segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Alemanha lança ofensiva diplomática após espionagem da NSA a Merkel

Alemanha lança ofensiva diplomática após espionagem da NSA a MerkelAtitude foi tomada após a divulgação de que o governo americano teria monitorado o celular alemã

Publicação: 26/10/2013 16:48 Atualização:

 (THIERRY CHARLIER )
Berlim - A Alemanha iniciou uma ofensiva diplomática depois da divulgação de que o governo dos Estados Unidos teria monitorado o telefone celular da chanceler Angela Merkel, manifestando decepção com a nova faceta do "amigo americano". Autoridades dos serviços secretos da Alemanha viajarão aos Estados Unidos na próxima semana pelas suspeitas de que Washington espionou o telefone celular de Merkel, informou a imprensa germânica.

A viagem foi anunciada depois que o ministro alemão das Relações Exteriores, Guido Westerwelle, reuniu-se na quinta-feira com o embaixador dos Estados Unidos em Berlim.

"Representantes de altos postos do governo farão uma rápida viagem aos Estados Unidos para avançar nas discussões com a Casa Branca e com a Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) sobre as alegações recentemente mencionadas", disse o porta-voz adjunto da chanceler, Georg Streiter.
A delegação incluirá altos funcionários do serviço secreto alemão - acrescenta a imprensa local, citando fontes das agências de inteligência.

A principal missão da delegação é obter respostas das autoridades americanas sobre questões que o governo alemão e, em particular os Ministérios da Justiça e do Interior, já haviam apresentado, depois das primeiras revelações do "caso Snowden".

Edward Snowden, ex-consultor da NSA americana, começou a revelar em junho as operações de espionagem eletrônica em todo o mundo praticadas pela agência.

Neste sábado à tarde, a revista "Der Spiegel" publicou novas informações sobre a espionagem americana. De acordo com documentos da NSA, os quais a revista diz ter em mãos, a chanceler está em uma lista de grampos desde 2002. Ela também teria sido grampeada algumas semanas antes da visita do presidente Obama a Berlim, em junho passado.

Para o "Frankfurter Allgemeine Zeitung", "o frio (presidente americano Barack) Obama que faz discursos tão inteligentes não pode se negar a explicar o que aconteceu".

Agora, Merkel precisa de um resultado concreto que demonstre que está fazendo algo "contra a orgia de vigilância americana", afirma outro jornal, o "Süddeutsche Zeitung".

No momento em que opositores, em particular os Verdes e o Die Linke (A Esquerda), acusam a chefe de Governo de minimizar o escândalo, o partido social-democrata SPD, que está negociando para formar um governo com Merkel, mencionou a possibilidade de interromper temporariamente as negociações sobre um possível acordo de livre-comércio. A chanceler não apoiou a iniciativa.

Em paralelo, a Alemanha prepara, em conjunto com o Brasil, um projeto de resolução na ONU sobre a proteção das liberdades individuais - informaram fontes diplomáticas da organização.

A resolução, que seria apresentada à Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Geral das Nações Unidas, não mencionará especificamente os Estados Unidos e buscará ampliar às atividades na internet o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos aprovado em 1966 pela ONU e que entrou em vigor em 1976.

Além de França e Alemanha, outros países europeus, como Bélgica, Itália e Espanha, e latino-americanos, como Brasil e México, foram vítimas das práticas da NSA.

Até o momento, apenas a presidente Dilma Rousseff, que exigiu explicações do governo Obama, foi longe a ponto de suspender uma visita de Estado a Washington, que estava programada para o fim de outubro.

A espionagem tomou boa parte das conversas dos 28 chefes de Governo da União Europeia (UE) ao longo de dois dias de reunião de cúpula em Bruxelas, concluída na sexta-feira, mas as divisões persistem no bloco.

"Não se espiona os amigos", disse Merkel, em Bruxelas, visivelmente indignada.

Crise diplomática dos EUA se amplia com revelações de espionagem na Espanha

Crise diplomática dos EUA se amplia com revelações de espionagem na EspanhaDe acordo com o jornal espanhol El Mundo, a Agência de Segurança Nacional americana espionou 60 milhões de chamadas telefônicas no país entre dezembro de 2012 e janeiro de 2013

Publicação: 28/10/2013 11:18 Atualização:

Berlim - Os Estados Unidos negaram que o presidente Barack Obama estava ciente da espionagem à chanceler alemã Angela Merkel, mas a tempestade diplomática prosseguia nesta segunda-feira (28/10) com novas acusações envolvendo a Espanha. De acordo com o jornal espanhol El Mundo, a Agência de Segurança Nacional (NSA) americana espionou 60 milhões de chamadas telefônicas no país entre dezembro de 2012 e janeiro de 2013, uma revelação que se soma a uma longa lista de países europeus espionados.

O ministério espanhol das Relações Exteriores convocou o embaixador dos Estados Unidos para dar explicações sobre as supostas escutas de autoridades espanholas reveladas na sexta-feira (25/10) pela imprensa. A Espanha pediu para que os americanos "facilitem o acesso a toda informação necessária sobre as escutas realizadas" no país, segundo um comunicado do ministério.

A mensagem, enviada ao embaixador americano James Costos, ressalta que tais "práticas são certamente n impróprias e inaceitáveis". A tempestade provocada pelas escutas da NSA na Europa continua a alimentar a polêmica nos países envolvidos, e mais particularmente na Alemanha, onde as revelações sobre a espionagem do celular da chanceler provocaram indignação. De acordo com o jornal Der Spiegel, o programa de espionagem de Merkel pode ter começado em 2002.
Já o jornal alemão Bild am Sonntag, que citou fontes do serviço secreto americano, destacou que o diretor da NSA Keith Alexander havia informado Barack Obama sobre uma operação de espionagem das comunicações de Merkel em 2010. Em um comunicado enviado domingo (27/10) à noite à AFP em Washington, a NSA nega essas últimas acusações.

"O general Keith Alexander (diretor da NSA) não falou com o presidente Obama sobre uma suposta operação de inteligência que envolvia a chanceler Merkel e jamais falou de alguma operação que a envolvesse. As versões da imprensa que dizem o contrário não são corretas", declarou Vanee Vine, uma porta-voz da agência. Nesta segunda-feira (28), o Wall Street Journal afirmou, entretanto, que os Estados Unidos pararam com o programa de escutas depois de Barack Obama ser informado da existência da espionagem.

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Sem comentar as últimas informações, a imprensa alemã continuou a expressar sua indignação contra os Estados Unidos e seu líder. Em um editorial intitulado "O amigo escuta", em referência aos cartazes de propaganda da Segunda Guerra Mundial, convidando os cidadãos a se manter alerta porque o "inimigo escuta", o jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung (FAZ) comparou os Estados Unidos a uma "potência de ocupação digital".

"A superpotência americana deve aprender a ser mais fiel e justa com seus parceiros e amigos", considerou o jornal conservador Die Welt. A classe política, apesar de se dizer chocada, tem dificuldades para agir de forma clara nesta crise. Alguns pedem a suspensão das negociações de um acordo de livre comércio entre a União Europeia e os Estados Unidos, mas Merkel se posicionou contra a tal movimento na semana passada.

Da mesma forma, alguns partidos da oposição (Verdes, o radical Die Linke de esquerda) desejam convocar uma sessão especial do Bundestag, ou pedem a abertura de inquérito parlamentar, e até uma audiência com o ex-consultor da NSA, Edward Snowden como testemunha, mas o seu peso político é pequeno para que realmente seja levado em conta. A Alemanha enviará esta semana para os Estados Unidos uma delegação de representantes de alto nível dos seus serviços de inteligência para "avançar em discussões com a Casa Branca e a NSA sobre as acusações recentemente citadas", segundo o porta-voz da chancelaria, Georg Streiter .

Uma delegação do comitê das liberdades cívicas do Parlamento Europeu também deve viajar aos Estados Unidos, a partir de segunda-feira e até quarta-feira. "Os sujeitos a serem discutidos com as autoridades americanas incluem o impacto dos programas de espionagem (Prism e outros) sobre os direitos fundamentais dos cidadãos da UE, particularmente o direito à vida privada", segundo um comunicado do PE. A delegação anunciou várias reuniões com os americanos, mas não "recebeu nenhuma resposta ao pedido de encontro entre os deputados e o diretor da NSA, o general Keith Alexander", indicou a mesta fonte.

sábado, 26 de outubro de 2013

Espionar aliados pode enfraquecer os EUA, diz presidente suíço

Espionar aliados pode enfraquecer os EUA, diz presidente suíçoA Suíça não pretende reagir ainda de maneira oficial à notícia do grampo ao celular da chanceler alemã, Angela Merkel

Publicação: 26/10/2013 18:53 Atualização:

Genebra - O presidente suíço, Ueli Maurer, declarou à televisão pública neste sábado que está indignado com as revelações de que os Estados Unidos teriam espionado seus aliados e insistiu em que isso enfraquecerá Washington.
"Não se pode vigiar e espionar seus amigos. É assim que se quebra a confiança entre Estados", lamentou Maurer. "Mesmo que você seja grande e poderoso, não se pode desvalorizar os pequenos e grampear seu telefone", disse Maurer à rede pública SRF. "Acho que, no final, isso não reforça os Estados Unidos. Pelo contrário, isso os enfraquece", completou. "A liberdade é um valor fundamental. Espionar assim políticos ou cidadãos, (...) não faz parte da nossa cultura", frisou Maurer.

