Por Stephen Lendman
Tradução Anna Malm* - Correspondente de Pátria Latina na Europa
Não é de surpreender. Uma mudança de regime foi planejada já a muito tempo. Washington não tolera países independentes. Não importa se esses forem democráticos, despóticos, ou qualquer outra coisa que se encontre dentro ou fora desses limites..
Os Estados Unidos querem é dominar o mundo completamente. Para conseguir isso e atingir seus fins eles estão em guerra contra a humanidade, e aqui a Síria encontra-se no olho do furacão.
Washington está determinado a derrubar Bashar al-Assad. Não importando então o quanto esse venha a honrar fielmente o acordo do desarmamento químico estipulado conjuntamente pelos Estados Unidos e Rússia, e aceito por ele próprio.
Tudo indica que al-Asssad irá cumprir todo o estipulado. Ele tem todos os motivos para assim o fazer, assim como todas as razões para evitar, escrupulosamente, toda e qualquer violação do mesmo.
Mas não importaria. Washington já o marcou como alvo. É fácil encontrar ou criar pretextos para guerra. Levantar falsas bandeiras - um conceito que vem de tempos antigos e que significa por a bandeira do inimigo no próprio navio de quando esse for cometer um ataque aberto para por a culpa no inimigo - essa é uma tradição dos Estados Unidos. Esse estratagema, que vem dos anos de 1800, foi depois usado por eles muitas vezes. O ataque em Gouta, na Síria, no 21 de agôsto desse ano, foi o último exemplo de um tal uso da denominada falsa bandeira em ação.
Bahar al-Assad não teve nada a ver com esse ataque. Os insurgentes [a maior parte mercenários de muitos e muitos outros países] carregam a total responsabilidade desse ataque. Essa é a grande mentira de Washington e o seu pretexto para essa sua guerra. Os planos se mantém firmes. O que mudou foi o aspecto do quando atacar.
A Rússia está sendo muito pressionada. Washington quer que o Conselho de Segurança da ONU dê autorização de guerra. A invocação e a aceitação do Capítulo VII [ou seja Capítulo 7] da Carta Magna da ONU asseguraria exatamente isso. O Capítulo 7 garante uma autorização de guerra, uma vez que estipula que todos os meios disponíveis poderão ser usados, de quando o Capítulo 7 da Carta Magna da ONU for invocado pelo Conselho de Segurança da mesma.
A Rússia rejeita então resolutamente uma resolução que invoque esse capítulo. Ela já vetou tres dessas tentativas no Conselho de Segurança da ONU. Lá a Rússia resiste corajosamente os valentões e valentonas atiçadores de guerra.
A Rússia representa para nós agora a última linha de defesa. Depois da Rússia como última linha de defesa, para nós vem a guerra, ou seja, morte, desgraça e miséria para o mundo, proveito político-geopolítico e econômico para uns pouquíssimos.
Em 22 de setembro a Russia Today fez manchete com o título que em português seria aproximadamente "Lavrov: os Estados Unidos fazem pressão na Rússia para passar a resolução abaixo do Capítulo 7 " dizendo:
Washington quer que Moscou aprove "intervenção militar na Síria, em troca do apoio dos mesmos para que a Síria tenha acesso ao OPCW, o Ministro do Exterior da Rússia, Sergei Lavrov, disse."
Sergei Lavrov num programa da televisão russa, programa esse de grande audiência, disse no domingo 22 de setembro, que:
" Os nossos parceiros norteamericanos estão começando a nos chantagear - eles disseram que 'se a Rússia não apoiar a resolução do Capítulo 7, eles iriam tirar o seu apoio para a entrada da Síria na Organização para a Proibição de Armas Químicas - OPCW´ "
"'Essa é uma orientação completamente nova que se desvia do meu acordo com o Secretário do Estado John Kerry´" disse Sergei Lavrov então.
[Nesse contexto não se pode deixar de pensar na atual embaixatriz dos Estados Unidos na ONU]
O Capítulo 7 assegura guerra. Kerry sabe isso muito bem. Assim o sabem também os representantes russos. Sergei Lavrov foi muto direto do quando dizendo:
"Os nossos parceiros (ocidentais) estão cegos pela sua ideológica missão de derrubada de governo e golpes de estado. Eles não conseguem admitir que cometeram um novo engano."
