Em nota à imprensa, o presidente do Supremo disse que o ex-presidente da República demonstra desconhecer o papel de um Judiciário independente em uma democracia. Petista disse que julgamento do mensalão foi “80% político”
Joaquim: “Essa iniciativa emite um sinal de desesperança para o cidadão comum, já indignado com a corrupção e a impunidade"
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, rebateu nesta segunda-feira (28) as novas críticas feitas pelo ex-presidente Lula ao julgamento do mensalão.
“A desqualificação do Supremo Tribunal Federal, pilar essencial da democracia brasileira, é um fato grave que merece o mais veemente repúdio”, disse o ministro, por meio de nota divulgada esta noite (28). Em entrevista exibida ontem (27) pela TV portuguesa RTP, Lula afirmou que o mensalão não existiu e que o julgamento do caso foi “80% político”, e apenas 20% jurídico. O único objetivo de destruir o PT.
Na opinião de Joaquim Barbosa, o ex-presidente demonstra desconhecimento sobre o papel do Judiciário em uma democracia. “Essa iniciativa emite um sinal de desesperança para o cidadão comum, já indignado com a corrupção e a impunidade, e acuado pela violência. Os cidadãos brasileiros clamam por justiça”, escreveu o ministro.
Segundo o presidente do Supremo, o mensalão foi julgado de forma “absolutamente transparente” e todos os acusados tiveram mais de quatro anos para se defenderem das acusações.
Ele também lamentou que o ex-presidente tenha escolhido um órgão da imprensa estrangeira para “questionar a lisura do trabalho realizado pelos membros da mais alta Corte do país”. “O juízo de valor emitido pelo ex-chefe de Estado não encontra qualquer respaldo na realidade e revela pura e simplesmente sua dificuldade em compreender o extraordinário papel reservado a um Judiciário independente em uma democracia verdadeiramente digna desse nome”, afirmou Joaquim.
Na entrevista à TV portuguesa, Lula reafirmou que a história do caso vai ser “recontada”. “O povo é mais esperto que algumas pessoas imaginam.” Para o petista, o objetivo do processo era fazer um “massacre que visava a destruir o PT”, mas isso não aconteceu.
O ex-presidente voltou a declarar que não será candidato e que vai ser “cabo eleitoral” de Dilma Rousseff nas próximas eleições. “Ela vai ganhar as eleições”, disse. Lula afirmou que denúncias de corrupção como o mensalão, irregularidades na Petrobras e outros problemas levantados não ameaçam a reeleição de Dilma.