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A Suíça não pretende reagir ainda de maneira oficial à notícia do grampo ao celular da chanceler alemã, Angela Merkel. "Ainda estamos estudando o que pode acontecer aqui e como vamos reagir", justificou.

Rússia considera o Brasil um parceiro estratégico



Rússia considera o Brasil um parceiro estratégico. 19028.jpegA delegação militar russa, chefiada pelo ministro da Defesa, Sergei Shoigu visitou o Brasil e o Peru com o tema principal de negociações sobre o fornecimento de armas no valor total de cerca de US $ 1,7 bilhões. A Rússia está a fortalecer a sua posição no mercado de armas na América Latina
No Brasil, as autoridades russas e brasileiras combinaram assinar os contratos discutidos anteriormente para o fornecimento de sistemas de defesa antiaérea Panzir -S1 e complexos individuais Igla 9K38 no valor de mais de um bilhão de dólares. Além da compra dessas armas com assinatura prevista para meados de 2014, o ministro brasileiro da Defesa Celso Amorim anunciou um outro passo importante no estreitamento da cooperação militar com a Rússia: a possibilidade de o Brasil participar no desenvolvimento do mais avançado jato militar do mundo neste momento, o Sukhoi T-50. Outro assunto que passou a fazer parte das conversas entre o Brasil e a Rússia na área militar é a aquisição de caças Su-35, incluindo a possível transferência de tecnologia para a sua produção para substituir os atuais Mirage 2000. 

A atividade por parte russa fica baseada no movimento do Brasil para suspender a execução do contrato assinado para a compra dos caças americanos F- 18 no valor de cerca de US $ 4 bilhões. A medida foi provocada pelo escândalo sobre a espionagem pela Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos(NSA) à presidente brasileira Dilma Rousseff, ao governo e às empresas públicas. No entanto, de acordo com a imprensa brasileira, o problema é que é impossível voltar a incluir a Rússia no concurso F- X2, com Sukhoi Design Bureau por ele ter  saido da primeira etapa dele.  Então, se  encerrar  F-X2 e abrir um novo — F- X3,  isto pode causar danos à reputação brasileira e possivelmente provocar um conflito diplomático, opina o o jornal brasileiro Estadão .

O concurso F- X2 inclui agora  formalmente três aeronaves rivais: Rafale vindo da empresa francesa Dassault, o F- 18 Super Hornet — americana Boeing e Gripen NG — sueca Saab. Em 2008, o Ministério da Defesa do Brasil recusou três participantes: F -16 Fighting Falcon — por Lockheed- Martin, Eurofighter Typhoon — por consórcio Eurofighter e Su- 35 — por Sukhoi da Rússia.


A Rússia, sendo inspirada com o Brasil não ter assinado o contrato com os americanos, agora pretende vender seu caça Su-35, oferecendo o desenvolvimento conjunto de aeronave da quinta geração T-50. Este caça de quinta geração é caracterizado pelo alto índice de informatização a bordo e pelo chamado voo furtivo, ou seja, capaz de escapar aos radares possuindo a tecnologia stealth. De acordo com os planos do governo russo, os aviões vão começar a chegar para Força Aérea Russa em 2016. A Rússia já tem a experiência de desenvolvimento conjunto do T-50 com a Índia. De acordo com os representantes da empresa indiana Hindustan Aeronautics Limited (HAL), que está realizando a construção do jato, as partes  concluíram o projeto preliminar do avião, provisoriamente chamado  de  FGFA. As negociações estão em andamento sobre os seus detalhes.  Sem ser a Rússia, que tem neste momento cinco protótipos desse caça em teste, apenas os EUA possuem um aparelho similar, o F-22.

" As nossas propostas são de caráter sistêmico e complexo", disse ao Pravda. Ru Igor Korotchenko, o editor chefe da revista russa Defesa Nacional. " Os sistemas de armas de defesa aérea que estão sendo oferecidos ao Brasil é uma arma muito eficaz, de acordo com suas características de desempenho, e podemos supor que, com alta probabilidade o Brasil assine o contrato. Quanto às propostas para a produção conjunta do Su-35 e para o desenvolvimento do T-50, ninguém, exceto a Rússia fará uma proposta similiar aos brasileiros. Nenhum país ocidental nunca vai oferecer tal pacote de opções com a transferência de tecnologia. Significa que a Federação Russa considera o Brasil um parceiro estratégico ", concluiu Korochenko .

Neste contexto, os brasileiros poderiam nomear um novo concurso para a compra de aviões de caça .

Digno de nota, que  a Força Aérea do Brasil já tem os helicópteros russos de ataque Mi- 35, outro grupo dos quais foi entregue para o país  a partir da  Rússia em agosto sob o contrato com Rosoboronexport. Além disso, durante a visita da presidente Dilma Rousseff no ano passado, Russian Helicopters holding assinou o primeiro contrato para fornecer sete helicópteros Ka- 62 para a empresa brasileira Atlas Táxi Aéreo. Este helicóptero de transporte ganhou o concurso da petrolífera nacional brasileira Petrobras. A frota destes helicópteros vai estar crescendo .

A delegação russa, que, além de ministro da Defesa, Shoigu, incluiu Alexander Fomin, o chefe do Serviço Federal para Cooperação Militar e Técnica, e Anatoly Isaikin, o chefe da Rosoboronexport, a empresa russa -exportadora de armas, também visitou o Peru que pretende comprar na Rússia 110 tanques T- 90S e carros de combate BTR- 80A no valor cerca de US $ 700 milhões, de acordo com o jornal Kommersant .

"Esta é uma visita importante,  o nosso Exército e a Força Aérea, inicialmente, surgiram com a colaboração e apoio logístico da ex-União Soviética, que  é hoje, a Rússia", — disse o ex- ministro da Defesa e deputado peruano,  Daniel Mora. Ressaltou a importância de rearmamento do Peru e da cooperação com a Rússia no domínio das tecnologias avançadas, incluindo espaciais.

Lyuba Lulko

O bloqueio dos EUA a Cuba - um caso de genocídio

O bloqueio dos EUA a Cuba - um caso de genocídio

26.10.2013
 
O bloqueio dos EUA a Cuba - um caso de genocídio. 19066.jpeg
Depois que a Reserva Federal dos EUA aplicasse, em 2004, a um banco suíço uma multa de US$100 milhões (84 milhões de euros) por enviar dinheiro  a Cuba, entre outros países, a cubana Maria González, secretária de uma empresa e mãe solteira, deixou de receber a ajuda econômica que a mãe lhe enviava de outro país.

Lívia Rodríguez Delis
Granma


"Não entendo por que fazem isso, se não temos cometido nenhum delito. Felizmente, meu filho é saudável e meus problemas são só econômicos, mas conheço crianças com doenças que precisam dum tratamento especial e os medicamentos demoram muito, devem ser comprados em países longínquos quando podem ser comprados nos Estados Unidos, mais perto".
Acontece que o bloqueio dos EUA contra a Ilha ainda continua sendo para o povo cubano uma desumana realidade, materializada nos danos que por mais de 50 anos têm sofrido todos os setores da Ilha.
O relatório de Cuba sobre a Resolução 67/4 da ONU, que será debatido e submetido à votação, pela vigésima vez, em 29 de outubro próximo, ante a Assembléia Geral das Nações Unidas, demonstra a continuidade da política de genocídio e os danos provocados que, considerando a depreciação do dólar frente ao valor do ouro no mercado internacional, avaliam-se em mais de um trilhão de dólares estadunidenses, até abril deste ano.

Muitos são os exemplos que confirmam a determinação do governo norte-americano de manter essa medida unilateral e extraterritorial, ignorando o provado e crescente repúdio da comunidade internacional, inclusive dentro dos EUA.
Um editorial, publicado em de março de 2013 pela agência de negócios e finanças Bloomberg indicou que a Casa Branca, de 2000 a 2006, iniciou 11 mil processos de investigação, nesse país, por supostas violações do regime de sanções contra Cuba e sublinhou que para o resto das nações se levaram a termo 7 mil deles.

