Presidência do Brasil: Sem rumo num mundo de fantasias
15.03.2015 01:24
Iraci del Nero da Costa *
A atual presidente da República do Brasil tomou sua reeleição não como a culminância de um deslavado engodo pespegado em um eleitorado despreparado para identificar as manobras de seu hábil marqueteiro, mas como um aval para dar continuidade às falácias e mentiras que informaram sua campanha eleitoral.
Assim, empresta à crise internacional - desencadeada por problemas decorrentes da facilitação creditícia bancária destinada a favorecer o mercado imobiliário e praticamente já superada nos EUA e em várias nações europeias - a origem das dificuldades econômicas defrontadas pelo Brasil, óbices estes devidos, como sabido, à implementação de um programa econômico absolutamente errôneo e desfocado com respeito às efetivas necessidades de nossa economia e da população brasileira.
Um segundo aspecto do desvirtuamento da realidade presente nas falas e atitudes presidenciais diz respeito à larga deferência no tratamento dos interesses dos aplicadores de dinheiro e dos empresários em geral. Destarte, as medidas de "correções e ajustes" apresentadas pelo no ministro da Fazenda ferem os interesses dos menos privilegiados e da massa da população, deixando de lado práticas que poderiam afetar os ganhos dos endinheirados, caso da taxação das grandes fortunas, dos ganhos de capital decorrentes de aplicações financeiras e das heranças vultosas.
Da perspectiva política é denunciada, sobretudo pela direção do PT, a inexistente ação de uma direita fictícia e a igualmente irreal atuação da mídia que estaria a fomentar ações contrárias ao governo instituído. Enfim, enfileiram-se fantasmagóricas figuras inteiramente ausentes de nossa realidade, fantasmas estes que operariam de sorte a prejudicar um governo que age de forma coerente e totalmente afinada com as soluções concretas exigidas pela economia brasileira.
Este conjunto de inverdades e falsidades propaladas pelo atual governo central e pelos dirigentes de seu partido desqualificam integralmente a ambos e impedem que se estabeleça, entre a presidência da República e a grande maioria da população brasileira, um diálogo proveitoso e gerador de um pacto criativo e gerador de políticas sustentáveis de longo prazo.
Não é pois quimérica a hipótese levantada por vários analistas políticos quanto à possível emergência de largos movimentos populares contrários às atitudes assumidas pelo governo central brasileiro o qual, bem como o PT, pretende-se perfeito e caminha sem rumo no mundo da fantasia. Este último fato não justifica, evidentemente, campanhas favoráveis ao impeachment, mas dão razão e sustentação a movimentos populares de contestação da situação presente.
* Professor Livre-docente aposentado da Universidade de São Paulo.
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