"Estou convencido que o West [ou seja os poderes ocidentais, lê-se em princípio Estados Unidos-Inglaterra-França] estão fazendo isso para demonstrar que são eles que mandam no Oriente Médio. Essa é uma perspectiva completamente politizada."
"Esses nossos parceiros estão nervosos porque compreendem que se o Capítulo 7 da Carta Magna [VII] fosse mencionado, essa seria a chance deles para ganhar a justificação do Conselho de Segurança da ONU para suas ações unilaterais [de guerra]."
"Nós os aconselhámos a salvar seus nervos e aderir a lei internacional, ou seja, a Convenção das Armas Químicas (CWC na sigla inglesa), e não inventar resoluções, que de fato põem a lei internacional a arder numa fogueira e isso enquanto avançam suas ambições geopolíticas, nacionais ou pessoais."
Intervenção estrangeira garante uma nova Líbia ou um novo Iraque. Se Washington estivesse procurando paz esse não iria procurar a derrubada de Bashar al-Assad. Pelo contrário, Ele iria cooperar com al-Assad.
No caso de quererem a paz os americanos parariam de apoiar as forças [rebeldes armadas] da oposição. Iriam exigir resolução pacífica do conflito. Isso iria endorssar as ações do Conselho de Segurança.Apôio unânimo do Conselho de Segurança da ONU seria garantido dessa maneira.
Mas fazer isso sairia dos padrões americanos característicos. Os [dirigentes dos] Estados Unidos deploram a paz. Eles exigem guerra. Eles partem de uma guerra para outra. Eles fazem isso contínua-e implacávelmente. Estão agora arriscando a Terceira Guerra Mundial conquanto arriscando a sobrevivência da humanidade.
[Os interesses geopolíticos, e de domínio, conjuntamente com os abismais interesses econômicos do complexo industrial-militar do ocidente, ligados aos globalizados setores de atividades bancárias e especulativas dos mesmos, nos dariam a resposta do porque desse enígma]
Mas para eles nada mais parece ter importância capital - "it doesn´t matter". Indisputável dominância global é o que conta. Impérios de dominância [dos romanos até os da Alemanha nazista de então] pensam e agem dessa maneira. Os Estados Unidos são os mais perigosos na história da humanidade dentro dessa categoria.
A lei é para os outros obedecerem. Washington age pelas suas próprias regras, não as da lei internacional. O que dizemos e fazemos é a lei, é o que os define. Se eles prevalecerem a Síria perderá a sua soberanidade e integridade, assim como o seu secularismo, ou seja a direção governamental civíl -não religiosa por definição.
O islamismo radical e armado iria, nesse caso, dar o caminho a seguir. O cáos se instalaria [o que é de qualquer maneira a intenção subjacente as ações se desenrolando]. No final a Síria se transformaria num caldeirão infernal de violência. Na Síria se repetiria o que aconteceu e continua acontecendo no Iraque e na Líbia. Tanto o Iraque quanto a Líbia estão desgovernados e fora de controle legal.
Muitas dezenas, senão centenas, são mortos todos os dias. Ainda muitos mais são feridos ou dispersados. Uma condição macabra de casa de ossuário prevalece no país. Lei e Progresso são ilusões convenientes, assim como o são também as regras e os princípios de lei e outros valores democráticos.
A online "Global Research" repostou o artigo de Abdel Bari Atwan no 16 de setembro. [1] O título do artigo em português seria aproximadamente "Bem vindo a nova Líbia, um país "Liberado" pela OTAN: Não Rendimento de Petróleo, Não Segurança, Não Água, Não Eletricidade." - [Welcome too the New Libya, a Country "Liberated" by NATO: No Oil Revenues, No Security, No Water, No Eletricity."
Iraque não está em melhores condições. Ele é virtualmente uma zona de guerra onde a violência, a devastação, a falta e carência, assim como uma miséria humana deplorável se conjuram. É a "liberação" - a americana.
O berço da civilização [Iraque entre os rios Tigre e Eufrates] não mais existe. Assassinatos em massa, destruição, terror, ocupação, contaminação do meio ambiente, assim como uma epidêmia de virtualmente todas as conhecidas doenças e males o substituiram.
A herança tóxica dos Estados Unidos incluem horríveis defeitos de nascença. Horríveis demais para serem contemplados, sendo uma verdadeira ante-sala do inferno. Armas químicas, biológicas e radiológicas causaram essa situação inhumana.
