É impossível a paz entre Obama e Putin?
31.12.2014 22:04
Para o geopolítico Alfredo Jalife-Rahme, o conflito entre Estados Unidos e a Rússia não depende das relações entre os presidentes de ambos países. Prova disso é o facto que a propaganda anti-russa provêm, fundamentalmente, das publicações ligadas aos meios financeiros anglo-saxónicas. A guerra mundial já está aqui, expressando-se primeiramente em teatros de operação periféricos e através de ciberataques. Se nos próximos anos a Casa Branca não se decidir a fazer algo para conter as acções do grupo de pressão vinculado aos meios financeiros, a guerra nuclear será inevitável.
Alfredo Jalife-Rahme
Agora que me encontro em São Petersburgo -a segunda cidade russa em importância e joia cultural humanista com quase 6 milhões de habitantes-, onde interajo gratamente com os russos locais, custa-me demasiado entender como pode a Rússia ser desligada cultural, económica e politicamente da Europa, em particular, e em geral do «Ocidente» -numa distorção semântica da orwelliana propaganda anglo- saxónica (em inglês equivale a «misnomer»)-, que inclui no G7, a oriente -de um ponto de vista cultural e geográfico- com o Japão.
A semiótica distorção geo-económica/geo-política da dupla anglo-saxónica de Wall Street/A City (Londres), que controla os seus respectivos governos tão pusilânimes quanto impopulares -Obama compete em repudio público com David Cameron, o primeiro-ministro (premiê-br) britânico-, incrusta o Japão, de raça amarela e cultura oriental, e exclui a Rússia, de raça branca e cultura ocidental genuína, do «Novo Ocidente» adulterado e desorientado.
Numa abordagem holística S. Petersburgo -a metrópole mais «ocidental» da Rússia, valha a tautologia cultural e geográfica- representa um dos faróis modernos da autêntica civilização ocidental humanista : desde os seus incomparáveis Ballets Russes do Teatro Mariinsky -o optimo do «Ocidente»- até ao seu maravilhoso Museu Hermitage, que abriga a maior coleção de pinturas do «Ocidente», sem mencionar outros notáveis atributos civilizacionais, como as suas igrejas de rito ortodoxo cristão -uma religião médio-oriental adoptadas pela «primeira, segunda e terceira Roma» (respectivamente a original, em seguida Bizâncio, e por último Moscovo)- e os seus característicos palácios de sonho, de arquitetura semelhante à da Itália, Grã-Bretanha, França e Alemanha.
O extraordinário sábio chinês Confúcio costumava dizer que o máximo sinal do caos é quando existe confusão linguística: excluir a Rússia não apenas -tanto do fenecido G8, como da enteléquia do «Ocidente» adulterada pelos urgentes imperativos geo- políticos da dupla anglo-saxónica-, se não pior ainda, comparar grotescamente Hitler com Putin, cujo país contribuiu para a derrota da Alemanha nazi, denota uma grave perda da sindérese, a par de uma incontinência verbal.
Outra confusão linguística, no campo da geopolítica, radica hoje em discutir, quase bizantinamente, se os Estados Unidos e a Rússia se encontram já numa «nova guerra fria» -sobre a qual advertiram solenemente Kissinger e Gorbachev- ou se se confrontam numa «guerra multidimensional», de onde se destaca a «guerra económica» à qual fez alusão inicialmente o próprio presidente russo, Vladimir Putin [1] e que, na sua célebre entrevista à televisão alemã ARD [2], afirma e acentua que «a Otan e os Estados Unidos possuem bases militares espalhadas por todo o globo, incluindo áreas próximas» ao território russo e cujo «número continua a crescer». Putin confessou logo que, face à decisão da Otan de colocar forças especiais perto da fronteira russa, Moscovo respondeu com exercícios semelhantes (v.gr no Golfo do México). A «nova guerra fria» já começou e o seu epítome é a «guerra económica» que afundou deliberadamente o preço do petróleo, o que causa enorme prejuízo à Rússia.
Num extenso documento [" (Ing- «Guerra Fria 2.0 dos E.U.-OTAN contra a Rússia. Como reverter a maré da Guerra Global? »-ndT), por Vladimir P. Kozin, Oriental Review, Voltaire Network, 30 de octubre de 2014.
http://www.voltairenet.org/article186320.html
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