Ainda, continua a perseguição da administração norte-americana contra tudo aquilo que represente uma possibilidade de negócios para a nação caribenha, mediante seu Gabinete de Controle de Bens Estrangeiros (OFAC), que tem imposto multas volumosas a empresas, bancos e organizações não-governamentais que mantêm relações comerciais com a Ilha.

Exemplo disto é a sanção de mais de um milhão de dólares à Great Western Malting Co., por facilitar que uma filial estrangeira vendesse ao país malte de cevada; ou a multa de mais de US$ 8 milhões recebida pelo Bank of Tókio Mitsubishi UFJ, do Japão, por processar transferências financeiras dum grupo de países, entre eles, Cuba.

De ridícula qualifica a multa de US$ 6,5 mil, imposta ao cidadão estadunidense Zachary Sanders, por viajar a Cuba sem licença do Departamento do Tesouro ou o bloqueio à compra de 100 exemplares do livro The Economic War against Cuba. A Historical and Legal Perspective on the U.S. Blockade, do autor Salim Lamrani, que a organização não-governamental britânica Cuba Solidarity Campaing queria fazer à editora Monthly ReviewnPress, em Nova York.

Muito elevados são os gastos que provoca ao país a compra em mercados longínquos de medicamentos, reagentes, peças para equipamentos de diagnóstico e tratamento, instrumentos e outros insumos, bem como o uso de intermediários na compra destes. Isto incide diretamente na população, pois a qualidade destes serviços que estão ao alcance de todos nesta nação se deteriora.

O setor da alimentação também é um dos mais afetados, pois um dos principais objetivos do bloqueio é render por fome e desalentar a população cubana.

Ainda que seja permitida a compra de alguns produtos agrícolas e alimentos nos EUA, este tipo de negociação se faz sob um regime desigual, pois Cuba não pode colocar seus produtos no mercado norte-americano e lhe é negado utilizar o dólar estadunidense em suas transações, entre outras restrições.

A educação, a cultura e o esporte também são flagelados constantemente com a guerra econômica, que impede aos estudantes cubanos contarem com materiais escolares, matéria-prima e o intercâmbio de informação científica, cultural e esportiva, procedente dos Estados Unidos.

São significativas as medidas desenhadas para proibir ou condicionar o desenvolvimento normal dos intercâmbios acadêmicos, as viagens de estudantes e professores, o fluxo de informação científica e a compra de insumos, meios e instrumentos para a docência, a pesquisa e o trabalho científico em geral.

Como o comércio exterior, o investimento estrangeiro também é alvo do bloqueio econômico, sendo este um dos pontos fundamentais para o desenvolvimento da nação caribenha.

O encarecimento dos financiamentos, o aumento dos custos de frete e o transporte marítimo ocasionam, juntamente com as pressões a empresas estrangeiras, uma demora no processo de acometer novos empreendimentos na Ilha, impedindo o estabelecimento de negócios conjuntos.

Os setores da construção, o turismo, as comunicações, energia e mineração, a aeronáutica civil, e outros, também são afetados pelos maiores custos financeiros associados ao obstáculo das transações bancárias e os obrigatórios gastos adicionais ao qual são submetidos pela obsessiva, desumana e repudiável perseguição à Revolução cubana.

Bloqueio sem fronteiras
  • Quantificadas em mais de US$ 3,9 bilhões as perdas no comércio exterior cubano pela política de agressão extraterritorial dos EUA, entre abril de 2012 e abril de 2013

Sergio Alejandro Gómez
DURANTE 18 anos, o gigante farmacêutico alemão Bayer fez negócios com Cuba, até que uma de suas sucursais regionais decidiu mudar o domicílio legal para a cidade de New Jersey, nos Estados Unidos. A empresa Medicuba, importadora de insumos para o setor, foi obrigada a cancelar os contratos para adquirir meios de contraste de exames radiológicos (Ultravist) e medicamentos para o tratamento de pacientes com esclerose múltipla (interferon beta 1-b).
Por tal motivo, houve um desabastecimento no primeiro quadrimestre do ano 2013, que afetou diretamente os pacientes.
"Este caso demonstra a extraterritorialidade do bloqueio, que impede às empresas de qualquer nação comerciar com empresas de origem cubana, se existe filiação ou interesses de algum tipo com companhias norte-americanas, com independência das relações do país sede da empresa com Cuba, das leis que regem ali ou das normas do direito internacional", afirmou em entrevista coletiva Luis Díaz Barroso, que até 1º de setembro deste ano prestou serviços na sucursal da Bayer Handelsgellschaft mbH em Havana.
As afetações nas compras de medicamentos essenciais para a saúde do povo cubano constituem só uma parte das múltiplas ramificações do bloqueio no comércio exterior, que entre abril de 2012 e abril de 2013 teve perdas próximas dos US$ 4 bilhões.
O diretor de Política Comercial para a América do Norte, do Ministério de Comércio Exterior e do Investimento Estrangeiro (Mincex), Pedro Luis Padrón, precisou num encontro com jornalistas, em Havana, que a quantia é 10% superior ao período anterior.
"As principais afetações estão nas receitas deixadas de perceber por exportações de bens e serviços, que representam 78% de todas as afetações", acrescentou.
Caso ter podido colocar seus produtos, de reconhecida qualidade internacional nos EUA, a empresa Tabacuba teria obtido receitas avaliadas em mais de US$ 121 milhões adicionais. Da mesma maneira, a empresa mista Havana Club Internacional perdeu, aproximadamente, 73 milhões pelo veto que existe sobre o rum feito com a famosa cana-de-açúcar cubana.
Estas duas empresas também enfrentam o roubo de suas marcas nos EUA, violando a legislação internacional, e enganando o consumidor, ao ser vendido um produto cubano que não foi elaborado no país.
No estratégico setor dos alimentos - cujos preços aumentam cada dia mais, por causa das mudanças climáticas, do crescimento demográfico e da especulação, e outros fatores - a empresa cubana Alimport perdeu US$ 45 milhões por não poder aceder à banca norte-americana, como faria qualquer outro comprador, e mais US$ 20 milhões por ter que pagar em moedas diferentes ao dólar.
"O dinheiro que poderia empregar-se em comprar maiores volumes de alimentos para a população - explicou - deve ser empregado para pagar fretes, 24% mais caros, com a agravante de que os navios que chegam aos portos cubanos devem retornar vazios aos Estados Unidos".
O bloqueio afeta não só a compra-venda, mas sim todo o processo econômico. O funcionário cubano explicou em detalhes que se registrou um incremento de 76% na obtenção de financiamentos no estrangeiro, por causa da percepção de risco do país, resultado das pressões exercidas pelas autoridades norte-americanas.
O investimento estrangeiro também é afetado pelo bloqueio norte-americano. O funcionário do Mincex citou o caso da indústria petroleira, onde os contratos com as companhias donas de plataformas perfuradas se encarecem, pois as tecnologias utilizadas não podem ter mais de 10% de componentes norte-americanos.
Também continuam sendo significativos os danos ocasionados aos setores do turismo, energia, mineração, agrícola e industrial.
http://www.patrialatina.com.br/editorias.php?idprog=d41d8cd98f00b204e9800998ecf8427e&cod=12651

Pre-sal brasileiro é ouro em pó

Pre-sal brasileiro é ouro em pó

26.10.2013 | Fonte de informações: 

Pravda.ru

 
Pre-sal brasileiro é ouro em pó. 19071.jpeg

O governo federal brasileiro optou por leiloar o campo de Libra, a maior reserva petrolífera brasileira, por duas razões: "uma delas é geopolítica, ou seja, o país quer aparecer ao capital financeiro mundial como bem comportado. Para quê? Para atrair mais capital de curto prazo para o Brasil.

Fonte: Brasil de Fato
http://www.brasildefato.com.br/node/26384

Em entrevista, o economista Carlos Lessa estima que o campo de Libra renda "algo em torno de quatro trilhões de reais em vinte anos de produção"
21/10/2013 - IHU On-Line

A segunda razão é manter a política do tripé que foi instalada pelos tucanos e preservada pelos governos Lula e Dilma", avalia o economista Carlos Lessa em entrevista concedida à IHU On-Line por telefone.