Crianças nascendo com duas cabeças explicam as consequências, assim como também crianças nascendo com rabos ou com suas pernas crescendo sem separação.
[Trata-se aqui de anomalias genéticas sistemáticas, quer dizer, não só baseadas pelo acaso, como inúmeros relatórios de peso averiguaram. Entretanto, até aqui esses relatórios tem sido convenientemente, se não suprimidos, então silenciados, escondidos ou "esquecidos" Pelo que entendi a ONU estaria em condições de averiguar os fatos, se tivessem vontade para tanto].
Para já tem-se crianças que não apresentam, e isso de maneira sistemática, condições normais da realidade humana. Recém nascidos com um só olho é [agora] um acontecimento comum. A falta de um encaixe para os mesmos apresenta-se como o interior de uma ostra. Eles são leitosos e sem forma.
Abortos espontâneos tornaram-se comuns. Centenas de recém-nascidos tem fissura-palatal, cabeças alongadas, extremidades excessivamente longas ou curtas e outras deformações corporais [que como foi dito acima superam o que se poderia denominar de acaso - são transformações genéticas sistemáticas que a ONU deveria estar em condições de averiguar, se fosse motivada a tanto]
Que tipo de país iria impor essas condições a um outro? Imagine-se o que os sírios podem esperar. De acordo com o Ministro do Esterior da Rússia, o sr. Sergei Lavrov, "alguém está tentando construir um cáos dirigido." Isso eles o estariam fazendo para proveito próprio.
Sergei Lavrov não acha que os países ocidentais poderiam ganhar qualquer coisa muito positiva pela instabilidade criada. "Essa é uma tentativa de se agarrar a uma raiz fraca e não querer ver o fato de que o mundo mudou, e que ele agora está se tornando multipolar."
O encontro de Geneva falhou, em 2012. Conversações foram vistas como a última tentativa de conter a violência. O plano de paz de Kofi Annan foi visto de maneira similar. Hoje as coisas encontram-se pior do que nunca.
Quando as discussões de Geneva terminaram no final do ano passado Washington e Moscow apresentaram declarações contraditórias. O Ministro Lavrov estava muito satisfeito por condições preliminares não terem sido estabelecidas. Nada tinha sido estabelecido para "impor um processo" a Síria, ele sublinhou então.
Aí a Secretária do Estado de então, Hillary Clinton, disse que:
"Assad ainda terá que deixar o poder - O que fizemos aqui foi o retirar a ilusão de que ele, ou outros, com sangue em suas mãos continuariam em condições de se manter em poder."
A posição de Washington mantem-se firme. Golpes de estado ou derrubada de governo continuam a ser a política dos Estados Unidos a longo prazo. Guerra é a escolha nr.1 dos mesmos. Obama apresenta intenções de deslanchar mais uma guerra.
Depois das negociaões do Post-Geneva I, Washington exigiu uma autorização de guerra através do Capítulo VII da Carta Magna da ONU. "A história está se repetindo" disse Sergei Lavrov.
"Agora, mais uma vez em Geneva alcançou-se um acordo, o chamado Geneva II o qual também não contém nenhuma menção ao Capítulo 7 ."
Os Estados Unidos depois desses novos acordos terem sido feitos [em Geneva II] querem que se use uma linguagem na resolução do Conselho de Segurança da ONU que inclua o capítulo VII - 7 , o que como ressaltado acima é sinônimo com uma autorização de guerra.
Nesse contexto a Rússia rejeita uma autorização para mais uma guerra e Lavrov convocou os poderes ocidentais para que esses respeitem as leis internacionais.
Ele gostaria que esses poderes ocidentais conseguissem conter suas "ambições geopolíticas. Na Síria o Ministro Sergei Lavrov, em nome da Rússia, deseja que as duas partes "entreguem suas armas químicas." nas mãos da comunidade internacional - em nome e dentro dos limites da lei.
"As soluções actualmente sendo estudadas pela OPCW [Organização para a Proibição de Armas Químicas] sugerem que todo o sortimento de armas químicas da Síria teria que ser posto abaixo de controle [internacional] e no final destruido, " o Ministro do Exterior da Rússia sublinhou.
