terça-feira, 2 de setembro de 2014

Independência da Bahia. Um fragmento da história deste Blogger

SABINADA


Ao longo da primeira metade do século XIX, a província da Bahia foi assolada por agitações provocadas por diversos setores sociais. Entre elas, a Sabinada, originada em 1837 na cidade de Salvador e que representou um movimento separatista precedido por largas agitações políticas.
O movimento tomou toda a Capital, com o apoio de parte das tropas governamentais, mas não conseguiu o apoio do interior, devido à resistência das forças legalistas locais. Terminou no ano seguinte, devido ao cerco da cidade por terra e por mar pelas tropas militares enviadas pelo governo central.
Participaram da revolta, inúmeros setores da sociedade, principalmente a classe média - jornalistas, comerciantes e professores - unidos em torno de um ideal republicano. Suas motivações refletiram a tendência geral das províncias brasileiras durante o período da Regência: negar a autoridade instituída e os presidentes escolhidos para o governo provincial.
A Sabinada, liderada por Sabino Rocha Vieira, destacou-se pela visualização de um separatismo provisório; a república Baiense existiria somente até a maioridade de D. Pedro II. A guerra civil fez centenas de vítimas, entre revoltosos e legalistas, e milhares de prisioneiros. Seu líder foi preso e desterrado para a província de Mato Grosso, onde veio a falecer.

SABINADA

Movimento autonomista ocorrido na Bahia entre 1837 e 1838, durante o período da Regência. Setores políticos da província ligados aos liberais radicais e à maçonaria defendem os ideais federativos contra o centralismo monárquico. Aproveitando a reação popular contra o recrutamento militar imposto pelo governo regencial para combater a Revolta dos Farrapos, iniciam a luta em favor da separação temporária da Bahia do resto do império.
Liderada pelo médico Francisco Sabino da Rocha Vieira, a rebelião começa em Salvador, em 7 de novembro de 1837. Apesar de pretender estender-se a toda a província, a revolta acaba restringindo-se à capital e a algumas localidades próximas. Também não obtém o apoio esperado entre as camadas populares e entre os influentes senhores de engenho. Mesmo assim, os "Sabinos" denunciam a ilegitimidade do regime da Regência e proclamam a República, prevista para durar até a maioridade legal do imperador. Conseguem tomar vários quartéis na capital baiana, mas são cercados por terra e por mar pelas tropas legalistas e derrotados em março de 1838. Muitos morrem nos combates. Três líderes são executados e outros três deportados. Sabino Vieira é confinado na província de Mato Grosso.
Fonte: br.geocities.com

SABINADA

1837

A Sabinada constituiu um dos movimentos subversivos que abalaram o Brasil durante a menoridade de D. Pedro II, mas, ao contrário de outras, teve diretrizes ideológicas bem definidas, pois se tratou de uma rebelião cujos objetivos visavam a separação do império e a instalação de um governo republicano. O nome por que ele ficou conhecido derivou de um de seus chefes, Francisco Sabino Álvares da Rocha Vieira, médico e professor, que embora pobre tornou-se famoso na época não só pelas atividades políticas que exercia, mas principalmente em razão de seu espírito humanitário, o que o tornava muito querido pelos pobres, infelizes e oprimidos. Além do mais, era um homem de ciência, um dos mais cultos entre os elementos que participaram do levante.
A revolta teve início com a fuga do líder farroupilha Bento Gonçalves, que se encontrava detido no Forte do Mar, em Salvador. Os registros revelam que em 7 de novembro de 1837. O líder revolucionário baiano - doutor Francisco Sabino - e mais quatro companheiros dirigiram-se ao forte, e chegando lá convocaram o corneteiro, ordenando ao mesmo que executasse o toque "Chamada Ligeira", senha combinada para dar início à revolução. Em seguida tomaram a instalação militar com apoio da sua guarnição. Uma vez livre, Bento Gonçalves incentivou o movimento revolucionário que teve como causa principal a insatisfação da população local em relação ao governo central. Entre os motivos desse estado de coisas destacava-se o fato de os regentes imporem governantes para Bahia sem considerar os interesses e a vontade da população local, o que se agravou com a circulação de boatos sobre o envio, por determinação das autoridades imperiais, de tropas baianas para o Rio Grande do Sul, onde na mesma época estava em curso o conflito conhecido como Guerra dos Farrapos.
Deflagrada a sublevação em Salvador, nesse mesmo dia 7 de novembro de 1837, populares armados obrigaram o governador da província, Francisco de Souza Paraíso, a se recolher a um navio de guerra, e tomaram conta da cidade. Em reunião na Câmara de Vereadores os revolucionários decidiram: "A Bahia fica inteira e perfeitamente desligada do governo central do Rio de Janeiro, e passa a ser um estado independente”. Parte da tropa sediada na capital baiana aderiu ao movimento sem opor qualquer resistência, o que forçou a fuga das autoridades legais e culminou com a proclamação da independência da província (elegendo como presidente Inocêncio da Rocha Galvão, que se encontrava nos Estados Unidos) e a instalação de um governo republicano comandado interinamente por João Carneiro da Silva Rego, com duração prevista até a maioridade de D. Pedro de Alcântara (na ilustração, D. Pedro II em 1840,  tela pertencente ao acervo do Museu Histórico Nacional).
Todavia, somente Itaparica e o povoado de Feira aderiram à revolta, enquanto os demais centros populosos da província prepararam-se para resistir aos rebeldes. Mas estes não conseguiram ampliar o seu campo de ação e por isso ficaram restritos aos limites urbanos. Na seqüência desses acontecimentos, tropas comandadas pelo general João Crisóstomo Calado seguiram do Rio de Janeiro para a Bahia, ao mesmo tempo em que além das forças que também se deslocavam de Pernambuco para Salvador, uma divisão naval comandada por Teodoro Beaurepaire se punha em linha contra os revoltosos, para enfrentá-los. Embora articulados com elementos de outras províncias, principalmente de Pernambuco, os amotinados logo se viram em situação extremamente difícil, pois o cerco imposto pelas forças legalistas lhes acarretou uma série de dificuldades praticamente insolúveis. Dessa forma, sentindo-se acossados pela fome, eles efetuaram diversas sortidas contra as tropas que os cercavam, mas foram repelidos em todas as investidas feitas.
Em começo de março os legalistas ocuparam Itaparica, e logo depois, no dia 15 do mesmo mês, o general Calado iniciou o assalto a Salvador, quando então se travou um encarniçado combate corpo a corpo que só terminaria no dia seguinte. Procurando impedir a entrada das tropas governistas os rebeldes incendiaram a cidade, mas para dificultar a situação dos defensores os atacantes também atearam fogo ás partes deixadas intactas pelos primeiros, além de praticar outros excessos. Ao final de tudo, a Bahia foi reintegrada à Regência e devidamente pacificada; as perdas revolucionárias mencionadas por algumas fontes se elevaram a 1258, de acordo com os sepultamentos efetuados na cidade; cerca de 160 casas foram destruídas por incêndios; e 2.298 revolucionários republicanos acabaram presos pelas autoridades.
Dominado o movimento, os rebeldes capturados foram julgados por um tribunal composto pelos donos de latifúndios da província, sendo quatro condenados à morte e muitos outros a desterro e trabalhos forçados. Posteriormente, com a maioridade do imperador, os condenados tiveram a pena comutada por ele, impondo-se apenas o desterro dos chefes da rebelião. Entre esses, Francisco Sabino Vieira, ficou confinado na Fazenda Jacobina, na remota província de Mato Grosso.