Lessa questiona o argumento da presidência da Petrobras, de que a empresa não tem capital financeiro para explorar o campo de Libra. "A Petrobras foi sendo espremida pelo governo nos últimos anos. O caixa da empresa era próximo a 70 bilhões de reais; hoje está reduzido a seis ou sete bilhões. (...) Mais do que isso: o Tesouro Nacional não queria construir o trem bala? Quer construir essa obra e não tem recurso para tocar para frente um campo de petróleo, que irá dobrar as reservas brasileiras? Nenhum país do mundo faz partilha de um campo já conhecido". E dispara: "O argumento da Graça (Graça Silva Foster) é sem graça. É uma desgraça. Não consigo entender como isso está acontecendo se a presidente Dilma disse, em discurso quando candidata à presidência da República, que não iria privatizar o pré-sal".

De acordo com o economista, a venda financiada de automóveis financia o consumo da gasolina no país, porque a Petrobras tem prejuízo com a venda nacional. Apesar disso, enfatiza, o governo não irá alterar o valor do produto. "Se mexer nisso perde a eleição, porque todas as famílias se endividaram comprando automóvel, e se o preço da gasolina pular para cima, Dilma não se reelege. Então, o governo tem de estabilizar a economia de qualquer jeito, mesmo que tenham que entregar a herança, ou seja, o pré-sal".

Carlos Lessa é formado em Ciências Econômicas pela antiga Universidade do Brasil e doutor em Ciências Humanas pelo Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade de Campinas (Unicamp). Em 2002, foi reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ e, em 2003, assumiu a presidência do BNDES.

IHU On-Line - Economicamente, o que as reservas do pré-sal representam para o Brasil, especialmente o campo de Libra? Qual é o valor econômico desses poços?

              
              
Carlos Lessa - Se o preço do barril de petróleo extraído continuar sendo o do padrão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo - OPEP, de cem dólares, no campo de Libra teremos algo em torno de quatro trilhões de reais em vinte anos de produção. Além disso, o campo de Libra equivale a 60% das reservas que têm as quatro maiores petroleiras do mundo, em torno de 25 milhões de barris cada uma delas. Espera-se que o campo de Libra venha a gerar em torno de 14 a 15 milhões de barris de petróleo.

A Petrobras, no Brasil todo, não chega a ter 14 milhões de barris. Então, só o campo de Libra dobra as reservas da empresa. Portanto, retirar a Petrobras desse processo de exploração do campo de Libra é um crime que lesa a pátria, porque este é um recurso absolutamente estratégico, o qual converte o Atlântico Sul, do ponto de vista geopolítico, em uma zona muito delicada, por uma razão muito simples: os EUA consomem, por ano, 27 a 28% da produção de petróleo do mundo inteiro, porque a produção petrolífera do país é insignificante. Hoje os EUA são um país sem petróleo, mas o maior consumidor do produto. Portanto, o petróleo do Atlântico Sul é a saída para eles. Mas imagina o Brasil entregando a sua riqueza estratégica maior de uma forma servil? O petróleo que tem no pré-sal é o melhor tipo de óleo do mundo, enquanto o petróleo da Venezuela, que é muito abundante, é pesado. Então, o pré-sal brasileiro é ouro em pó.

Quais são as razões que fizeram o governo optar pelo Leilão de Libra?

As razões são falta de brasilidade e coragem. Agora, as razões formais levantadas são outras. A primeira delas é que os 15 bilhões a serem recebidos dos grupos que participarão da concessão do leilão representam mais que o dobro das reservas de caixa da Petrobras. A empresa foi descapitalizada ao longo dos últimos oito anos por conta de uma política suicida de vender a gasolina dentro do país a um preço menor do que o preço que o país importa. A Petrobras só se mantém lucrativa porque descobre poços e reavalia reservas, porque a gasolina dá prejuízo.

A Petrobras não pode entrar como concorrente na exploração do campo de Libra, porque quem descobriu o campo foi a própria empresa. Esse campo já havia sido cedido a uma concessionária estrangeira, que o devolveu porque não encontrou nada. A Petrobras tem uma vantagem enorme em relação a todos os outros concorrentes: ela tem a melhor sinergia possível do Atlântico, tem uma equipe de geólogos altíssima e, por isso mesmo, é alvo de espionagem sistemática. Essa onda de espionagem denunciada recentemente tinha duas questões prioritárias: fiscalizar a Petrobras e também as relações do Brasil com a Bolívia e a Venezuela.

É óbvio que o Brasil tem como financiar a exploração de Libra, e não precisa colocar o campo a funcionar imediatamente. O país precisa aumentar a produção de petróleo, mas não precisa aumentar muito. O fato é que é um crime a Petrobras descobrir o campo de Libra e ter de partilhar a exploração. Soube que o Ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse que o Brasil tem de fazer partilha, porque 1% das ações da Petrobras está em mãos de empresas estrangeiras, já que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso as vendeu na Bolsa de Nova York. Só que o contra-argumento é o seguinte: ao entregar Libra, o Brasil está entregando 100% do petróleo na mão dos estrangeiros. O argumento do ministro Lobão é maluco. Aí se diz que o Brasil reservou poderes para fiscalizar a exploração através da Petrosal. Mas quem será o presidente da Petrosal? Como o Brasil perde o seu futuro econômico sem sequer haver uma consulta à população?

Mas o argumento da presidência da Petrobras é de que a empresa não tem condições financeiras de explorar o campo de Libra. Qual é a situação financeira da Petrobras?

Não é verdade. O capital da Petrobras foi sendo espremido pelo governo nos últimos anos. O caixa da empresa era próximo a 70 bilhões de reais; hoje está reduzido a seis ou sete bilhões. Mas, apesar disso, o Brasil tem reservas colossais, como o Banco Central, de 300 milhões de dólares. Mais do que isso: o Tesouro Nacional não queria construir o trem bala? Quer construir essa obra e não tem recurso para tocar para frente um campo de petróleo que irá dobrar as reservas brasileiras? Nenhum país do mundo faz partilha de um campo já conhecido. O país poderia fazer uma concessão caso quisesse ser um país petroleiro, mas eu pessoalmente quero dizer que não há pior destino nacional do que ser exportador de petróleo. Basta olhar pelo mundo o que acontece com esses países: são sociedades atrasadas, com desequilíbrios sociais brutais, gastam boa parte do que ganham com armamento, enfrentam guerras religiosas e são objeto de intervenção de outros Estados, como Iraque, Líbia.

Então, o que o Brasil deve fazer com essas reservas?

O Brasil tem que controlar seus recursos estratégicos, independente de qualquer coisa, e não basta ter controle apenas em cima de uma Petrosal. O argumento da Graça (Graça Silva Foster) é sem graça. É uma desgraça. Não consigo entender como isso está acontecendo se a presidente Dilma disse, em discurso quando candidata à presidência da República, que não iria privatizar o pré-sal.

Economicamente, a postura do governo é uma besteira. Nenhum país exportador de petróleo conseguiu se dar bem na história mundial, com exceção da Noruega. O Brasil deve explorar essas reservas no ritmo em que a Petrobras consiga explorar, ou seja, capitalizar a empresa para isso. Como capitalizar? Há várias maneiras. Deixa eu ser Ministro da Fazenda por um mês para ver como se capitaliza a Petrobras. Como ela está com uma imensa reserva de petróleo, devem ter muitos grupos financeiros dispostos a se associarem a ela.

E a empresa deve buscar alguma parceria financeira?

Não seria necessário, pelo seguinte: a Petrobras não pode se comprometer a investir 50 milhões de dólares a mais, considerando os programas que ela já está executando. Mas se ela começar a encontrar petróleo - e ainda vai encontrar mais petróleo rapidamente, e Libra deve estar produzindo muito em dois, três anos -, seu valor será multiplicado. E a Petrobras não precisa voltar todo o campo de produção imediata, ela precisa ter um ritmo de extração que corresponda à necessidade brasileira de desenvolvimento. Ou seja, gerar emprego para todos os brasileiros, melhorar as condições habitacionais, melhorar o sistema educacional, que está uma porcaria, fazer a cobertura médica. A realização de todos os nossos sonhos depende de o nosso país crescer 5, 6, 7% ao ano. Com a Petrobras, a economia do petróleo e um pouco de competência, o Brasil cresce sem dificuldade nenhuma.

Voltando às razões que fizeram o governo optar pelo leilão de Libra, concorda que motivos econômicos por conta das contas externas foram determinantes para a decisão?

Este governo opta pelo leilão por duas razões: uma delas é geopolítica, ou seja, o país quer aparecer ao capital financeiro mundial como bem comportado. Para quê? Para atrair mais capital de curto prazo para o Brasil. A segunda razão é manter a política do tripé que foi instalada pelos tucanos e preservada pelos governos Lula e Dilma.

