sexta-feira, 29 de abril de 2016

Tricéfalos

Tricéfalos


Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Clovis Purper Bandeira

Na primeira quinzena, de maio o Senado terá decidido sobre o prosseguimento do julgamento do impeachment de Dilma.
        
A partir da decisão dos senadores, a presidente será afastada por até 180 dias, prazo de que disporá aquela casa legislativa para executar o julgamento da mandatária.

Estaremos, então, no pior dos mundos, numa espécie de limbo com excesso de presidentes e sem nenhum com 100% de autoridade.
Dilma, a presidente afastada, conservará alguns direitos, pois ainda não terá sido condenada. Assim, continuará a habitar seu palácio, de onde empregará sua claque e tumultuará ao máximo a vida presente e futura do Brasil, para poder dizer, mais tarde: Viram como tudo piorou com a minha saída?

Lula, o Rasputin petista, se até lá não estiver preso, continuará a ser a eminência parda do governo de sua criatura, até por ser a única esperança do partido para conservar alguma chance de sucesso nas eleições presidenciais de 2018.

Temer, finalmente, o presidente provisório, ficará na difícil situação de governar como interino, apostando numa futura efetivação no cargo, mas sem poder imprimir sua marca e seu ritmo ao governo, tendo que utilizar até mesmo a estrutura ministerial escolhida por Dilma.

E tudo isso por longos seis meses, pois o Senado não terá pressa em decidir a questão, estimulado pela presença constante nas manchetes diárias durante meio ano.

O Estado será, assim, um estranho organismo tricéfalo. E as três cabeças disputarão a primazia entre si, procurando sobreviver e eliminar as outras. Qual organismo pode sobreviver a tal situação?

Esperemos, portanto, que a agonia seja a mais breve possível e que a indefinição que paralisa a Nação Brasileira há tantos meses possa ser resolvida em prazo bem menor do que os 180 dias previstos na lei, para que possamos a começar a viver o ano de 2016, que até agora é apenas uma longa e desgastante espera de definições e de responsabilizações.

É preciso que os homens públicos, nos dois poderes que ainda funcionam no país, sintam a urgência para o Brasil de uma solução mais rápida do que permitem os prazos legais e regimentais, que são limites e não obrigações para o desenlace do processo.


Clovis Purper Bandeira, General, é Editor de Opinião do Clube Militar.

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