segunda-feira, 23 de abril de 2012

A visão abragente da Dilma nos ajuda, diz embaixador do Irã


Mohamed Ali Ghanezadeh, embaixador do Irã: A visão abragente da Dilma nos ajuda

22.04.2012
 
Mohamed Ali Ghanezadeh, embaixador do Irã: A visão abragente da Dilma nos ajuda
Mohamed Ali Ghanezadeh, embaixador do Irã: A visão abragente da Dilma nos ajuda. 16917.jpeg
O embaixador Mohamed Ali Ghanezadeh tem uma difícil missão. Representante máximo do Irã no Brasil, ele tem atuado para quebrar barreiras e superar o senso comum sobre o seu país.  Nesta entrevista exclusiva ao jornal A Tarde em Salvador, ele fala diplomaticamente, direitos humanos e do programa nuclear iraniano.
"Nós também temos problemas, mas enfatizamos que estamos no caminho de estabelecer uma democracia".
"Sabemos que hoje ocorrem em países árabes casos de desrespeito aos direitos humanos"
"Em alguns países árabes, as mulheres não são permitidas nem de dirigir um carro".
"O voto de um estado não define a eleição de um país inteiro".
 João Pedro Pitombo
O embaixador Mohamed Ali Ghanezadeh tem uma difícil missão. Representante máximo do Irã no Brasil, ele tem atuado para quebrar barreiras e superar o senso comum sobre o seu país.  Nesta entrevista exclusiva ao jornal A Tarde em Salvador, ele fala diplomaticamente, direitos humanos e do programa nuclear iraniano.
Como o senhor avalia as atuais relações com o Brasil no campo político. Há diferenças das relações constituída durante o governo de Lula e com a gestão da presidente Dilma? Houve alguma mudança no nível dessas relações?
Considero o presidente Lula como inventor, o engenheiro dessa nova fase das relações entre o Irã e o Brasil. Durante mandato do presidente Lula, nossas relações políticas aumentada de uma forma muito relevante. Com a presidente Dilma Rousseff, nossas relações políticas seguem no mesmo ritmo. Houve mudanças, mas com uma perspectiva muito positiva, principalmente com o aumento das relações comerciais. Considero a presidente Dilma uma personalidade independente. Numa oportunidade que tive de encontra-la, minha sensação foi que ela tem uma visão muito profunda sobre os acontecimentos mundiais. Ela conhece bem o papel da República Islâmica do Irã no Oriente Médio.
Questionamos sobre uma possível mudanças porque no início do seu mandato, a presidente criticou questões relativa ao desrespeito aos direito humanos no Irã. Não houve uma mudança nível?
Não devemos olhar só para aquilo que sai na imprensa. É preciso considerar a personalidade da presidente que foi uma pessoa que sofreu no passado, quando estava na prisão. Ela sofreu as consequências disso, as problemáticas das falhas que podem existir em alguns países. Então, ela é uma pessoa que pode conhecer até melhor as condições de cada país.
As críticas incomodam o governo iraniano?
Acho que esta visão da presidente pode de certa forma nos ajudar. Em nível mundial há muito críticos sobre as questões dos direitos humanos. E a visão da presidente não foi uma visão específica sobre um país. Quando ela fala das questões dos direitos humanos, ela fala de uma forma geral crítica Guantánamo. Sabemos que hoje ocorrem em países árabes desrespeito aos direitos humanos, como tem acontecido no Barhein, onde houve muitos acontecimentos inaceitáveis. Esta abrangente que a presidente Dilma tem sobre os direitos humanos nos ajuda muito, pois também passamos a apresentar nossas criticas sobre outras cenas do mundo que não são questionadas.  Infelizmente a imprensa internacional esta tentando limitar a visão da presidente, focando que ela uma visão de caos específico com o Irã. E neste sentido segue não discutindo crimes inaceitáveis que estão acontecendo em países como Iraque e Afeganistão. Nós também temos problemas, mas enfatizando que estamos no caminho de estabelecer uma democracia no nosso país. Durante os últimos 30 anos, desde a revolução islâmica, nós realizamos mais de 30 eleições, incluindo as presidenciais, as legislativas e a dois conselhos municipais. Somos o único país da nossa região que temos um sistema eleitoral transparente. Em alguns países árabes as mulheres não são permitidas nem a dirigir um caro. Mas como tem boas relações de amizades com o ocidente, estas falhas nestes países sempre estão acobertadas, ninguém fala.
O senhor falou que o país vem avançado na democracia, mas ainda tem problemas. Quais são estes problemas?