Eu e muitos amigos iremos para a frente do hotel onde será realizado o leilão. Todos estaremos de terno preto e ficaremos lá, de pé, assistindo. Irei lá porque os meus netos foram às manifestações de junho reivindicar um país melhor. Me sinto mal, como idoso, em vender as empresas do Brasil, porque meus netos serão prejudicados.

Qual a situação das contas externas do país? Alguns críticos ao Leilão de Libra dizem que o Leilão servirá para melhorar as contas externas. Como avalia esse apontamento?

Não os levo a sério, porque eles querem que o país cresça menos, faça menos obras públicas e que se paguem mais juros para as aplicações financeiras. Na verdade, a única coisa que está salvando o governo Dilma são alguns projetos importantes que ela encaminhou, mas os empurrou com músculos moles, lentamente.

Hoje, a venda financiada de automóvel subsidia o consumo da gasolina. Sabe que a Petrobras está importando o litro da gasolina a R$ 1,72 e está vendendo a R$ 1,42? Então você acha que o governo vai mexer nisso? Claro que não! Se mexer nisso perde a eleição, porque todas as famílias se endividaram comprando automóvel, e se o preço da gasolina pular para cima, Dilma não se reelege. Então, o governo tem de estabilizar a economia de qualquer jeito, mesmo que tenham que entregar a herança, ou seja, o pré-sal.

Há alguns anos havia um entusiasmo em relação aos rumos da economia brasileira por conta do crescimento de 7% do PIB. Hoje, fala-se em declínio. O senhor concorda com essa análise? Quais as razões?

Quem tinha essa expectativa? Eu nunca tive! Eu sempre chamei o crescimento brasileiro, nos últimos anos, de "voo de galinha". Nós desperdiçamos a grande chance das matérias-primas de alimentos terem subido muito de preço no início dos anos 2000. Nós tivemos uma bonança externa espetacular, mas ao invés de elevar a taxa de investimento da economia, desperdiçamos isso de mil e uma formas. Mas agora a sociedade está mudando.

Olha, não quero ser profeta de apocalipse, não quero ver as coisas piores do que são; quero apenas dizer o seguinte: o Brasil tinha que estar colocando as barbas de molho em relação à crise mundial. Ela está aí, e não se apresentou toda. Eu estive na Grécia há dez dias e, andando do hotel até o museu, em quatro quarteirões na principal avenida da Atenas moderna, todas as lojas estavam fechadas e quebradas. Havia só uma loja aberta, na qual entrei. Quem me atendeu foi um senhor idoso, dono do estabelecimento. Elogiei a loja e ele informou que não tinha compradores. Também vi em Roma pessoas de terno dormindo na rua. A Europa está em uma situação muito ruim. Para você ter noção, eu vi em Atenas uma reunião de um partido nazista na rua. Eram 40, 50 pessoas reunidas, propondo a violência como solução: violência não se sabe contra quem, nem a favor de quem.

E o Brasil está simplesmente se movendo como se a globalização estivesse indo bem e pudesse dar sustentabilidade ao país. Vou dizer uma coisa: o que mais me escandalizou nessa viagem que fiz é a extensão com que se usa a expressão BRIC - Brasil, Rússia, Índia e China. Não existe isso, o que existe são quatro países imensos, com problemas muito diferentes e sem nenhuma possibilidade de atuar juntos. Aliás, eu sempre disse isso nos últimos meses, e hoje mesmo os jornais estão dizendo que o Brasil está brigando com a China porque a China está apoiando os Estados Unidos em uma proposta internacional em relação aos serviços. O Brasil e a China são contrários, corretamente. Mas a China é parceira dos Estados Unidos; o que existe no mundo é um G2. Sabe por que o Brasil gosta da ideia de BRIC? Para dizer "olha como sou grande, como sou forte, como sou emergente". É emergente, mas o PIB brasileiro cai sem parar. O país está desindustrializando.

E a razão desse declínio da economia é a desindustrialização?

Esse declínio está relacionado ao fato de o Brasil não ter nenhum projeto nacional, porque adotou a proposta do Consenso de Washington, no período do Collor de Melo, o qual foi mantido pelos tucanos e petistas. Na verdade, o Brasil não tem projeto nenhum, a não ser de se integrar à globalização. Aliás, a sensibilidade financeira brasileira ao que acontece fora do mundo é assustadora. Ontem, as bolsas de valores do mundo subiram, porque teve uma conversa inicial boa entre os republicanos e os democratas. Sabe qual a bolsa que mais subiu? A Bovespa. É a que mais baixa também quando tem qualquer coisa fora. Sabe por quê? Porque o Brasil está inteiramente aberto ao jogo financeiro internacional, e agora vai abrir mão da soberania nacional entregando a maior riqueza do país, ou seja, o monopólio estatal do petróleo que foi mantido pela Constituição de 1988 e foi modificado por uma emenda constitucional, a qual nunca foi submetida a plebiscito popular.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Guerra na Síria: Moscou quer engajamento "de pleno-espectro" com os EUA

Guerra na Síria: Moscou quer engajamento "de pleno-espectro" com os EUA

06.10.2013
 
 
Guerra na Síria: Moscou quer engajamento
O alto drama do aquecimento das relações EUA-Irã e a luta diplomática em torno das armas químicas sírias não podem encobrir a realidade em campo, de que a guerra da Síria está passando por mudança também dramática. Moscou percebe isso, o que pode ter provocado o comentário do presidente Vladimir Putin, no início da semana, quando disse que as coisas estão andando na direção certa. 
Moscou espera que, ao elaborar sobre a recente iniciativa russo-norte-americana para as armas químicas sírias, o relacionamento EUA-Rússia consiga ascender a uma trajetória de melhor qualidade.

Na 5ª-feira, um assessor de Putin, Yury Ushakov, revelou que os presidentes Putin e Obama talvez se encontrassem durante a reunião de cúpula da APEC (Asia-Pacific Economic Cooperation) na 3ª-feira em Bali, Indonésia. A iniciativa foi dos russos, "imediatamente aceita pelo lado norte-americano", e, embora ainda se esperasse alguma confirmação, disse Ushakov, "achamos que a reunião acontecerá".

Evidentemente, Moscou não considerou a possibilidade de Obama ser forçado, por preocupações políticas domésticas, a cancelar a viagem à Indonésia - o que ele fez.

A guerra está mudando de curso

Simultaneamente, a mudança tectônica pela qual passa a guerra síria foi exposta na 2ª-feira, em matéria assinada pelo veterano correspondente do britânico The Independent no Oriente Médio, Robert Fisk.[1]

Fisk noticiou que houve contatos entre elementos do Exército Sírio Livre [Free Syrian Army (FSA)] de Aleppo e o governo sírio, e que uma delegação de dois membros 'rebeldes' viajou a Damasco, sob garantia de segurança que lhes foi dada pelo governo sírio, para uma reunião com alto funcionário do governo do presidente Bashar al-Assad. 

FSA já permite que prédios e instituições do estado sírio (escolas, por exemplo), reabram e recomecem a funcionar em áreas de Aleppo ainda controladas pelos 'rebeldes'; e cessaram os combates entre o FSA e o exército sírio, em várias áreas estratégicas da província de Homs.

Fisk avalia que o número crescente de deserções das fileiras do FSA, de rebeldes que se alistam em seguida na Frente al-Nusra, e a ascensão de grupos islamistas extremistas desiludiram os rebeldes "moderados".

Depois de mim, o dilúvio
Nessa linha de pensamento, o ataque massivo a igrejas cristãs em Raaqqa e o assalto brutal à antiga cidade cristã de Maaloula, ações, nos dois casos, do grupo al-Nusra, servem como duro sinal de alerta às capitais ocidentais. Na 6ª-feira, bispos e patriarcas de toda a região reuniram-se em Beirute, para lamentar que a Primavera Árabe se tenha "convertido em inverno de ferro e fogo" para os cristãos do Oriente Médio.

