mas como privilegiados que podem tudo. É preciso que se acabe com essa visão paternalista e que a corrupção seja duramente punida. É importante que, com a arma do voto, alijemos da política todos os que estão nela sem que o ideal de ajuda e progresso do país seja o seu objetivo. O Congresso Nacional é o espelho do povo brasileiro. Se lutássemos mais por educação e cultura, teríamos mais discernimento na hora da escolha dos nossos governantes.

 É muito triste ver o nosso país na situação atual, de paciente sem tratamento. Precisamos levar o nosso país para a “UTI moral”, livrá-lo das mãos de políticos corruptos e fisiologistas. Não devemos considerar utópico esse pensamento, podemos e devemos lutar, ter a consciência de que começa, por cada um de nós, o combate à corrupção. O Brasil somos nós, cidadãos. A boa conduta social e o comportamento correto diante dos fatos, buscando não corromper e não ser corrompido, é que fará do Brasil, um país mais justo e belo. E assim, o sonho de uma nação que abre os braços para os seus filhos, que os acolhe com amor, justiça e igualdade será uma realidade, independente de salvadores da pátria, de políticos e partidos populistas que enganam o povo. O poder é nosso, basta que tenhamos consciência disso!


(Texto a cinco mãos das escritoras Cristiane Vilarinho, Maria Luíza Faria, Nell Morato, Suely Sette e Vólia Loureiro)

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