terça-feira, 7 de outubro de 2014

O que foi que espantou a tripulação do navio de guerra estadunidense que navegava pelo Mar Negro?

O que foi que espantou a tripulação do navio de guerra estadunidense que navegava pelo Mar Negro?

22.09.2014
 
O que foi que espantou a tripulação do navio de guerra estadunidense que navegava pelo Mar Negro?. 20896.jpeg
A imprensa especializada mundial não disse nada sobre o incidente, mas os observadores e analistas militares, em todo o mundo, não param de comentar.
O Departamento de Estado, dos Estados Unidos, reconheceu que a tripulação do destroyer Donald Cook ficou seriamente desmoralizada depois do seu encontro com o caça russo Su-24, que não transportava bombas nem mísseis, mas apenas um dispositivo com um sistema de guerra eletrónica. Que outros dispositivos de guerra eletrónica terão as Forças Armadas russas?
 Rede Voltaire | 21 de Setembro de 2014
O destroyer americano Donald Cook dirigindo-se para o Mar Negro, junto às águas territoriais da Rússia.
No passado dia 10 de abril, o destroyer Donald Cook entrou no Mar Negro. A 12 de abril, um bombardeiro russo Su-24 sobrevoou o navio. Mais tarde comentou-se que a tripulação do Donald Cook tinha ficado desmoralizada após o seu encontro com o bombardeiro, e alguns média afirmaram que 27 marinheiros norte-americanos pediram baixa do serviço.
O que é que assustou a tripulação do destroyer?
O Donald Cook é um destroyer lança-mísseis, de quarta geração, pertencente à Marinha dos Estados Unidos. A sua principal arma são os mísseis de cruzeiro Tomahawk, que têm um alcance máximo de 2.500 km e podem transportar ogivas nucleares. Na sua versão normal, o navio está equipado com 56 mísseis, e na sua versão de ataque conta com 96 mísseis.
O destroyer está equipado com o sistema de combate, de última geração, Aegis, um sistema integrado que reúne os meios de defesa anti-mísseis de todos os navios em que está instalado, numa rede geral, permitindo controlar e atacar centenas de alvos ao mesmo tempo. Junto às amuradas o destroyer tem instalados quatro enormes radares universais, cujas antenas contam com uma potência semelhante à de várias estações de radar. Além dos mísseis Tomahawk, nos seus lançadores de proa e popa, conta com meia centena de mísseis antiaéreos guiados de várias classes.
O bombardeiro russo Su-24 que sobrevoou o Donald Cook não levava a bordo nem bombas nem mísseis. Sob a sua fuselagem tinha apenas um dispositivo com um sistema de guerra eletrónica (eletrônica-Br) chamado Jibiny.
Ao aproximar-se do destroyer, o sistema Jibiny foi activado e desactivou os radares, os circuitos de controle, os sistemas de transmissão de informação ... Por outras palavras, todo o sistema Aegis ficou desconectado tal como quando se apaga uma TV pressionando o botão de um controle remoto. Depois disso, o Su-24 simulou um ataque com mísseis contra o navio, que tinha ficado completamente cego e surdo. E, ele repetiu esta acção num total de 12 vezes.
Quando o bombardeiro se afastou, o Donald Cook dirigiu-se rapidamente para um porto romeno e não voltou a acercar-se de águas russas.
Os guerreiros da frente invisível
« Quanto mais complexo é um sistema rádio-eletrónico mais fácil é de interromper o seu funcionamento por meios de guerra eletrónica », comenta o diretor do centro de pesquisa científica sobre a guerra eletrónica e avaliação da eficácia em meios de redução da visibilidade, da Academia Aérea Militar, Vladimir Balybin. « Para vencer uma guerra moderna não basta dominar o espaço aéreo. É necessário conseguir a superioridade tecnológica ».
Além do sistema Jibiny, o complexo industrial militar russo trabalha no desenvolvimento de vários dispositivos que podem desencorajar tanto as unidades de um inimigo clássico como as de grupos terroristas. As unidades das Tropas Aerotransportadas começaram a ser equipadas com sistemas Infauna. Instalado num tanque ou qualquer outro veículo militar, este sistema localiza e isola a comunicação de rádio inimigo, nas bandas de HF e VHF do espectro eletromagnético, «adormecendo» as suas armas de controle remoto. Essas armas chegam a disparar, mas só depois das colunas de tanques russos terem passado por elas e se terem afastado para uma distância segura.
A Infauna dispõe de uma outra função: sensores ópticos montados lateralmente que detectam os flashes dos disparos e dão a ordem para criar uma cortina de fumaça que protege a coluna de tanques do fogo inimigo.
O dispositivo Lesochek executa as mesmas funções que o Infauna, mas é muito mais compacto: pode ser transportado numa mochila ou numa mala pequena. Com este sistema torna-se muito cómodo estar em importantes reuniões de negócios, já que os mais avançados serviços de espionagem não conseguiram espiar nem uma palavra dessas reuniões.
A base para a protecção electrónica das comunicações do exército da Rússia é o sistema Borisoglebsk-2. Este sistema conta com um ponto automático de controlo e quatro tipos de estações de interferência de rádio: estas localizam as fontes de actividade das comunicações inimigas no ar, e inutilizam-nas.
O dispositivo Zhítel localiza e bloqueia telefones por satélite e celulares(telemóveis- Pt), assim como sistemas de navegação por GPS. A sua eficácia ficou demonstrada durante o conflito na Ossétia do Sul, onde ele conseguiu desorientar os veículos georgianos não tripulados.
O reequipamento das forças estratégicas da Rússia com novos meios de guerra eletrónica avança a ritmo vertiginoso, segundo anunciou o vice-presidente do governo Dmitri Rogozin.
Se em 2020 o exército e a frota estarão reequipados em cerca de 70%, todos os dispositivos de potencial estratégico para a guerra eletrónica estarão actualizados a 100%.
«Os meios de guerra electrónica permitem que as nossas armas inteligentes ajam e as do nosso inimigo sejam postas fora de combate. Isto é algo extremamente útil», assinala o vice-presidente.


Vídeo apresentando o sistema de mísseis americano Aegis, que foi totalmente neutralizado, recentemente, por um único avião de combate russo S-24 nas águas do Mar Negro.

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