Atitude rara de Lewandowski causou constrangimento a Cunha no STF
Em uma atitude raríssima, o presidente do STF evita encontro fechado com o peemedebista e convida jornalistas para acompanharem a reunião. Lewandowski diz ao deputado que não há dúvidas sobre o rito do impeachment definido na semana passada
Diferentemente de Cunha, Lewandowski respondia de forma intencional sempre num tom mais alto, o que possibilitava ser ouvido pelos jornalistas. Ele insistiu que os embargos de declaração, de maneira geral, são apresentados após a publicação do acórdão. Disse também que questionar a decisão antes de ela ser publicada “pode ter um efeito intempestivo”. Chegou a responder a Cunha que alguns ministros da Corte entendem ser “um exercício de futurologia” questionar eventuais omissões antes de o STF publicar o acórdão, decisão final de um tribunal superior.
Clareza
O presidente do Supremo chegou a entregar a Cunha a ata do julgamento e avisou ao peemedebista que os votos dos ministros Edson Fachin, relator do processo, e Luís Roberto Barroso já estavam disponíveis no sistema. “Não há margem para dúvida pela minuciosidade e a forma explícita como foi decidida a questão. Não podemos antecipar qualquer dúvida da Câmara porque não podemos responder nada hipoteticamente”, salientou Lewandowski.
O ministro ressaltou que os demais posicionamentos devem ser disponibilizados até 19 de fevereiro e sugeriu a Cunha fazer gestões pessoais junto aos magistrados para que eles liberem os votos mais rapidamente. “Temos 60 dias para publicar o acórdão após o julgamento. A partir disso, também pelo regimento, o senhor teria cinco dias para apresentar os embargos e sanar omissões do acórdão. Não podemos antecipar. O Judiciário não vai resolver questões hipotéticas”, disse. Lewandowski se comprometeu a pautar os embargos da maneira mais rápida possível.
Após o encontro, Cunha falou com os jornalistas. “Existem dúvidas na Câmara sobre a forma na condução da eleição. Por exemplo: se o plenário rejeitar a comissão única? Segundo: mesmo que o plenário aprove, a comissão especial que vai ser instalada ela vai ser eleita? Por voto secreto? Por voto aberto? Vai permitir candidaturas avulsas?”, questionou.
O Supremo decidiu, na semana passada, que o Senado tem o poder de estancar o processo de impeachment, mesmo que dois terços da Câmara autorizem o impedimento de Dilma Rousseff. Com a decisão de ontem, o processo de tramitação voltou praticamente à estaca zero e deve seguir o mesmo rito imposto, em 1992, no caso do então presidente da República, Fernando Collor de Melo. O STF determinou também que a eleição articulada pela oposição, que emplacou uma chapa avulsa na comissão especial que analisará o impeachment na Câmara, não tem nenhuma validade.
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