Delcídio acerta acordo de delação premiada na Lava Jato
Para ter validade, acordo ainda tem de ser homologado pelo STF. Na delação, senador acusa presidente Dilma e ex-presidente Lula.
03/03/2016 11h24 - Atualizado em 03/03/2016 13h04
O senador Delcídio do Amaral (PT-MS) firmou com a Procuradoria Geral da República (PGR) um acordo de delação premiada em troca de possível redução de pena. Ex-líder do governo Dilma Rousseff, Delcídio deixou a prisão em 19 de fevereiro, por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF), após ter ficado 87 dias na cadeia acusado de tentar obstruir as investigações da Operação Lava Jato.
Na delação, Delcídio fez acusações contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente Dilma Rousseff, conforme revelou edição da revista "IstoÉ" que circula nesta quinta-feira (3). Disse que Lula tinha conhecimento do esquema de corrupção na Petrobras e que Dilma agiu para interferir na Lava Jato (leia mais abaixo).
A TV Globo confirmou que o acordo foi assinado, mas que ainda não está homologado porque um dos pontos foi objeto de questionamento e ainda está sendo ajustado.
O advogado do senador do PT, Antonio Figueiredo Basto, disse que não fará comentários sobre a delação premiada de seu cliente, embora a revista tenha divulgado trechos das revelações feitas pelo parlamentar à PGR.
Caberá ao ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal(STF), decidir se vai homologar o acordo ou não. Se não for homologado, o acordo perde a validade. A homologação é a validação de que se trata de um acordo que cumpriu todas as normas previstas em lei.
As acusações contra Dilma e Lula
De acordo com a "IstoÉ", Delícidio contou que Dilma agiu para manter na Petrobras os diretores comprometidos com o esquema de corrupção e nomeou para o Superior Tribunal de Justiça (STJ) um ministro - Marcelo Navarro - que se teria se comprometido a votar pela soltura de empreiteiros já denunciados pela Lava Jato. Essa, segundo Delcídio foi uma das três ocasiões em que a presidente o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo tentaram interferir na operação.
De acordo com a "IstoÉ", Delícidio contou que Dilma agiu para manter na Petrobras os diretores comprometidos com o esquema de corrupção e nomeou para o Superior Tribunal de Justiça (STJ) um ministro - Marcelo Navarro - que se teria se comprometido a votar pela soltura de empreiteiros já denunciados pela Lava Jato. Essa, segundo Delcídio foi uma das três ocasiões em que a presidente o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo tentaram interferir na operação.
Delcídio afirma na delação, segundo a 'IstoÉ', que como presidente do Conselho de Administração da Petrobras, Dilma sabia que havia um esquema de superfaturamento por trás da compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, e atuou para que Nestor Cerveró, um dos presos na Lava Jato, fosse mantido na direção da Petrobras. A presidente, segundo o senador, indicou Cerveró para a diretoria financeira da BR Distribuidora
Ainda de acordo com a revista, Delcídio afirmou que Lula tinha conhecimento do esquema de corrupção que atuava na Petrobras, que agiu pessoalmente para barrar as investigações da Lava Jato e que seria o mandante do pagamento para tentar comprar o silêncio de testemunhas.
O ex-presidente, segundo Delcídio, foi o mandante dos pagamentos que ele ofereceu à família de Cerveró, e que resultaram na prisão do senador, em novembro. De acordo com Delcídio, Lula pediu “expressamente” para que ele ajudasse o pecuarista José Carlos Bumlai, porque estaria implicado nas delações do lobista Fernando Baianox e de Cerveró.
Delcídio também afirma, ainda segundo a revista, que em 2006 Lula e o ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil, Antonio Palocci, teriam articulado um pagamento a Marcos Valério para que ele não dissesse o que sabia durante o processo do Mensalão.
O G1 fez contato com a assessoria da Presidência da República, mas não havia obtido resposta até a última atualização desta reportagem. O Instituto Lula informou que, por ora, não vai comentar as denúncias de Delcídio do Amaral.
Situação de Delcídio
Delcídio foi preso por tentar dificultar a delação premiada de Cerveró sobre uma suposta participação do senador em irregularidades na compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. Segundo investigadores, Delcídio chegou até a oferecer fuga a Cerveró, para que o ex-diretor não fizesse a delação premiada, o que reforçou para as autoridades a tentativa do petista de obstruir a Justiça.
Delcídio foi preso por tentar dificultar a delação premiada de Cerveró sobre uma suposta participação do senador em irregularidades na compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. Segundo investigadores, Delcídio chegou até a oferecer fuga a Cerveró, para que o ex-diretor não fizesse a delação premiada, o que reforçou para as autoridades a tentativa do petista de obstruir a Justiça.
A prova da tentativa de obstrução é uma gravação feita pelo filho de Cerveró que mostra Delcídio oferecendo fuga para o ex-diretor não fazer a delação. No pedido de prisão, a procuradoria afirma que Delcídio chegou também a oferecer R$ 50 mil mensais para Cerveró em troca de o ex-diretor não citar o senador na delação premiada.
O senador está afastado temporariamente do PT. O partido mantê-lo afastado, sem expulsá-lo, até o parlamentar apresentar uma defesa à sigla e o caso ser analisado internamente. Uma comissão com três integrantes vai elaborar um relatório com base na defesa que Delcídio apresentará.
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