Alemanha entra na Ucrânia?
08.10.2014 |
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"A Alemanha pretende enviar suas tropas para a Ucrânia pela primeira vez depois da invasão da força nazista no território soviético em 1941", comunicou o jornal britânico Daily Mail.
A chanceler Angela Merkel, escreve a edição, decidiu reservar-se o comando das ações de europeus, voltadas para garantir a paz na Ucrânia. Até hoje, segundo o jornal, Berlim não ousava enviar lá um continente de paz alemão, lembrando-se de seu papel na Segunda Guerra Mundial. Ao mesmo tempo, o Daily Mail faz recordar que quase sete milhões de cidadãos da antiga Ucrânia soviética, tanto soldados do Exército Vermelho como civis, foram mortos em resultado daquela guerra.
É evidente que uma paralela traçada pelo jornal entre os planos atuais da Alemanha em relação à Ucrânia e as ações de nazis nos anos da Segunda Guerra Mundial não pode ser oportuna. O motivo concreto para o comunicado do jornal britânico foi uma declaração sobre a disposição a conceder "necessária assistência" à Ucrânia, feita há dias pela ministra da Defesa da Alemanha, Ursula von der Leyen.
Em uma entrevista à estação alemã de televisão pública ARD, a ministra referia-se a "pontes quentes" no planeta que literalmente "apelam" a que a Alemanha "assuma a responsabilidade" pela sua regularização. "E nós podemos fazê-lo", destacou com firmeza Leyen.
Concretamente, de acordo com os planos que se tornaram conhecidos, o Ministério da Defesa da RFA prevê enviar para o Sudeste da Ucrânia um destacamento de 200 paraquedistas alemães que terão como tarefas oficiais a garantia da segurança de uma missão da OSCE no país, assim como a supervisão da trégua acertada entre o Exército governamental e os militantes das duas repúblicas não reconhecidas.
Nos mesmos dias foi conhecido que a Alemanha está enviando um comboio humanitário para a Ucrânia. Mais de 100 caminhões de 17 cidades alemãs, carregando materiais de construções, cobertores, roupa de inverno e aquecedores, devem chegar nesta semana a um ponto de distribuição em Kiev. O valor total da ajuda humanitária ultrapassa 10 milhões de euros.
Levando em consideração a situação formada no Sudeste da Ucrânia, há perguntas tanto à primeira como à segunda missão de Berlim. Quem havia convidado, pelo menos oficialmente, a Bundeswehr alemã para a chamada "supervisão da situação" no terreno? Como é sabido, as operações de paz em pontos quentes do planeta são uma prerrogativa das Nações Unidas. Neste caso, nas palavras do porta-voz do Conselho de Segurança Nacional e Defesa da Ucrânia, Andrei Lysenko, citadas pelo Der Spiegel, "até hoje não houve quaisquer propostas sobre a presença de tropas alemãs na Ucrânia".
Mas se soldados da Bundeswehr não terem oficialmente o estatuto de força de paz, como eles poderão ser considerados? Como eles irão supervisionar a fronteira controlada por militantes das Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk não reconhecidas? Se alguém em Berlim estivesse interessado na opinião de habitantes locais?
Sim, formalmente, na região vigora uma trégua. Mas ela pode fracassar em qualquer momento. Ao mesmo tempo, segundo comunicados oficiais, a assistência humanitária é destinada para habitantes de cidades controladas pelo regime de Kiev. Mas a catástrofe humanitária deflagrou em povoações arruinadas que estão situadas nomeadamente no território das repúblicas autoproclamadas.
E mais uma nuance. Conforme declarou Ursula von der Leyen, os detalhes da missão militar na Ucrânia serão coordenados com a França. Por que razão? Igor Korotchenko, perito militar e redator-chefe da revista Defesa Nacional, não duvida ao responder a essa pergunta:
"Assiste-se a uma entrada gradual da OTAN no conflito na Ucrânia, a uma internacionalização dele. Surpreende, contudo, o fato de a Alemanha pretender enviar paraquedistas para a Ucrânia e não, digamos, médicos forenses para investigar casos de fuzilamentos maciços de civis por militares ucranianos. O envio de contingentes de paz da OTAN significa a continuação da guerra, significa a ocupação da Ucrânia por tropas da OTAN. Não pode ser considerado em caso algum como verdadeira operação de paz".
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