Em termos políticos, o que emerge é que:
  • A dominação crescente, por grupos afiliados da al-Qaeda na Síria, põe EUA, Rússia e Irã na mesma página, em matéria de hostilidade partilhada contra a al-Qaeda;
  • Coletivamente ou individualmente, se deve esperar que esses países providenciarão para impedir que a Síria se torne base de campanha da al-Qaeda;
  • EUA e seus aliados ocidentais podem até começar, afinal, a aceitar a ideia de sustar o envio de armamento sofisticado para oFSA, por temor de que venham a cair em mãos de grupos ligados à al-Qaeda;
  • O anúncio recente da formação de uma "Aliança Islamista" de grupos extremistas está disparando uma nova polarização, pela qual os elementos moderados e seculares terão mais em comum com o governo do presidente Assad, que com grupos jihadistas. Fisk noticiou que alguns membros do Exército Sírio Livre já formaram uma chamada União Nacional para Salvar a Síria [orig.National Union for Saving Syria], com a intenção de manter conversações com o regime de Assad.
  • Com o confronto cada dia mais violento entrejihadise islamistas extremistas - e há notícias de batalhas muito violentas -, é o Islamismo como um todo que perde espaço e prestígio como farol que possa iluminar o futuro da Síria;
  • Assim, até os estados regionais que apóiam os grupos islamistas extremistas na Síria estão sendo obrigados a repensar. O saudita rei Abdullah já convidou o presidente Hassan Rouhani do Irã a visitar a Arábia Saudita, na peregrinação doHaj.
  • Com tudo isso, o presidente Assad é quem mais cresce em estatura no tabuleiro político. Além da capacidade para resistir que já demonstrou até agora, Bashar al-Assad está também assumindo novo papel, como interlocutor da ONU, interessado em garantir que a missão técnica que trabalhará nos arsenais químicos seja bem-sucedida. Assad, afinal, já aparece claramente como o único personagem político em todo esse quadro, capaz de fazer recuar o dilúvio da al-Qaeda na Síria.

Democracia em lombo de burro 

O destacado colunista turco Semih Idiz, do jornal Hurriyet, resumiu:

Temos de encarar os fatos: há algum tempo, a guerra na Síria já não é guerra contra um ditador brutal em nome de alguma democracia. Agora, é guerra em torno de se a Síria será governada pela Xaria sunita, ou continuará a existir como país secular, embora não como país secular democrático.

Curiosamente, Sergei Ivanov, o poderoso chefe de Gabinete no Kremlin, deu versão semelhante, mas diferente, numa conversa franca com jornalistas, na 2ª-feira. Disse que "A guerra entre o governo e a oposição parou [na Síria], há muito tempo." E prosseguiu:

"O ocidente está começando a compreender que talvez a oposição [síria] tenha de ser dividida, que é necessário parar de tentar convencer a al-Qaeda e outros grupos extremistas a falar sobre Genebra-2 e que, de preferência, deve-se parar de fornecer amas a eles. Primeiro, temos de dividir a oposição em duas metades, e convidar os dois lados, o que se pode descrever como representantes de Assad e uma oposição razoável, para que se possa iniciar o diálogo de Genebra-2."

Então, Ivanov considerou um prazo um pouco mais longo no futuro, e manifestou uma ideia muito audaciosa:

"É claro que seria ingênuo e ridículo falar de livre manifestação de vontades na Síria, mas se concordamos que é preciso reconhecer os fundamentos da democracia, então vamos organizar eleições justas, semelhantes ao que foi feito no Afeganistão. Se vocês se lembram, nas últimas eleições no Afeganistão, as urnas e os documentos eleitorais eram entregues em lombo de burro, processo que durou meio ano, e o processo de contagem dos votos demorou quase outro tanto. Estamos dispostos a aceitar até isso! Mas, antes de tudo, eles têm de se acertar sobre as regras do jogo."

Ironicamente, é a Rússia que está pressionando na direção de a Síria organizar-se como democracia liberal, no menor prazo possível, com eleições presidenciais já previstas para acontecer em maio de 2014. E os EUA mantêm-se mudos.

O governo Obama tem esperança de conseguir voltar ao problema sírio, mas só depois de ter conseguido ver com mais clareza o que se passa no front iraniano.

Contudo, o problema de Obama é outro, a saber, como vender essa intrigante ideia russa de uma "solução afegã" para a questão síria, aos seus aliados regionais - Turquia, Arábia Saudita e Qatar principalmente - que jamais esperaram que as coisas se encaminhassem para esse extraordinário desfecho.

Por sorte, se é a Arábia Saudita que está mais desatinada e desentendida por causa dos movimentos de Obama, aí também a diplomacia russa pode ajudar. Na 2ª-feira, Moscou recebeu um importante visitante, diretamente de Jeddah, Arábia Saudita - o secretário-geral da Organização de Cooperação Islâmica [orig. Organization of Islamic Cooperation (OIC)], Ekmeleddin Ihsanoglu.

E a OIC já tem o imprimatur do regime saudita. Durante a visita de Ihasanoglu, a Rússia assinou um acordo amplo com a OIC, que permite consultas bilaterais em questões chaves da agenda internacional, "incluídas as questões de regular conflitos nos quais estejam envolvidos países-membros daOIC". 

Uma rede lançada bem aberta 
Num plano mais amplo, os russos esperam alcançar rapidamente o que Putin chamou, num discurso na 3ª-feira, de "realização partilhada" de Rússia e EUA, para a eliminação das armas químicas sírias. A expectativa de Moscou era pôr em pauta as conversações de paz para a Síria já na reunião em Bali entre Putin e Obama. Ali os russos esperavam poder avaliar até que ponto Obama estaria preparado para seguir a orientação da Rússia na questão Síria.

Evidentemente, Obama também sabe que os russos estão lançando bem aberta a rede, em busca de um engajamento russo-norte-americano de pleno espectro, que começaria pela Síria. Fato é que, nos últimos 10 dias, houve duas reuniões de alto nível entre a Rússia e a OTAN, para troca de ideias sobre a mudança dos planos para os mísseis de defesa dos EUA anunciada em março de 2013 pelo secretário de Defesa Chuck Hagel.

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[1] 30/9/2013, Robert Fisk, "A Syrian solution to civil conflict? The Free Syrian Army is holding talks with Assad's senior staff. Secret approach to the President could reshape the whole war", The Independent, Londres (ing.) em http://goo.gl/vakqaX[NTs].

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

O julgamento do Supremo

O julgamento do Supremo

03.10.2013 | Fonte de informações: 

Pravda.ru

 
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Passado algum tempo, quando os ânimos já não se alteram tanto, podemos falar com mais serenidade O mensalão, como ficou conhecido o maior escândalo da História Republicana do Brasil, envolveu figuras de proa que cercavam o presidente da República e o Partido dos Trabalhadores.

         Foram muitos os condenados, inclusive o antigo ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu.  A pena que lhe foi imposta exige cumprimento em regime fechado de prisão.  Outros mais tiveram condenação rigorosa, mas Dirceu participava do governo Lula, daí ser a figura mais importante.  José Genoíno igualmente é membro de proa do PT, mas teve punição menor.
         Os réus que foram absolvidos por quatro ministros, no julgamento onde o número de juízes é de onze, recorreram da sentença usando o instrumento processual do embargo infringente, de cabimento duvidoso por não ser mais adotado nem mesmo no Superior Tribunal de Justiça.  Caberia ao Supremo Tribunal dar a última e definitiva palavra sobre o recurso que tanto prejudica o rápido andamento dos processos na justiça.
         O julgamento terminou empatado por cinco votos contra o cabimento do recurso, sendo assim os pronunciamentos dos ministros Joaquim Barbosa, presidente da Corte, e seus pares Luiz Fux, Cármen Lúcia, Gilmar Mendes e Marco Aurélio Mello.  A favor dos embargos votaram os ministros Luís Roberto Barroso, Teori Zavascky, Rosa Weber, Dias Toffoli e Ricardo Lewandowsky.  Coube o desempate ao ministro mais antigo do Tribunal, Celso de Mello.  Quase a maioria do povo brasileiro, que assistia ao julgamento com o mesmo interesse e entusiasmo que tem quando o país é finalista na Copa de Futebol, esperava que o voto do ministro Mello fosse pelo não cabimento dos embargos, colocando fim no processo e terminando com um recurso que só serve para prejudicar o bom andamento dos processos que tramitam no STF.
         Num voto longo, que já iniciou afirmando não estar o Supremo submisso às pressões populares, o ministro Celso Mello, que poderia dar um belo colorido ao final do mais importante julgamento do Tribunal, repito, preferiu seguir o entendimento dos processualistas.  Para quem não conhece, o Supremo pode votar contra a Lei, quando ela é injusta ou prejudicial ao curso rápido do processo.  Os ministros do Supremo tudo podem, e cinco colegas - os mais experimentados - do decano já haviam derrubado o inútil dispositivo do Regimento Interno.
         Mas o ministro Celso Mello não pensou grande.  Perdeu o lugar seguro na História do Supremo, e certamente na História do Brasil.                 
Jorge Cortás Sader Filho é escritor