SABINADA

A Sabinada, diferentemente da Cabanagem, foi uma rebelião de elementos da camada média urbana de Salvador e que não contou com a participação da massa pobre e com o apoio da aristocracia latifundiária.
Os organizadores do movimento entre os quais destaca o médico Francisco Sabino da Rocha Viera, (daí o nome Sabinada), acreditavam que somente a luta armada para derrotar o governo regencial possibilitaria a solução dos problemas econômicos do país.
Organizado o movimento, os rebeldes, com o apoio de algumas tropas militares baianas, tomaram o poder na capital da província e proclamaram a República.
Porém, no ano seguinte, os rebeldes foram cercados e atacados em Salvador pelas tropas fiéis ao governo e apoiadas pelos latifundiários baianos.
A repressão foi violenta. Verdadeiros atos de crueldade foram cometidos pelos soldados, que chegaram a jogar prisioneiros vivos em casas incendiadas.
Francisco Sabino, foi preso e desterrado para o Mato Grosso, onde faleceu posteriormente.

SABINADA

A Sabinada, diferentemente da Cabanagem, foi uma rebelião de elementos da camada média urbana de Salvador e que não contou com a participação da massa pobre e com o apoio da aristocracia latifundiária.
Os organizadores do movimento, entre os quais, se destacou o médico Francisco Sabino da Rocha Viera (daí o nome Sabinada), acreditavam que somente a luta armada para derrotar o governo regencial possibilitaria a solução dos problemas econômicos do país.
Organizado o movimento, os rebeldes, com o apoio de algumas tropas militares baianas, tomaram o poder na capital da província e proclamaram a República.
Porém, no ano seguinte, os rebeldes foram cercados e atacados em Salvador pelas tropas fiéis ao governo e apoiadas pelos latifundiários baianos.
A repressão foi violenta. Verdadeiros atos de crueldade foram cometidos pelos soldados, que chegaram a jogar prisioneiros vivos em casas incendiadas.
Francisco Sabino, foi preso e desterrado para o Mato Grosso, onde faleceu posteriormente.

