quarta-feira, 28 de março de 2012

'Impedimos a república comunista', diz ex-agente da ditadura


28/03/2012 - 08h02

'Impedimos a república comunista', diz ex-agente da ditadura

DANIEL RONCAGLIA

DE SÃO PAULO

Alvo de um protesto pela instalação da Comissão da Verdade, o delegado aposentado David dos Santos Araujo disse ontem que trabalhou na repressão da ditadura militar (1964-1985) para impedir o avanço do comunismo.
"Cumpri a minha obrigação para que não se instalasse neste país uma república comunista", disse Araujo.
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Na segunda-feira, um movimento organizado pela internet promoveu protestos em sete cidades contra ex-agentes acusados de torturar presos políticos.
Em São Paulo, o ato reuniu cerca de 150 pessoas em frente à empresa dele.
BUSCA
O ex-delegado disse que trabalhou na repressão a convite do Exército por cerca de um ano, "porque eles não sabiam investigar".
"Fui trabalhar no serviço busca, que não interroga ninguém, não mata ninguém. Eu entregava o camarada lá e o resto não era comigo", disse.
Araujo afirmou que irá processar os manifestantes. "Não vou ser enxovalhado por qualquer bandido ou qualquer canalha. Vou até às últimas consequências."
Em 2010, ele foi acusado de tortura. Segundo o Ministério Público Federal, Araujo era chamado de "capitão Lisboa" e participou da tortura e do assassinato do militante Joaquim Alencar de Seixas no Doi-Codi, em 1971.
A 7ª Vara Cível Federal julgou a ação improcedente com base na Lei da Anistia.
Além de negar as acusações, ele lembra que a Lei da Anistia está em vigor. O delegado ainda cita decisões do STF (Supremo Tribunal Federal), que garantiram a validade da lei.
COMISSÃO DA VERDADE
O delegado aposentado afirma que não decidiu se participará da Comissão da Verdade, caso seja convidado.
Para ele, a comissão deveria ser formado por três membros da "repressão", três dos "terroristas" e um que seria o voto de minerva.
"Isso vai ser a comissão da inverdade, da mentira", afirma Araujo.
Ela também disse ter conhecido a presidente Dilma Rousseff, quando ela foi presa pelo regime militar entre 1970 e 1972.
Hoje, Araujo diz apoiar o seu governo. "É uma senhora de todo respeito. Só quero que ela faça um bom governo."

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