Rússia pressionada para uma resolução de guerra

Rússia pressionada para uma resolução de guerra

03.10.2013
 
 
Rússia pressionada para uma resolução de guerra. 18945.jpeg
Por Stephen Lendman
Tradução Anna Malm* - Correspondente de Pátria Latina na Europa
Não é de surpreender. Uma mudança de regime foi planejada já a muito tempo. Washington não tolera países independentes. Não importa se esses forem democráticos, despóticos, ou qualquer outra coisa que se encontre dentro ou fora desses limites..
Os Estados Unidos querem é dominar o mundo completamente. Para conseguir isso e  atingir seus fins eles estão em guerra contra a humanidade, e aqui a Síria encontra-se no olho do furacão.
Washington está determinado a derrubar Bashar al-Assad. Não importando então o quanto esse venha a honrar fielmente o acordo do desarmamento químico estipulado conjuntamente pelos Estados Unidos e Rússia, e aceito por ele próprio.
Tudo indica que al-Asssad irá cumprir todo o estipulado. Ele tem todos os motivos para assim o fazer, assim como todas as razões para evitar, escrupulosamente, toda e  qualquer violação do mesmo. 
Mas não importaria. Washington já o marcou como alvo. É fácil encontrar ou criar pretextos para guerra. Levantar falsas bandeiras  - um conceito que vem de tempos antigos e que significa por a bandeira do inimigo no próprio navio de quando esse for cometer um ataque aberto para por a culpa no inimigo -  essa é uma tradição dos Estados Unidos. Esse estratagema, que vem dos anos de 1800, foi depois usado por eles muitas vezes. O ataque em Gouta, na Síria,  no 21 de agôsto desse ano, foi o último exemplo de um tal uso da denominada falsa bandeira em ação.
Bahar al-Assad não teve nada a ver com esse ataque.  Os insurgentes [a maior parte mercenários de muitos e muitos outros países] carregam a total responsabilidade desse ataque. Essa é a grande mentira de Washington e o seu pretexto para essa sua guerra. Os planos se mantém firmes. O que mudou foi o aspecto do quando atacar.
A Rússia está sendo muito pressionada. Washington quer que  o Conselho de Segurança da ONU dê autorização de guerra. A invocação e a aceitação do Capítulo VII  [ou seja Capítulo 7]  da Carta Magna da ONU asseguraria exatamente isso. O Capítulo 7 garante uma autorização de guerra, uma vez que estipula que todos os meios disponíveis poderão ser usados, de quando o Capítulo 7 da Carta Magna da ONU for invocado pelo Conselho de Segurança da mesma.
A Rússia rejeita então resolutamente uma resolução que invoque esse capítulo. Ela já vetou tres dessas tentativas no Conselho de Segurança da ONU. Lá a Rússia resiste corajosamente os valentões e valentonas atiçadores de guerra. 
A Rússia representa para nós agora a última linha de defesa. Depois da Rússia como última linha de defesa, para nós vem a guerra, ou seja, morte, desgraça e miséria para o mundo, proveito político-geopolítico e econômico para uns pouquíssimos.
Em 22 de setembro a  Russia Today  fez manchete com o título que em português seria aproximadamente "Lavrov: os Estados Unidos fazem pressão na Rússia para passar a resolução abaixo do Capítulo 7 "  dizendo:
Washington quer que Moscou aprove "intervenção militar na Síria, em troca do apoio dos mesmos para que a Síria tenha acesso ao OPCW, o Ministro do Exterior da Rússia, Sergei Lavrov, disse."
Sergei Lavrov num programa da televisão russa, programa esse de grande audiência, disse no domingo 22 de setembro, que:
" Os nossos parceiros norteamericanos estão começando a nos chantagear - eles disseram que  'se a Rússia não apoiar a resolução do Capítulo 7,  eles iriam tirar o seu apoio para a entrada da Síria na Organização para a Proibição de Armas Químicas - OPCW´ "
"'Essa é uma orientação completamente nova que se desvia do meu acordo com o Secretário do Estado John Kerry´"  disse Sergei Lavrov então.
[Nesse contexto não se pode deixar de pensar na atual embaixatriz dos Estados Unidos na ONU]
O Capítulo 7 assegura guerra. Kerry sabe isso muito bem.  Assim o sabem também os representantes russos. Sergei Lavrov foi muto direto do quando dizendo:
"Os nossos parceiros (ocidentais) estão cegos pela sua ideológica missão de derrubada de governo e golpes de estado. Eles não conseguem admitir que cometeram um novo engano."
"Estou convencido que o West [ou seja os poderes ocidentais, lê-se em princípio Estados Unidos-Inglaterra-França] estão fazendo isso para demonstrar que são eles que mandam no Oriente Médio. Essa é uma perspectiva completamente politizada."
"Esses nossos parceiros estão nervosos porque compreendem que se o Capítulo 7 da Carta Magna [VII] fosse mencionado,  essa seria a chance deles para ganhar a justificação do Conselho de Segurança da ONU para suas ações unilaterais [de guerra]."
"Nós os aconselhámos a salvar seus nervos e aderir a lei internacional, ou seja, a Convenção das Armas Químicas (CWC na sigla inglesa), e não inventar resoluções, que de fato põem a lei internacional a arder numa fogueira e isso enquanto avançam suas ambições geopolíticas, nacionais ou pessoais."
Intervenção estrangeira garante uma nova Líbia ou um novo Iraque. Se Washington estivesse procurando paz esse não iria procurar a derrubada de Bashar al-Assad. Pelo contrário, Ele iria cooperar com al-Assad.
No caso de quererem a paz os americanos parariam de apoiar as forças [rebeldes armadas] da oposição. Iriam exigir resolução pacífica do conflito. Isso iria endorssar as ações do Conselho de Segurança.Apôio unânimo do Conselho de Segurança da ONU seria garantido dessa maneira.
Mas fazer isso sairia dos padrões americanos característicos. Os [dirigentes dos] Estados Unidos deploram a paz. Eles exigem guerra. Eles partem de uma guerra para outra. Eles fazem isso contínua-e implacávelmente. Estão agora arriscando a Terceira Guerra Mundial conquanto arriscando a sobrevivência da humanidade.
[Os interesses geopolíticos, e de domínio, conjuntamente com os abismais interesses econômicos do complexo industrial-militar do ocidente,  ligados aos globalizados setores de atividades bancárias e especulativas dos mesmos, nos dariam a resposta do porque desse enígma]
Mas para eles nada mais parece ter  importância capital - "it doesn´t matter".  Indisputável dominância global é o que conta. Impérios de dominância [dos romanos até os da Alemanha nazista de então] pensam e agem dessa maneira. Os Estados Unidos são os mais perigosos na história da humanidade dentro dessa categoria. 
A lei é para os outros obedecerem. Washington age pelas suas próprias regras, não as da lei internacional. O que dizemos e fazemos é a lei, é o que os define. Se eles prevalecerem a Síria perderá a sua soberanidade e integridade, assim como o seu secularismo, ou seja a direção governamental civíl -não religiosa por definição.
O islamismo radical e armado iria, nesse caso, dar o caminho a seguir. O cáos se instalaria [o que é de qualquer maneira a intenção subjacente as ações se desenrolando].  No final a Síria se transformaria num caldeirão infernal de violência. Na Síria se repetiria o que aconteceu e continua acontecendo no Iraque e na Líbia. Tanto o Iraque quanto a Líbia estão desgovernados e fora de controle legal.
Muitas dezenas, senão centenas, são mortos todos os dias. Ainda muitos mais são feridos ou dispersados. Uma condição macabra de casa de ossuário prevalece no país. Lei e Progresso são ilusões convenientes, assim como o são também as regras e os princípios de lei e outros valores democráticos.
A online "Global Research" repostou o artigo de Abdel Bari Atwan no 16 de setembro. [1] O título do artigo em português seria aproximadamente "Bem vindo a nova Líbia, um país "Liberado" pela OTAN: Não Rendimento de Petróleo, Não Segurança, Não Água, Não Eletricidade." - [Welcome too the New Libya, a Country  "Liberated" by NATO: No Oil Revenues, No Security, No Water, No Eletricity."
Iraque não está em melhores condições. Ele é virtualmente uma zona de guerra onde a violência, a devastação, a falta e carência, assim como uma miséria humana deplorável se conjuram.  É a "liberação" - a americana.
O berço da civilização [Iraque entre os rios Tigre e Eufrates] não mais existe. Assassinatos em massa, destruição, terror, ocupação, contaminação do meio ambiente, assim como uma epidêmia de virtualmente todas as conhecidas doenças e males o substituiram.
A herança tóxica dos Estados Unidos incluem horríveis defeitos de nascença. Horríveis demais para serem contemplados, sendo uma verdadeira ante-sala do inferno. Armas químicas, biológicas e radiológicas causaram essa situação inhumana.
Crianças nascendo com duas cabeças explicam as consequências, assim como também crianças nascendo com rabos ou com suas pernas crescendo sem separação.