SABINADA

O Período regencial é visto tradicionalmente como um período de crise, tendo de um lado a elite moderada do sudeste pretendendo consolidar seu modelo de independência, e de outro, as elites regionais e as camadas populares contestando a centralização, com projetos variados, ou até mesmo sem um projeto político definido. Nesse quadro encaixa-se a SABINADA, ocorrida na Bahia entre 1837 e 38.
O texto que se segue, de Júlio José Chiavenato, procura explicar esse movimento de contestação, comparando-o inclusive com outros movimentos da época.
O MOVIMENTO
A independência oficial do Brasil, prevalecendo sobre a libertação sonhada pelos patriotas - para usar uma palavra em voga na época - frustrou grande parte da população. A independência oficial sedimentou uma estrutura econômica e política herdada da Colônia, pouco alterando a situação das massas e, por adotar um centralismo autoritário, pressionava também o sistema político nas províncias.
A oportunidade perdida de democratizar a prática política, de um lado, e a insistência em manter inalterado o instituto da escravidão, de outro, praticamente fizeram aflorar todo o anacronismo do Estado brasileiro, provocando várias reações. Entre elas a Sabinada, na Bahia, e a Farroupilha, no Rio Grande do Sul.
Os Sabinos, mesmo manifestando fidelidade monárquica, proclamaram uma república provisória. Marcavam seu desejo de separação do governo central respeitando o rei-menino, como demonstra seu programa, proclamado quando tomam Salvador em 7 de novembro de 1837:
"A Bahia fica desde já separada, e independente da Corte do Rio de Janeiro, e do Governo Central, a quem desde já desconhece, e protesta não obedecer nem a outra qualquer Autoridade ou ordens dali emanadas, enquanto durar somente, a menoridade do Sr. Dom Pedro II."
Apesar da aparente participação popular na Sabinada, prevalecia entre os revoltosos a classe média. Foi a insurreição mais discutida da história do Brasil, enquanto se processava. Curiosamente, apesar de tanta discussão nos inúmeros jornais baianos da época, hoje é geralmente desprezada pelos historiadores.
Há pontos em comum entre os Sabinos e os farrapos. O líder farroupilha Bento Gonçalves esteve preso em Salvador, onde influiu sobre o ânimo dos baianos. Ao contrário dos gaúchos, porém, os baianos agiram menos e falaram mais.
Esta constatação não diminui os Sabinos: marca o tom das duas revoltas. Identificavam-se principalmente com o anti centralismo  imperial: os Sabinos, mais retoricamente ideológicos, e os farrapos, mais pragmáticos.
É sintomático que, um dos motivos imediatos da eclosão do movimento baiano seja a fuga de Bento Gonçalves da cadeia, facilitada por seus companheiros de idéias em Salvador. É que o líder baiano, o médico Francisco Sabino Álvares da Rocha Vieira, que deu o nome à insurreição, cumprira pena no Rio Grande do Sul: um degredo por assassinar o político conservador Ribeiro Moreira, em 1834. No Rio Grande, Sabino conviveu com as idéias farroupilhas e ficou amigo de Bento Gonçalves, que, por sua vez, seguiu preso para a Bahia em 1837.
Só em 1836 é que Sabino voltara à Bahia. Se as idéias se assemelham, a prática é outra. Os baianos são letrados e propagam seu ideário pelos jornais. Tentam convencer o povo da justiça de sua causa. E lutam, pode-se dizer, com uma elegância revolucionária clássica - se isso existe... Os gaúchos falam para justificar suas ações, as palavras pouco têm que ver com a realidade e, na guerra, desprezam tudo o que impede a vitória.
Paradoxalmente, são os gaúchos que conseguem mais povo na sua guerra: talvez pela visão senhorial da sociedade, encarando os pobres, especialmente os negros escravos, como massa de manobra a quem não devem explicações e obrigam a seguir seus donos.
A Sabinada obtém a vitória em 7 de novembro de 1837, com a adesão de parte das tropas do governo. As autoridades imperiais fogem de Salvador e é proclamada a república. Os Sabinos não conseguem, porém, convencer o interior da Bahia, especialmente o Recôncavo, a aderir ao movimento. São os grandes senhores do Recôncavo que ajudam o governo imperial a sufocar a insurreição.
O Império contra-ataca e vence, em 15 de março de 1838. O comandante Crisóstomo Calado excede-se na repressão, deixando mais de mil mortos e três mil feridos. Incendeia Salvador e joga nas casas em fogo os defensores da república baiana. Muitas vezes armavam fogueiras para queimar vivos os vencidos. Os que escapam com vida são julgados pelos grandes senhores rurais, os júris de sangue.
Se gente do povo é queimada, só três dos líderes foram condenados a morte. Mas ninguém é executado: o próprio Sabino tem a pena comutada para degredo interno e morre pacificamente em Mato Grosso.
Para alguns historiadores parece estranho que um movimento como a Sabinada, que não chegou a apresentar o perigo de autonomia popular como a Cabanagem, por exemplo, tenha merecido tão violenta repressão. Bem mais violenta que a dedicada aos farrapos, que ameaçaram mais gravemente a coesão do Império.
Porém, se na Sabinada não houve a mesma participação popular da Cabanagem, nem o vigor da Farroupilha, ela foi muito mais nítida ideologicamente. As idéias que a nortearam, quase todas da Revolução Francesa, eram veiculadas nos jornais por intelectuais competentes, dentro de uma tradição retórica que ensaiava impor-se na práxis política. Com os farrapos era possível um acordo - Porongos à parte, como veremos - mas com os Sabinos era diferente: eles tinham convicção ideológica.
Talvez a "vingança" se explique pela perda de controle dos líderes sobre os setores mais "franceses" da insurreição. No decorrer da luta surgiram correntes agredindo a aristocracia, divulgando na imprensa suas perigosas idéias. Estas idéias são bem marcadas num dos hinos publicados:
Defende o altar e o trono,
Derruba a aristocracia
Porém essa confusão ideológica - altar e trono sem aristocracia - não significa ascensão do povo. É uma reação contra o apoio que a aristocracia baiana dá ao Império, fornecendo gente para sufocar a rebelião. Nem por isso deixou de assustar as classes dominantes, que agiram para "cortar o mal pela raiz".
Mais uma vez a história repete-se como tragédia: uma lição do poder, com sua pedagogia do terror, para que seu núcleo ideológico não seja posto em questão.
Os fatos, às vezes, são menos importantes que sua interpretação - como ousadamente propôs Edward Carr, em um dos seus ensaios sobre histórias. As idéias permanecem; os fatos podem ser sepultados em documentos... que pouco dizem, se não são severamente interrogados, como ensina o historiador Marc Bloch.
Será que por falarem melhor do que agem, os Sabinos deixam uma lição mais profícua ao povo?
Será isto que o Império, melhor que os historiadores entendeu?