Cada sociedade tem os seus problemas. No Brasil, quando se olha nos jornais você vê várias questões , até a assassinato de jornalistas. Ou por exemplo, algumas pessoas que não foram julgadas, mas estão nas prisões. Nós temos uma sociedade com mais de 75 milhões de habitantes. O Irã é um país que ficou no caminho do narcotráfico entre Afeganistão e o ocidente. Muitos destes traficantes quando são capturados, são julgados e condenados a morte. E o nosso acaba sendo criticado pelo que fazemos com estas pessoas. Por exemplo, dizem que o Irã muitos casos de execução. Mas aqueles que criticam esse ponto não enfatizam que o Irã é um país que faz muito na interceptação de produtos contrabandeado como o ópio e outras drogas.  As nações unidas nos seus relatórios diz que o Irã é pioneiro na captação de produtos ilícitos. Combatemos o narcotráfico.
O senhor falou da tradição democrática do país. Mas nas ultimas eleições presidenciais houve questionamentos sobre possíveis fraudes no pleito. O que o senhor tem a dizer sobre isso?
Felizmente houve tentativa de melhoramento do nosso sistema eleitoral parta que essas irregularidades não aconteçam. Há dois meses tivemos uma eleição legislativa em que 65% das pessoas com direito de voto participaram. E não houve nenhuma irregularidade ou critica nessa eleição. No terceiro mundo, normalmente, quem perde as eleições passa a questionar sobre irregularidade no ato eleitoral. Pode ser eu isso até seja da lei da democracia, este tipo de critica. Recentemente tivemos um outro exemplo disso no Senegal. Mas o mais importante é que o sistema nos permite que haja mudança de poder, coisas que nos últimos 30 anos aconteceu no Irã através das eleições.
Mas naquele momento a contestação foi além de oposição. Houve um clamor muito forte da população sobre as eleições. Como o governo iraniano viu esta resposta?
Se você olhar para o resultado da ultima eleição presidencial do Irã, vai verificar que inicialmente os partidos opositores ganharam um pouco mais de voto em Teerã com comparando com as outras províncias e regiões. Este aumento dos votos na capital trouxe para oposição esta sensação de que isso aconteceu também nas outras cidades, e de modo geral no país. Mas não levaram em consideração que os votos do presidente Mahmoud Ahmadinejad saíram das zonas rurais. Ele é uma personalidade muito popular no Irã, em qualquer parte do país.  E neste sentido foi muito natural que ele tivesse mais votos que os outros candidatos nesta ultima eleição. Mas infelizmente esta sensação da oposição foi o motivo de abuso e aproveitamento da imprensa internacional, de questionar o resultado. Uma visão de que o país a oposição podia ter maioria no país inteiro. Sabemos também a imprensa internacional normalmente começa a exagerar os pequenos acontecimentos, pequenas coisas e divulgam isso de uma forma muito exagerada. Então essa eleição um motivo para esse jogo. Foi como aconteceu no Brasil nessa ultima eleição presidencial.  Sabemos que a aposição a presidente Dilma Rousseff ganhou mais votos em alguns estados. O voto de um estado não defende a eleição de um país inteiro.
Neste acontecimento, os sites de redes sociais na internet foi um canal importante para que este clamor da população transparecesse. O governo iraniano sentiu a força desta nova ferramenta de contestação?
O que podemos fazer?  Sabemos que internet hoje dia é uma rede de alcance mundial. Assim como tem bons aproveitamentos, também pode ser instrumento para outros usos. Este rapaz da Noruega que assassinou 77 pessoas usa a internet para a apresentação das suas ideias. Os terroristas da Al Qaeda também estão aproveitado a internet e suas rede sociais. Até os religiosos iranianos estão para fazer divulgação através da internet. Cada um utiliza da sua forma. Mas de um modo geral consideramos este meio como um instrumento muito positivo porque possibilita as pessoas expressarem suas opiniões de uma forma melhor.
Levando em conta o argumento de que qualquer país tem o direito de ter o seu programa nuclear para fins pacíficos, porque o Irã resiste as inspeções dos técnicos da Agencia Internacional de Energia Atômica?
Em minha opinião, são três os motivos principais que levam uma resistência dos países ocidentais sobre o desenvolvimento tecnológico iraniano na areia nuclear para fins pacíficos. O primeiro ponto é a visão política que o Irã tem sobre as questões do Oriente Médio, sobretudo da Palestina. O segundo motivo é que a estrutura política mundial é uma estrutura da época da Guerra Fria e hoje precisa ser mudada. É uma oposição que o Brasil também tem. E a terceira é a questão do petróleo.  Sabe-se que o Irã tem grandes reservas de petróleo e gás em nível mundial. E como nossas políticas neste campo são politicas soberanas, eles certamente não gostam disso. O Ocidente de ter domínio sobre o petróleo para jogar com a política de preços.

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