Ele disse nesse contexto que os representantes dos poderes ocidentais não estavam "contando toda a história." Declararações de que só o governo de Bahar al-Assad tem armas químicas não é a pura verdade.
Sabe-se que os insurgentes as tem. Eles foram presos em flagrante delito com elas.
"De acordo com as nossas estimativas" disse Sergei Lavrov, "existe uma forte possibilidade de que" os militantes [armados] produzem armas químicas em "laboratórios caseiros."
"Trabalhos preparatórios para que os inspectores da OPCW assumam o controle dos locais de depósitos das armas químicas [na Síria] requer que todos aqueles que financiem os grupos da oposição - incluindo os extremistas - exijam que esses entreguem as armas que esses apopriaram [de uma maneira ou de outra] de modo que essas possam ser destruidas - de acordo com o que estabelece a Convenção para a Proibição de Armas Químicas."
A Rússia e os Estados Unidos diferem de maneira marcante quanto a linguagem no Conselho de Segurança da ONU. Moscou quer uma resolução pacífica do conflito. Washington quer guerra.
A Rússia proveu os membros do Conselho de Segurança da ONu com provas de que os insurgentes tinham usado armas químicas. A Síria apresentou então documentos técnicos a respeito. De acordo com declarações de Sergei Lavrov esses documentos foram cuidadosamente examinados.
Os dados fornecidos foram em "adição aos que já conhecíamos e ao que é conhecido por peritos independentes, peritos esses que deram suas contribuições e confirmaram que a oposição regularmente usa [estratagemas] de provocações."
Fazendo isso os provocadores "tentam acusar o regime de usar armas químicas." É o oferecimento de um pretexto para intervenção militar. É também dessa maneira que Washington, ao que tudo indica, ainda espera poder conseguir uma derrubada de governo.
Moscou espera que os inspetores da ONU voltem à Síria. A Rússia quer que outros incidentes relacionados com armas químicas sejam investigados. Incidentes recentes ocorreram em 22, 24 e 25 de agôsto.
Sergei Lavrov sublinhou que insurgentes atacaram as forças sírias usando gases venenosos. O Ministro também acrescentou que as medidas de tempo apresentada para destruir as armas químicas da Síria não eram realísticas. Tem-se então que a grande maioria das medidas estipulatórias, quanto do começo e finalização da missão, assim como dos termos, tinham sido sugeridas pelos Estados Unidos, explicou o ministro.
"Quando os peritos da OPCW visitarem a Síria e virem os locais de depósito de armas químicas, eles irão compreender o que pode ser destruido no local, assim como (e isso também é possível) com o uso de equipamentos móveis, os quais muitos países tem.
Ainda há os que exigiriam que fábricas e ou estabelecimentos especiais fossem construidos, como fizemos do quando destruímos os depósitos de armas químicas da União Soviética."
O ministro então acrescentou que "para as armas que tivessem que ser tiradas para fora do país (contendo substâncias tóxicas) - seriam necessárias decisões especiais, porque a convenção [contra as armas químicas] considera essencial que a destruição dessas armas seja feita no território do país que tem as armas químicas," sublinhou Sergei Lavrov.
Aspectos legais tem que ser estabelecidos par mudar essas armas para fora do país. Se todas as partes estiverem, em princípio, de acordo um documento legal poderá ser estabelecido.
Prover a segurança para os peritos da OPCW é essencial, disse o ministro. Acrescentou que consideravam que uma presença internacional será necessária nas áreas onde os peritos estiverem trabalhando"
O Ministro acrescentou que estavam preparados para colocar os seus próprios servidores oficiais ou a polícia militar para partiicpar nesses esforços.
" Eu não acredito que seria necessário mandar uma vigorosa (força militar). Parece-me que poderia ser suficiente o mandar observadores militares."
"Será necessário fazer isso de maneira que os observadores venham da parte de todos os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, dos [no caso relevantes] países árabes e da Turquia, de maneira que todas as partes do conflito na Síria compreendam que esse contingente representa todas as forças externas que estão colaborando com uma ou outra das partes em conflito na Síria. Isso de maneira a que ninguém venha a recorrer a provocações."
Todas as partes envolvidas terão que evitar provocações. Iria Washington cumprir esse acordo? Planos para uma derrubada de governo se mantém firmemnte em posição. Irá Obama reverter seu curso?