SABINADA

No Rio Grande do Sul a Revolução Farroupilha atingia a sua fase áurea e no Pará ainda resistiam núcleos cabanos. Estas duas se constituíram nas mais duradouras revoltas do período regencial e os maiores desafios à pacificação e com possibilidades de envolvimento externo. No norte com França, no Amapá e ,no Sul com as repúblicas do Uruguai e Argentina no Rio Grande do Sul .
Na Corte, o Parlamento e Regência se degladiavam! Nos meios intelectuais do Brasil incidiam várias doutrinas mal assimiladas, cujos defensores teoricamente se extremavam em defendê-las e colocá-las em prática, sem levar em conta a viabilidade prática das mesmas, num país gigante que ensaiava seus primeiros passos, independente.
Uns defendiam as idéias em moda da Revolução Francesa e outras do federalismo americano.E as lojas maçônicas eram o fórum de debates destas idéias, inclusive de defesa do modelo de monarquia constitucional inglesa.
E na Bahia todas estas idéias estavam em debates em jornais, os quais de 1831-1837 foram editados em número de 60 .
Mas nesta babel de idéias em debate, havia um consenso - a necessidade de uma revolução.
Consenso de conservadores exaltados, de federalistas vencidos em 1832 e 1834, de desiludidos com o Ato Adicional à Constituição e de republicanos desesperançados com a não adoção da República do Brasil ,com a consagração do Império ou Monarquia em 1822 e a sua preservação em 7 de abril de 1831, com a atuação prudente do Exército sob a liderança do brigadeiro Francisco Lima e Silva e seus familiares militares, onde se incluía o seu filho cap Luis Alves de Lima e Silva, o nosso futuro Duque de Caxias
Isto, por verem que a Monarquia só teria chance de vingar com a abdicação de D. Pedro I em favor de seu filho Pedro, menor de idade.Tese que vigorou para a felicidade do Brasil ,na época ,por ser um penhor da Unidade Nacional.
A prisão do líder farrapo general Bento Gonçalves da Silva no Forte do Mar, em Salvador, muito animou os baianos que inclusive tramaram sua exitosa fuga com apoio da Maçonaria.
E foi dentro deste clima que seria tentada a revolução baiana,congregando entre suas lideranças civis e militares do Exército.
Estes como os que aderiram em massa à Revolução Farroupilha possuíam sérias reservas pelas atitudes erradicadoras do Exército levadas a efeito por lideranças parlamentares que pretenderam, sob o belo argumento de destinar o Exército à defesa do litoral e das fronteiras ,lá colocá-lo em realidade com efetivos reduzidíssimos .
Esta circunstância tem sido omitida por razões várias. E crê-se hoje que Caxias as entendeu muito bem e procurou administrá-la dentro do que era possível nas suas circunstâncias da época.
Desenvolvimento da Sabinada
Em 7 nov1837 o líder revolucionário baiano -o médico Dr. Francisco Sabino A. da Rocha Vieira, acompanhado de 4 companheiros dirigiram-se a Forte São Pedro. Convocaram o corneteiro do forte e o mandaram executar o toque "Chamada Ligeira" que era a senha para ter início a revolução.
E em seguida tomaram o forte com apoio da guarnição deste. E deram a organização possível ao dispositivo militar revolucionário.
Na esteira dos batalhões revoltados, populares a eles se reuniram na Praça do Palácio. Divergências entre o Presidente, e o Comandante das Armas e o Chefe de Polícia da Bahia imobilizaram a reação do governo.
Em reunião na Câmara de Vereadores os revolucionários decidiram:
"A Bahia fica inteira e perfeitamente desligada do governo denominado Central do Rio de Janeiro e considerado estado independente."
O presidente legal refugiou-se num navio e renunciou dando parte de doente.
O dr Sabino era um médico pobre, mas por humanitário, era muito querido dos pobres, infelizes e oprimidos. Era fiel ao juramento de Hipócrates, parece que uma característica ética da medicina baiana da época.
Em realidade parece ter sido ele a alma e o cérebro da revolução que tomou seu nome - A Sabinada.
A reação à Sabinada começou no Recôncavo Baiano. O Chefe de Polícia Gonçalves Martins foi o líder da contra-revolução, conseguindo que ela ficasse circunscrita a Salvador sem ganhar o interior baiano.
A primeira medida militar da Regência foi submeter Salvador a rigoroso sítio terrestre e naval pela Marinha e Exército.
Sítio ou bloqueio que na parte naval era vez por outra quebrado por navios estrangeiros, por interesses comerciais. Nem os revolucionários saiam de Salvador, nem estes deixavam ali entrar as forças legais,
Foi nomeado para conduzir as operações contra os revolucionários o Gen. João Crisóstomo Calado, veterano da Batalha do Passo do Rosário em 20 de fev 1827, onde tivera papel saliente no comando de uma Divisão de Infantaria da Esquerda, tendo enfrentado os seus cunhados uruguaios- os irmãos Inácio e Manuel Oribe. Personagem estudado por seu parente:
FRANCO, Afonso Arinos de M. Um soldado do Reino e do Império. Rio de Janeiro: BIBLIEx, 1942.
Em 23 de jan 1838, ele assumiu o Comando das Armas da Bahia, em Pirajá, tendo encontrado a tropa em lastimável estado. E levou 50 dias para colocá-la em pé de guerra para investir Salvador.
Os revolucionários Sabinos eram fracos no mar, mas em terra possuíam expressivos efetivos, cuja força fora potencializada por escudar-se em trincheiras e em fortes.
Em 13 mar 1838, pela manhã, o general Calado investiu Salvador com 3 brigadas do Exército, formando cada, uma coluna, e com mais o reforço de uma brigada pernambucana de 2a linha .A esta caberia em Bate Folha romper o fogo e dar início ao assalto das trincheiras revolucionárias.
A Brigada do Centro, ao comando do Ten. Cel. Argolo Ferrão, (baiano que construiria a Estrada do Chaco no Paraguai), em disputado e sangrento confronto atingiu a região de Sítio do Resgate
.A Brigada da direita ao comando do Cel. Correia Seara avançou até a região de São Caetano.
A brigada da esquerda do Ten. Cel. Sepúlveda atingiu a região de São Lourenço.
A luta prosseguiu durante todo o dia 14 de março, com violência. Os revolucionários começaram a atear fogo em casas. Para prevenir o incêndio da área comercial para lá o Gen. Calado destacou uma brigada.
Em 15 mar de 1838, o Gen. Calado progrediu com seu Exército na direção do principal objetivo militar e político da contra revolução - o Forte de São Pedro.
Ao defrontar-se com o Forte São Pedro os revolucionários propuseram-lhe anistia para todos.
E Calado envia-lhes por escrito a seguinte resposta lacônica mas determinada:
"Ao general do Exército Brasileiro com forças sobre o Forte de São Pedro só convém que a guarnição rebelde se entregue a descrição ( rendição incondicional).Campo do Forte de São Pedro,15 de março 1838,as 6 horas da tarde ."
Em seguida renderam-se os revoltosos do Forte do Mar de onde Bento Gonçalves havia fugido para assumir a Presidência da República Riograndense
O general Bento Gonçalves da Silva, esteve preso no Forte do Mar por 13 dias , desde o final de agosto até 10 nov 1837 ,data de sua fuga espetacular e assim desvendada por Pedro Calmon e aqui sintetizada:
Do Forte do Mar, Bento Gonçalves foi levado para a ilha de Itaparica. Ali foi embarcado num navio que transportava farinha de trigo destinada a Pelotas e Montevidéu. Foi desembarcado em Florianópolis. Dali ,a cavalo ,seguiu em companhia do catarinense Mateus. Em 3 de nov atingiu Torres e em 10 de nov atingiu Viamão, Quartel General do sítio terrestre de Porto Alegre ao comando do Cel. Onofre Pires, com quem duelaria mais tarde por questões de honra e o feriria de morte com sua espada albana.
Havia decorrido 1 ano e sete meses de sua prisão na ilha do Fanfa ,no rio Jacuí e 2 meses de sua fuga do Forte do Mar.
Síntese biográfica do líder farrapo na obra nossa citada O Exército farrapo e os seus chefes.Rio de Janeiro : BIBLIEX,1992.v.1.
Ela esclarece mais o episódio, bem como a figura do chefe baiano Tem. Cel. Francisco José da Rocha que participou de sua libertação o qual o líder farrapo acolheria no Rio Grande, finda a Sabinada, fazendo-o comandante de um batalhão de Infantaria farrapo e a mais alta autoridade maçônica no Rio Grande
.Por isto ele elevaria a grau compatível o Gen. Canabarro para que este pudesse assumir o comando do Exército farrapo ao final.
Bento Gonçalves chegou na Bahia "com ar seco, aspecto melancólico e sisudo" segundo o Jornal local.Mas sua breve permanência serviu para motivar a Sabinada.
As duas prisões em que o prenderam eram insalubres e desconfortáveis conforme se conclui de carta de sua lavra:
"Pedia 3 camisas por estarem as suas em frangalhos,um capote por sentir frio a noite,pois só tinha um lençol para cobrir-se e , um par de tamancos para poder passear na masmorra em que estava preso que é toda uma lagoa cheia de imundície e de péssimo cheiro."
A Bahia foi restaurada à Regência e pacificada na noite de 15 de mar de 1838.
As perdas revolucionárias mencionadas por algumas fontes se elevaram a morte de 1258, segundo os sepultamentos efetuados e a 160 casas incendiadas e a prisão de 2.298 revolucionários republicanos.
O Dr Sabino buscou proteção na casa do cônsul francêz. Submetidos a julgamento, muitos revolucionários foram condenados à morte. Foram interpostos sucessivos recursos até o derradeiro ao Superior Tribunal de Justiça. Antes que este fosse decidido ocorreu a Maioridade de D. Pedro II que concedeu clemência aos republicanos baianos e estendeu a anistia a todos os delitos políticos.
Líderes revolucionários foram anistiados e confinados longe de grandes centros.
E assim terminava mais uma tentativa republicana e com ela a preservação a Unidade e Integridade do jovem Brasil em seus primeiros e dificultosos passos na Comunidade das Nações.
O futuro Duque de Caxias continuava a fazer a segurança do Governo Central e a Segurança Pública da capital do Império e com medidas preventivas desestimulando novas aventuras insensatas que marcaram no Rio os primeiros tempos da Regência.
E pacificada a Bahia, dentro em breve seus serviços seriam reclamados para pacificar a Balaiada no Maranhão, uma espécie de versão maranhense da Cabanagem como se verá.

