Rio + 20: relativamente pouco destaque na mídia internacional
16.06.2012
Num mundo espremido pela crise financeira européia, e à beira de três eleições decisivas e dramáticas (França, Grécia e Egito), a Rio + 20, ainda a cinco dias de seu começo oficial (20 de junho) tem conseguido relativamente pouco espaço na mídia internacionaol. Ainda assim, alguns temas e expectativas se destacam, do El País e The Guardian, ao Der Spiegel e Le Monde, passando por outros veículos de comunicação. O artigo é de Flávio Aguiar, direto de Berlim.
Flávio Aguiar, direto de Berlim
Carta Maior
Berlim - Num mundo espremido pela crise financeira européia, que joga milhões de toneladas de adrenalina semanalmente nas artérias humanas de muitos países, e não só na Europa, e à beira de três eleições decisivas e dramáticas (França, Grécia e Egito), a Rio + 20, ainda a cinco dias de seu começo oficial (20 de junho) tem conseguido relativamente pouco espaço. Ainda assim, alguns temas e expectativas se destacam, do El País e The Guardian, ao Der Spiegel e Le Monde, passando por outros veículos de comunicação.
Três deles têm sido mais constantes.
O primeiro é o do documento do Global Network of Science Academies, uma organização que reúne mais de 100 instituições cientítificas de representação nacional e porte internacional, com sede em Trieste, na Itália. Neste documento a rede de associações científicas lança duas consignas principais. Uma se refere à necessidade de mudar o padrão de consumo em escala global, dizendo que não haverá como mantê-lo por muito tempo sem confrontar as limitações da natureza e do planeta.
É uma tese de discussão necessária e polêmica, porque põe frente a frente países subdesenvolvidos, emergentes e desenvolvidos. Como convencer milhões e milhões de consumidores potenciais, por exemplo, a não comprar automóveis, se a proporção de veículos/habitantes nos Estados Unidos está chegando a três para cada quatro, apesar de toda a crise que devasta as populações empobrecidas naquele país? Ou seja, não adianta pensar apenas em promover um novo tipo de consumo nos países subdesenvolvidos e emergentes; é necessário também mudar o padrão de consumo nos já desenvolvidos, na Europa, Estados Unidos, Japão, Oceania (Austrália e Nova Zelândia).
A segunda consigna, também polêmica, diz respeito ao aumento de população. Diz o documento que no ritmo atual haverá, em 2050, uma população entre 9,5 e 11,5 bilhões de habitantes. Como promover programas educacionais de contenção da natalidade, sem cair em estereótipos reacionários (p. ex., o de que "os mais pobres" são os que "mais proliferam", e isso é um problema social "em si" para a "estabilidade política dos países"), e ao mesmo tempo enfrentando estereótipos religiosos que tornam o tema tabu? De todo modo, o tema ganhou destaque na mídia européia.
Outro tema constante é do impasse nas negociações sobre o documento final (ou inicial...) da Rio + 20 e das deliberações. Ganha destaque a polêmica entre países emergentes e subdesenvolvidos deum lado, e desenvolvidos do outro. A polêmica gira em torno do financiamento das políticas auto-sustentáveis, com distribuição desigual das responsabilidades dea cordo com a riqueza de cada economia. Os países mais desenvolvidos relutam em aceitar uma responsabilidade maior e também uma maior transferência de tecnologia para o "outro lado". E há também o impasse nas negociações sobre uma nova ou não governança mundial quanto ao meio-ambiente, com a possível criação de novas instituições internacionais.
Em todos os casos, destaca-se, como no Le Monde em 15/06/2021 ("Brasilia, médiateur attendu das d'âpres négociations", de Nicolas Bourcier), o papel-chave do Brasil como mediador entre as posições conflitantes.
Um terceiro tema se refere, como de hábito, aos problemas, sempre expostos, da "devastação na Amazônia". Este é o caso de uma verdadeira exposição fotográfica feita pelo The Guardian, com fotos de fato muito impressionantes. Como sempre, não se leva muito em conta os progressos inegáveis feitos pelos atual governo brasileiro na matéria: ficamos com a pecha implìcita de sermos incompetentes para administrar nosso patrimônio natural.
