segunda-feira, 13 de julho de 2015

Que Deus os ilumine

Que Deus os ilumine


Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Paulo Roberto Gotaç

A Petrobrás é uma empresa pública brasileira que, desde sua criação, desperta manifestações emocionais de orgulho nacional. Nascida sob o ímpeto do mote "o petróleo é nosso", sempre representou um acervo inestimável do povo brasileiro, o que obstaculizou, durante todo o tempo de sua existência, qualquer iniciativa efetiva de privatização, sugestão que ainda gera fortes oposições, umas honestas e outras oportunistas, estas últimas turbinadas pela facilidade que alguns de seus diretores e gerentes vislumbram, ao ensejar trocas de influências com poderosos conglomerados de infraestrutura, de formar uma verdadeira indústria de propinas, que vem se desenvolvendo ao longo das últimas décadas, com auge nos acontecimentos dos presentes escândalos, revelados nas investigações que estão felizmente sendo levadas a cabo, formando um quadro que, associado à ambição política dos principais acionistas, representados pelo governo da hora, encastelados nos palácios do poder, e a motivações relacionadas a custos de campanha eleitoral, colocam em risco a própria sobrevivência da empresa. 

Há espaço, no entanto, dentro do modelo estatal consolidado, para as oposições honestas  a qualquer tipo de privatização, configuradas pela excelente qualidade das conquistas tecnológicas vinculadas principalmente à exploração e produção de petróleo e gás em águas profundas, realizadas em cooperação com outras instituições públicas de pesquisa, contribuindo dessa forma para elevar a qualidade dos recursos humanos nacionais, sem a preocupação imediata com o lucro, circunstância que dificilmente seria favorecida se tais cooperações fossem conduzidas pela iniciativa privada. 

Vê-se, assim, que,  desde sua criação, a nossa maior empresa pública vive um dilema que estimula grandes debates na sociedade, o que recomenda ser a presente crise, pela sua gravidade,  com ameaça inclusive à capacidade de investimento a médio prazo, uma grande oportunidade para que seus executivos, os que realmente estão interessados no seu crescimento e não nos auto-crescimentos deles, redimensionem os parâmetros a fim de que o melhor das duas tendências conflitantes seja desenvolvido e que a nociva instrumentalização política seja minimizada e mantida dentro de limites razoáveis. 

Que Deus ilumine as cabeças dos que estão a aceitar o desafio.


Paulo Roberto Gotaç é Capitão de Mar e Guerra, reformado.

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