SABINADA

A PROVÍNCIA DO GRÃO-PARÁ ENTRE 1835 - 1840

A Cabanagem, movimento que ocorreu na província do Grão-Pará, entre os anos de 1835 e 1840, pode ser vista como um prosseguimento da Guerra da Independência na região.

Desde a emancipação política, em 1822, a Província do Grão-Pará, vivia um clima agitado. Isolada do resto do país, era a parte mais ligada a Portugal. Declarada a Independência, a Província só foi reconhecê-la em agosto de 1823. A adesão ao governo de D. Pedro I foi penosa e violentamente imposta. Administrada por Juntas governativas que se apoiavam nas Cortes de Lisboa, os habitantes da Província já estavam acostumados a ver todos os cargos públicos e recursos econômicos nas mãos dos portugueses.
A Independência não provocara mudanças na estrutura econômica nem modificara as péssimas condições em que vivia a maior parte da população da região, formada por índios destribalizados, chamados de tapuios, índios aldeados, negros forros e escravos e mestiços. Dispersos pelo interior e nos arredores de Belém, viviam marginalizados em condições miseráveis, amontoados em cabanas à beira dos rios e igarapés e nas inúmeras ilhas do estuário do rio Amazonas. Essa população conhecida como "cabanos", era usada como mão-de-obra, em regime de semi-escravidão, pela economia da Província, baseada na exploração das "drogas do sertão" (cravo, pimenta, plantas medicinais, baunilha), na extração de madeiras, e na pesca.
Desde a Guerra da Independência, quando mercenários comandados pelo Lord Almirante Grenfell, destituíram a Junta que governava a Província, o povo exigia a formação de um governo popular chefiado pelo cônego João Batista Gonçalves Campos. No entanto, Grenfell, que recebera ordens para entregar o Governo a homens da confiança do Imperador, desencadeou violenta repressão, fuzilando e prendendo muitas pessoas. O episódio ocorrido a bordo do brigue Palhaço, quando cerca de 300 prisioneiros foram sufocados com cal, não conseguiu implantar a normalidade. Ao contrário os ânimos ficaram ainda mais exaltados.
A própria Junta que assumiu o governo da Província, em agosto de 1823 confessava: "Sentimos não poder afirmar que a tranqüilidade está inteiramente restabelecida porque ainda temos a temer, principalmente a gente de cor, pois que muitos negros e mulatos foram vistos no saque de envolta com os soldados, e os infelizes que se mataram a bordo do navio, entre outras vozes sediciosas deram vivas ao Rei Congo, o que faz supor alguma combinação de soldados e negros".

A situação da Província do Grão-Pará era, portanto, favorável ao surgimento de movimentos que expressavam a luta de uma maioria de índios, mestiços e escravos, contra uma minoria branca formada, principalmente, por comerciantes portugueses. Essa minoria concentrava-se em Belém, cidade que na época abrigava cerca de, 12 mil moradores dos quase 100 mil que habitaram o Grão-Pará. Entre 1822 e 1835 a Província passou por momentos de intranqüilidade. No interior e na capital ocorreu uma série de levantes populares, que contaram com a adesão dos soldados da tropa, descontentes com o baixo soldo, com o poder central e com as autoridades locais.