É fato que muitos dos principais chefes de estado não estarão no Rio, como é o caso de Angela Merkel e Barack Obama, entre outros. Merkel já confirmou que tão logo termine a cúpula do G-20 marcada pra 18 e 19 de junho no México, ela retornará à Alemanha. Claro: a casa poderá estar em chamas, depois das eleições gregas e francesas, sem falar no mais distante mas não menos presente Egito.
Três deles têm sido mais constantes.
O primeiro é o do documento do Global Network of Science Academies, uma organização que reúne mais de 100 instituições cientítificas de representação nacional e porte internacional, com sede em Trieste, na Itália. Neste documento a rede de associações científicas lança duas consignas principais. Uma se refere à necessidade de mudar o padrão de consumo em escala global, dizendo que não haverá como mantê-lo por muito tempo sem confrontar as limitações da natureza e do planeta.
É uma tese de discussão necessária e polêmica, porque põe frente a frente países subdesenvolvidos, emergentes e desenvolvidos. Como convencer milhões e milhões de consumidores potenciais, por exemplo, a não comprar automóveis, se a proporção de veículos/habitantes nos Estados Unidos está chegando a três para cada quatro, apesar de toda a crise que devasta as populações empobrecidas naquele país? Ou seja, não adianta pensar apenas em promover um novo tipo de consumo nos países subdesenvolvidos e emergentes; é necessário também mudar o padrão de consumo nos já desenvolvidos, na Europa, Estados Unidos, Japão, Oceania (Austrália e Nova Zelândia).
A segunda consigna, também polêmica, diz respeito ao aumento de população. Diz o documento que no ritmo atual haverá, em 2050, uma população entre 9,5 e 11,5 bilhões de habitantes. Como promover programas educacionais de contenção da natalidade, sem cair em estereótipos reacionários (p. ex., o de que "os mais pobres" são os que "mais proliferam", e isso é um problema social "em si" para a "estabilidade política dos países"), e ao mesmo tempo enfrentando estereótipos religiosos que tornam o tema tabu? De todo modo, o tema ganhou destaque na mídia européia.
Outro tema constante é do impasse nas negociações sobre o documento final (ou inicial...) da Rio + 20 e das deliberações. Ganha destaque a polêmica entre países emergentes e subdesenvolvidos deum lado, e desenvolvidos do outro. A polêmica gira em torno do financiamento das políticas auto-sustentáveis, com distribuição desigual das responsabilidades dea cordo com a riqueza de cada economia. Os países mais desenvolvidos relutam em aceitar uma responsabilidade maior e também uma maior transferência de tecnologia para o "outro lado". E há também o impasse nas negociações sobre uma nova ou não governança mundial quanto ao meio-ambiente, com a possível criação de novas instituições internacionais.
Em todos os casos, destaca-se, como no Le Monde em 15/06/2021 ("Brasilia, médiateur attendu das d'âpres négociations", de Nicolas Bourcier), o papel-chave do Brasil como mediador entre as posições conflitantes.
Um terceiro tema se refere, como de hábito, aos problemas, sempre expostos, da "devastação na Amazônia". Este é o caso de uma verdadeira exposição fotográfica feita pelo The Guardian, com fotos de fato muito impressionantes. Como sempre, não se leva muito em conta os progressos inegáveis feitos pelos atual governo brasileiro na matéria: ficamos com a pecha implìcita de sermos incompetentes para administrar nosso patrimônio natural.
É fato que muitos dos principais chefes de estado não estarão no Rio, como é o caso de Angela Merkel e Barack Obama, entre outros. Merkel já confirmou que tão logo termine a cúpula do G-20 marcada pra 18 e 19 de junho no México, ela retornará à Alemanha. Claro: a casa poderá estar em chamas, depois das eleições gregas e francesas, sem falar no mais distante mas não menos presente Egito.
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