sábado, 25 de janeiro de 2014

Irã repudia linguagem da Casa Branca sobre acordo nuclear

Irã repudia linguagem da Casa Branca sobre acordo nuclear

25.01.2014
Irã repudia linguagem da Casa Branca sobre acordo nuclear

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"Não concordamos com 'desmantelar' nada, não estamos 'desmantelando' nada, não 'desmantelaremos' coisa alguma" - isso, precisamente, é o que diz o ministro de Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, ao jornalista Jim Sciutto, correspondente-chefe de segurança nacional da rede CNN que o entrevista. Sciutto é, praticamente, um Waack da GloboNews, só que da CNN e com salário muito maior que o do tal de Waack. 

Lê-se a matéria em http://edition.cnn.com/2014/01/22/politics/iran-us-nuclear/, mas da matéria nada se aproveita: é toda construída para que o público conheça a 'opinião' do jornalista entrevistador, muito mais que do entrevistado. O vídeo com fragmentos da fala do ministro Zarif está em http://i2.cdn.turner.com/cnn/dam/assets/140123091611-iran-minister-tease-javad-zarif-story-top.jpg (ing.). Além dos fragmentos da fala de Zarif, ouvem-se toneladas de bobajol de opiniões dos jornalistas.[1] E a quem interessa opinão de jornalista da CNN, mais do que aos próprios jornalistas da CNN?! 

"A versão da Casa Branca, simultaneamente desqualifica as concessões e exagera os compromissos do Irã", disse Zarif em Davos, Suíça, onde está para participar do Fórum Econômico Mundial.

"A Casa Branca tenta pintar o acordo como se não passasse de um 'desmantelamento' do programa nuclear iraniano. Usam sempre a mesma palavra, repetidas e repetidas vezes. Por que não leem o texto do acordo? Se os senhores encontrarem lá uma única palavra que, mesmo remotamente, sugira 'desmantelamento' ou que possa ser definida como 'desmantelamento' de alguma coisa, naquele texto inteiro, volto aqui e peço desculpas pelo que lhe estou dizendo." 
Comentando o que Kerry dissera antes, na 4ª-feira em Montreux, que "de nenhum modo" al-Assad será parte de um governo de transição buscado nas conversações de Genebra-2, o ministro Zarif perguntou: 

"Por que jamais conversamos sobre isso? E, mais: por que os sírios não são consultados sobre como farão eleições limpas, livres e justas? Por que há quem tente fixar sua própria agenda e impô-la ao povo sírio?" 

Sciutto pergunta então a Zarif sobre a visita que fez, semana passada, ao túmulo do líder do Hezbollah, Imad Mugniyah, no Líbano, onde depositou uma coroa de flores. 

Zarif respondeu que sua visita tem de ser vista no mesmo contexto da delegação dos EUA que foi ao recente funeral de Ariel Sharon. "É decisão baseada nas percepções nacionais e em crenças nacionais. Mugniyah é figura reverenciada pela resistência à ocupação israelense e sempre chamou de "massacres" o ataque comandado por Sharon a palestinos e libaneses nos campos de Sabra e Shatila. Os iranianos entendemos que os massacres de Sabra e Shatila foram crimes contra a humanidade." ********

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[1] No Brasil, a revista (não)Veja, não satisfeita com desmantelar o que mais a interesse desmantelar, detona logo tudo: "Netanyahu defende desmantelamento da capacidade nuclear dos aiatolás" (em http://veja.abril.com.br/noticia/internacional/israel-enviara-equipe-aos-eua-para-discutir-acordo-com-ira). E em setembro, antes de serem ambos desmantelados, O Globo e Netanyahu pontificavam: "Irã deve desmantelar seu programa nuclear militar" (em http://g1.globo.com/mundo/noticia/2013/09/netanyahu-ira-deve-desmantelar-seu-programa-nuclear-militar.html [NTs].

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