A REVOLTA DOS CABANOS

A abdicação de D. Pedro I teve reflexos violentos no Grão - Pará. Sob a liderança do cônego Batista Campos, os cabanos depuseram uma série de governantes nomeados pelo Rio de Janeiro para a Província. Além disso, exigiam melhores condições materiais e a expulsão dos portugueses, vistos como os responsáveis pela miséria em que viviam. Em dezembro de 1833, o Governo da Regência Trina Permanente conseguiu retomar o controle da situação, e Bernardo Lobo de Sousa assumiu o governo da Província.
Segundo o historiador Caio Prado Júnior, "é neste governo que propriamente se inicia a revolta dos cabanos." Logo após ser empossado, Lobo de Sousa iniciou uma violenta política repressiva. Perseguiu, efetuou prisões arbitrárias e deportações em massa. No entanto, foi o recrutamento para o Exército e a Armada imperiais, medida extremamente impopular, que precipitou uma rebelião generalizada. O recrutamento permitiu que fossem afastados os elementos considerados "incômodos" ao governo da Província. Para Domingos Antonio Raiol, contemporâneo dos acontecimentos, a política de Lobo de Sousa conseguiu eliminar aqueles que "eram conhecidos por suas doutrinas subversivas, que pregavam e inoculavam no seio da população e que ameaçavam a ordem pública pela influência perigosa que exerciam entre as massas."
As atitudes de Lobo de Sousa aumentaram a agitação e o descontentamento da população. A revolta se alastrou pelo interior da Província. Os cabanos receberam o apoio dos irmãos Antônio e Francisco Vinagre, lavradores do rio Itapicuru do seringueiro Eduardo Nogueira Angelim, e do jornalista do Maranhão Vicente Ferreira Lavor, que, através do periódico A Sentinela, propagava as idéias revolucionárias. À medida que o movimento avançava, os revoltosos se dividiam: a ameaça de radicalização fez com que muitos se retirassem temendo a violência das massas populares, enquanto outros, como o cônego Batista Campos, esperavam obter as reformas que defendiam na recém-criada Assembléia Legislativa Provincial. A partir daí a elite que liderara a revolta recuou e os cabanos assumiram o controle.
Em janeiro de 1835, dominaram Belém, executando o governador Lobo de Sousa e outras autoridades. O primeiro governo cabano foi entregue ao fazendeiro Félix Antonio Malcher, que, com medo da violência das camadas mais pobres da população, entrou em choque com os outros líderes perseguindo os elementos mais radicais. Chegou a mandar prender e deportar Angelim e Francisco Vinagre. Além disso, manifestou a intenção de manter a Província ligada ao Império, ao jurar fidelidade ao Imperador, afirmando que só ficaria no poder até à maioridade. Esse juramento ia de encontro ao único ponto que unia os revoltosos: a rejeição à política centralizadora do Rio de Janeiro, vista como preservadora dos privilégios dos portugueses. Malcher acabou sendo deposto e executado.

Francisco Vinagre foi escolhido para o segundo governo cabano. No entanto não foi capaz de resolver as divergências entre os revoltosos, e foi acusado de traição por ter feito um acordo com as tropas legalistas enviadas pelo Rio de Janeiro.
Vinagre ajudou as tropas e navios sob o comando do Almirante inglês Taylor, e prometeu entregar a presidência da Província a quem fosse indicado pelo Governo Regencial. As forças regenciais retomaram Belém.

Os cabanos, vencidos na capital, retiraram-se para o interior. Aos poucos foram tomando conta da Província. Profundos conhecedores da terra e dos rios infiltraram-se nas vilas e povoados, conseguindo a adesão das camadas mais humildes da população. Liderados por Vinagre e Angelim, reforçaram suas tropas e retomaram Belém, após nove dias de lutas violentas. Com a morte de Antônio, Eduardo Angelim foi escolhido para o terceiro governo cabano que durou dez meses. Angelim era um cearense de apenas 21 anos que migrara para o Grão- Pará após uma grande seca ocorrida no Ceará, em 1827.
No entanto, os cabanos, durante todo o longo período de lutas, não souberam organizar-se com eficiência. Abalados por dissidências internas, pela indefinição de um programa de governo, sofreram ainda uma epidemia de varíola, que assolou por longo tempo a capital.

A REPRESSÃO DA REGÊNCIA

O regente Feijó decidiu restabelecer a ordem na Província. Em abril de 1836 mandou ao Grão-Pará uma poderosa esquadra comandada pelo brigadeiro Francisco José Soares de Andréia, que conseguiu retomar a capital. Havia na cidade quase unicamente mulheres. No dizer de Raiol, "a cidade despovoada apresentava por toda parte um aspecto sombrio e contristador".
Os cabanos abandonaram outra vez Belém e retiraram-se para o interior, onde resistiram por mais três anos. A situação da Província só foi controlada pelas tropas do Governo Central em 1840. A repressão foi violenta e brutal. Incapazes de oferecer resistência, os rebeldes foram esmagados. Ao findar o movimento, dos quase 100 mil habitantes do Grão-Pará, cerca de 30mil, 30% da população, haviam morrido em incidentes criminosos e promovidos por mercenários e pelas tropas governamentais.
Chegava ao fim a Cabanagem que, segundo o historiador Caio Prado Júnior, "foi o mais notável movimento popular do Brasil... o único em que as camadas mais inferiores da população conseguem ocupar o poder de toda uma província com certa estabilidade. Apesar de sua desorientação, da falta de continuidade que o caracteriza, fica-lhe contudo a glória de ter sido a primeira insurreição popular que passou da simples agitação para uma tomada efetiva de poder."

Mas a Cabanagem não foi um fato isolado. Vários outros movimentos ocorreram durante o Período Regencial, levando Feijó a chamá-los de "o vulcão da anarquia".

A BALAIADA

A PROVÍNCIA DO MARANHÃO ENTRE 1838 - 1841

Entre os anos de 1838 e 1841, a Província do Maranhão foi abalada por vários levantes que atingiram também a vizinha Província do Piauí. Esses levantes receberam o nome geral de Balaiada porque um dos seus líderes, Manuel Francisco dos Anjos, fabricante e vendedor de balaios, era conhecido pelo apelido de "Balaio ".

