sexta-feira, 29 de maio de 2015

As meninas mães do Paraguai

As meninas mães do Paraguai

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                           Assunção (Prensa Latina) Nos últimos anos,                                          seguiram proliferando as pesquisas, as análises e as                              preocupações no Paraguai pelo número crescente de                            meninas e adolescentes que ficam grávidas em                                      situações irregulares e até se tornam mães muito                                  jovens.
                           Estudos de organizações internacionais, de                                        entidades não governamentais, defensores de                                direitos humanos de crianças e jovens                                              denunciaram uma situação admitida pelo                                        governo e evidentemente fora de controle.
                           As últimas estatísticas refletem, às vezes até de f                                  forma incompleta segundo os especialistas, o drama                              das que muitos já chamam as "meninas mães" do                                Paraguai, com seu indubitável impacto social,                                        econômico e psicológico, bem como o impacto em                                grandes setores da população.
Segundo os últimos dados publicados oficialmente uma em cada quatro mulheres grávidas no Paraguai é adolescente com idades entre 15 e 19 anos, enquanto as de 20 a 23 anos registram, pelo menos, mais de uma gravidez.

O Paraguai tem a segunda taxa mais alta de adolescentes grávidas com 63 nascimentos a cada mil mulheres e 38 por cento dessas jovens mães começam a ter seus bebês antes de cumprirem 20 anos, tudo segundo o Fundo da População das Nações Unidas.
Por sua vez, a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) alertou cobre o contínuo aumento de situações deste tipo entre meninas e adolescentes do país guarani e não deixou de assinalar a urgência de que as consequências sociais e econômicas devem ser encaradas com políticas públicas integrais para evitar duros cenários facilmente visíveis nas zonas rurais, mas também nas ruas das grandes cidades e desta capital.

As taxas de gestação precoce no Paraguai são muito altas pois a cada ano o sistema de saúde registra 600 partos em meninas entre 10 e 14 anos, cujas gravidezes em sua maioria são produto de abuso sexual poucas vezes denunciado ou castigado, explicou à imprensa a oficial de Saúde Sexual e Reprodutiva das Nações Unidas no Paraguai, Adriane Salinas.
Outros 20 mil casos reportam-se anualmente em adolescentes entre 15 e 19 anos de idade, algo que provoca um problema social e econômico com consequências diretas para a pessoa afetada e para a sociedade.
A vida comprova continuamente que o risco de morte para as meninas entre 10 e 14 anos é cinco vezes mais elevado que para uma mulher biologicamente preparada para desenvolver um processo saudável, enquanto no caso das adolescentes entre 15 e 19 anos as possibilidades de morte são mais duas vezes altas.
Em uma boa parte, senão na maioria dos casos, as meninas mães confrontam o perigo de que seus filhos possam morrer porque costumam ter problemas de baixo peso, consequência da situação biológica da mãe e das altas médias de pobreza existentes no país, as quais são afetadas tanto pela alimentação de mães e bebês como pelas condições vulneráveis de moradia, acesso a água potável e outros recursos necessários para se sustentarem em condições minimamente razoáveis.
Outras consequências enfrentadas por uma considerável percentagem das novas mamães paraguaias são as de se verem obrigadas a assumir o papel de mães solteiras pelo abandono dos pais e, portanto, a renúncia de seu regresso ao sistema educativo se dedicando então a lutar, muitas vezes com pouca sorte, para conseguir um trabalho digno para seu sustento e o de seus filhos.
O Paraguai é um país onde o aborto está proibido por lei e a cada ano se reporta um importante número de casos de violações sem que as mulheres e meninas afetadas tenham qualquer apoio legal que lhes permita fazer frente a esta violência exercida sobre elas.
Definitivamente, conta com a taxa mais alta entre 16 países latino-americanos de mulheres que morrem por complicações relacionadas com a gravidez e o parto, a maioria menor de 20 anos, pois nove em cada 100 mil falecem por essas razões.
Se for acrescentada a falta de uma política de educação e até de informação de tipo sexual em centros de estudo ou em meios de difusão, pode se compreender também a rejeição ou desconhecimento no uso de anticonceptivos que poderiam constituir uma ajuda em determinados casos.
Finalmente, a responsabilidade social do Estado e do governo paraguaios neste assunto delicado é fácil de detectar nos bolsões de pobreza presentes nas cidades, onde proliferam meninos e meninas em condições muito difíceis com o risco de serem futuras vítimas de um panorama que se repete como um círculo vicioso.
*Corresponsável da Prensa Latina no Paraguai

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