[Trata-se aqui de anomalias genéticas sistemáticas, quer dizer, não só baseadas pelo acaso, como inúmeros relatórios de peso averiguaram. Entretanto, até aqui esses relatórios tem sido convenientemente, se não suprimidos, então silenciados, escondidos ou "esquecidos" Pelo que entendi a ONU estaria em condições de averiguar os fatos, se tivessem vontade para tanto].
Para já tem-se crianças que não apresentam, e isso de maneira sistemática, condições normais da realidade humana. Recém nascidos com um só olho é [agora] um acontecimento comum.  A falta de um encaixe para os mesmos apresenta-se como o interior de uma ostra. Eles são leitosos e sem forma. 
Abortos espontâneos tornaram-se comuns. Centenas de recém-nascidos tem fissura-palatal, cabeças alongadas, extremidades excessivamente longas ou curtas e outras deformações corporais [que como foi dito acima superam o que se poderia denominar de acaso - são transformações genéticas sistemáticas que a ONU deveria estar em condições de averiguar, se fosse motivada a tanto]
Que tipo de país  iria impor essas condições a um outro? Imagine-se o que os sírios podem esperar. De acordo com o Ministro do Esterior da Rússia, o sr. Sergei Lavrov, "alguém está tentando construir um cáos dirigido."  Isso eles o estariam fazendo para proveito próprio.
Sergei Lavrov não acha que os países ocidentais poderiam ganhar qualquer coisa muito positiva pela instabilidade criada. "Essa é uma tentativa de se agarrar a uma raiz fraca e não querer ver o fato de que o mundo mudou, e que ele agora está se tornando multipolar."
O encontro de Geneva falhou, em 2012. Conversações foram vistas como a última tentativa de conter a violência.  O plano de paz de Kofi Annan foi visto de maneira similar. Hoje as coisas encontram-se pior do que nunca.
Quando as discussões de Geneva terminaram no final do ano passado Washington e Moscow apresentaram declarações contraditórias. O Ministro Lavrov estava muito satisfeito por condições preliminares não terem sido estabelecidas. Nada tinha sido estabelecido para "impor um processo" a Síria, ele sublinhou então.
Aí a Secretária do Estado de então, Hillary Clinton, disse que:
"Assad ainda terá que deixar o poder - O que fizemos aqui foi o retirar a ilusão de que ele, ou outros, com sangue em suas mãos continuariam em condições de se manter em poder."
A posição de Washington mantem-se firme. Golpes de estado ou derrubada de governo continuam a ser a política dos Estados Unidos a longo prazo. Guerra é a escolha nr.1 dos mesmos. Obama apresenta  intenções de deslanchar mais uma guerra.
Depois das negociaões do Post-Geneva I, Washington exigiu uma autorização de guerra através do Capítulo VII da Carta Magna da ONU. "A história está se repetindo" disse Sergei Lavrov.
"Agora, mais uma vez em Geneva alcançou-se um acordo, o chamado Geneva II o qual também não contém nenhuma menção ao Capítulo 7 ."
Os Estados Unidos depois desses novos acordos terem sido feitos [em Geneva II] querem que se use uma linguagem na resolução do Conselho de Segurança da ONU que inclua o capítulo VII - 7 ,  o que como ressaltado acima é sinônimo com uma autorização de guerra.
Nesse contexto a Rússia rejeita uma autorização para mais uma guerra e Lavrov  convocou os poderes ocidentais para que esses respeitem as leis internacionais.
Ele gostaria que esses poderes ocidentais conseguissem conter suas "ambições geopolíticas. Na Síria o Ministro Sergei Lavrov, em nome da Rússia, deseja  que as duas partes  "entreguem suas armas químicas." nas mãos da comunidade internacional - em nome e dentro dos limites da lei.
"As soluções actualmente sendo estudadas pela OPCW  [Organização para a Proibição de Armas Químicas] sugerem que todo o sortimento de armas químicas da Síria teria que ser posto abaixo de controle [internacional] e no final destruido, " o Ministro do Exterior da Rússia sublinhou.
Ele disse nesse contexto que os representantes dos poderes ocidentais não estavam "contando toda a história." Declararações de que só o governo de Bahar al-Assad tem armas químicas não é a pura verdade.
Sabe-se que os insurgentes as tem. Eles foram presos em flagrante delito com elas.
"De acordo com as nossas estimativas" disse Sergei Lavrov, "existe uma forte possibilidade de que" os militantes [armados] produzem armas químicas em "laboratórios caseiros."
"Trabalhos preparatórios para que os inspectores da OPCW  assumam o controle dos locais de depósitos das armas químicas [na Síria] requer que todos aqueles que financiem os grupos da oposição - incluindo os extremistas - exijam que esses entreguem as armas que esses apopriaram [de uma maneira ou de outra]  de modo que essas possam ser destruidas - de acordo com o que estabelece a Convenção para a Proibição de Armas Químicas."
A Rússia e os Estados Unidos diferem de maneira marcante quanto a linguagem no Conselho de Segurança da ONU. Moscou quer uma resolução pacífica do conflito. Washington quer  guerra.
A Rússia proveu os membros do Conselho de Segurança da ONu com provas de que os insurgentes tinham usado armas químicas. A Síria apresentou então documentos técnicos a respeito. De acordo com declarações de Sergei Lavrov esses documentos foram cuidadosamente examinados.
Os dados fornecidos foram em "adição aos que já conhecíamos e ao que é conhecido por peritos independentes, peritos esses que deram suas contribuições e confirmaram que a oposição regularmente usa [estratagemas] de provocações."
Fazendo isso os provocadores "tentam acusar o regime de usar armas químicas."  É o oferecimento de um pretexto para intervenção militar. É também dessa maneira que  Washington, ao que tudo indica, ainda espera poder conseguir uma derrubada de governo.
Moscou espera que os inspetores da ONU voltem à Síria. A Rússia quer que outros incidentes relacionados com armas químicas sejam investigados. Incidentes recentes ocorreram em 22, 24 e 25 de agôsto.
Sergei Lavrov sublinhou que insurgentes atacaram as forças sírias usando gases venenosos. O Ministro também acrescentou que as medidas de tempo apresentada para destruir as armas químicas da Síria não eram realísticas. Tem-se então que a grande maioria das medidas estipulatórias, quanto do começo e finalização da missão,  assim como dos termos, tinham sido sugeridas pelos Estados Unidos, explicou o ministro.
"Quando os peritos da  OPCW visitarem a Síria e virem os locais de depósito de armas químicas, eles irão compreender o que pode ser destruido no local, assim como (e isso também é possível) com o uso de equipamentos móveis, os quais muitos países tem.
Ainda há os que exigiriam que fábricas e ou estabelecimentos especiais fossem construidos, como fizemos do quando destruímos os depósitos de armas químicas da União Soviética."
O ministro então acrescentou que "para as armas que tivessem que ser tiradas para fora do país (contendo substâncias tóxicas) - seriam necessárias decisões especiais, porque a convenção [contra as armas químicas] considera essencial que a destruição dessas armas seja feita no território do país que tem as armas químicas," sublinhou Sergei Lavrov.
Aspectos legais tem que ser estabelecidos par mudar essas armas para fora do país. Se todas as partes estiverem, em princípio, de acordo um documento legal poderá ser estabelecido.
Prover a segurança para os peritos da OPCW é essencial, disse o ministro. Acrescentou que consideravam que uma presença internacional será necessária nas áreas onde os peritos estiverem trabalhando"
O Ministro acrescentou que estavam preparados para colocar os seus próprios servidores oficiais ou a polícia militar para partiicpar nesses esforços.
" Eu não acredito que seria necessário mandar uma vigorosa (força militar). Parece-me que poderia ser suficiente o mandar observadores militares."
"Será necessário fazer isso de maneira que os observadores venham da parte de todos os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU,  dos [no caso relevantes] países árabes e da Turquia, de maneira que todas as partes do conflito na Síria compreendam que esse contingente representa todas as forças externas que estão colaborando com uma ou outra das partes em conflito na Síria. Isso de maneira a que ninguém venha a recorrer a provocações."
Todas as partes envolvidas terão que evitar provocações. Iria Washington cumprir esse acordo? Planos para uma derrubada de governo se mantém firmemnte em posição. Irá Obama reverter seu curso?

Referências e Notas:
Stephen Lendman, "Washington pressiona a Rússia para uma resolução de guerra" -
www.sjlendman.blogspot.com
[1] Global Research - www.globalresearch.ca  / Abdel Bari Atwan -
www.abdelbariatwan.com
*Anna Malm -  http://artigospoliticos.wordpress.com

http://www.iranews.com.br/noticia/10903/russia-pressionada-para-uma-resolucao-de-guerra