Na época, a população total do Maranhão era de aproximadamente 200 mil habitantes, dos quais 90 mil eram escravos, além de uma grande massa de trabalhadores formada por sertanejos ligados à atividade pastoril e à lavoura. Nesse momento, o Maranhão enfrentava a crise da economia algodoeira. Após a Guerra da Independência dos Estados Unidos da América, o algodão, principal produto de exportação da Província, passou a sofrer a concorrência do algodão norte-americano que voltara a dominar o mercado internacional.
Na Província do Maranhão, como na do Grão-Pará, o reconhecimento da Independência não se fizera de modo pacífico. Ao contrário, provocara conflitos entre colonos e portugueses, possibilitando que a massa de trabalhadores, formada pelas camadas mais pobres da população, pegasse em armas nas lutas então travadas. No entanto, apesar da Independência, a realidade dessas massas não se modificara. Continuavam marginalizadas e afastadas do poder político e econômico.
A REVOLTA DOS BALAIOS
Durante o Período Regencial a situação continuou tensa. A política da Província era marcada por disputas entre os bem-te-vis, que se opunham aos governistas, chamados pejorativamente de cabanos. A Balaiada começou a partir dos choques entre esses dois grupos, mas em pouco tempo ganhou autonomia, tornando-se um movimento das massas sertanejas.
Segundo Caio Prado Júnior, "na origem deste levante, vamos encontrar as mesmas causas que indicamos para as demais insurreições da época: a luta das classes médias, especialmente urbana, contra a política aristocrática e oligárquica das classes abastadas, grandes proprietários rurais, senhores de engenho e fazendeiros, que se implantara no país."
O grupo bem-te-vi, nome tirado do jornal O Bem-te-vi, representava a população urbana que se opunha aos abusos dos proprietários de terras e aos comerciantes portugueses. Os conflitos entre bem-te-vis e cabanos agravaram-se após a votação da chamada "lei dos prefeitos", .pela qual os governantes locais, os prefeitos, passaram a ter poderes imensos, inclusive o de autoridade policial. Os cabanos, que estavam no poder, conseguiram maior controle da Província, nomeando seus partidários para o cargo de prefeitos, o que redundou em perseguição aberta aos bem-te-vis.

No Maranhão a insatisfação social era grande. Negros e mestiços constituíam a maior parte da população. Como aponta o historiador Arthur César Ferreira Reis, "Milhares de negros que fugiam aos maus tratos dos senhores aquilombavam-se nas matas, de onde saíam para surtidas rápidas e violentas sobre propriedades agrárias." O movimento logo escapou do controle das camadas dominantes, transformando-se num levante dos setores mais humildes da Província.
O fato que costuma marcar o início da revolta ocorreu em dezembro de 1838, quando o vaqueiro Raimundo Gomes, um mestiço, conhecido como Cara Preta passava pela Vila da Manga, levando uma boiada de seu patrão para vender em outro local. Na ocasião muitos dos homens que o acompanhavam foram recrutados e seu irmão aprisionado sob a acusação de assassinato. O recrutamento obrigatório, uma das armas de que o Governo dispunha para controlar a população, sempre foi muito impopular, visto que recaía basicamente sobre os menos favorecidos, obrigados a qualquer momento a servir nas forças policiais ou militares. Raimundo invadiu a cadeia libertando não só seu irmão como os outros presos. A guarda não reagiu. Ao contrário, aderiu.

A partir daí o movimento ampliou-se. A luta generalizou-se por toda a Província. Por onde passava, Raimundo ia conseguindo que mais gente o seguisse, inclusive os escravos negros, que formaram quilombos, dos quais o mais importante foi o comandado pelo negro Cosme. À frente de 3 mil escravos rebelados, Cosme, um antigo escravo, que se intitulava "Imperador, Tutor e Defensor das Liberdades Bem-te-vis", vendia títulos e honrarias a seus seguidores.
Em 1839, os balaios tomaram a Vila de Caxias, "a segunda cidade da Província em importância". Pelas ruas da Vila ouvia-se:
"O Balaio chegou!
O Balaio chegou.
Cadê branco!
Não há mais branco!
Não há mais sinhô!"
Os rebeldes organizaram-se em um Conselho Militar e formaram uma Junta Provisória, com a participação de elementos bem-te-vis da cidade. Uma delegação foi enviada à capital, São Luís, para entregar ao presidente da Província as propostas para a pacificação: anistia para os revoltosos, revogação da "lei dos prefeitos", pagamento das forças rebeldes, expulsão dos portugueses natos e diminuição de direitos aos naturalizados e instauração de processo regular para os presos existentes nas cadeias.
No entanto, o movimento, apesar de ter atingido a parte mais importante da Província, chegando mesmo a ameaçar São Luís, entrou em rápido declínio. Sem unidade, com muitas divergências entre seus chefes, sofreu ainda o afastamento dos bem-te-vis, que após tentarem tirar vantagens do movimento, dele se afastaram, aderindo à reação, com medo da radicalização das camadas mais pobres da população, que assumiram a liderança da revolta.
Não aceitando as exigências dos balaios, o Governo provincial solicitou ajuda ao Rio de Janeiro. Em 1840, o Coronel Luís Alves de Lima e Silva, futuro Barão de Caxias, é nomeado para a presidência da Província, acumulando o comando das armas. À frente de 8 mil homens, e aproveitando-se habilmente das rivalidades entre os líderes balaios, Caxias em pouco tempo sufocou o movimento. No ano seguinte, em 1841, um decreto imperial concedeu anistia aos revoltosos sobreviventes. Ao entregar o Governo do Maranhão a seu substituto, em 13 de maio de 1841, Caxias dizia: "Não existe hoje um só grupo de rebeldes armados, todos os chefes foram mortos, presos ou enviados para fora da Província..."
A repressão à Balaiada marcou o início da chamada "política da pacificação", pela qual Caxias sufocou as agitações que ocorreram durante o Império.
A SABINADA
Entre 1831 e 1833, movimentos de caráter federalista eclodiram em alguns pontos da Província da Bahia. Esses movimentos expressavam o descontentamento não só em relação à política centralizadora do Rio de Janeiro, mas também um forte sentimento antilusitano, originado do fato de os portugueses controlarem quase que totalmente o comércio varejista , ocupando ainda cargos políticos, militares e administrativos.

Nos primeiros meses de 1831 manifestações contra os portugueses, considerados "inimigos" do povo, reivindicavam que fossem tomadas contra eles medidas que iam desde a deportação, até a proibição de andar armados, a demissão dos que exercessem emprego civil ou militar, e a extinção das pensões concedidas por D. João VI ou D. Pedro I.
A notícia da abdicação, em 7 de abril, fez com que os ânimos se acalmassem. Segundo o historiador Wanderley Pinho, "o Governo promoveu festas e proclamou ao povo (23 de abril), procurando esfriar o ardor antiportuguês da massa popular, ao lembrar ser o novo Imperador príncipe brasileiro de nascimento."
Mas logo novas manifestações ocorreram. Além dos pronunciamentos que pregavam o antilusitanismo, a indisciplina militar, a destituição de oficiais portugueses, a partir de outubro de 1831 passava-se a aclamar "a Federação". Iniciava-se a crise federalista.
Em 1833, o descontentamento em relação à política centralizadora do Rio de Janeiro podia ser percebido no ódio que os federalistas, defensores da autonomia provincial, devotavam a D. Pedro I e aos portugueses. No dizer de Wanderley Pinho, o sentimento contra os portugueses, a principiar por D. Pedro I, estava presente nos pronunciamentos e nos programas dos federalistas: "O ex-imperador, tirano do Brasil, será fuzilado em qualquer parte desta Província se acaso aparecer, e a mesma pena terão os que o pretenderem defender e admitir... ...todo cidadão brasileiro fica autorizado a matar o tirano ex-imperador D. Pedro I, como maior inimigo do Povo Brasileiro..."
Em 1837, com a renúncia do Regente Feijó, considerado incapaz de conter os movimentos contra o Governo Central, a insatisfação recrudesceu principalmente entre os militares e maçons da Província baiana. Todo o processo de instabilidade por que passava a Bahia, culminou com o início da Sabinada, revolta liderada pelo médico Francisco Sabino Álvares da Rocha Vieira. Ao contrário de outros movimentos do Período Regencial, não mobilizou as camadas menos favorecidas e nem conseguiu a adesão das elites da Província, sobretudo os grandes proprietários de escravos e de terras do Recôncavo.

A Sabinada contou com a participação dos representantes das camadas médias da população, que desejavam manter a autonomia provincial conseguida com o Ato Adicional de 1834, e que, sob a Regência Una de Araújo Lima, via-se ameaçada pela Lei Interpretativa que retirava as liberdades concedidas anteriormente aos governos provinciais. A revolta foi precedida por uma campanha desencadeada através de artigos publicados na imprensa, de panfletos distribuídos nas ruas, e de reuniões em associações secretas como a maçonaria.
O estopim da rebelião foi a fuga de Bento Gonçalves, chefe da Farroupilha, do Forte do Mar, atual Forte São Marcelo em Salvador, onde estava preso. Em novembro de 1837, os militares do Forte de São Pedro rebelaram-se, conseguindo a adesão de outros batalhões das tropas do Governo. Sob a liderança de Francisco Sabino e de João Carneiro da Silva Rego, os Sabinos, como ficaram conhecidos os revoltosos por causa do nome de seu líder principal, conseguiram controlar a cidade de Salvador, por quase quatro meses. O presidente da Província e outras autoridades, ao perceberem que não possuíam mais poder sobre as tropas, fugiram. Os Sabinos proclamaram uma República, que deveria durar até que D. Pedro de Alcântara, o príncipe herdeiro, assumisse o trono brasileiro.

No entanto, a Sabinada ficou isolada em Salvador. Os revoltosos não conseguiram expandir o movimento, pois não possuíam o apoio de outras camadas da população. A repressão veio logo: no início de 1838, tropas regenciais chegaram à Bahia. Após o bloqueio terrestre e marítimo de Salvador, as forças do Governo invadiram e incendiaram a cidade, obrigando os rebeldes a saírem de seus esconderijos. Ajudadas pelos proprietários do Recôncavo, as tropas massacraram os sabinos. Os que escaparam foram severamente punidos por um tribunal que, por sua grande crueldade, ficou conhecido como "júri de sangue".
Fonte: www.multirio.rj.gov.br
SABINADA
A Sabinada foi uma revolta autonomista que teve inicio em 7 de novembro de 1837 na então Província da Bahia.
A tradição de lutas por autonomia política na Bahia remonta à Conjuração Baiana (1798), às lutas pela independência entre 1822-23 e à Revolta dos Malês (1835).
Durante o período regencial (1831-40), diante da renúncia do Padre Diogo Antônio Feijó e da apresentação da Lei de Interpretação do Ato Adicional (1837), o clima político brasileiro se tornou mais denso.
Nesse contexto, a classe média da Bahia se articulou através dos periódicos provinciais, em torno da proposta de um movimento em favor da separação temporária da Província do restante do império, proclamando uma república enquanto o imperador D. Pedro de Alcântara não alcançasse a maioridade.
A revolta teve início com a fuga do líder farroupilha Bento Gonçalves, que se encontrava detido no Forte do Mar em Salvador. Livre, Bento Gonçalves incentivou a revolução.
Sob a liderança do médico Francisco Sabino da Rocha Vieira (donde o nome Sabinada), a revolta conseguiu o apoio de parte das tropas do governo em Salvador, obrigando à fuga das autoridades e proclamando um governo republicano, com duração até à maioridade de D. Pedro de Alcântara.
Após dominar alguns quartéis, os rebeldes não conseguiram ampliar o seu campo de ação, ficando restritos aos limites urbanos. Esse fato facilitou a repressão por parte do governo imperial, que cercou a capital em uma operação combinada terrestre e marítima (março de 1838). Cerca de mil pessoas pereceram combates. Os rebeldes que sobreviveram foram capturados e julgados por um tribunal composto pelos latifundiários da província. Três dos líderes foram executados e outros três deportados, entre eles Francisco Sabino Vieira, que foi confinado na, então remota, Província de Mato Grosso.
Fonte: pt.wikipedia.org

Nenhum comentário:

Postar um comentário